segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Onde a superficialidade está nos levando?

 

 





                                     Onde a superficialidade está nos levando?

 

 

Superficialismo.

 

 

Pensamentos afogados,

o intelecto fechado,

livros esvaziados.

 

O superficial é seu império,

tudo rápido e sintético,

a intelectualidade indo ao cemitério.

 

A vida do dia a dia,

barulhenta em seu vazio,

expressão em agonia.

 

Interlocutores ocupados,

inexistentes,

os pensadores abandonados.

 

Avança o superficialismo,

burro, seco, literal,

melhor produto do pragmatismo. 

 

 

 

 

 

Um país literal, com a grande maioria de todas as classes sociais militando na superficialidade, seguindo os assuntos e remendando atitudes perfunctoriamente, seguindo o ser pensante e seu domínio: o celular com suas  redes sociais. Ditas redes sociais, que pensam, que mandam, que detonam.

O cidadão literal de bobo da corte, aplaudindo escribas modernos? Talvez nem tanto, numa sociedade oral onde o senso comum forma-se no conjunto sintético de resquícios ínfimos da razoabilidade sobrevivente.

Valendo o ouvir-dizer, indo atrás do zum -zum da ligeireza das frases curtas, uma estrutura coletiva tem se formado em perigosas operações laborais e financeiras de pensamentos de discutível estabilidade e segurança. É visível a fragilidade social e a falta de sustentabilidade dos argumentos poucos e geralmente míopes. Protegidos pelas mesmas redes sociais que os manipulam e comandam, os cidadãos literais fazem seus formigueiros em torno de pretensos líderes de influência e conseguem alimentar suas rainhas, tendo-as como ideais hedonistas de vida vazia. Literais pobre sou abonados, seguem sem saber para onde num tropa errante pela superfície instável de cada dia.

Com ou sem educação capenga e com inúmeras deficiências cognitivas, a grande maioria dos cidadãos, empurra o dia a dia e consegue se virar, da rum jeitinho, sobreviver ou viver até na pândega da rica informalidade.

A economia cresce em descontrolado ímpeto, mas escamoteando sua força real, que pode recriar lentamente as bases para a hiperinflação. Impressionantes cifras mensais em movimentação, chegando a trinta vezes mais o orçamento oficial; a ilegalidade do underground, em negócios de formiga, ou melhor, de abelha, pouco a pouco, acumulando moedas como grãos de areia em toneladas. Milhões lá, acolá, escondidos em paredes ocas, casas no meio de locais desfavorecidos, onde só há direitos. Nenhum controle por medidas econômicos, tudo de costas para a luta entre inflação e juros oficiais, num mundo invisível.

O país do sonhado “Milagre Brasileiro” de Delfin Neto, agora é arremedado pela informalidade inatingível. Incrível desempenho, que nem a Pandemia de Covid teve poder de abalar. O império intocável da lavagem, do caixa 2 , 3...

Incrível sucesso do homem literal em sua liberdade de produzir, negociar, comercializar, que apesar de todas as suas condicionantes intelectuais e econômico-financeiras, consegue acumular coisas para o presente, trabalhando e vencendo as agruras da realidade violenta, agressiva e degradante. Em tudo, há a demonstração de uma país rico e com gente disposta a trabalhar e vencer. Por que o país não progride o quanto deveria progredir? O que há de errado?

Então, pode-se pensar algo grandemente errado: dane-se a educação e a intelectualidade, pois se as pessoas estão tendo sucesso material e conseguindo acumular bens, o que vale é o operacional, produção e o comércio.

Ledo e elevado engano, tanto que a miséria intelectual é a verdadeira arapuca para qualquer cidadão, população e pátria. Redes sociais na mão de mestres invisíveis estão controlando tudo e todos, fazendo o contexto e dando o teor do momento, assumindo o local acima do 4º poder, a imprensa. Governo e outras instituições de Poder estão sendo vencidos e não poderão proteger a população e as novas gerações. A falta ou defeito de discernimento, fruto maior da falta de educação de qualidade, dificulta grandemente o entendimento do que pode ser verdade ou mentira, deixando o cidadão exposto e sem defesa. Há verdadeira confusão no processo de construção e afirmação bom senso individual e coletivo, que é colocado em dúvida. Mas, no todo, o que está surgindo é um poder maior, incontrolável e dominador, bastando dizer que se um provedor de informática for desligado, parte ou todo os países param no mesmo minuto. É a liberdade que está sendo controlada. O mesmo perigo está em colocar toda a história humana, literária, política, social e cultural em arquivos centrais que podem sumir de uma hora para outra, seja por ato terrorista, seja por vontade de alguém ou até pelas ondas solares de  eletromagnetismo .

Aproveitando-se da falta de educação, das pressões econômicas que não deixam o cidadão evoluir, cresce o domínio do controle centralizado invisível, modulando pensamentos, formulando crenças e formatando o bom senso. 

Surge o momento tão previsto, o de pouco, ler, escrever, pensar, fazendo milhares de seguidores. Eis ao que tanta literalidade está levando, uma  realidade: a miséria humana,  manipulável.

Onde estamos indo sem educação de qualidade, sem ciência, sem inteligência, sem ler nem escrever? Talvez até onde alguém diga ao mundo que não precisa mais de nós?

Mal sinal, ainda não nos livramos da síndrome do cão vira-lata .

 

 Odilon Reinhardt- 3.2.2025