Onde a superficialidade está nos levando?
Superficialismo.
Pensamentos
afogados,
o
intelecto fechado,
livros
esvaziados.
O
superficial é seu império,
tudo
rápido e sintético,
a
intelectualidade indo ao cemitério.
A
vida do dia a dia,
barulhenta
em seu vazio,
expressão
em agonia.
Interlocutores
ocupados,
inexistentes,
os
pensadores abandonados.
Avança
o superficialismo,
burro,
seco, literal,
melhor
produto do pragmatismo.
Um
país literal, com a grande maioria de todas as classes sociais militando na
superficialidade, seguindo os assuntos e remendando atitudes perfunctoriamente,
seguindo o ser pensante e seu domínio: o celular com suas redes sociais. Ditas redes sociais, que
pensam, que mandam, que detonam.
O
cidadão literal de bobo da corte, aplaudindo escribas modernos? Talvez nem
tanto, numa sociedade oral onde o senso comum forma-se no conjunto sintético de
resquícios ínfimos da razoabilidade sobrevivente.
Valendo
o ouvir-dizer, indo atrás do zum -zum da ligeireza das frases curtas, uma
estrutura coletiva tem se formado em perigosas operações laborais e financeiras
de pensamentos de discutível estabilidade e segurança. É visível a fragilidade
social e a falta de sustentabilidade dos argumentos poucos e geralmente míopes.
Protegidos pelas mesmas redes sociais que os manipulam e comandam, os cidadãos
literais fazem seus formigueiros em torno de pretensos líderes de influência e
conseguem alimentar suas rainhas, tendo-as como ideais hedonistas de vida
vazia. Literais pobre sou abonados, seguem sem saber para onde num tropa
errante pela superfície instável de cada dia.
Com
ou sem educação capenga e com inúmeras deficiências cognitivas, a grande
maioria dos cidadãos, empurra o dia a dia e consegue se virar, da rum jeitinho,
sobreviver ou viver até na pândega da rica informalidade.
A
economia cresce em descontrolado ímpeto, mas escamoteando sua força real, que
pode recriar lentamente as bases para a hiperinflação. Impressionantes cifras
mensais em movimentação, chegando a trinta vezes mais o orçamento oficial; a
ilegalidade do underground, em negócios de formiga, ou melhor, de abelha, pouco
a pouco, acumulando moedas como grãos de areia em toneladas. Milhões lá, acolá,
escondidos em paredes ocas, casas no meio de locais desfavorecidos, onde só há
direitos. Nenhum controle por medidas econômicos, tudo de costas para a luta
entre inflação e juros oficiais, num mundo invisível.
O
país do sonhado “Milagre Brasileiro” de Delfin Neto, agora é arremedado pela
informalidade inatingível. Incrível desempenho, que nem a Pandemia de Covid
teve poder de abalar. O império intocável da lavagem, do caixa 2 , 3...
Incrível
sucesso do homem literal em sua liberdade de produzir, negociar, comercializar,
que apesar de todas as suas condicionantes intelectuais e
econômico-financeiras, consegue acumular coisas para o presente, trabalhando e
vencendo as agruras da realidade violenta, agressiva e degradante. Em tudo, há
a demonstração de uma país rico e com gente disposta a trabalhar e vencer. Por
que o país não progride o quanto deveria progredir? O que há de errado?
Então,
pode-se pensar algo grandemente errado: dane-se a educação e a
intelectualidade, pois se as pessoas estão tendo sucesso material e conseguindo
acumular bens, o que vale é o operacional, produção e o comércio.
Ledo
e elevado engano, tanto que a miséria intelectual é a verdadeira arapuca para
qualquer cidadão, população e pátria. Redes sociais na mão de mestres
invisíveis estão controlando tudo e todos, fazendo o contexto e dando o teor do
momento, assumindo o local acima do 4º poder, a imprensa. Governo e outras
instituições de Poder estão sendo vencidos e não poderão proteger a população e
as novas gerações. A falta ou defeito de discernimento, fruto maior da falta de
educação de qualidade, dificulta grandemente o entendimento do que pode ser
verdade ou mentira, deixando o cidadão exposto e sem defesa. Há verdadeira
confusão no processo de construção e afirmação bom senso individual e coletivo,
que é colocado em dúvida. Mas, no todo, o que está surgindo é um poder maior,
incontrolável e dominador, bastando dizer que se um provedor de informática for
desligado, parte ou todo os países param no mesmo minuto. É a liberdade que está
sendo controlada. O mesmo perigo está em colocar toda a história humana,
literária, política, social e cultural em arquivos centrais que podem sumir de
uma hora para outra, seja por ato terrorista, seja por vontade de alguém ou até
pelas ondas solares de eletromagnetismo
.
Aproveitando-se
da falta de educação, das pressões econômicas que não deixam o cidadão evoluir,
cresce o domínio do controle centralizado invisível, modulando pensamentos,
formulando crenças e formatando o bom senso.
Surge
o momento tão previsto, o de pouco, ler, escrever, pensar, fazendo milhares de
seguidores. Eis ao que tanta literalidade está levando, uma realidade: a miséria humana, manipulável.
Onde
estamos indo sem educação de qualidade, sem ciência, sem inteligência, sem ler
nem escrever? Talvez até onde alguém diga ao mundo que não precisa mais de nós?
Mal
sinal, ainda não nos livramos da síndrome do cão vira-lata .