sábado, 11 de junho de 2016

Salvação Nacional



                                  
Ninguém desejou que o país chegasse a este ponto, mas os anos foram passando e já havia sinais múltiplos de que com o Governo da estrela  nada daria certo. 
É desejo de qualquer nacional, que haja seriedade, dignidade, respeito, justiça, honestidade, legalidade, transparência, modicidade e economicidade no gasto público, projetos úteis e honestos. Este desejo sempre foi tripudiado e vilipendiado durante décadas pela cultura e sistema político tradicional e o tempo foi passando até chegarmos a caos econômico dos anos 80 e 90. O partido dos metalúrgicos, que crescia lentamente,  na época era a esperança de muitos brasileiros e inclusive de parte da magoada e desempregada classe média que o elegeu historicamente como salvador da pátria, esperança de democracia e honestidade.
A euforia inicial foi marcada por ufanismo, que sinalizava novos tempos democráticos com ares de fantasiosa Terra do Leite e Mel. As bolsas da União estavam sendo cheias de recursos, graças às medidas econômicas do governo anterior, o qual caíra justamente pelas mesmas medidas de arrocho e dificuldades, que havia adotado, provocando a impopularidade. Economistas prudentes alertavam sempre, “é necessário fazer o bolo e depois repartir”, o que começou a ser menosprezado sistematicamente em nome de reformas populares e garantia de reeleição. 
Foi assim que o governo popular, tomou posse em cerimônia épica, mas já sob os olhares silenciosos de quem sabia que todo aquele momento histórico poderia estar já maculado pela qualidade pessoal dos governantes, a grande maioria de pessoas sem qualquer experiência para conduzir um país continental, pois o Brasil não era um sindicato nem uma federação deles.
Assim, todos pensavam e projetavam um sonho, mas não analisavam as pessoas que realmente iriam operacionalizar os atos para fazer este sonho ser realizado. Aliás, problema crônico no Brasil, onde pessoas são eleitas não pelas ideias expostas de governo, mas pelos sorrisos, pela fachada, pela beleza, pela simpatia, pelo carisma e dinheiro.
Já no início, a queda da meritologia foi uma adoção espantosa para quem tinha diploma e era altamente qualificado, mas era sob o ponto de vista do partido dominante algo essencial para possibilitar o acesso de sua gente sem diploma para os cargos públicos com ou sem importância estratégica. Tais pessoas políticas chefiariam pessoas de alta qualificação nos Ministérios, algo sem precedentes em Ministérios com o da Fazenda.  O negócio era garantir emprego para todos do partido e facilitar a adoção das medidas que seriam adotadas em prol da grande revolução de base.
Necessário lembrar que sob a égide de um sonho de democratização e inclusão social, a estratégia era dizer ao país das “elite” que se deveria desrespeitar e mesmo debochar dos modelos e princípios até então adotados, para que com isto fosse possível perpetrar a ideia de que havia havido 500 anos de menosprezo ao povo e que nada que tinha sido até então feito tinha legitimidade e correspondia aos anseios da população mais simples e carente. Algo como dizer que todos os governos até então só haviam copiado e adotado modelos da cultura e história de países colonialistas sem compromisso como o povo brasileiro. Tal mensagem aos diplomados e seus filhos, esquecia as manifestações mais legitimas das várias áreas da cultura nacional e a luta pela independência.
Contudo, o carisma do líder eleito, com sua simplicidade e retórica popular, com a língua Portuguesa em seu pior momento oficial, a frequente quebra de protocolo, a falta de modos oficiais e a adoção do estilo “simprão”, eram vistos como ato de descontração de um presidente tranquilo, envolvia a todos, era avalizado pela imprensa sem restrições.  A indústria e o comércio o saldavam, os Bancos e o mercado financeiro estavam tranquilos, mesmo os que tinham sido tão receosos; todos o sustentavam abertamente. O Presidente era encantador, era Paz e Amor. Tudo era um novo Brasil, algo que lembrava os fantasiosos dias de Juscelino-Bossa Nova e suas gastanças desvairadas.
Sob o efeito hipnótico do novo tempo, a multidão de puxas sacos de todas as classes sociais, seguia o fluxo do ufanismo, da adoração, do agora-vai, do Maria-vai-com-as-outras, sem perceber que havia por trás de singela cortina de fumaça uma estratégia ideológica que lembrava os regimes de grande autoritarismo e escravidão humana, que marcaram a história com suas revoluções populares para acorrentar o próprio povo. Revistas semanais, no entanto, não seguiam as massas e olhavam tudo com reserva. 
No entanto, tudo era tão lindo, tão bom que nada era percebido.  Quem ousaria levantar alguma suspeita e macular o que estava acontecendo? Afinal a inflação estava controlada, o país estava bem, o presidente era “o cara”, conforme Obama o chamou. Nem a crise mundial de 2008 parecia incomodar; chegaria ao paraíso como mera “marolinha”.
No entanto, desde o início pessoas estreladas e vermelhas, mas despreparadas para um governo democrático honesto e transparente, já trabalhavam arduamente para a revolução que pretendiam implantar, onde certamente seriam a camada privilegiada de chefes enquanto o povo viveria sob seu jugo e determinações. Algo como num sindicato.
Contudo, o país inteiro estava embevecido, pois com o apoio fundamental da TV, propagandas perfeitas de marketing, poderiam vender qualquer coisa e por que não uma imagem de um Presidente ? Propaganda intensa e até o filme Lula, o Filho do Brasil, com candidatura ao Oscar, em plena casa do Tio San. O país é tomado de um romantismo anacrônico de ver o bom moço simples e de origem humilde tornar-se presidente da República. Uma histórica comovente, que esquecia quem eram os companheiros mais chegados e os conselheiros mais espertos que conduziam o presidente.  
Desde o início, é de se repetir, os sinais já denunciavam problemas fundamentais, mas que muito poucos viam que eram peças soltas de um quebra-cabeças gigantesco. A revista Veja sempre alertou, mas ninguém ousava acreditar.
Nos primeiros dias de Governo, o Ministro da Defesa da época, anunciou que o Brasil fabricaria a bomba atômica, episódio rápido e silencioso que foi apagado também rapidamente das reportagens, depois que o Presidente americano considerou o Brasil um dos países do Eixo do Mal, junto com Iran e Coréia do Norte. O tapa-boca foi eficaz, mas já colocou o Brasil sob o microscópio do primeiro mundo. Não demorou para os Estados Unidos da América do Norte  fazerem manobras militares na fronteira Brasil – Paraguai, como que dizendo “ watch out , budy, this farm is ours”.
O segundo fato inicial foi querer lançar o presidente eleito como líder da América Latina e terceiro mundo. As incursões do presidente à Africa não deram certo já no início. Faltava tutano internacional para tal. O líder carismático não conseguia convencer. E mesmo na América latina espanhola, logo surgiu o Chaves, como pretenso líder. O projeto brasileiro não era líder para a América Latina, só para o Brasil.
Recolhido ao Brasil, a única alternativa era mostrar dinheiro aos “hermanos”, dinheiro dos impostos do contribuinte brasileiro, para seduzir as bandeiras do Continente; o Brasil como capitalista, então financiando os governos populares, sua eleição e suas obras, se mostrassem igual ideologia irresponsável e anacrônica.  Assim, o recusado líder, poderia pagar sua presença entre os espanhóis e manter-se ativo, mesmo tendo que se ajoelhar para Chaves, tudo em nome de um projeto maior para a América Latina. Aliás, as relações exteriores já eram dedicadas à América Latina.
Apesar de inúmeras viagens do Presidente ao Exterior, as relações com países mais avançados, não convenciam, pois as inteligências externas já haviam entendido o que se passava internamente e que só aparecia em entrelinhas para alguns nacionais. Não ficou explicada toda a celeuma em torno da compra de aviões de guerra e porque o assunto era tratado diretamente pelo presidente. Alguém da indústria de armamentos saiu perdendo milhões.
O Presidente batalhou pela imagem do Brasil, tentando dar base para seu Governo e plano de revolução. Conseguiu na ONU que o Brasil fizesse parte do Conselho de Segurança, e famílias brasileiras perderam seus filhos no Timor e no Haiti. As desastradas embaixadas sem verba e cheias de asseclas da Estrela não conseguiam mais nada. Nem dá para esquecer o episódio da Bolívia que invadiu propriedade da Petrobras e o Presidente do Brasil deu razão ao Governo Boliviano. 
Internamente a ilusão crescia e cegava o povo e as camadas culturais e políticas. A oposição chegou a calar, emudecida pelo sucesso do presidente que falava como, pelo e para o Povo. Quem seria contrário sem perder votos?  Boquiabertos os 3 Poderes da República estavam alinhados.  O STF estava lentamente sendo preenchido por indicados pelo Governo. Tudo era harmonia. O país estava em rumo popular de acerto, contentamento das massas e prosperidade. A final todos podiam satisfazer seus reprezados sonhos de consumo, comprar carros e roupas etc.
O fato é que com as ausências frequentes do presidente, face às viagens externas, o governo ficou na mão de assessores e ministros, que atordoados com tanto Poder e sob a luz da crescente e incontestável popularidade do presidente, lançavam mão e aprimoraram ao extremo os métodos para arrecadação de fundos para enricar o Partidão, suas famílias e garantir o Poder para sempre. Descobriram logo que a rígida contabilidade pública e o orçamento com meta fiscal seriam impenetráveis no sentido de fonte de caixa dois. O bom negócio estava nas Estatais, que tinham orçamento livre e portas aberta, um verdadeiro Jardim das Delícias, percepção esta que foi seguida nos estados por governo de todos os partidos. 
Com ou sem ciência plena do presidente quanto aos detalhes do grande esquema de tornar-se eterno, tudo era feito veladamente. No entanto, o que era visível já prenunciava problemas futuros. Operações da Petrobrás, do BNDES etc, corriam soltas sem qualquer ciência ao povo.
Ao mesmo tempo, ocorria a largos passos  o inchaço da máquina estatal, o excessivo número de assessores e cargos de confiança num processo de empreguismo sem limites, o aumento da despesa pública, a falta de planejamento e o início da centralização, dando prioridade para os Estados em que o partido tivesse adeptos com a  marginalização dos demais, o início do assistencialismo através de bolsas-benefício para a população carente, iniciando a sangria dos cofres públicos, pois somente alguns alertavam de que isto tudo não se sustentaria por muito tempo e a falta de recursos chegaria logo. Foram vozes menosprezadas de profetas do óbvio.  Mas tudo estava em mil maravilhas, pois a atividade econômica trazia para a União trilhões em impostos e os Estados também recebiam suas fatias constitucionais. Os sintomas de problemas do porvir eram menosprezados e quem os expusesse era jogado ao canto, como cães que latem enquanto a caravana passa. 
Diante de tal fulgor, acabou-se com a CPMF. Neste episódio, surpreendentemente quem levantou crítica foi o próprio presidente, que em momento bom, lamentou que o sistema de saúde não sustentar-se-ia sem este imposto.   Ninguém lhe deu bola. O mercado financeiro, as classes média e alta festejaram. E esta bola era fatal para as contas públicas. 
O presidente viaja, divulga-se, vira ídolo nacional. Visita a Petrobrás e imitando Getúlio Vargas suja a mão de petróleo. Enaltece a empresa. Se estava sendo usado pelos companheiros como moço-propaganda ou se já sabia do esquema todo, não se sabe, é assunto em aberto. A História talvez revele se o presidente foi usado ou virou espertalhão. A expansão da Petrobrás com reforma de refinarias e compra de instalações no exterior estava em andamento. Em alguns casos houve reclamação e manifestações contrárias de empregados da própria Petrobrás, mas o país não entendeu nada. A compra de refinaria no Texas foi aprovada no Conselho de Administração da Petrobrás, onde a futura presidente do Brasil, era a presidente. Fato tido como corriqueiro.
O ambiente era de euforia incontestável. É anunciada a descoberta do pré-sal. Anunciado como o eldorado no mar, algo que libertaria o Brasil para sempre da miséria e da falta de educação. Estados ribeirinhos disputam os royalties. Cria-se a euforia dentro da euforia.
Em meio a tudo, veio a fácil e garantida reeleição e o segundo mandato do presidente, filho do Brasil, estava em vento em popa. Não havia a oposição incomodando. Todavia, já alguns economistas alertavam sobre as contas públicas e possíveis erros.
Tudo era festa, no entanto. Gente de todas as classes lotavam aviões para o exterior. Os cruzeiros em navios de luxo eram o ápice do verão e a balança de pagamentos apontava para o excesso de gastos com viagens e dólares para o exterior. O Brasil aguentava tudo. O Leite e o Mel jorravam nas praças de alegria e júbilo. O país estava dando certo depois de 500 anos. Carros eram vendidos a 60 meses de prestação etc, etc. O consumo interno era a solução. Quase pleno emprego e nada a reclamar. Passou desapercebida a frase rápida de um Ministro que disse “ en passant” que “ temos que acabar com os evangélicos”, certamente uma alusão às igrejas que  condenam o consumismo e as coisas materiais. Tal frase chegou a ser divulgada, mas sumiu com a mesma rapidez depois de rápida manifestação de alguns pastores. Nada mais se falou sobre o assunto. 
E o país continuava em sua rota. Até que veio o grande susto. Descobriu-se, via Correio, o grande esquema do Mensalão. A operação de remunerar deputados para garantir a votação favorável de propostas de interesse do Governo no Congresso, esquema antidemocrático e promovido por assessores diretos do presidente, o qual  dizia não saber de nada disso, o que ficou como ponto a ser investigado.
Começa a tornar-se sujo o chão da estrada até então limpa aos olhos populares e dos demais Poderes e autoridades.  Inicia-se um processo de desconfiança, ainda lento e humilde, contudo, sem muita vontade de ser investigado. Começa lentamente a ser ameaçada a economia fajuta baseada em criação de empregos, giro econômico e aquecimento fantasioso criado através de uma extensa rede de lavagem de dinheiro. Surge a denúncia primeira sobre danos à Petrobrás na compra da refinaria no Texas. 
Mesmo assim chegou-se ao tempo de tratar das eleições. A sucessora ao Poder estava garantida. Tinha graves problemas de saúde que foram magistralmente tratados em tempo record. A primeira mulher presidente seria eleita em tempos de grande euforia econômica.  O presidente buscando o coroamento de seus dois mandatos e perseguindo o sonho de ser um fiel reprodutor dos tempos de JK e Franklin Delano Roosevelt, sonho manifestado nos primeiros dias do primeiro mandato, fez com que a economia apresentasse uma artificioso crescimento de 7%. Erro fatal. Ora, isto era totalmente fantasioso e um risco de enorme significância.
Eleita a Presidente, em termos de igual euforia e ex-Ministra do Planejamento teve poucos dias de paz. Em discursos redundantes e prolixos com conteúdo vazio, a ênfase era em programas de crescimento, em mais bolsas, mais centralização, mais inchaço da União e mais arrocho contra Estados não simpatizantes, mais ênfase na inclusão social. Ênfase total no consumo persistindo no modelo econômico criado. Tudo com dentro de uma falta de planejamento das contas públicas.
A capitã, firme, respeitada e segura, já sabia que as marolinhas da crise já estavam batendo na praia, mas com uma intensidade que denunciava o tsunami. A solução foi o milagre, que na verdade desde o início já era o preparo para um suicídio financeiro. A redução dos juros a patamares inacreditáveis, a redução do IPI, as várias renúncias fiscais, tudo para aumentar o consumo e assim garantir a receita tributária e evidentemente um forte esquema de manipulação das contas, tentando esconder do país a realidade. O consumidor era privilegiado com crédito fácil. Tudo se mantinha e ninguém reclamava. São lançados os planos PAC para movimentar a economia. Obras de casa populares a “toque de caixa”, mas com qualidade duvidosa, fascinam a população carente. Casas prontas e com facilidades para serem mobiliadas. O sonho era total.
Entretanto pelas redes sociais começa a divulgação de denúncias sobre enriquecimento do ex- presidente e seu filho. Também começam notícias sobre Dilma. O Governo se defende através das redes sociais com muita propaganda de contrainformação.
Em meio a tudo que se passava ainda em tom eufórico no plano baseado no consumo, o processo do “Mensalão” tomava caminho para o Judiciário e começava a chamar a atenção. Os Ministros do STF ao início certamente não viam tudo aquilo com ares de credibilidade e a burocracia judicial ajudava a arrastar o processo.
Na economia, o aumento do consumo em um primeiro instante deu certo, mas não contava que o poder aquisitivo do contribuinte iria se esgotar. Ademais, o sonho de consumo da população era igualmente limitado e não passava da vontade de ter um carro, roupas de moda e uma casa para morar, além do churrasco garantido com muita cerveja. O modelo adotado esgotou-se rapidamente, com o endividamento da população e da possibilidade de crediário. Não obstante, ao invés de corrigir o rumo, o Governo resolveu insistir no modelo e cometeu assim erro fatal. Eis o erro essencial que determinou todos os outros.
Começa a haver uma inquietação na área pública, a União começa a secar o repasse de recursos aos Estados, atrasar financiamentos, o pagamento das obras do PAC e as reclamações são ainda, à boca pequena, tidos como atos da oposição. 
A imprensa, até então calma, começa a ver mais do que de costume. Inicia-se uma divulgação de pequenas notícias de desapontamento e crítica ao Governo.  O caso da compra da refinaria no Texas revela pagamento de propinas e roubalheira. A presidente se defende dizendo que aprovou a compra no Conselho da Petrobrás baseando-se em relatórios técnicos. Não se sabe, mas a reação oficial foi rápida e seguindo os modos da vizinha Argentina, tentou restringir o trabalho da imprensa livre. A União em uma de suas atitudes de tentativa de calar a imprensa, garantiu medida pela qual qualquer um podia der jornalista, não havendo mais necessidade de diploma. Talvez desejasse possibilitar que seus próprios asseclas pudessem, seguindo ordens, equilibrar o tom crescente das notícias desfavoráveis, lançando sistemáticas cortinas de fumaça para encobrir o que estava surgindo.
A crise econômica na Europa chega mais forte e atinge o Brasil com mais gravidade. O Tsunami é previsível e inevitável. A receita pública cai. As exportações diminuem. A inflação reparece, os juros começam a subir assim como o dólar e o Euro. Os gastos com saúde sofrem a falta a CPMF recente e o endividamento começa a ameaçar tudo. O modelo econômico baseado no consumo persistia e arrastava o Tesouro para o caos.  A TV começa a mostrar escândalos diários e caos de problemas no Serviço de Saúde.
Neste cenário o país ainda tem fôlego para assistir aos inesquecíveis dias dos julgamentos do “Mensalão” no Supremo onde só o Ministro Barbosa parecia decidido a dizer que era um golpe sem tamanho contra a Democracia, tentando convencer os demais ministros de que o Governo tinha feito este Golpe no país. Aquilo parecia surreal.
As incríveis e até inacreditáveis prisões de líderes iconográficos dos principais nomes de políticos e ministros do Governo pegam o país de surpresa. Até então autoridades de alto nível eram inatingíveis. As revelações e desdobramentos são escandalosos. Começa a derrocada do partido e seu plano de eternização. José Dirceu é colocado atrás das grades e muitos outros. O ex-presidente alega não saber de nada, o que ninguém provou ao contrário. A trama toda era talvez feita a 7 chaves, mas esqueceram do telefone e do celular e nem  sonhavam que a Polícia Federal e Ministério Público estavam trabalhando com alto aparelhamento e com plena independência, para a sorte da Nação.  
O país assiste pela TV o julgamento do Mensalão, as manobras processuais, as argumentações vazias, até pueris, como uma : “não há dinheiro público envolvido”. O processo foi cheio de manobras e recursos. A briga entre os julgadores na fase de contagem das penas e o resultado tímido de tudo, eis que os julgadores visivelmente estavam atordoados com tudo aquilo e constrangido em julgar pessoas que haviam contribuído para sua indicação ao cargo. Tudo expos o Judiciário como nunca.  Cautelosos e prudentes, os julgadores avançavam lentamente, mas os fatos e provas eram contundentes, não havia como negar o golpe contra a democracia. Foram atribuídas penas de prisão e multa. As multas foram pagas rapidamente pelo partido sem mais demora, alegando ter recolhido dinheiro de doação de militantes, já que até José Dirceu alegava estar doente e não ter dinheiro para pagar.  Fato curioso pelo montante levantado e que poucos estranharam ou indagaram quanto à fonte de tais recursos dos tais doadores. O fato foi esquecido ou menosprezado diante de tantos novos escândalos divulgados diariamente pela TV e imprensa.
O caso do “Mensalão” foi um tímido indício de que algo estava errado na União, mas havia tantas coisas para distrair o povo, o qual cuidava de sua rotina de vida para pagar dividas.  Todavia, serviu para resgatar o prestígio da Justiça Federal e do STF.  Este o maior ganho em várias décadas. O STF sinalizou que não estava para brincadeira e não estava mais alinhado como os demais Poderes.
O povo assistira tudo sem entender tudo que se passava. Dormente e absorto, olhava todo o cenário puramente jurídico e formal como episódio quase sem interesse. Poucos entendiam a gravidade da situação. No rastro das investigações já nascia os indícios de um esquema gigantesco de corrupção que está sendo retardado com mãos de chumbo. Ao final do processo do “Mensalão”, o Senador Alvaro Dias- PR , numa rápida frase na TV disse “ temos que ver o que está acontecendo na Petrobrás” . O país, a parte esclarecida da classe média, nem sonhava com o que tal frase podia significar.       
Em 2013, um aumento de passagens de ônibus gerou uma inusitada e inesperada manifestação de rua, pegando a imprensa de surpresa quanto a sua intensidade e quantidade. A manifestação era somente quanto a passagem de ônibus e nada mais. Foi apressadamente rotulada em pequenos cartazes de manifestantes como oportunidade para chamar a atenção para problemas pontuais do país. A imprensa não estava entendendo nada e não sabia explicar a proporção gigantesca. Timidamente a coisa foi crescendo e tomou proporções nacionais. Tornou-se num movimento pacífico de protesto contra a União e os Estados, mas foi rapidamente descaracterizado por manobra que pagou arruaceiros para tingir o movimento com quebradeira de lojas e bancos, o que afastou os manifestantes e fez cessar os movimentos em várias capitais. Todos haviam sido pegos de surpresa. A imprensa acordou. A oposição também. Doravante, a classe média oprimida e já enfrentando as dificuldades econômicas viu que poderia protestar e surgiram os panelaços a cada fala presidencial. 
Mas havia ainda, no plano político, uma saída fantasiosa para espalhar neblina sobre tudo, a Copa do Mundo de Futebol e logo em seguida a projetada reeleição da Presidente.
A construção de estádios fantásticos, a gastança desmesurada já era contestada por alguns que não se deixavam iludir com a esperança do pão e circo proporcionada pelo futebol. Já havia áreas sofrendo com a falta de recursos públicos e Estados no desespero econômico-financeiro. Para aprontar tudo para a FIFA e não fazer feio perante o mundo, propuseram até fazer mudanças na lei de licitações. O país nem sonhava com o que estava por trás de tais vontades e pressas oficiais.
Tudo pronto para o evento máximo do futebol, a presidente é vaiada na abertura dos jogos. Ato inusitado. Algo não estava bem. A derrota do Brasil para a Alemanha por 7 a 1, deixou a desilusão nas massas e o desencanto com a esperança. Mas os promotores da propaganda oficial, garantiram o esvaziamento dos efeitos da Copa e mais uma vez a Presidente foi reeleita. Durante a campanha, todos os números oficiais mostravam uma economia segura, a União estava com boa contabilidade. A oposição era forte, mas insuficiente para derrotar o sucesso da Presidente.  A euforia oficial continuava, mas agora com meio sorriso, pois a maioria na Câmara dos Deputados e no Senado era dos opositores. Já se anunciava que seria difícil governar.
O Governo já tinha antes da reeleição a plena ciência de suas contas e a constante maquiagem existente para subtrair dos olhos da Nação a verdade das contas públicas. O Ministro da Fazenda advertira que seria necessário tomar medidas urgentes, mas a Presidente, já vendo o  crescimento da oposição, as dificuldades na reeleição, já apontadas nas estatísticas de eleição, vetou qualquer ajuste que pudesse acarretar a perda de votos.  Assim protelou-se a adoção de medidas, entre elas o aumento da gasolina, da energia elétrica e a retirada de mediadas de renúncia fiscal. O caso era manter as aparências e se reeleger, apostando no futuro. Mentir, esconder, escamotear para manter-se no Poder.
Nova posse presidencial, a Presidente entra em novo mandato.
Em 2015, o Tribunal de Contas da União rejeita as contas de 2014, indicando que a União havia apresentado números bons por causa do uso indevido de dinheiro de bancos estatais. Substancialmente para que? Para garantir os benefícios sociais instituídos para a população e já para cobrir a falta de receita, ambos seriam frutos de um modelo mal planejado e que apostou com muito otimismo num futuro adverso de consumo sem fim.  
Em meio ao agravamento da crise econômica, começam a surgir dificuldades enormes de caixa. Menos consumo, quebradeira de empresas, desemprego, menos receita tributária, crise de energia, atrasos em financiamentos da União, Estados sem dinheiro etc, etc, etc.
Em meio a tal cenário, o processo do Lava Jato começa a deslanchar e fazer revelações atordoantes. As maiores empreiteiras são envolvidas em pagamento de propinas num esquema jamais visto, inclusive na construção de Estádios para a Copa do Mundo, denunciando um tradicional e cultural modo de fazer negócios no país. O caso é Indefensável, advogados atual só para resguardar o direito dos acusados , cuja condenação é certa. O processo judicial é meticulosamente feito para ser perfeito e evitar erros que possam culminar em anulação.  Em meio a tudo, um advogado diz para a Nação: “ninguém coloca um paralelepípedo neste país sem propina”.  Era o que todo brasileiro queria escutar.
O processo da Lava Jato continua alarmando o país com suas fases todas as manhãs face a operações da Polícia Federal e reuniões de esclarecimento da Polícia Federal e Ministério Público. Ganhou grande avanço depois de um doleiro ter emprestado seu jatinho para autoridade viajar. Havia manobra do Governo para colocar representante seu como chefe do legislativo. Aí, já era demais. O Judiciário no STF preenchido pelo Governo e perdendo crédito popular rapidamente e agora a tentativa do Governo de tutelar o Legislativo, isto seria a total concentração de poder e ameaça à independência entre os Poderes da República.   
 A Petrobras estava gravemente ameaçada. Bilhões de reais haviam sumido em propina.  O país ficou arrasado. Estoura-se o núcleo do grande esquema para se eternizar no Poder e fazer a sonhada revolução. Um cenário de enojar a qualquer um. Grandes empresários, corrompidos e corruptores, reis da propina e financiadores da campanha são presos. Algo inacreditável. A sujeira toda de anos vem à tona. O Brasil vira um mar dos sargaços. A grande rede de lavagem de dinheiro começa a ser desmontada e intensifica-se a o desemprego, a redução da atividade econômica, o giro financeiro e a atividade econômica resultante. O castelo de areia começa a ruir. As agências de risco rebaixam os índices do Brasil.
Não há como desmentir ou encobrir mais nada. Tudo é lavado a jato. A vergonha pública é enorme. A presidente alega não saber de nada. O ex- presidente muito menos. A grandiosidade do esquema é megalomaníaco, é egoísta, é hedonista. A crise social é enorme, pois começa a esfarelar todo o castelo de areia montado. O desemprego é enorme e faz vítimas as gerações mais novas com seus projetos de vida.
O discurso oficial torna-se mentiroso, fascista, escondendo a realidade dos números. Nega a crise, nega os erros cometidos, alega que tudo é coisa da oposição. Militantes e companheiros, vendo que a teta estava ameaçada, desesperam-se, não acreditam terem sido traídos pelos arautos e idealizadores do partido. O vermelho começa a descorar. Não há como se manter diante do quadro em que colocaram o país. O serviço de saúde, segurança e educação começa a pifar feio. A atividade da União começa a paralisar, já tendo arrastado os Estados para a pobreza.
Nada contribui para favorecer a Presidente. Os anos de 2015 e 2016 são marcados por eventos como a seca, agravando a crise de energia, já ameaçada pelo aumento de consumo decorrente da facilitação na compra de aparelhos domésticos de linha branca, o alto preço da geração de energia por usinas termo-elétricas, a necessidade de aumentar o preço dos combustíveis e da energia. A crise econômica se acentua, as operações da Polícia Federal e do Ministério Público desmascaram a política brasileira, o partidão e seu Governo; começa a falta de governabilidade. A Presidente é obrigada a fazer o que havia dito que não faria em discursos de campanha, traindo suas promessas. O ex-presidente, ícone partidário, sofre investigações que denunciam o recebimento de propina e o cerco aperta sobre ele na Operação Lava Jato.  O país assiste sua prisão para ir depor na Justiça, o que denunciava por si só que a Justiça estava imune, independente e disposta a dizer ao país que realmente todos são iguais perante a lei.
Também em 2015/2016, o mosquito da Dengue trás novidades como o Zika vírus e a Chikungunya e o sistema de Saúde mostra-se despreparado. A epidemia escancara a falta de verbas e aparelhamento oficial. Escancara também o relaxo dos quintais pelo Brasil.
O orgulho, no entanto, cegou a presidente e seus colaboradores. Não há mais diálogo, há, sim, o endurecimento financeiro tentando manter o Poder em detrimento de tudo, há a inflexibilidade. A inflação e os juros altos estão nas ruas, o consumo é reduzido sensivelmente. A União está sem caixa e é obrigada a devolver os recursos pegos dos bancos oficiais. O déficit torna-se bilionário e crescente. Não dá para reverter. O caminho é de caos na União com reflexos graves para a sociedade civil e o sistema produtivo.  
O discurso oficial adota a negativa sistemática, a acusação à oposição, a mentira, a guerra digital, o Palácio Presidencial é espaço de defesa do partido do Governo. O discurso dos políticos petistas é uniforme, sempre repetindo a negação e apelando para fatos emotivos dirigidos à população.  Mentira, falsidade e apelo para frases puramente emotivas num discurso vazio como sempre. 
A questão que se pode pensar é de se o Governo sabia do déficit de caixa e o comprometimento de tudo oficial, como iria gerar impostos para pagar tudo? O Governo perdeu-se no planejamento, a ponto de nem saber mais qual era o rombo existente. Em delírio, já “ tremis”, optou-se por lutar para ficar no Poder, para ver o que ira dar. Felizmente a mentira não colou e a verdade emergiu com a força de vulcão.  Talvez foi este o fim da época do “ se colar colou”, estratégia de potencial alto destrutivo, porque a sabedoria mundial ensina que mentira tem perna curta. Era necessário evitarmos o rumo à  “venezualização” do Brasil.
Já estava claro a todos que nada havia mudado, com sustentabilidade, no país quanto ao cenário inicial de pobreza e analfabetismo. Chamou a atenção de dados divulgados de que dos 96% de alfabetizados, somente 8% podem ler e interpretar um texto. Chocante e determinante. Isto já chega para explicar dados como 92 % da população nunca ter ido a museus, 93% nunca ter ido a exposição de artes, 92% dos municípios não ter cinema , mas certamente quase 100% devem ter televisão e olhar o Jornal Nacional da Globo.  Nossa parte cultural e de níveis de abstração estão muito longe de sair do meramente fisiológico e do básico.
Nasce o processo de “ impeachement”, de difícil tramitação. O país vê um arremedo de guerra ideológica e de mensagens truncadas e vazias. O país é manchado pelo descrédito, dúvidas e insegurança. O vice–presidente assume. Difícil tarefa para um advogado que deve contentar vários partidos aliados e escolher pessoas, entre elas muitos envolvidos no processo da Operação Lava Jato também. Quase se pode dizer que não sobra ninguém honesto no meio político.
Países da América Latina tentam socorrer o Brasil emocionalmente, mas já imaginam que o financiamento para a grande montagem do cenário socialista idealizado para o bloco continental está no fim. A final, em 2016, a Venezuela de Chaves não deu certo, Cuba se rende aos Estados Unidos, a Argentina peronista enfraquece. A avalancha de lama em Minas Gerais que varreu pequenas cidades e lavou o meio ambiente de extensa região foi mero prenúncio do fim de uma época de tentativa mal aproveitada de favorecer as massas com um caixa empobrecido.  
Durante todo o tempo dos últimos dias, o Governo, governantes, militantes e companheiros demonstram que não querem soltar o osso. Erraram na economia. Tardaram a admitir o erro. Não apresentaram solução que não fosse aumento de impostos. Cortaram o diálogo. Criaram o maior esquema de corrupção da história e promoveram a maior roubalheira e acham que têm razão. Criaram a ideia de que o que está ocorrendo é Golpe e defendem isto como se nada tivesse acontecido. Querem ficar no Poder? Para que? Para acabar como o país? Só a alienação, a lavagem cerebral e a militância obstinada pode explicar a resistência a um novo Governo que tem maioria no Congresso e pode aprovar medidas de urgência para a salvação da economia, evitar o agravamento da depressão. A volta do Governo afastado é inviável como solução. Se o novo Governo falhar não é necessário nem pensar no que vai acontecer.
E logo começará o espetáculo das Olimpíadas e seu preparo é quase esquecido. Esta oportunidade de pão e circo dificilmente vai comover alguém, a menos que seja usado também como efeito entorpecente pelo novo Governo.  Não se sabe se Putin, convidado para estar presente na abertura, virá.
Assim, estamos nós no Brasil, numa nova transição. Do governo que sai  nem tudo foi ruim, houve avanço social e cultural, mais inclusão democrática, novas gerações surgiram para a época de entrar no mercado de trabalho. Todavia, ninguém perdoa a roubalheira e a corrupção, a mentira e a falta de transparência, a manipulação de informações etc.
A transição de governo durante o processo de Impeachment é marcada por tentativa de recompor as finanças públicas, mantendo-se a independência da Polícia Federal e do Ministério Público e suas operações futuras e em andamento.
O momento é de dito como de salvação nacional. Para o cidadão brasileiro resta a tradicional esperança e fé, duas molas propulsoras de eterna duração. Para o Governo, o desafio de acertar.
O certo é que as investigações sobre o esquema de corrupção e a vida política irão continuar. Todos os implicados vão ao processo judicial. Já estão punidos desde já, porque seus egos estão em festa, rindo deles, pelo que viveram e fizeram. Agora é sofrimento vindo dos fatos que contrariam a vaidade, o prestígio, orgulho, cobiça, poder, luxúria, itens que acompanham todos os políticos. A cabeça dos coitados já está pegando fogo há tempos. Se vão para a prisão ou não, isto já é de menos. A sentença já está sendo cumprida na mente em chamas todos os dias. E pior, perderam e vão perder, isto os mata como o fogo do inferno. No entanto, o povo que sempre gosta de ver a guilhotina, a vingança pública, a justiça, pode estar pensando mais na volta do dinheiro para os cofres públicos.
Todos os piratas da política e dos negócios ditos“ públicos” podem ser facínoras etc, mas também são humanos e como tal vão enfrentar suas famílias, seus herdeiros , a desonra de seus nomes, . Seus netos vão à escola. Como será que estes políticos se sentem agora? Será que não estão já tão corrompidos na alma que já nem sentem mais nada.
Seja lá como for, o Governo ficou quebrado e pagou caro para virar a página da História. O Brasil, espera-se, tenha aprendido a lição amarga do voto emocional, do foto por fachada etc.
A despeito do que acontecerá com os protagonistas do terror da vida privada de milhões de desempregados, o país encontra-se na virada histórica, no ápice das consequências ruins e vai ter que mudar.
A hora não é de troca de Monarquia para República, de Ditadura para Democracia, mas de troca de cultura política e de negócios, algo bem mais profundo. Não será possível continuar, se persistirem itens perigosos e inconsequentes como: “agora eu vou me fazer”, “ o que vale é o meu umbigo”, “ o amanhã a Deus pertence”.
Se a lição cara e histórica não acabar com práticas como a de fazer do Governo um balcão de negócios, de tornar o interesse público o interesse particular oficializado, de considerar o Tesouro uma fonte de permanente espoliação, de negociar cargos públicos, de preencher cargos de grande estratégia com políticos desqualificados, de considerar o cargo público um pedaço do céu, um lugar na nobreza da República onde a regra é se aproveitar, obter e dar salários, fazer o que desejar e vender o que for possível, nada mudará .
Práticas tradicionais tem que perder a validade. Não será possível continuar sem planejamento sério e consistente; sem transparência total.
A burocracia de controle e fiscalização na Pátria enrolada não deu resultado nenhum, tanto que a roubalheira aconteceu por décadas e só foi denunciada por que alguém que não recebeu sua parte. Os meios de licitação e fiscalização devem ser revistos totalmente.
O discurso de negar a realidade e escamotear a verdade não deu resultado. O fascismo e a negativa sistemática dos fatos reais não enganam mais ninguém. A Administração pública voltada unicamente para projetinhos para garantir a eleição ou reeleição faliu, é incompetente e ineficaz, assim como obras públicas sem utilidade e sem a participação popular. Obras casca de ovo para gerar caixa dois para campanha já não passarão dessapercebidas.
A cultura de projetos de obras do Governo serem do partido para benefício do partido ao invés de serem do Povo para o Povo terá que ser revista. Igualmente não cabe mais a cultura do governo atual desmanchar ou descontinuar obras do anterior para não dar créditos políticos ao primeiro.
Considerar a figura do Estado como castelo fora do dia a dia, algo inatingível, longe do povo, será suicídio político. Ficou muito claro que o consumo é que faz os impostos e o povo consumidor é que paga os impostos para financiar o Governo. O dinheiro público tem fim, não é poço comum e inesgotável, tem origem e sua falta pode liquidar o Estado. Acabou a farra com o dinheiro público.  O Governo provou ser bom de gasto, mas péssimo em gerar receitas. Gerou um desastre financeiro e econômico com grave reflexo humano. Infelizmente onde colocaram as mãos, no Tesouro, nas Estatais etc,etc  fizeram os milagres do Rei Midas, ao contrário. No BNDES, a título de financiar atividades econômicas que impulsionassem a economia, baseada em consumo, e também obras no exterior, o Governo destinou 500 bilhões de reais. O gasto primário do Governo passou para 19% do PIB e a dívida para 67% do PIB .   Rota certa de colisão com o caos.  Em estudo do fim de 2015 , analista americano demonstrou que o Brasil não crescerá mais do que 1,5% cumulativamente até 2020. Só em 2016 já se estima um PIB menor em 4%. É a depressão.
Considerar a política e a participação como algo sem interesse e como parte da vida dos políticos não deu e não dá certo. Os políticos profissionais não são proprietários do interesse público.
Se o sistema político continuar com o sistema de financiamento de campanha, se a campanha continuar sendo como é, nada mudará, pois raramente alguém vai colocar dinheiro próprio na política.
Se continuarmos a votar em candidatos sem ideias, sem partido com projetos definidos e bons para a Nação, nada mudará. Deve ser abandonada a prática de votar pela fachada, pelo candidato mais bonitinho, melhor de marketing, melhor de dinheiro, pensando que “este já é rico, não vai roubar”, etc, etc.
Outras práticas abomináveis devem acabar. Será um desafio eliminar que as negociações sejam baseadas em distribuição de cargos e assessores, numa indireto “mensalão” contínuo, sabotando a democracia em todos os níveis do Poder.  
Outro mito que está sendo contestado é o de dotar cargos com altos salários para que o ocupante não seja corrompido. Isto falhou totalmente. E o que falar do poder do Executivo de nomear pelo 5º Constitucional para preenchimento de cargos no Judiciário? . 
E mais, nada mudará, se a célula da nacionalidade, o cidadão, mesmo diante das adversidades, não abrir mão de seus hábitos de ganhar-ganhar, tirar vantagem, salvar o umbigo e começar a exigir e também praticar ética, moral e boa-fé e solidariedade, princípios que foram salvos no novo Código Civil. O tradicional e famoso “ jeitinho” que nada mais é do que o símbolo mais expressivo da corrupção em seu estado micro, representando o hábito de usar o prestígio pessoal ou dinheiro para resolver as coisas; o carteiraço também de algumas autoridades segue o mesmo vício.  Isto tem que acabar.
Outra miséria cultural é o paternalismo e o assistencialismo que no geral só escravizam as pessoas, não acreditam em seu potencial e desejam tutelá-lo, dando o peixe e nunca ensinando a pescar. Caridade, assistência social devem ser destinados só para quem efetivamente precisar e por razões da vida, não ter condição e futuro para mudar sua condição.
Sem coerência, seriedade, respeito ao ser humano, honestidade, transparência, legalidade, modicidade, economicidade, moralidade etc nada mudará e continuaremos na trilha da miséria política e cultural, abandonando nossa dignidade pelos ícones do individualismo, do ego-centrismo e materialismo que estão se instalando no país há décadas. 
Se nada mudar, deveremos temer o governo de Temer e dos demais que virão e poderemos ter a certeza de que não teremos que nos preocupar, porque nada vai dar certo e a Polícia Federal e o Ministério Público terão muito trabalho e o país sempre perderá muita e preciosa energia.  Tudo que ocorreu a nível de União, foi modelo para estados e municípios, onde a corrupção e todas as mazelas continuam a acontecer. De uma saco da mesma farinha se faz de pastel a broa, doces e salgados.  Se isto não mudar,  a coisa pública continuará sendo assaltada pelos mesmos defeitos humanos do Ego, da megalomania, do hedonismo, do individualismo etc. 
A qualidade de vida das gerações futuras, as das crianças de hoje, é que esteve em jogo durante todo este tempo e ainda está. Quem está no Poder e os seus eleitores tem que pensar em plantar árvores, sob a sombra das quais, nunca reposarão, mas, sim, as gerações futuras. 
Ademais, é bom lembrar que o Governo e a figura do Estado não são maiores do que a sociedade civil, o conjunto de empresas que gera empregos, movimenta a economia e gera tributos com os quais os políticos fazem todo este teatro melo-dramático. O Estado é importante porque dá o tom no seu papel de orientação de políticas setoriais para a atividade econômica.  Saúde, segurança e educação são campos dos serviços do Estado. O resto é política, luta pelo Poder, que a gente quer que seja voltada para o crescimento sustentável da Nação.  É simples, basta ser honesto, democrático e transparente.
Se Deus é brasileiro, que deixe de olhar para a mais bela e encantadora orla do mundo e vire o olhar para a terra firme que vive as suas costas, porque, com 516 anos de idade, ainda na grande maioria somos um país de miséria física, material e intelectual, somos brutos, somos fisiológicos, emocionais, radicais, intolerantes, irritadiços, discriminadores, não respeitamos o Próximo, somos de violência social, familiar e até contra si mesmo, somos mal educados, egoícos, preconceituosos, orgulhosos, machistas, feministas, oportunistas, materialistas, nada solidários, corruptos e hipócritas, somos medíocres, gostamos de nosso umbigo e o resto que se dane; nossos representantes políticos são oriundos desse nosso meio e não são diferentes em nada, o que se reflete constantemente nas decisões no gerenciamento da coisa pública. Mas somos cristãos. Quem não sente um frio na barriga de ver estas pessoas do Poder sofrendo e com destino carcerário já anunciado. Temos pena, compaixão, mas também contrabalançamos este pensamento com o fato de que tantos deles não pensaram nem tiveram pena de milhares de vítimas da consequência do desmonte de um castelo de areia. Regalias e benefícios do cargo eram usados sem critério algum e respeito ao sofrimento do povo eleitor. É coisa miúda, mas serve para espantar o cérebro mais educado, de quem viu a presidente, em meio a todo o rebuliço econômico e social, viajar para ver o neto em maternidade de luxo, enquanto várias mães eram mal atendidas nos hospitais pelo país, inclusive com morte. O que toda está turma fez pelo país? Mudaram alguma coisa com sustentabilidade? Não, era mesmo só uma casca de ovo para iludir as massas, maquiar a realidade podre e a vida miserável.  Aliás, graças a viagens de autoridades, habituadas ao uso da máquina pública, em proveito próprio que se começou a investigar seriamente tudo.
Somos cristãos tentando resistir a uma época de décadas difíceis de transição, com muitos desafios, inclusive de vencer o individualismo e o egocentrismo que poderão acrescentar ao nosso triste perfil acima descrito o comportamento frio, calculista e individualista.
 Somos um país onde nem a transição do rural para o urbano ainda está completa. Muitas gerações foram pegas nesta e outras transições e dificilmente terão oportunidade de ver no que tudo vai dar, mas todas vêm e vão com a esperança e fé de que o sacrifício de umas sirva para melhorar a geração seguinte. De todas as sessões teatrais de cada Governo, sempre resta algo de lição e progresso num processo muito lento de avanço cultural, social e material. E assim vai o nosso Brasil pela estrada do sonho de cada um ......

 Odilon Reinhardt