O supremo poder está na mão de quem?
1-11-2016
E gritavam “Acabou a
Segunda Guerra!”, “ Morre Getúlio
Vargas!”, “ Jânio renuncia!”, “ Extra, extra, o Homem pisa na Lua!” etc. Era o
grito do pequeno jornaleiro, nas esquinas e praças das cidades, propagandeando
o jornal a ser vendido com notícias que já eram de ontem e que de certo modo o
rádio já havia sintetizado para todos os lares no nosso mundo pátrio, ainda sem
televisão. Quem comprava o jornal já era uma minoria que corria atrás de
detalhes sobre as notícias alardeadas. Mas o tempo levou o pequeno menino
jornaleiro. O mundo mudou.
Por décadas, sua
excelência, o jornal de folhas de papel foi ainda lido pela manhã na mesa do
café da manhã ou na mesa do gerente e
conseguiu sobreviver. A imprensa, em altos e baixos, foi cumprindo sua
missão de democratizar a informação. Enfrentou ditaduras e momentos de agonia,
censura prévia, conseguindo subsistir. Mas surge e expande-se a televisão, que
abruptamente invade os lares e empresas, criando um novo mundo. Cada família
subitamente tem um novo convidado para almoçar ou jantar, o âncora do tele
jornal, aquele apresentador de notícias, bombásticas ou não, que se sentando à
mesa para dar lições de moral, prega subliminarmente doutrinas ou seja lá o que
lhe mandarem dizer sobre quem e o que para a Pátria.
Com o mundo televisivo
e o avanço tecnológico na área do vídeo, do som e da imagem, as folhas do
jornal assumiram com maior relevância
somente a tradicional conhecida função de papel de embrulho, para
desavisados comerciantes e consumidores que desconsideravam a contaminação pelo
chumbo de suas linhas.
A frase popular ”uma
foto vale mil palavras” nunca foi tão verdadeira. Um instante de televisão
passou a valer ouro, principalmente para uma multidão de pessoas
semianalfabetas, impossibilitadas de adquirir um jornal ou mesmo ler e entender
longos textos, geralmente tratando de temas e assuntos referentes a mundos
distantes da realidade fisiológica da população.
A imprensa, para não
morrer, transmuda-se para a TV em imagens acompanhadas de narrativas sintéticas
e rápidas, suficientes para bombardear a mente do expectador nacional através
dos telejornais. O intruso domiciliar passou a levar, em horário denominado de
nobre, tudo de inesperado, deixando boquiabertos pais e mães perante seus
filhos. Deixou de existir o assunto só para mais velhos ou o assunto de
mulheres. Passou a levar também uma
chuverada diária de más notícias a título de sensacionalismo como que dizendo a
cada família “olha, a desgraça não é só de vocês, está em todo lugar”, diante
do que a família até hoje se cala, se conforma e depois vai dormir num certo
conformismo existencial.
A agonia da imprensa
escrita prolonga-se com a importância cada vez maior da TV-imprensa. A
combinação da imagem com o âncora de notícias em textos rápidos e sintéticos
nunca deu tão certo como meio de alugar a cabeça do já não tanto surpreso
expectador. O meio é eficaz e pode manipular milhões de pessoas em segundos.
Efeito que deixou de ser o da imprensa escrita que sempre exigiu um atributo, o
saber ler e o saber interpretar o texto. Mesmo assim, a imprensa escrita, não
querendo morrer, recorre a jornais de poucas folhas, de distribuição gratuita,
com textos sintéticos, muita imagem, tudo ainda financiado por propaganda de
multinacionais, mercado imobiliário, ou pequenos comércios de bairro, mas já
com visível desinteresse de muitos apressados motoristas e pedestres.
A imprensa escrita
ganha mais um fôlego, muda para o site, para a internet, para os aplicativos,
desesperadamente tentando atingir o diminuto público, o qual já possui as redes
sociais como fonte ainda mais sintética de informações essenciais e sem muito
detalhamento. Ora, seria o equivalente a dizer “Getúlio Vargas morreu”, com
poucas pessoas hoje querendo saber muitos detalhes, mas satisfazendo-se com o
título da notícia. E no cipoal de notícias rápidas, viralizando a todo momento,
seria até previsível que Getúlio fosse esquecido nos próximos 2 minutos, se a
notícia seguinte fosse “ a GM dá 80 % de desconto nos carros do ano passado
ainda em estoque”. Haveria mais fila na compra dos carros do que no enterro de
Getúlio. O tempo, a velocidade da informação, a sobreposição de notícias exige
que o consumidor acompanhe tudo rapidamente para não perder nada, para ficar
ligado permanentemente a uma nuvem de total insignificância para sua vida
diária onde a banalização, a vulgarização e o estresse já marcam a realidade
individual. Equivale a muita fumaça, pouco fogo; muito barulho e ruído, pouca
música.
Sites de jornais como
o The Guardian, Der Spiegel etc ainda procuram se alongar em matérias de grande
diversificação. Mas até quando? Um jornal é uma empresa. Embora o termo
imprensa leve a uma ideia de algo geral, a imprensa é feita de milhares de
empresas que vendem notícias e anúncios. Como empresa tem seus custos e
desafios internos e de mercado. Tudo é dinheiro em cada centímetro rodado. Sem
vendas não há retorno, como sobreviver?
O jornal de folhas
está com grandes desafios para sobreviver. Certamente desaparecerá face aos
aplicativos de informática e a TV. Por hora, briga com desafios de sobreviver
num país onde as pessoas não tem tempo para escrever mais do que quatro linhas
em apertadas teclas de mensagens muito mal escritas, geralmente com gritantes,
mas desconsiderados erros de Português.
Desafio de sobreviver numa cultura do sintético, o que certamente deixa
de lado jornalistas habituados a grandes textos, devendo agora usar o poder de
síntese, esperando, mesmo assim, que alguém leia o escrito, já que o
semianalfabetismo nacional leva a falta de interesse pelo mundo estatal e sua
intrincada terminologia, leva à alienação e ao fisiologismo. As pessoas estão
superficiais, cada vez mais fisiológicas. Dizem que só se incomodam se a notícia for pegar no bolso.
O fato é que a
imprensa como empresa de alguém deve sobreviver no mercado e para tal deve
sustentar-se com financiadores. O Governo certamente é um dos maiores, pois com
TV ou sem ela, tem verba de publicidade direta ou indireta para garantir a
sobrevivência de seus porta-vozes extra oficiais. Quem ousa contrariar a
imprensa? Folhas inteiras são
financiadas por propaganda oficial sem qualquer motivo a não ser o político e ao
pagamento do apoio da imprensa. Empresas públicas e concessionárias de serviços
públicos tem monopólio e teoricamente não precisariam fazer publicidade. Por
que o fazem e qual o impacto dela na tarifa do serviço? Mas se o Governo deixa
de fazer este desperdício, há imprensa que se volta contra, passa para a
oposição. Como todo órgão e empresa do Governo é extensão da vontade do
governante de manter a vaidade, prestígio e reconhecimento de Poder, o poder da
imprensa mostra-se eficaz e deve ser respeitado pelo governante e seu partido.
Nada pior do que o resultado divulgado de uma pesquisa de credibilidade contra.
Campanha em desfavor resulta em derrota nas eleições. Afora este aspecto, a imprensa financia-se
através de anúncios de produtos, estimulando o consumo de onde surgem os
tributos para financiar o Governo e seus “serviços”. O consumo é o motor da
economia e não é de se crer que algum jornal tenha se negado a publicar o
anúncio de algum produto. Alguma vez algum jornal negou-se a publicar anúncio
de cigarro, bebida? Alguma vez um
jornal recusou-se por dinheiro a publicar uma matéria paga mesmo que mentirosa?
Talvez sim, talvez não, pois a imprensa, como já dito, é constituída de
milhares de empresas cujo objeto é vender notícias. E neste ramo há ética e
pouca ética, há moral e pouca moral, dependendo das pessoas responsáveis, suas
tendências e seus parceiros, sua ideologia. Neste meio, muitos se perdem,
muitos de vendem. O escrúpulo é de momento, podendo um dia ser de Deus outro do
Diabo.
E o que falar de
decretos e editais do Governo, de folhas e folhas de balanços de empresas
obrigadas a publicar nos jornais suas contas e operações financeiras a custo de
milhões? Qual o impacto desse custo no produto para o consumidor. Isto faz
parte do chamado custo-Brasil? Certamente que sim. Uma falsa publicidade quando a publicação
muitas vezes já está no site da CVM, da Bolsa de Valores ou da própria empresa.
Mas tudo era e é feito para sustentar a imprensa indiretamente resguardando sua
promiscuidade com o Poder eleito ou não. Isto vai mudar? A CVM até já reduziu
as exigências de publicação para certas operações financeiras, mas um mínimo,
face à clara inutilidade da publicação e flagrante incoerência quanto ao sigilo
da operação.
A imprensa escrita
ainda sobrevive custeada pelas fontes acima, mas por quanto tempo? Ninguém lê
jornal, pode-se dizer. Não há tempo, não há quem? Talvez só os setores de
marketing e comunicação social das empresas que mesmo assim contratam
companhias de spot para fazer relatórios sobre todas as notícias que mencionem
a empresa contratante.
Em verdade, sobrevive
o jornal como dinossauro de uma época que vai desaparecendo. Por enquanto, tornou-se imprensa escrita para
consumo de si mesmo e seu setor de comunicações.
Com a crise do jornal escrito, o mundo da
tecnologia e da virtualidade fez da TV e da TV-imprensa até agora o supremo
poder, podendo fazer cair o Governo ou glorificá-lo. O pequeno jornaleiro agora
é o âncora da televisão, o porta voz das mensagens para a Pátria, que com seu
humor e personalidade passam ao povo o calor ou a frieza das notícias que se
misturam com o almoço e o jantar das famílias.
O jornal escrito está
para se retirar de cena. Ficará resumido aos setores mais específicos como as
revistas especializadas para o mercado financeiro, economia. Mas o jornal de
notícias políticas, este já era, poderá permanecer por algum tempo ainda, mas
não para sempre, muito menos para o povo.
Hoje não é raro que
pessoas da classe média e alta que já se neguem
a fazer assinatura de jornais e também assistir ao noticiário da TV. É
também uma tendência ? A chuverada de más notícias e de falsidades e meias
verdades diárias unidas ao desesperado sensacionalismo já esgotam a paciência
das pessoas. Um desafio para a TV
também.
Mas a questão maior é
a função da imprensa, sua relevância social. Seja ela escrita ou falada, seu
papel é essencial. Deve ser livre, deixando que o cidadão seja lá quem for use
do discernimento que tiver para interpretar o que está ocorrendo. A imprensa, no seu conjunto, desde o jornal
de bairro ao mais influente periódico e ao meio virtual mais top, deve garantir
ao cidadão seu direito de tirar conclusões e assim identificar quando há
mentira no discurso oficial ou não. O cidadão de todas as classes sociais
independentemente de sua classificação econômica pode estar sofrendo de suas
misérias neste país, pode estar sofrendo a seu modo os impactos das
negligências e corrupção dos políticos na gestão do país, mas ainda é um ser
pensante e capaz de tirar suas conclusões.
A imprensa escrita
sempre teve problemas para atingir o povo, sempre foi feita para a cidade e
para quem ali vive nos meios políticos e econômicos nas relações de Poder, no
serviço público. O povo do dia a dia, sufocado pela miséria gerada pelo próprio
mundo que a imprensa quer garantir, não se importa com a imprensa escrita, a
menos que falte papel de embrulho. O mesmo não se pode dizer da imprensa pela
TV e rádio que são coadjuvantes na formação de opinião e atingem o povo com
facilidade. O som e a imagem são implacáveis.
De certo modo a
tecnologia do mundo virtual veio até para salvar a imprensa lato senso porque
se não fossem os aparelhos hoje disponíveis, já teria sido afetada fatalmente,
já que o povo tem outras necessidades e coloca na vista que tanto a ideologia
quanto a filosofia são esquemas tais sem as quais a vida continua em rumos tais
e quais. Assim a TV e o rádio estão sempre ligados enquanto
o jornal, lido ou não lido, serve pelo menos para forração do canil etc.
Mesmo com o rádio,
tudo concentrou-se mesmo na TV–imprensa e no modo como o âncora vai passar a
mensagem para o povo de todas as classes sociais. A responsabilidade é grande, pois o seu poder
é real e imediato, podendo criar clima de revolta ou angústia, de prazer ou
satisfação a nível nacional. E o âncora fala para o povo todo dia e a qualquer
hora do dia, se for necessário, sem jamais ter recebido um voto ou ocupar
qualquer cargo, podendo manipular palavras e levar à queda do governo ou grande
agitação popular.
O supremo poder da TV
e do seu âncora concentrou e assumiu, nesta época da imagem e do som, o papel
central que era representado pela
imprensa escrita e pela imprensa falada, o rádio. Sua relevância social é agora incontestável e
sem ela ninguém do povo saberia de nada sobre nada. Recentemente se não fossem as denúncias e
reportagens nacionais de esclarecimento sobre a corrupção que minava a Pátria,
já enleada numa fantasmagórica névoa de mentiras oficiais, ninguém do povo
saberia de nada.
À TV – imprensa ficou
reservado o papel de porta voz da democracia , salvaguarda do povo livre. Mesmo
que a TV não tenha a mesma rapidez e a imediata reação da informação e imagem
transmitida via celular, ninguém irá desbancá-la de sua posição, já que o tempo
perdido para o preparo da reportagem e imagens é compensado com a
responsabilidade de uma matéria preparada, filtrada e responsável a fim de ir
ao ar para o
povo recolhido em suas
casas. Será?
Vejamos que no mundo a
Primavera Árabe começou num celular e derrubou
Governos. No Brasil, o mesmo
ocorreu com as manifestações de rua em São Paulo, tomando de surpresa o país,
os jornais e a TV que perguntavam-se do que se tratava. Só a partir do terceiro
dia de manifestação ampla em 2013 é que se começou o processo de explicação e
rotulação do movimento, o qual já havia se espalhado para outras capitais. A
manifestação que visava tão somente a redução de passagens de ônibus em São
Paulo acordou o país de sua letargia. Eis então o poder do celular mesmo acima
da TV. Um poder incontrolável, eis que se houver embasamento social local ou
nacional, basta um toque no celular e tudo pode pegar fogo sem qualquer
interferência da mídia. O supremo poder de agir e criar fatos está na mão de
qualquer um. No caso das manifestações de rua acima mencionadas, as mesmas
foram acionadas a partir de um celular, deixando de lado todo o aparato de
comunicação formal da TV, dos jornais, do Governo, da Justiça, dos órgãos de
Inteligência e tudo. Todos ficaram
boquiabertos e inertes diante do movimento popular e sua magnitude. A TV não
sabia explicar o que estava se passando e focou tão somente a ações de
baderneiros contratados para desmoralizar o movimento e que acabaram atacando agências
bancárias e o comércio.
É o indivíduo e seu
celular que podem incendiar as massas. O indivíduo redige e capta a imagem a
ser transmitida. O celular vence uma estrutura jornalística de qualquer país,
em tempo real, sem aviso prévio, deixando de lado o trabalho responsável de
jornalistas profissionais e todo um caro aparato de empresa. Hoje manifestações
e passeatas de protesto são agendadas pelo celular sem liderança aparente.
Depois é que a TV vai se deslocar para fazer a reportagem.
Jornais, revistas etc.
são jogados à obsolescência ou literalmente no lixo porque só publicam o que já
aconteceu ontem ou pelo menos depois das redes sociais. Tudo pode “viralizar”
em segundos sem qualquer controle de qualidade, ficando 100% dependente da
capacidade de discernimento do receptor e sua disponibilidade de aceitar ou
não.
E aí temos que destacar
a qualidade do dono do celular emissor. É um jovem, é um de partido político, é
um cidadão qualquer, um terrorista, é psicopata? Certamente é alguém que tem
cabeça submetida aos instrumentos de formação da mentalidade nacional ao longo
de sua vida, a cultura de sua classe, de uma geração ou de seu país, do mundo
onde transita. E quem formou e conduziu esta cabeça senão a TV, a imprensa
escrita e o rádio através de anos e anos de transmissões diárias muitas vezes
passando ideologias por meios subliminares, que acabaram muitas vezes na
síndrome do cachorro vira-lata, do pessimismo, do negativismo e da ideia de que
no Brasil nada dá certo, na luta rancorosa, mas silente entre classes sociais,
entre pessoas afrodescendentes. Alguém
ainda se lembra da Rádio de Cuba que era escutada no Nordeste por décadas,
quantas mentes atingiu?
Até agora a imprensa,
chamada de mídia, em todas as suas modalidades é que ajudou a formar a cultura
do pensamento do dono do celular. Mesmo que a imprensa, através de sua representante
mais suprema, tenha exercido papéis de grande relevância como o de garantir a
transparência na gestão pública, tenha garantido a democracia, a livre
informação, as denúncias sobre injustiças sociais, a garantia à estabilização
social, registrado grandes momentos da vida civil, houve, deve-se crer, um
descuido, porque no conjunto da obra e o
persistente enfoque em más notícias , falsas ideologias e pessimismo, acabou
passando para as pessoas a ideia de
terra–arrasada. Pergunte-se ao dono do celular, jovem ou de meia idade, o que
ele realmente pensa dos políticos e do governo? O que ele pensa do país e de
seu futuro? Pergunte-se se ele não colocaria fogo em tudo para começar do
zero?
A mentalidade nacional
que está na cabeça do povo contrariado, pessimista e já um pouco avermelhado,
constituí as entranhas da cabeça do dono do celular, hoje podendo ser
intitulado não só o pequeno jornaleiro mas o editor, o dono do jornal e o
âncora , ele mesmo, podendo transmitir a mensagem que desejar antes da ação ou
reação oficial da TV.
É certo que a
TV-imprensa não faz a realidade de onde saem as notícias ,reservando-se o papel
de as transmitir à população. Todavia, isto ocorre só em teoria, pois a
realidade passa pelo crivo do repórter e do âncora e pelo editor que pode
modelar as informações dando o enfoque que desejar. Assim a TV, com seu poder
ilimitado de entrar na casa de cada cidadão, dando preeleções diárias à família,
atinge o menino e a menina que são chamados a prestar a atenção à TV na hora do
almoço ou jantar, deixando de escutar o que o pai e a mãe estavam dizendo. Quem
cria a mentalidade nacional então? Quem conduz a boiada para o estábulo e ali
dá sua comida diária?
A TV- imprensa deve
reformular o seu enfoque para dosar o negativo e o positivo. Enfoque só na
desgraça não dá mais. Pode criar uma cabeça errada e fazer o dono do celular
aderir a coisas ruins para a Pátria.
O enfoque no positivo,
nas coisas boas do país, na necessidade de progresso e sucesso pessoal não
prejudicará ninguém. O enfoque
diário nas mazelas da Administração
Pública, seus inquilinos, suas tarefas mal feitas na área da saúde, segurança e
educação não pode continuar sendo a ênfase do noticiário, sob pena de criar a
falsa imagem de que o Governo é tudo e só o
que temos, deixando de lado as conquistas das empresas particulares, os
avanços da tecnologia promovidos pelas empresas de pessoas empreendedoras. Ora,
o Governo é um mero e confuso administrador dos impostos resultantes do consumo
de bens produzidos pela indústria nacional. O Governo não é de nada, não gera
nada, não produz nada e vive com um orçamento muito menor do que o da economia
nacional de milhares de empresas.
Se a TV-imprensa
continuar a dar importância quase exclusiva ao Setor Público, a ideia será
mesmo de terra arrasada e aí cada dono de celular poderá a seu critério criar
ou aderir manifestações bombásticas de consequências inesperadas. O mundo dos
interesses políticos é o mundo do ego descontrolado, da vaidade, do ciúme, da
inveja, da cobiça, da ganância etc, um mundo podre e nunca deixará de ser. Por
que dar holofote só para isto?
O modelo esgotou. O discurso sub-limiar a favor
de ideais ultrapassadas da esquerda, a persistente luta contra os meios de
produção e seus donos, a defesa do paternalismo trabalhista e a alimentação da
ideia de um Estado central forte, dominante, gerador de empregos etc, não deu e
não vai dar em nada, a menos que a intenção seja de república banana, última
salvaguarda do pensamento já demolido.
A imprensa tem este
desafio, achar um modelo mais positivo, que faça cada cidadão atuar como
brasileiro acreditando na sua iniciativa e que as coisas darão certo. O
derrotismo não ajudará nenhum jovem.
A verdadeira liberdade
de imprensa será atingida quando a imprensa libertar-se do jogo tendencioso
entre as forças de oposição e situação e assumir verdadeiramente seu poder de
passar uma mensagem progressista e de sucesso de um povo e não a imagem focada
exclusivamente no negativo e na derrota diária da ética e da moral. Um povo de
cidadãos jovens permanentemente açodados pelo negativismo e sem modelos sadios
e fortes de caráter progressista não dará em nada.
Espero que não ocorra
o dia em que haja um substrato social tão demoníaco que ao toque de um celular
iniciem-se movimentos negativos sem precedentes e que a nada levarão a não ser
à desordem e desobediência civil incontroláveis. Nem progresso nem Ordem, só
confusão mental e social. Que Nação poderá sobreviver com isto?
Talvez agora,
afastando-se o regime corrupto, a fonte de males e injustiças. Talvez agora com
o esforço da limpeza nacional promovida pela Operação Lavajato com a esplêndida
atuação do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e da Justiça Federal,
surja espaço para a imprensa criar um ambiente de otimismo e progresso, sem ser
taxada de fascista. A mudança de foco
para o positivo dará uma chance ao dono de celular para que ele acredite em
algo novo para si, sua vida e seu país. Mas por enquanto o dono do celular é
também dono de uma cabeça cheia de dúvidas, contrariada em seu ego,
massificada, robotizada, sufocada, estressada e certamente pronto para reagir
com violência contra o insuflado castelo de vento. O poder supremo de agir e
executar tornou-se imediato e está na mão pouco institucional. Está agora com
novo dono. Se depois a imprensa ,o
rádio, a TV , o Governo e a Justiça vão
agir , isto é só no campo de registro do passado ou punitivo e corretivo de
ações que já eram. A qualidade da ação
ao celular é que leva à questão: What´s next? A criação de fatos pelo indivíduo
depende de um intrincado complexo de itens, mas resultam ou não em consciência
e discernimento. Como estão os níveis de discernimento e consciência dos
milhares de donos de celular?
Odilon Reinhardt.