À
margem?
Esta aí
para se ver.
Imprudência,
negligência,
imperícia;
vulgarizadas.
Desqualificação,
despreparo;
banalizados.
Consequências
,
sensacionalismo
;
publicados.
Causas
,
fontes;
menosprezadas.
Num
contexto diversificado,
pelo
total da obra;
o
cidadão desequilibrado.
O país
doente,
o
indivíduo como centro
fazendo
o dia com enganosa mente.
Em
muita cabeça
um
vulcão
capaz
de eclodir sem surpresa.
Mas não
explode, implode,
fica
reprimido em atos diários
onde o
terrorismo se esconde.
Atos de
autodestruição,
violências
contra o Próximo,
vontade
de detonar a organização;
adulterar
leite, falsificar remédios, combustíveis,
roubar
fiação de escola e posto de saúde,
não são
atos terroristas puníveis? Aqui não.
Quantos
não tem raiva na cabeça.
esperando
a oportunidade
de dar
vazão a sua desgraça?
Mas
tudo é desconsiderado,
vale o
caso individual, exceção,
“o cara
era desequilibrado”, e tal.
Desculpas
mascaradas
sempre
convenientes
e os
danos e as vítimas encarceradas.
A mídia
relativiza e considera tudo como exceção,
sustenta-se
no sensacionalismo;
o
pensar é feito pela teoria da conspiração.
A quem
aproveita tal condicionamento
senão a
alienação por saturamento
do
cidadão que se aliena e foge do envolvimento.
Falando
em evolução democrática, dois séculos de autoritarismo como modelo de liderança
para qualquer nível, não podem ser desfeitos em pouco tempo. Trabalho lento de
desconstituição da distopia, para que a realidade vá se ajustando aos modelos
mais livres de debate sobre como ajeitar os instrumentos da vida para que sejam
conduzidos por estrutura forte e consolidada a favor da democracia como jeito
de ser e agir. Por enquanto, muito show na vida privada e pública, denotando
que ainda há muito a ser feito do lar até o palácio.
O
dever-ser do Direito, a lei e a Justiça fazem a espinha dorsal para apoio dos
ganhos na batalha pela democracia e liberdade.
São instrumentos que garantem a igualdade perante a lei. Todo o sistema
jurídico guarda em si os ganhos da sociedade no avanço para liberdade e
respeito à natureza humana.
Contra
tal vontade coletiva, militam a educação formal deficitária ou inexistente que
dificulta a compreensão do sistema, da estrutura formal deste e do vocabulário ali utilizado, que jamais será
popularizado, pelo que só será compreensível através do estudo e leitura.
Diante da quase inacessibilidade pela grande maioria, há uma realidade formal,
estrutural que atua em paralelo a uma realidade da vida do dia a dia, tocada
livremente, até de um modo anárquico, já que as condições do mercado permitem
qualquer iniciativa sem o mínimo de conhecimento e instrução; uma economia
paralela e poderes locais com liderança armada. Tudo dá certo até o momento em
que não dê mais, geralmente logo após o mundo da realidade formal acordar ou
reagir à bala.
A vida
à margem do mundo formal parece ser a regra. Assim é parte da economia, assim é
a vida das famílias, seu modo de vida, sua estrutura, suas bagunças conjugais.
Nada legalizado, nada de acordo com a lei. É a alienação por ignorância, por
falta de discernimento. Berço para o ego animalesco que dita as regras
impulsivas para ação e reação, acarretando muitos efeitos na pessoa.
Nossos
maiores feitos históricos ocorreram sem qualquer ciência pela população, que
não participava do mundo da realidade formal, o que ainda hoje é o que ocorre.
Desnecessário dizer que tais feitos tinham dentro de si o autoritarismo do
sistema militar, sendo os militares as pessoas mais preparadas intelectualmente
para tomar decisões e ordenar. Não
podemos negar, que as raízes do mundo formal estão conectadas ao autoritarismo
de dois séculos. Logo após o regime militar, muitos recursos financeiros do exterior
só eram entregues ao Brasil se no contrato houvesse cláusula ela qual a empresa
pública ou de economia mista se comprometesse a implementar programa de
democratização da liderança empresarial com sistemas e instrumentos gerenciais
correspondentes.
Com a
pouca democracia que temos conquistado, já flexibilizamos muito os modelos gerencias de inspiração militar. Hoje em alguns casos, o sistema formal quando
dirigido pelo autoritarismo recebe prontamente a crítica e a rejeição. E tal
reação não vem só das pessoas do mundo formal, mas também da grande maioria que
não tolera a falta de liberdade.
Mesmo
que haja vários entraves que atrasam a democratização familiar, empresarial e
governamental, o senso comum é repelir a falta de democracia, ,principalmente
pelas novas gerações, hoje muito mais livres, embora mal orientadas quanto aos
vários aspectos da vida.
Contra
as formas de autoritarismo, há reação correspondente à falta de discernimento e
consciência, pelo que as manifestações populares podem ir da não-participação à
demonstração violenta, quebrando ruas e comércio, penalizando diretamente os
iguais e não o autoritário.
Mas o
que preocupa mesmo é a forma de reação individual de revolta contida, que pode
aparecer no relacionamento pessoal, na família, nas decisões impensadas do
empresário e autoridade, na revolta do adolescente, no político, no projetista
de obra pública, no cozinheiro de restaurante, etc. É a reação pessoal por um
ego contrariado no pessoal e no coletivo, que anda na mente das pessoas, cada
uma um vulcão prestes a explodir.
É esta
célula da sociedade que mantem o autoritarismo vivo com meio de afirmação
pessoal para sobreviver. Máscara de alienado, mas por dentro um potencial
terrorista indo contra o próprio corpo ou contra o Próximo, tido como bode
expiatório para uma errada visão de mundo, resultado da mesma falta de luz,
discernimento. Animal contra animal, usando as melhores inovações da tecnologia
ou não.
Ninguém
vive à margem. Todos têm um grau de insatisfação e diferentes modos de reagir.
O mais perigoso é o silêncio como falsa expressão de uma mente insatisfeita com
o conjunto da obra, vendo o mundo pela ótica da conspiração. Há várias máscaras
para tal propósito.
Difícil
emaranhado para ser resolvido com medidas de bem estar coletivo na atual etapa
de evolução. Negligência, imprudência,
imperícia, talvez ,não sejam só falta de
preparo técnico, pois têm muito a haver com o estado emocional de cada um, o
que pode estar no modo autodestrutivo ou de vingança contra o social, a dita
raiva social; potencialmente, o terror latente em cada caso, seja familiar ou social.
Nesse
contexto, nossos meios de resolver conflito é calar qualquer tipo de opositor, visível ou invisível; é precário,
quando resolvido pela Winchester e o Colt; é desumano, quando pelo vocabulário
de ódio, rejeição e cancelamento; é prepotente quando a estrutura
político-formal é usada para bloquear a individualidade do cidadão pelo simples
jogo de poder do mais forte, seja por decisão monocrática ou pela maioria ou
não.
Tudo
promovido de cidadão contra cidadão, todos marchando direita e esquerda sem ir
para a frente no tempo desejado. A democracia ainda vem de fora para dentro
por imposição legal, a inversão só virá como tempo. Por enquanto, só as
consequências tomadas por causa.
Um
motorista de caminhão, desleixado por problemas pessoais, causa acidente
matando várias pessoas, não é um terrorista? Não aqui, não há conotação
política, sua condenação poderá levar o fator pessoal, seu estado psicológico e ódios pessoais como atenuantes. Mas no
fundo, o dano causado tem base ideológica. No mesmo sentido, uma pessoa que
aplica grandes golpes, afetando a vida de muitas pessoas e empresas não é um
terrorista, mas cria terror.
Na
banalização e vulgarização da imprudência, negligência, imperícia e violência
física e mental pode estar a raiva social, uma espécie de terrorismo que ainda
não é levado em conta.
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