terça-feira, 1 de novembro de 2016

O supremo poder está na mão de quem?





                            





 




                                       O supremo poder  está na mão de quem?

 1-11-2016

E gritavam “Acabou a Segunda Guerra!”,  “ Morre Getúlio Vargas!”, “ Jânio renuncia!”, “ Extra, extra, o Homem pisa na Lua!” etc. Era o grito do pequeno jornaleiro, nas esquinas e praças das cidades, propagandeando o jornal a ser vendido com notícias que já eram de ontem e que de certo modo o rádio já havia sintetizado para todos os lares no nosso mundo pátrio, ainda sem televisão. Quem comprava o jornal já era uma minoria que corria atrás de detalhes sobre as notícias alardeadas. Mas o tempo levou o pequeno menino jornaleiro. O mundo mudou.
Por décadas, sua excelência, o jornal de folhas de papel foi ainda lido pela manhã na mesa do café da manhã ou na mesa do gerente e  conseguiu sobreviver. A imprensa, em altos e baixos, foi cumprindo sua missão de democratizar a informação. Enfrentou ditaduras e momentos de agonia, censura prévia, conseguindo subsistir. Mas surge e expande-se a televisão, que abruptamente invade os lares e empresas, criando um novo mundo. Cada família subitamente tem um novo convidado para almoçar ou jantar, o âncora do tele jornal, aquele apresentador de notícias, bombásticas ou não, que se sentando à mesa para dar lições de moral, prega subliminarmente doutrinas ou seja lá o que lhe mandarem dizer sobre quem e o que para a Pátria.
Com o mundo televisivo e o avanço tecnológico na área do vídeo, do som e da imagem, as folhas do jornal assumiram com maior relevância  somente a tradicional conhecida função de papel de embrulho, para desavisados comerciantes e consumidores que desconsideravam a contaminação pelo chumbo de suas linhas.
A frase popular ”uma foto vale mil palavras” nunca foi tão verdadeira. Um instante de televisão passou a valer ouro, principalmente para uma multidão de pessoas semianalfabetas, impossibilitadas de adquirir um jornal ou mesmo ler e entender longos textos, geralmente tratando de temas e assuntos referentes a mundos distantes da realidade fisiológica da população.
A imprensa, para não morrer, transmuda-se para a TV em imagens acompanhadas de narrativas sintéticas e rápidas, suficientes para bombardear a mente do expectador nacional através dos telejornais. O intruso domiciliar passou a levar, em horário denominado de nobre, tudo de inesperado, deixando boquiabertos pais e mães perante seus filhos. Deixou de existir o assunto só para mais velhos ou o assunto de mulheres.  Passou a levar também uma chuverada diária de más notícias a título de sensacionalismo como que dizendo a cada família “olha, a desgraça não é só de vocês, está em todo lugar”, diante do que a família até hoje se cala, se conforma e depois vai dormir num certo conformismo existencial. 
A agonia da imprensa escrita prolonga-se com a importância cada vez maior da TV-imprensa. A combinação da imagem com o âncora de notícias em textos rápidos e sintéticos nunca deu tão certo como meio de alugar a cabeça do já não tanto surpreso expectador. O meio é eficaz e pode manipular milhões de pessoas em segundos. Efeito que deixou de ser o da imprensa escrita que sempre exigiu um atributo, o saber ler e o saber interpretar o texto. Mesmo assim, a imprensa escrita, não querendo morrer, recorre a jornais de poucas folhas, de distribuição gratuita, com textos sintéticos, muita imagem, tudo ainda financiado por propaganda de multinacionais, mercado imobiliário, ou pequenos comércios de bairro, mas já com visível desinteresse de muitos apressados motoristas e pedestres. 
A imprensa escrita ganha mais um fôlego, muda para o site, para a internet, para os aplicativos, desesperadamente tentando atingir o diminuto público, o qual já possui as redes sociais como fonte ainda mais sintética de informações essenciais e sem muito detalhamento. Ora, seria o equivalente a dizer “Getúlio Vargas morreu”, com poucas pessoas hoje querendo saber muitos detalhes, mas satisfazendo-se com o título da notícia. E no cipoal de notícias rápidas, viralizando a todo momento, seria até previsível que Getúlio fosse esquecido nos próximos 2 minutos, se a notícia seguinte fosse “ a GM dá 80 % de desconto nos carros do ano passado ainda em estoque”. Haveria mais fila na compra dos carros do que no enterro de Getúlio. O tempo, a velocidade da informação, a sobreposição de notícias exige que o consumidor acompanhe tudo rapidamente para não perder nada, para ficar ligado permanentemente a uma nuvem de total insignificância para sua vida diária onde a banalização, a vulgarização e o estresse já marcam a realidade individual. Equivale a muita fumaça, pouco fogo; muito barulho e ruído, pouca música.
Sites de jornais como o The Guardian, Der Spiegel etc ainda procuram se alongar em matérias de grande diversificação. Mas até quando? Um jornal é uma empresa. Embora o termo imprensa leve a uma ideia de algo geral, a imprensa é feita de milhares de empresas que vendem notícias e anúncios. Como empresa tem seus custos e desafios internos e de mercado. Tudo é dinheiro em cada centímetro rodado. Sem vendas não há retorno, como sobreviver? 
O jornal de folhas está com grandes desafios para sobreviver. Certamente desaparecerá face aos aplicativos de informática e a TV. Por hora, briga com desafios de sobreviver num país onde as pessoas não tem tempo para escrever mais do que quatro linhas em apertadas teclas de mensagens muito mal escritas, geralmente com gritantes, mas desconsiderados erros de Português.   Desafio de sobreviver numa cultura do sintético, o que certamente deixa de lado jornalistas habituados a grandes textos, devendo agora usar o poder de síntese, esperando, mesmo assim, que alguém leia o escrito, já que o semianalfabetismo nacional leva a falta de interesse pelo mundo estatal e sua intrincada terminologia, leva à alienação e ao fisiologismo. As pessoas estão superficiais, cada vez mais fisiológicas. Dizem que só se incomodam se a  notícia for pegar no bolso.
O fato é que a imprensa como empresa de alguém deve sobreviver no mercado e para tal deve sustentar-se com financiadores. O Governo certamente é um dos maiores, pois com TV ou sem ela, tem verba de publicidade direta ou indireta para garantir a sobrevivência de seus porta-vozes extra oficiais. Quem ousa contrariar a imprensa?  Folhas inteiras são financiadas por propaganda oficial sem qualquer motivo a não ser o político e ao pagamento do apoio da imprensa. Empresas públicas e concessionárias de serviços públicos tem monopólio e teoricamente não precisariam fazer publicidade. Por que o fazem e qual o impacto dela na tarifa do serviço? Mas se o Governo deixa de fazer este desperdício, há imprensa que se volta contra, passa para a oposição. Como todo órgão e empresa do Governo é extensão da vontade do governante de manter a vaidade, prestígio e reconhecimento de Poder, o poder da imprensa mostra-se eficaz e deve ser respeitado pelo governante e seu partido. Nada pior do que o resultado divulgado de uma pesquisa de credibilidade contra. Campanha em desfavor resulta em derrota nas eleições.  Afora este aspecto, a imprensa financia-se através de anúncios de produtos, estimulando o consumo de onde surgem os tributos para financiar o Governo e seus “serviços”. O consumo é o motor da economia e não é de se crer que algum jornal tenha se negado a publicar o anúncio de algum produto. Alguma vez algum jornal negou-se a publicar anúncio de cigarro, bebida?   Alguma vez um jornal recusou-se por dinheiro a publicar uma matéria paga mesmo que mentirosa? Talvez sim, talvez não, pois a imprensa, como já dito, é constituída de milhares de empresas cujo objeto é vender notícias. E neste ramo há ética e pouca ética, há moral e pouca moral, dependendo das pessoas responsáveis, suas tendências e seus parceiros, sua ideologia. Neste meio, muitos se perdem, muitos de vendem. O escrúpulo é de momento, podendo um dia ser de Deus outro do Diabo.
E o que falar de decretos e editais do Governo, de folhas e folhas de balanços de empresas obrigadas a publicar nos jornais suas contas e operações financeiras a custo de milhões? Qual o impacto desse custo no produto para o consumidor. Isto faz parte do chamado custo-Brasil? Certamente que sim.  Uma falsa publicidade quando a publicação muitas vezes já está no site da CVM, da Bolsa de Valores ou da própria empresa. Mas tudo era e é feito para sustentar a imprensa indiretamente resguardando sua promiscuidade com o Poder eleito ou não. Isto vai mudar? A CVM até já reduziu as exigências de publicação para certas operações financeiras, mas um mínimo, face à clara inutilidade da publicação e flagrante incoerência quanto ao sigilo da operação.
A imprensa escrita ainda sobrevive custeada pelas fontes acima, mas por quanto tempo? Ninguém lê jornal, pode-se dizer. Não há tempo, não há quem? Talvez só os setores de marketing e comunicação social das empresas que mesmo assim contratam companhias de spot para fazer relatórios sobre todas as notícias que mencionem a empresa contratante.
Em verdade, sobrevive o jornal como dinossauro de uma época que vai desaparecendo.  Por enquanto, tornou-se imprensa escrita para consumo de si mesmo e seu setor de comunicações. 
 Com a crise do jornal escrito, o mundo da tecnologia e da virtualidade fez da TV e da TV-imprensa até agora o supremo poder, podendo fazer cair o Governo ou glorificá-lo. O pequeno jornaleiro agora é o âncora da televisão, o porta voz das mensagens para a Pátria, que com seu humor e personalidade passam ao povo o calor ou a frieza das notícias que se misturam com o almoço e o jantar das famílias.
O jornal escrito está para se retirar de cena. Ficará resumido aos setores mais específicos como as revistas especializadas para o mercado financeiro, economia. Mas o jornal de notícias políticas, este já era, poderá permanecer por algum tempo ainda, mas não para sempre, muito menos para o povo.
Hoje não é raro que pessoas da classe média e alta que já se neguem  a fazer assinatura de jornais e também assistir ao noticiário da TV. É também uma tendência ? A chuverada de más notícias e de falsidades e meias verdades diárias unidas ao desesperado sensacionalismo já esgotam a paciência das pessoas.  Um desafio para a TV também.
Mas a questão maior é a função da imprensa, sua relevância social. Seja ela escrita ou falada, seu papel é essencial. Deve ser livre, deixando que o cidadão seja lá quem for use do discernimento que tiver para interpretar o que está ocorrendo.  A imprensa, no seu conjunto, desde o jornal de bairro ao mais influente periódico e ao meio virtual mais top, deve garantir ao cidadão seu direito de tirar conclusões e assim identificar quando há mentira no discurso oficial ou não. O cidadão de todas as classes sociais independentemente de sua classificação econômica pode estar sofrendo de suas misérias neste país, pode estar sofrendo a seu modo os impactos das negligências e corrupção dos políticos na gestão do país, mas ainda é um ser pensante e capaz de tirar suas conclusões.
A imprensa escrita sempre teve problemas para atingir o povo, sempre foi feita para a cidade e para quem ali vive nos meios políticos e econômicos nas relações de Poder, no serviço público. O povo do dia a dia, sufocado pela miséria gerada pelo próprio mundo que a imprensa quer garantir, não se importa com a imprensa escrita, a menos que falte papel de embrulho. O mesmo não se pode dizer da imprensa pela TV e rádio que são coadjuvantes na formação de opinião e atingem o povo com facilidade. O som e a imagem são implacáveis.
De certo modo a tecnologia do mundo virtual veio até para salvar a imprensa lato senso porque se não fossem os aparelhos hoje disponíveis, já teria sido afetada fatalmente, já que o povo tem outras necessidades e coloca na vista que tanto a ideologia quanto a filosofia são esquemas tais sem as quais a vida continua em rumos tais e quais.  Assim  a TV e o rádio estão sempre ligados enquanto o jornal, lido ou não lido, serve pelo menos para forração do canil etc. 
Mesmo com o rádio, tudo concentrou-se mesmo na TV–imprensa e no modo como o âncora vai passar a mensagem para o povo de todas as classes sociais.  A responsabilidade é grande, pois o seu poder é real e imediato, podendo criar clima de revolta ou angústia, de prazer ou satisfação a nível nacional. E o âncora fala para o povo todo dia e a qualquer hora do dia, se for necessário, sem jamais ter recebido um voto ou ocupar qualquer cargo, podendo manipular palavras e levar à queda do governo ou grande agitação popular.
O supremo poder da TV e do seu âncora concentrou e assumiu, nesta época da imagem e do som, o papel central que era representado pela  imprensa escrita e pela imprensa falada, o rádio.  Sua relevância social é agora incontestável e sem ela ninguém do povo saberia de nada sobre nada.  Recentemente se não fossem as denúncias e reportagens nacionais de esclarecimento sobre a corrupção que minava a Pátria, já enleada numa fantasmagórica névoa de mentiras oficiais, ninguém do povo saberia de nada.
À TV – imprensa ficou reservado o papel de porta voz da democracia , salvaguarda do povo livre. Mesmo que a TV não tenha a mesma rapidez e a imediata reação da informação e imagem transmitida via celular, ninguém irá desbancá-la de sua posição, já que o tempo perdido para o preparo da reportagem e imagens é compensado com a responsabilidade de uma matéria preparada, filtrada e responsável a fim de ir ao ar para o
povo recolhido em suas casas. Será?
Vejamos que no mundo a Primavera Árabe começou num celular e derrubou  Governos.  No Brasil, o mesmo ocorreu com as manifestações de rua em São Paulo, tomando de surpresa o país, os jornais e a TV que perguntavam-se do que se tratava. Só a partir do terceiro dia de manifestação ampla em 2013 é que se começou o processo de explicação e rotulação do movimento, o qual já havia se espalhado para outras capitais. A manifestação que visava tão somente a redução de passagens de ônibus em São Paulo acordou o país de sua letargia. Eis então o poder do celular mesmo acima da TV. Um poder incontrolável, eis que se houver embasamento social local ou nacional, basta um toque no celular e tudo pode pegar fogo sem qualquer interferência da mídia. O supremo poder de agir e criar fatos está na mão de qualquer um. No caso das manifestações de rua acima mencionadas, as mesmas foram acionadas a partir de um celular, deixando de lado todo o aparato de comunicação formal da TV, dos jornais, do Governo, da Justiça, dos órgãos de Inteligência e tudo.  Todos ficaram boquiabertos e inertes diante do movimento popular e sua magnitude. A TV não sabia explicar o que estava se passando e focou tão somente a ações de baderneiros contratados para desmoralizar o movimento e que acabaram atacando agências bancárias e o comércio.  
É o indivíduo e seu celular que podem incendiar as massas. O indivíduo redige e capta a imagem a ser transmitida. O celular vence uma estrutura jornalística de qualquer país, em tempo real, sem aviso prévio, deixando de lado o trabalho responsável de jornalistas profissionais e todo um caro aparato de empresa. Hoje manifestações e passeatas de protesto são agendadas pelo celular sem liderança aparente. Depois é que a TV vai se deslocar para fazer a reportagem.
Jornais, revistas etc. são jogados à obsolescência ou literalmente no lixo porque só publicam o que já aconteceu ontem ou pelo menos depois das redes sociais. Tudo pode “viralizar” em segundos sem qualquer controle de qualidade, ficando 100% dependente da capacidade de discernimento do receptor e sua disponibilidade de aceitar ou não.
E aí temos que destacar a qualidade do dono do celular emissor. É um jovem, é um de partido político, é um cidadão qualquer, um terrorista, é psicopata? Certamente é alguém que tem cabeça submetida aos instrumentos de formação da mentalidade nacional ao longo de sua vida, a cultura de sua classe, de uma geração ou de seu país, do mundo onde transita. E quem formou e conduziu esta cabeça senão a TV, a imprensa escrita e o rádio através de anos e anos de transmissões diárias muitas vezes passando ideologias por meios subliminares, que acabaram muitas vezes na síndrome do cachorro vira-lata, do pessimismo, do negativismo e da ideia de que no Brasil nada dá certo, na luta rancorosa, mas silente entre classes sociais, entre pessoas afrodescendentes.  Alguém ainda se lembra da Rádio de Cuba que era escutada no Nordeste por décadas, quantas mentes atingiu?  
Até agora a imprensa, chamada de mídia, em todas as suas modalidades é que ajudou a formar a cultura do pensamento do dono do celular. Mesmo que a imprensa, através de sua representante mais suprema, tenha exercido papéis de grande relevância como o de garantir a transparência na gestão pública, tenha garantido a democracia, a livre informação, as denúncias sobre injustiças sociais, a garantia à estabilização social, registrado grandes momentos da vida civil, houve, deve-se crer, um descuido, porque no conjunto da obra  e o persistente enfoque em más notícias , falsas ideologias e pessimismo, acabou passando para as pessoas  a ideia de terra–arrasada. Pergunte-se ao dono do celular, jovem ou de meia idade, o que ele realmente pensa dos políticos e do governo? O que ele pensa do país e de seu futuro? Pergunte-se se ele não colocaria fogo em tudo para começar do zero? 
A mentalidade nacional que está na cabeça do povo contrariado, pessimista e já um pouco avermelhado, constituí as entranhas da cabeça do dono do celular, hoje podendo ser intitulado não só o pequeno jornaleiro mas o editor, o dono do jornal e o âncora , ele mesmo, podendo transmitir a mensagem que desejar antes da ação ou reação oficial da TV.
É certo que a TV-imprensa não faz a realidade de onde saem as notícias ,reservando-se o papel de as transmitir à população. Todavia, isto ocorre só em teoria, pois a realidade passa pelo crivo do repórter e do âncora e pelo editor que pode modelar as informações dando o enfoque que desejar. Assim a TV, com seu poder ilimitado de entrar na casa de cada cidadão, dando preeleções diárias à família, atinge o menino e a menina que são chamados a prestar a atenção à TV na hora do almoço ou jantar, deixando de escutar o que o pai e a mãe estavam dizendo. Quem cria a mentalidade nacional então? Quem conduz a boiada para o estábulo e ali dá sua comida diária?
A TV- imprensa deve reformular o seu enfoque para dosar o negativo e o positivo. Enfoque só na desgraça não dá mais. Pode criar uma cabeça errada e fazer o dono do celular aderir a coisas ruins para a Pátria.
O enfoque no positivo, nas coisas boas do país, na necessidade de progresso e sucesso pessoal não prejudicará ninguém.   O enfoque diário  nas mazelas da Administração Pública, seus inquilinos, suas tarefas mal feitas na área da saúde, segurança e educação não pode continuar sendo a ênfase do noticiário, sob pena de criar a falsa imagem de que o Governo é tudo e só o  que temos, deixando de lado as conquistas das empresas particulares, os avanços da tecnologia promovidos pelas empresas de pessoas empreendedoras. Ora, o Governo é um mero e confuso administrador dos impostos resultantes do consumo de bens produzidos pela indústria nacional. O Governo não é de nada, não gera nada, não produz nada e vive com um orçamento muito menor do que o da economia nacional de milhares de empresas. 
Se a TV-imprensa continuar a dar importância quase exclusiva ao Setor Público, a ideia será mesmo de terra arrasada e aí cada dono de celular poderá a seu critério criar ou aderir manifestações bombásticas de consequências inesperadas. O mundo dos interesses políticos é o mundo do ego descontrolado, da vaidade, do ciúme, da inveja, da cobiça, da ganância etc, um mundo podre e nunca deixará de ser. Por que dar holofote só para isto?
O  modelo esgotou. O discurso sub-limiar a favor de ideais ultrapassadas da esquerda, a persistente luta contra os meios de produção e seus donos, a defesa do paternalismo trabalhista e a alimentação da ideia de um Estado central forte, dominante, gerador de empregos etc, não deu e não vai dar em nada, a menos que a intenção seja de república banana, última salvaguarda do pensamento já demolido.
A imprensa tem este desafio, achar um modelo mais positivo, que faça cada cidadão atuar como brasileiro acreditando na sua iniciativa e que as coisas darão certo. O derrotismo não ajudará nenhum jovem.
A verdadeira liberdade de imprensa será atingida quando a imprensa libertar-se do jogo tendencioso entre as forças de oposição e situação e assumir verdadeiramente seu poder de passar uma mensagem progressista e de sucesso de um povo e não a imagem focada exclusivamente no negativo e na derrota diária da ética e da moral. Um povo de cidadãos jovens permanentemente açodados pelo negativismo e sem modelos sadios e fortes de caráter progressista não dará em nada.
Espero que não ocorra o dia em que haja um substrato social tão demoníaco que ao toque de um celular iniciem-se movimentos negativos sem precedentes e que a nada levarão a não ser à desordem e desobediência civil incontroláveis. Nem progresso nem Ordem, só confusão mental e social. Que Nação poderá sobreviver com isto?
Talvez agora, afastando-se o regime corrupto, a fonte de males e injustiças. Talvez agora com o esforço da limpeza nacional promovida pela Operação Lavajato com a esplêndida atuação do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e da Justiça Federal, surja espaço para a imprensa criar um ambiente de otimismo e progresso, sem ser taxada de fascista.  A mudança de foco para o positivo dará uma chance ao dono de celular para que ele acredite em algo novo para si, sua vida e seu país. Mas por enquanto o dono do celular é também dono de uma cabeça cheia de dúvidas, contrariada em seu ego, massificada, robotizada, sufocada, estressada e certamente pronto para reagir com violência contra o insuflado castelo de vento. O poder supremo de agir e executar tornou-se imediato e está na mão pouco institucional. Está agora com novo dono.  Se depois a imprensa ,o rádio,  a TV , o Governo e a Justiça vão agir , isto é só no campo de registro do passado ou punitivo e corretivo de ações que já eram.  A qualidade da ação ao celular é que leva à questão: What´s next? A criação de fatos pelo indivíduo depende de um intrincado complexo de itens, mas resultam ou não em consciência e discernimento. Como estão os níveis de discernimento e consciência dos milhares de donos de celular?
Odilon Reinhardt.