quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Vontade de voar.



Blog 31.1.2017

                         


 
                                                  

                                                    Vontade de voar.


Quem já não teve vontade de voar, tentando livrar-se do lugar onde está ? É da vontade humana ser e sentir-se livre. Todavia, o mundo opõe-se  constantemente a tal desejo, pois a sociedade que construímos até agora
cada vez mais nos dá uma liberdade  limitada, tutelada e quase restrita à vontade de poder escolher entre um ou outro produto a consumir, vontade  que já se encontra totalmente condicionada pela mídia.
Neste enredo, não se pode menosprezar a sociedade baseada no ego com indústrias e serviços totalmente voltadas à vaidade, ganância, gula, orgulho, preguiça e luxúria, gerando sempre ciúme, inveja e muita contrariedade, frustração e ira, o que leva a uma sociedade de relacionamentos conflituosos. Depressão, solidão, síndrome do pânico etc, parecem ser só mínimos resultados já apresentados coletivamente.
As consequências são desastrosas para a produção e consumo. No entanto, os problemas são sempre do indivíduo e o drama nunca é da sociedade como um todo. Ademais, a saída para os defensores de que está tudo dentro do normal é recorrer sempre às estatísticas. Se numa rua passam mil pessoas por dia e só 10 são assaltadas ou atropeladas ou mortas, a estatística apresentará sempre um número irrelevante e o Poder Público, através de algum de seus déspotas, sempre sairá bem na entrevista apontando números e não vidas.
É este fascismo que sempre chama a atenção e ele coexiste com realidades muito autoritárias e egoísticas, quase sempre refletindo o tom dado à gestão dos negócios públicos e privados pelo líder do momento, seja nas empresas públicas ou privadas, nos negócios familiares ou não, nas empresas de serviços etc, onde há pessoas obrigadas a seguir as diretivas do momento para garantir seus empregos.
Não é raro que o estilo autoritário seja a regra, pois ele combina diretamente com a personalidade do líder, geralmente uma pessoa egocêntrica, pensando ser o centro do universo; esboçando sempre seu medo mórbido de perder, de não ganhar, de perder o controle; vivendo no seu dia a dia o medo de ser contrariado. O autoritário, com defeitos  e graves problemas agravados pela educação, é uma pessoa egoísta, individualista e materialista que vive ao dar prioridade ao seu umbigo, não tolerando jamais qualquer deslize do Próximo que possa lhe ameaçar, afrontar ou contradizer. Por tal motivo, estas pessoas são todas impetuosas, violentas, intempestivas, imprevisíveis, desequilibradas, irritadiças, inflexíveis no comportamento, controladores e centralizadores que abafam qualquer contribuição e ideia. Campeões do assédio moral. Escravas de si mesmas. Egocentradas, numa intensidade bem superior à  média crescente das pessoas na sociedade atual. 
A consequência é que o ambiente administrativo nunca é baseado na cooperação, mas no medo, no servilismo, no negativismo, o que contamina o ambiente de todos e prejudica a gestão, seja de um negócio, indústria, cidade ou país. Um líder com tais poderes pode determinar a vida e geralmente apresentar uma falsa estrada. Militaresco, por mais absurdo que seja o caminho proposto, nunca faltarão seguidores e oportunistas que sacados de dentro do rebanho apresentar-se-ão como o homem-de-plantão, o puxa-saco mor, o servil ajudante, não importando a profissão e a qualificação, pois o defeito é humano, uma falta de boa personalidade e de virtude.
Não obstante tal clima de falso favoritismo, o líder pouco dará valor a seus seguidores, os quais não fará cerimônia em punir, demitir e até liquidar a vida particular dos mesmos, pois nunca os considerou como seres humanos, mas sim bonecos usáveis, os verdadeiros imbecis úteis. 
O fato é que a passagem de um líder de tal maléfica qualificação mostrará a qualidade de certos seres do local e também não deixará de deixar na história pessoal e coletiva consequências desastrosas. Stalin, Hitler, vários líderes africanos e da Sudeste Asiático e vários outros modernos e antigos sempre deixaram um resto de sangue e dor após sua partida e contaram com o apoio de muitos idênticos ou fingidos.  A mesma realidade e em proporções até bem maiores encontra-se em chefes de negócios, serviços, indústrias e até pais de família que aos milhares infernizam seus ambientes.  
O modelo de gestão conduzido pelo autoritarismo nada mais é do que o ego no Poder. É sempre a pior liderança, a pior história, a pior experiência humana. Entretanto, tal modelo é comum; volta e meia surge um líder deste tipo para amedrontar e atrapalhar as pessoas. É banalizada quanto a seus efeitos, os quais se diferenciam da violência física nas ruas e lares, pois as vítimas da violência no local do trabalho permanecem vivas na tortura diária como naturezas-mortas, seres mortos-vivos. O que é pior?    
Assim líderes como tais são diabólicos e causam danos irreparáveis para a vida antes de sumirem do ambiente onde surgiram e mal administraram. Num pais de instituições fortes, tais líderes contam com resistência e assim tem sua atividade limitada, quando não envolvem todos os poderes em suas façanhas maldosas. Incomodam, assustam, ameaçam, falam muito, criam factoides, mas não persistem por muito tempo, pois o tempo é o senhor do Universo e acaba com eles um a um.  Terão que pagar pela satisfação do ego atendido à custa da miséria, sofrimento e humilhação alheia. A dor que virá é a da intimidade, do foro íntimo. Será muito forte e o pagamento será cruel em termos espirituais. É uma dívida que dificilmente deixará de ser cobrada.
Pior do que lideres globais de má fama histórica, são os milhares de  chefetes de indústria, de escritórios , de negócios em geral e repartições etc, que têm um poder de infernizar e tornar um ambiente de trabalho insuportável e totalmente irrespirável, destruindo a saúde e  carreira profissional de pessoas. Estes, sim, tornam a vida do cidadão um trauma que será levado para casa onde haverá reflexos enormes.  Um pai ou uma mãe de família acossado e atormentado por tais chefetes, verdadeiros sargentões de mesinha, é marcado para sempre e sua família sofre no dia a dia. A Nação fica doente em casa, com reflexos para todo o sistema.
Nosso país é autoritário, conservador de privilégios, possui classes sociais,  vazias em virtude, embora remediadas materialmente. Face o agravante do analfabetismo, a liderança autoritária é sempre favorecida, fazendo surgir o líder egoístico como acima mencionado.
Por enquanto pouca preocupação deve gerar a subida ao poder de um líder polêmico, se as instituições do país são fortes e suficientes para controlá-lo formalmente, embora os shows diários de demonstração de força verbal alimentem a imprensa fingida de assustada. O drama que realmente deve preocupar é o das empresas, negócios e serviços onde líderes diabólicos agem impunemente todos os dias, infernizando as pessoas e suas vidas e muitas vezes detonando o próprio futuro institucional. Há certa hipocrisia e pressa no desvio de atenção para líderes egoicos do exterior quando os piores líderes estão agindo por aí no país, nas cidades, nas empresas e negócios brasileiros, utilizando modelos de gestão arcaicos, como o autoritarismo baseado nos defeitos egoicos de chefetes nacionais, eleitos ou escolhidos reizinhos do momento .
Em total desprezo aos chefetes autoritários que desmontam a vida de pessoas talentosas, sérias, honestas influenciando no dia a dia das empresas e da Nação, sem que haja o mínimo comentário a respeito, dedico está  prosa :

             O transitório império de Seu Coisa.

Hoje anda cheio de si em salas , reuniões e pelos corredores,
o verdadeiro ego ambulante,
a lei está em sua língua com dissabores,
lá vai Seu Coisa com seus seguidores no reino nada distante. 

Seu umbigo é gigantesco,
Coisa vive sempre em reação,
esperando algo imaginariamente grotesco,
que possa ameaçar seu Poder de ilusão .

Crê-se rei, eleito pelo Ego, soberano,
em seu transitório reinado,
onde a mentira e o engano,
em sessões contínuas, vivem no circo criado.

De tudo quer tirar proveito,
Coisa  aqui, Coisa  lá , em todo lugar,
está por cima de cada feito.
Não admite que seu tempo pode acabar. 

Desconsidera o Próximo no dia à dia,
manda e desmanda com desequilíbrio, impetuosidade;
é irritável, prepotente, grosseiro, orgulhoso  e age com covardia.
Cego, não vê sua triste realidade.

Por trás das muitas portas de corredores,
todos enfiam facas em suas costas;
Seu Coisa  não sente dor nem amor,
mas um dia deverá acertar suas contas.

É um  grande enganador, um fanfarrão,
palhaço no circo das suas próprias  egoicas ilusões,
sua ação e reação é pura e descontrolada emoção;
só Poder , orgulho, vaidade em suas decisões.

Vive com medo de ser afrontado,
teme que seu vazio seja descoberto;
sempre tenso, teme ser desrespeitado ,
não sabe que seu reino é ilusório e mal encantado.

Seu Coisa é frio, materialista,
faz parte da geração já robotizada ,
uniformizada, calculista ,
muito condicionada e manipulada.

Vive na realidade do “ se colar, colou”,
“a verdade é aquela que eu digo que é”
e assim Seu Coisa marca o tempo que rolou.

Seu Coisa  vive no limiar,
sabe que deve se impor para não ser deposto,
vive atemorizado e faz defesas para contra-atacar,
porque Coisa é um falastrão de muito mal gosto.

Mas por hora Coisa  é o rei do momento,
seu tempo irá passar como o de tantos outros reizinhos,
deixará mau sentimento,
o de o Diabo ter passado por aqui com seus diabinhos.

Rude , tosco, violento, cruel,
é o verdadeiro Coisa “o terrível” com seu pensar estrombólico
na linha sucessória do reino incrível ,
onde tudo parece ser diabólico.

Pior é que antecessores não foram menos impossíveis e famigerados
, pois detonaram e amassaram seus fiéis seguidores,
depois foram embora chacoalhando seus ternos velhos e amarrotados,
deixando para trás o ambiente imerso em níveis humanos inferiores.

Por enquanto, Coisa parece desconhecer o tempo e o futuro,
vive o sonho do reino encantado da ilusão,
menosprezando o que lhe aguarda de duro,
e as consequências de toda sua má ação.

Mas um dia Seu Coisa deixará o reino,
sairá deixando um rastro de pobreza,
como se nada tivesse causado, considerando que tudo foi um treino,
no seu dia à dia sem qualquer nobreza.

Nunca mais se falará de Seu Coisa por um segundo,
mas ele estará em algum lugar fazendo das suas ,
defendendo seu ego contra tudo e todos no seu umbigo, seu mundo
e jamais terá consciência das desgraças de realidades que deixou nuas.

E ali no circo encantado tudo será renovado, esperando o novo rei,
os seguidores de plantão irão se arrumar,
já preparam suas línguas para receber outro soberano , seu amado rei,
enquanto os demais , oprimidos e empobrecidos, terão que se enquadrar. 


Lamentável, não? Mas esta é a realidade miúda que faz a gestão de negócios neste país e em muitos lugares do mundo, sem que nada se faça contra tais líderes, os quais até recebem aplausos, enquanto muitos padecem e têm suas vidas e carreiras ameaçadas, fazendo no todo mais um aspecto da grande insatisfação em viver o dia à dia . Muitos negócios e gestões públicas são severamente atrapalhadas em sua história devido à atuação de líderes egoicos, mas políticos, associações e teóricos da sociologia, da administração, da psicologia e psicanálise pouco tratam do assunto como determinante para a qualidade de vida dos cidadãos. É sempre drama individual. Cliente novo, receita, voto, dane-se a Nação.  Muitos são os que têm vontade de voar para livrar-se do ambiente criado pelo autoritarismo selvagem de tais chefetes e reizinhos do pedaço como o Seu Coisa e seus milhares de idênticos, todos egocêntricos, pobres mendigos espirituais , farrapos humanos que ostentam em geral seus altos salários e cargos, mas não necessariamente , pois o modelo de gestão é pessoal e desconhece local e posição. É ruim e acontece em qualquer lugar.   
E já que o interesse nesta sociedade é pela repercussão financeira e econômica, pergunta-se: quanto do PIB é diminuído em função do modelo de gestão de tais líderes? Por que as instituições não punem tais pessoas? Por que os problemas na saúde física e mental das pessoas não é tratada como reflexo de um local de trabalho dirigido por uma gestão autoritária e inconsequente? Quanto da produção e do consumo é danificado por tais líderes? Qual a estatística referente a talentos perdidos e desmotivados por tais líderes inseguros, imaturos e despreparados?  Depois da temporada democrática no mundo, o anacronismo do modelo autoritário ficou ressaltado e, portanto , intolerável?

Odilon Reinhardt .







.