quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Descrença, desconfiança e descredibilidade.

 










Descrença , desconfiança , descredibilidade.

 

 

                               Ideologia, o que vem acontecendo?

 

 

Muitos fatos e atos fatais,

de uma piscina surreal

cheia de ratos reais.

 

Ideologias atrasadas se batem;

a sociedade afastada

nem desconfia de tal bobagem. 

 

Sente as faíscas do embate,

mas a vida diária  para não morrer

tem outros desafios e ali se bate.

 

Direita ou esquerda,

centros sem fundo,

questiona-se o que se herda.

 

Visão com discutível fonte,

manhãs sem céu ,

não é bom o caminho para o horizonte.

 

Procura-se um país,

o meu, o teu, o de qualquer um;

aquele que hoje quer achar sua raiz.

 

Tempo de nuvens de rotina incerta,

neblina em ventos de discórdia,

o futuro encolhe, se aperta.

 

Estradas em buracos sem rumo,

palavras em discursos e decisões etéreas

laranjas sem sumo.

 

Bandeiras sem mastro,

desunião e vazio em todos,

no chão o antigo e diário astro.

 

Choram o tupi e o Manoel,

algo na semeadura não deu certo,

mas a terra ainda é de leite e mel.

 

Em meio a revoltas e tiro no pé,

saltos no escuro;

o futebol não tem mais Pelé.

 

Dinamite na cova;

esquinas sem rua;

ideologia, uma ova!

 

Segue a vida comum,

com ou sem planície e planalto,

em algum lugar uma rodada de 51.

 

Música alta, cerveja e picanha,

ideais, objetivos maiores do dia;

nada de mais, alguém estranha?

 

Inusitadas cenas em frases desconexas,

pessoas sem letras, vidas sem grandes causas;

aqui , visões cada vez mais perplexas.

 

É a melhor ideologia possível?

Algo que se possa comer e beber;

no mundo visível tudo ficou risível.

 

No invisível,

transcendente para alguns,

intelectualmente horrível?

 

Risível, sem dúvida,

shows humanos diários e ininterruptos,

quem já entendeu não duvida.  

 

 

 

 

 

 

Num contexto que se alonga por décadas, como não ser adepto da teoria da conspiração e viver desconfiando de tudo e de todos?

Um desafio para mentes boas; no entanto, um alimento para o cidadão golpeado, negativista, derrotado.

Num ambiente mediático, onde são selecionadas notícias ruins para atender ao sensacionalismo e garantir audiência, torna-se impossível não pensar que há sempre algo pro trás, uma segunda intenção e que é sempre ruim.

Golpes, corrupção, fraudes todo dia e que se sobrepõem rapidamente, em eventos um mais escandaloso do que o outro; pessoas enganadas pelo Próximo no relacionamento diário; desastres causados por imperícia, negligência ou imprudência fazem o cenário que vai ser sintetizado ao começo da noite na TV ou a qualquer hora nas redes sociais. Tudo superficialmente narrado, mas com imagens ricas de tragicomédia. Tudo em sínteses rápidas, formando um caleidoscópio que gera a generalização, a ideia de que tudo vai mal e está podre. Tudo num emaranhado de frases, fotos, fatos e depoimentos picotados onde o discernimento se confunde e sempre algo se perde: a verdade. 

Descrédito, má fé, desconfiança, pé atrás, um olho no prato outro no gato com hábito já consolidado. Como não ter a teoria da conspiração a tiracolo? Ademais com fake-news, deep-fake, AI manipulando imagens etc., a desconfiança é uma regra. Preste-se atenção no conteúdo das frases de marketing. Identifique-se as mensagens subliminares de mestres invisíveis. Nada tem espírito próspero. O negativismo está em tudo.  

Pelo que se observa, sistemas criados para estimular a prosperidade, como as fundações de previdência etc., não podem colocar em prática sua missão, pois quase absolutamente tudo é ou vira golpe financeiro. Para tais sistemas, a fim de garantir a remuneração necessária, o recurso é viver da inflação e renda fixa, sem as quais não subsistirão; e vivendo do mercado financeiro, estão expostas a golpes.

Todos os dias, o cidadão retorna a sua casa e recebe a ducha de más notícias em doses, por vezes, cavalares; décadas após décadas de persistente negativismo homeopático.  Se não é um cidadão com discernimento e escolaridade para entender o que recebe no todo, resta pelo menos a síntese dada pelo âncora de TV e analistas, ressaltando a dose de negativismo. Munição diária suficiente para criar o subconsciente coletivo de que nada é isento de golpe no setor privado e público.

Gerações são criadas sob está toalha fria, cobertor molhado; um país mantido sob a ideologia de espírito negativo. Não é exclusividade no mundo, mas é o nosso e a nossa realidade.

E o que faz com que o esquema seja revelado? Algo ainda mais assustador.  A denúncia vem de quem não recebeu sua parte ou por qualquer outro interesse político, de modo que não é questão de moral e ética, mas de dinheiro. Os meios da informática acabam rastreando o caminho das moedas e os esquemas chegam ao seu fim virando notícia. Os envolvidos, na maioria um punhado de bagrinhos operacionais e por vezes um peixe para não ficar tão na cara que tudo vai virar pizza. E os auxiliares: contadores, financistas, advogados, economistas etc. que estruturam e criam o esquema onde ficam? Nunca se sabe o que acontece. Será que tudo já é uma receita feita com IA sem envolver ninguém?

Mas o que chama a atenção são os valores envolvidos, sempre bilhões de reais , que são tratados e mencionados como pipoca; para o povo é mostrado um punhado de relógios, carros importados e a menção a confiscos variados para não dizer que os envolvidos não ficaram sem danos. A Justiça tem seus trâmites que a retardam e é feita polêmica pela imprensa. A reparação de danos e devolução das somas nunca aparecem na TV ou redes sociais e o caso fica logo esquecido, porque logo outro já é notícia.

Há tantos esquemas e maracutaias, trambiques etc. presumivelmente em andamento, que se poderia dizer que há uma economia e um Estado informal paralelo e criminoso. 

O “negócio” é tão promissor, que “organizações” internacionais, dedicadas a economia paralela estão “instalando-se” para garantir a sua gorda fatia no saboroso bolo.

A legislação, o ordenamento jurídico e os órgãos oficiais são incapazes de fazer frente a tanta diversidade, criatividade e velocidade. Entre as primeiras denúncias e a operação de combate, muito tempo escorre, o suficiente para o esquema encher seus alforjes e lavar tudo por vários meios. O combate oficial fica parecendo o de enxugar gelo. Ademais as fronteiras do país parecem queijo furado, já que é impossível fiscalizar tudo a todo tempo.

Então, como dizer ao cidadão, ao jovem e crianças que por trás de qualquer projeto, plano, proposta não há um golpe? Como defender empreendimentos e obras públicas e explicar o porquê de obras e investimentos  privados, diante de um cenário onde tudo cheira segundas e impuras intenções? E os relacionamentos pessoais atingidos por esta desconfiança, persistem?  (A seguir.....)

 Odilon Reinhardt. 3.12.25

 

 

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

À Margem?

 




À margem?

  

 

               Esta aí para se ver.

 

Imprudência,

negligência,

imperícia;

vulgarizadas.

 

Desqualificação,

despreparo;

banalizados.

 

Consequências ,

sensacionalismo ;

publicados.

 

Causas ,

fontes;

menosprezadas.

 

Num contexto diversificado,

pelo total da obra;

o cidadão desequilibrado.

 

O país doente,

o indivíduo como centro 

fazendo o dia com enganosa mente.

 

Em muita cabeça

um vulcão

capaz de eclodir sem surpresa.

 

Mas não explode, implode,

fica reprimido em atos diários

onde o terrorismo se esconde.

 

Atos de autodestruição,

violências contra o Próximo,    

vontade de detonar a organização;

 

adulterar leite, falsificar remédios, combustíveis,

roubar fiação de escola e posto de saúde,

não são atos terroristas puníveis? Aqui não.

 

Quantos não tem raiva na cabeça.

esperando a oportunidade

de dar vazão a sua desgraça? 

 

Mas tudo é desconsiderado,

vale o caso individual, exceção,

“o cara era desequilibrado”, e tal.

 

Desculpas mascaradas

sempre convenientes

e os danos e as vítimas encarceradas.

 

A mídia relativiza e considera tudo como exceção,

sustenta-se no sensacionalismo;

o pensar é feito pela teoria da conspiração.

 

A quem aproveita tal condicionamento

senão a alienação por saturamento

do cidadão que se aliena e foge do envolvimento.

 

 

 

Falando em evolução democrática, dois séculos de autoritarismo como modelo de liderança para qualquer nível, não podem ser desfeitos em pouco tempo. Trabalho lento de desconstituição da distopia, para que a realidade vá se ajustando aos modelos mais livres de debate sobre como ajeitar os instrumentos da vida para que sejam conduzidos por estrutura forte e consolidada a favor da democracia como jeito de ser e agir. Por enquanto, muito show na vida privada e pública, denotando que ainda há muito a ser feito do lar até o palácio.

 

O dever-ser do Direito, a lei e a Justiça fazem a espinha dorsal para apoio dos ganhos na batalha pela democracia e liberdade.  São instrumentos que garantem a igualdade perante a lei. Todo o sistema jurídico guarda em si os ganhos da sociedade no avanço para liberdade e respeito à natureza humana.

 

Contra tal vontade coletiva, militam a educação formal deficitária ou inexistente que dificulta a compreensão do sistema, da estrutura formal deste e do  vocabulário ali utilizado, que jamais será popularizado, pelo que só será compreensível através do estudo e leitura. Diante da quase inacessibilidade pela grande maioria, há uma realidade formal, estrutural que atua em paralelo a uma realidade da vida do dia a dia, tocada livremente, até de um modo anárquico, já que as condições do mercado permitem qualquer iniciativa sem o mínimo de conhecimento e instrução; uma economia paralela e poderes locais com liderança armada. Tudo dá certo até o momento em que não dê mais, geralmente logo após o mundo da realidade formal acordar ou reagir à bala.

 

A vida à margem do mundo formal parece ser a regra. Assim é parte da economia, assim é a vida das famílias, seu modo de vida, sua estrutura, suas bagunças conjugais. Nada legalizado, nada de acordo com a lei. É a alienação por ignorância, por falta de discernimento. Berço para o ego animalesco que dita as regras impulsivas para ação e reação, acarretando muitos efeitos na pessoa.

 

Nossos maiores feitos históricos ocorreram sem qualquer ciência pela população, que não participava do mundo da realidade formal, o que ainda hoje é o que ocorre. Desnecessário dizer que tais feitos tinham dentro de si o autoritarismo do sistema militar, sendo os militares as pessoas mais preparadas intelectualmente para tomar decisões e ordenar.  Não podemos negar, que as raízes do mundo formal estão conectadas ao autoritarismo de dois séculos. Logo após o regime militar, muitos recursos financeiros do exterior só eram entregues ao Brasil se no contrato houvesse cláusula ela qual a empresa pública ou de economia mista se comprometesse a implementar programa de democratização da liderança empresarial com sistemas e instrumentos gerenciais correspondentes. 

 

Com a pouca democracia que temos conquistado, já flexibilizamos muito os  modelos gerencias de inspiração militar.  Hoje em alguns casos, o sistema formal quando dirigido pelo autoritarismo recebe prontamente a crítica e a rejeição. E tal reação não vem só das pessoas do mundo formal, mas também da grande maioria que não tolera a falta de liberdade.

 

Mesmo que haja vários entraves que atrasam a democratização familiar, empresarial e governamental, o senso comum é repelir a falta de democracia, ,principalmente pelas novas gerações, hoje muito mais livres, embora mal orientadas quanto aos vários aspectos da vida.

 

Contra as formas de autoritarismo, há reação correspondente à falta de discernimento e consciência, pelo que as manifestações populares podem ir da não-participação à demonstração violenta, quebrando ruas e comércio, penalizando diretamente os iguais e não o autoritário.

 

Mas o que preocupa mesmo é a forma de reação individual de revolta contida, que pode aparecer no relacionamento pessoal, na família, nas decisões impensadas do empresário e autoridade, na revolta do adolescente, no político, no projetista de obra pública, no cozinheiro de restaurante, etc. É a reação pessoal por um ego contrariado no pessoal e no coletivo, que anda na mente das pessoas, cada uma um vulcão prestes a explodir.

 

É esta célula da sociedade que mantem o autoritarismo vivo com meio de afirmação pessoal para sobreviver. Máscara de alienado, mas por dentro um potencial terrorista indo contra o próprio corpo ou contra o Próximo, tido como bode expiatório para uma errada visão de mundo, resultado da mesma falta de luz, discernimento. Animal contra animal, usando as melhores inovações da tecnologia ou não.

 

Ninguém vive à margem. Todos têm um grau de insatisfação e diferentes modos de reagir. O mais perigoso é o silêncio como falsa expressão de uma mente insatisfeita com o conjunto da obra, vendo o mundo pela ótica da conspiração. Há várias máscaras para tal propósito. 

 

Difícil emaranhado para ser resolvido com medidas de bem estar coletivo na atual etapa de evolução.  Negligência, imprudência, imperícia,  talvez ,não sejam só falta de preparo técnico, pois têm muito a haver com o estado emocional de cada um, o que pode estar no modo autodestrutivo ou de vingança contra o social, a dita raiva social; potencialmente, o terror latente em cada caso, seja familiar ou social.

 

Nesse contexto, nossos meios de resolver conflito é calar qualquer tipo de  opositor, visível ou invisível; é precário, quando resolvido pela Winchester e o Colt; é desumano, quando pelo vocabulário de ódio, rejeição e cancelamento; é prepotente quando a estrutura político-formal é usada para bloquear a individualidade do cidadão pelo simples jogo de poder do mais forte, seja por decisão monocrática ou pela maioria ou não.   

 

Tudo promovido de cidadão contra cidadão, todos marchando direita e esquerda sem ir para a frente no tempo desejado. A democracia ainda vem de fora para dentro por imposição legal, a inversão só virá como tempo. Por enquanto, só as consequências tomadas por causa.

 

Um motorista de caminhão, desleixado por problemas pessoais, causa acidente matando várias pessoas, não é um terrorista? Não aqui, não há conotação política, sua condenação poderá levar o fator pessoal, seu estado psicológico  e ódios pessoais como atenuantes. Mas no fundo, o dano causado tem base ideológica. No mesmo sentido, uma pessoa que aplica grandes golpes, afetando a vida de muitas pessoas e empresas não é um terrorista, mas cria terror. 

Na banalização e vulgarização da imprudência, negligência, imperícia e violência física e mental pode estar a raiva social, uma espécie de terrorismo que ainda não é levado em conta.

 3.11.2025 Odilon Reinhardt.

 

 

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Ela está ainda lactente II

 


 

 





Ela está ainda lactente II.




Cacos escolhidos

 

 

pela realidade televisiva,

coletânea de pontas de iceberg,

pedaços da vida ativa;

 

a mídia não faz notícia,

mas escolhe cacos sensacionais

para invadir a casa alheia todo dia;

 

que tipo de visão de mundo,

produz o show de distorcidas exceções

que nunca vai em nada a fundo?

 

A perturbação da vida comum,

agitação estressante do caleidoscópio,

inevitável ataque a mente de cada um;

 

resulta no desligar,

na alienação ou revolta, pessimismo; 

mas fim de pelo menos uma fonte do manipular.

 

No que isso contribui

para o processo democrático

nessa etapa que surgiu?

 

Superficialidade

para o discernimento sofrível,

qual a verdadeira realidade?

 

 

E é no campo das conversas que tudo se intensifica com a miséria intelectual dos conteúdos vazios. A pobreza intelectual campeia. O tema da conversa e o seu desenvolver, a superficialidade explícita. A simplicidade mora na virtude, mas não nesse tipo de simples ignorante e obscuro que vai do futebol, carros e qualidade de cerveja como campo onde os intelectos hodiernos se encontram. Aqui não existe “jogar conversa fora”, pois a conversa já nasce jogada. Realidade que é transferida para outros locais oficiais ou não, onde o diálogo é todo mascarado por interesses umbilicais, cheio de segundas intenções e coberto pelos cabrestos e máscaras do dia.

 

Tal realidade, gerada pelas pessoas em mal vida, é transferida para vários locais, sendo a oficial a mais televisionada, onde a política aberta, revela o amontoado de interesses pessoais, colocados e impulsionados por totalitarismo autêntico, de raiz nascida do popular, construção egóica, modo de vida e poder em qualquer lugar.

 

Sua prática diária vive da violência impulsiva do ego de cada um;  exprime-se bem à vontade na inflexibilidade, intolerância, preconceito, conservadorismo e faz o radicalismo das ações e reações no ato de evitar debate e discussão, diálogo que exponha a contrariedade.  É a democracia da maioria egóica que anda do bar à fábrica, da casa ao palácio, da cozinha à cama, da buzinada ao xingamento e cala-boca.

 

O processo de diálogo é conduzido pelos interesses em jogo. Se o interesse é defender um assunto de esquemas de poder e seu financiamento etc., o poder se manifesta e bloqueia por vários meios qualquer oposição ou escamoteia o processo de debate , usando modos indiretos de imposição, inclusive a distração do  boi-de-piranha. De certo modo, para quê democracia quando o objetivo é legalizar interesses privados?

 

Aqui os relacionamentos são superficiais e se aprofundados tornam-se tóxicos, pois logo surge a contrariedade. Tem guerra até na sacristia. A convivência é difícil e leva à alienação ou à violência. Mesmo o silêncio é uma violência quando feito com barulho interno, frustração, revolta engolida e reprimida, que certamente espera a oportunidade de revanche.

 

Dizem que o país não é para amadores, tal a complexidade que se lhe atribui no entrelaçamento dos interesses, onde a grande maioria esmorece diante das iniquidades, mas alguns se aproveitam e são bem ativos. Talvez a democracia para poucos no mundo formal e bem produtivo.

 

A vitrine mais popular do exercício democrático é a vida política nas casas legislativas, pois é passível de cobertura televisiva, todavia, qual os cacos no caleidoscópio, onde lá lapsos de progresso, mesmo que a visão seja geral e superficial, cabendo a cada cidadão tirar sua impressão. Quanto ao processo democrático nas relações diárias dos interesses comezinhos, o processo é muito mais tosco e rude, marcado pelo encontro entre egos e geralmente resolvido na imposição e violência física e moral.

 

Eis a democracia em seu berço, choramingando, mas com muito a vencer. Dizia Nelson Rodrigues, que o Brasil conhecerá a selvageria antes da civilização. Talvez radical, mas verdadeiro. Do índio ao astronauta, ainda temos muitas realidades democráticas sofríveis, mas em avanço. É a fase de transição do rural para o urbano, do rude para o sutil. Pode levar muitas dezenas de décadas.

 

Duro de ver, de aguentar, de pensar, mas é a etapa do processo. Aguentemos,  pois já foi bem pior. Hoje vemos o roto perseguindo o esfarrapado pelos caminhos da vida medíocre, mas ambos pensando ser a expressão mais elevada da rua ainda em macadame e barro.

 

Ad astra per áspera. Aqui o debate, perguntas, pedidos de esclarecimento,   discussão é sinônimo de oposição, preparada ou não, sendo punida com cancelamento, seja lá onde for. Mas a democracia, mesmo assim, é a melhor via. Aqui está ainda lactente. Vamos fazê-la crescer e prosperar no tempo, pelos tempos e com o tempo. Não há alternativa melhor.

 

É então, a democracia que estamos construindo, a democracia na base social , nas relações pessoais, nas  situações do dia a dia onde há interesses diversos, e feita, muitas vezes, com a linguagem não adequada, mas expressão do povo que temos e sua educação deficitária.

 

Essa realidade aparece no discernimento  político e geral. O elemento  humano é na grande maioria da mesma base e alimenta a direita, a esquerda e o centro com o mesmo fundo de preparo e despreparo.  

 

Milhares de exemplos poderiam ser citados. Desnecessário, pois é o dia a dia do condomínio, da vizinhança, da Câmara à Assembleia, desta ao Congresso,  da escola à Faculdade. Em tudo, aparece o rude, o bruto, a inflexibilidade, a intolerância, o radicalismo, a intransigência nas relações humanas.

 

É a fase em que estamos, aguentemos um dia passa, passamos.  

 

 Odilon Reinhardt-3.10.25