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31.1.2017
Vontade de voar.
Quem já não teve
vontade de voar, tentando livrar-se do lugar onde está ? É da vontade humana
ser e sentir-se livre. Todavia, o mundo opõe-se
constantemente a tal desejo, pois a sociedade que construímos até agora
cada vez mais nos dá
uma liberdade limitada, tutelada e quase
restrita à vontade de poder escolher entre um ou outro produto a consumir, vontade que já se encontra totalmente condicionada
pela mídia.
Neste enredo, não se
pode menosprezar a sociedade baseada no ego com indústrias e serviços
totalmente voltadas à vaidade, ganância, gula, orgulho, preguiça e luxúria,
gerando sempre ciúme, inveja e muita contrariedade, frustração e ira, o que
leva a uma sociedade de relacionamentos conflituosos. Depressão, solidão,
síndrome do pânico etc, parecem ser só mínimos resultados já apresentados
coletivamente.
As consequências são
desastrosas para a produção e consumo. No entanto, os problemas são sempre do
indivíduo e o drama nunca é da sociedade como um todo. Ademais, a saída para os
defensores de que está tudo dentro do normal é recorrer sempre às estatísticas.
Se numa rua passam mil pessoas por dia e só 10 são assaltadas ou atropeladas ou
mortas, a estatística apresentará sempre um número irrelevante e o Poder
Público, através de algum de seus déspotas, sempre sairá bem na entrevista
apontando números e não vidas.
É este fascismo que
sempre chama a atenção e ele coexiste com realidades muito autoritárias e
egoísticas, quase sempre refletindo o tom dado à gestão dos negócios públicos e
privados pelo líder do momento, seja nas empresas públicas ou privadas, nos
negócios familiares ou não, nas empresas de serviços etc, onde há pessoas
obrigadas a seguir as diretivas do momento para garantir seus empregos.
Não é raro que o
estilo autoritário seja a regra, pois ele combina diretamente com a
personalidade do líder, geralmente uma pessoa egocêntrica, pensando ser o
centro do universo; esboçando sempre seu medo mórbido de perder, de não ganhar,
de perder o controle; vivendo no seu dia a dia o medo de ser contrariado. O
autoritário, com defeitos e graves
problemas agravados pela educação, é uma pessoa egoísta, individualista e
materialista que vive ao dar prioridade ao seu umbigo, não tolerando jamais
qualquer deslize do Próximo que possa lhe ameaçar, afrontar ou contradizer. Por
tal motivo, estas pessoas são todas impetuosas, violentas, intempestivas,
imprevisíveis, desequilibradas, irritadiças, inflexíveis no comportamento,
controladores e centralizadores que abafam qualquer contribuição e ideia.
Campeões do assédio moral. Escravas de si mesmas. Egocentradas, numa
intensidade bem superior à média
crescente das pessoas na sociedade atual.
A consequência é que o
ambiente administrativo nunca é baseado na cooperação, mas no medo, no
servilismo, no negativismo, o que contamina o ambiente de todos e prejudica a
gestão, seja de um negócio, indústria, cidade ou país. Um líder com tais
poderes pode determinar a vida e geralmente apresentar uma falsa estrada. Militaresco,
por mais absurdo que seja o caminho proposto, nunca faltarão seguidores e
oportunistas que sacados de dentro do rebanho apresentar-se-ão como o homem-de-plantão, o puxa-saco mor, o
servil ajudante, não importando a profissão e a qualificação, pois o defeito é
humano, uma falta de boa personalidade e de virtude.
Não obstante tal clima
de falso favoritismo, o líder pouco dará valor a seus seguidores, os quais não
fará cerimônia em punir, demitir e até liquidar a vida particular dos mesmos,
pois nunca os considerou como seres humanos, mas sim bonecos usáveis, os
verdadeiros imbecis úteis.
O fato é que a
passagem de um líder de tal maléfica qualificação mostrará a qualidade de
certos seres do local e também não deixará de deixar na história pessoal e coletiva
consequências desastrosas. Stalin, Hitler, vários líderes africanos e da
Sudeste Asiático e vários outros modernos e antigos sempre deixaram um resto de
sangue e dor após sua partida e contaram com o apoio de muitos idênticos ou
fingidos. A mesma realidade e em
proporções até bem maiores encontra-se em chefes de negócios, serviços,
indústrias e até pais de família que aos milhares infernizam seus ambientes.
O modelo de gestão
conduzido pelo autoritarismo nada mais é do que o ego no Poder. É sempre a pior
liderança, a pior história, a pior experiência humana. Entretanto, tal modelo é
comum; volta e meia surge um líder deste tipo para amedrontar e atrapalhar as
pessoas. É banalizada quanto a seus efeitos, os quais se diferenciam da
violência física nas ruas e lares, pois as vítimas da violência no local do
trabalho permanecem vivas na tortura diária como naturezas-mortas, seres
mortos-vivos. O que é pior?
Assim líderes como
tais são diabólicos e causam danos irreparáveis para a vida antes de sumirem do
ambiente onde surgiram e mal administraram. Num pais de instituições fortes,
tais líderes contam com resistência e assim tem sua atividade limitada, quando
não envolvem todos os poderes em suas façanhas maldosas. Incomodam, assustam,
ameaçam, falam muito, criam factoides, mas não persistem por muito tempo, pois
o tempo é o senhor do Universo e acaba com eles um a um. Terão que pagar pela satisfação do ego
atendido à custa da miséria, sofrimento e humilhação alheia. A dor que virá é a
da intimidade, do foro íntimo. Será muito forte e o pagamento será cruel em
termos espirituais. É uma dívida que dificilmente deixará de ser cobrada.
Pior do que lideres
globais de má fama histórica, são os milhares de chefetes de indústria, de escritórios , de
negócios em geral e repartições etc, que têm um poder de infernizar e tornar um
ambiente de trabalho insuportável e totalmente irrespirável, destruindo a saúde
e carreira profissional de pessoas.
Estes, sim, tornam a vida do cidadão um trauma que será levado para casa onde
haverá reflexos enormes. Um pai ou uma
mãe de família acossado e atormentado por tais chefetes, verdadeiros sargentões
de mesinha, é marcado para sempre e sua família sofre no dia a dia. A Nação
fica doente em casa, com reflexos para todo o sistema.
Nosso país é
autoritário, conservador de privilégios, possui classes sociais, vazias em virtude, embora remediadas
materialmente. Face o agravante do analfabetismo, a liderança autoritária é
sempre favorecida, fazendo surgir o líder egoístico como acima mencionado.
Por enquanto pouca
preocupação deve gerar a subida ao poder de um líder polêmico, se as
instituições do país são fortes e suficientes para controlá-lo formalmente,
embora os shows diários de demonstração de força verbal alimentem a imprensa
fingida de assustada. O drama que realmente deve preocupar é o das empresas,
negócios e serviços onde líderes diabólicos agem impunemente todos os dias,
infernizando as pessoas e suas vidas e muitas vezes detonando o próprio futuro
institucional. Há certa hipocrisia e pressa no desvio de atenção para líderes
egoicos do exterior quando os piores líderes estão agindo por aí no país, nas
cidades, nas empresas e negócios brasileiros, utilizando modelos de gestão
arcaicos, como o autoritarismo baseado nos defeitos egoicos de chefetes
nacionais, eleitos ou escolhidos reizinhos do momento .
Em total desprezo aos
chefetes autoritários que desmontam a vida de pessoas talentosas, sérias,
honestas influenciando no dia a dia das empresas e da Nação, sem que haja o mínimo
comentário a respeito, dedico está prosa
:
O transitório império de Seu
Coisa.
Hoje anda cheio de si em
salas , reuniões e pelos corredores,
o verdadeiro ego
ambulante,
a lei está em sua
língua com dissabores,
lá vai Seu Coisa com
seus seguidores no reino nada distante.
Seu umbigo é
gigantesco,
Coisa vive sempre em
reação,
esperando algo
imaginariamente grotesco,
que possa ameaçar seu
Poder de ilusão .
Crê-se rei, eleito
pelo Ego, soberano,
em seu transitório
reinado,
onde a mentira e o
engano,
em sessões contínuas,
vivem no circo criado.
De tudo quer tirar
proveito,
Coisa aqui, Coisa
lá , em todo lugar,
está por cima de cada
feito.
Não admite que seu
tempo pode acabar.
Desconsidera o Próximo
no dia à dia,
manda e desmanda com
desequilíbrio, impetuosidade;
é irritável,
prepotente, grosseiro, orgulhoso e age
com covardia.
Cego, não vê sua
triste realidade.
Por trás das muitas
portas de corredores,
todos enfiam facas em
suas costas;
Seu Coisa não sente dor nem amor,
mas um dia deverá
acertar suas contas.
É um grande enganador, um fanfarrão,
palhaço no circo das
suas próprias egoicas ilusões,
sua ação e reação é
pura e descontrolada emoção;
só Poder , orgulho,
vaidade em suas decisões.
Vive com medo de ser
afrontado,
teme que seu vazio
seja descoberto;
sempre tenso, teme ser
desrespeitado ,
não sabe que seu reino
é ilusório e mal encantado.
Seu Coisa é frio,
materialista,
faz parte da geração
já robotizada ,
uniformizada,
calculista ,
muito condicionada e
manipulada.
Vive na realidade do “
se colar, colou”,
“a verdade é aquela
que eu digo que é”
e assim Seu Coisa
marca o tempo que rolou.
Seu Coisa vive no limiar,
sabe que deve se impor
para não ser deposto,
vive atemorizado e faz
defesas para contra-atacar,
porque Coisa é um
falastrão de muito mal gosto.
Mas por hora
Coisa é o rei do momento,
seu tempo irá passar
como o de tantos outros reizinhos,
deixará mau
sentimento,
o de o Diabo ter
passado por aqui com seus diabinhos.
Rude , tosco,
violento, cruel,
é o verdadeiro Coisa
“o terrível” com seu pensar estrombólico
na linha sucessória do
reino incrível ,
onde tudo parece ser
diabólico.
Pior é que
antecessores não foram menos impossíveis e famigerados
, pois detonaram e
amassaram seus fiéis seguidores,
depois foram embora
chacoalhando seus ternos velhos e amarrotados,
deixando para trás o
ambiente imerso em níveis humanos inferiores.
Por enquanto, Coisa
parece desconhecer o tempo e o futuro,
vive o sonho do reino
encantado da ilusão,
menosprezando o que
lhe aguarda de duro,
e as consequências de
toda sua má ação.
Mas um dia Seu Coisa
deixará o reino,
sairá deixando um
rastro de pobreza,
como se nada tivesse
causado, considerando que tudo foi um treino,
no seu dia à dia sem
qualquer nobreza.
Nunca mais se falará
de Seu Coisa por um segundo,
mas ele estará em
algum lugar fazendo das suas ,
defendendo seu ego
contra tudo e todos no seu umbigo, seu mundo
e jamais terá
consciência das desgraças de realidades que deixou nuas.
E ali no circo
encantado tudo será renovado, esperando o novo rei,
os seguidores de
plantão irão se arrumar,
já preparam suas
línguas para receber outro soberano , seu amado rei,
enquanto os demais ,
oprimidos e empobrecidos, terão que se enquadrar.
Lamentável, não? Mas
esta é a realidade miúda que faz a gestão de negócios neste país e em muitos
lugares do mundo, sem que nada se faça contra tais líderes, os quais até
recebem aplausos, enquanto muitos padecem e têm suas vidas e carreiras
ameaçadas, fazendo no todo mais um aspecto da grande insatisfação em viver o
dia à dia . Muitos negócios e gestões públicas são severamente atrapalhadas em
sua história devido à atuação de líderes egoicos, mas políticos, associações e
teóricos da sociologia, da administração, da psicologia e psicanálise pouco
tratam do assunto como determinante para a qualidade de vida dos cidadãos. É
sempre drama individual. Cliente novo, receita, voto, dane-se a Nação. Muitos são os que têm vontade de voar para
livrar-se do ambiente criado pelo autoritarismo selvagem de tais chefetes e
reizinhos do pedaço como o Seu Coisa e seus milhares de idênticos, todos
egocêntricos, pobres mendigos espirituais , farrapos humanos que ostentam em
geral seus altos salários e cargos, mas não necessariamente , pois o modelo de
gestão é pessoal e desconhece local e posição. É ruim e acontece em qualquer
lugar.
E já que o interesse
nesta sociedade é pela repercussão financeira e econômica, pergunta-se: quanto
do PIB é diminuído em função do modelo de gestão de tais líderes? Por que as
instituições não punem tais pessoas? Por que os problemas na saúde física e
mental das pessoas não é tratada como reflexo de um local de trabalho dirigido
por uma gestão autoritária e inconsequente? Quanto da produção e do consumo é
danificado por tais líderes? Qual a estatística referente a talentos perdidos e
desmotivados por tais líderes inseguros, imaturos e despreparados? Depois da temporada democrática no mundo, o
anacronismo do modelo autoritário ficou ressaltado e, portanto , intolerável?
Odilon Reinhardt .
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