Blog. 3.5.2017
As escolhas e o
futuro.
Por que o negativo?
Multidões encarceradas em cidades, com seu direito de ir e vir deletado;
presas em seus lares, na tensão de ser a próxima vítima, dando razão à frase de
que há coisas que nos matam mais do que a morte. Até que ponto somos todos
reféns desta exceção tornando-se quase regra?. Se todos os fatos noticiados pelo país
acontecessem na mesma cidade e no mesmo dia, teríamos o retrato maior de uma
crise humana, típica dos dramas de guerra civil, do caos humano, da barbárie.
O ser humano criou o Estado a sua semelhança e assim ele é
diariamente gerenciado pelas mesmas virtudes e defeitos do homem comum. O
Estado, na mão de maus políticos e maus objetivos políticos, com suas mazelas e
lampejos de bondade, facilmente toma a forma da média das pessoas a que deve
liderar e proteger, podendo adoecer em sua mente e por isso estar exposto a um
processo de evolução psíquica igual à de um mero indivíduo. É uma mera questão
de intensidade e tempo. A cura pode levar décadas num século ou nunca mais ser
possível.
Num reino de corrupção em tudo, não é nada estranho que um
país seja controlado por “forças superiores” ( não só as que levaram Jânio
Quadros a renunciar) , mas as mais baixas possíveis, onde o tosco, o
fisiológico, a grosseria do bruto em pensamento dita modelos e a grande maioria
é levada a ajoelhar-se.
A liberdade de ação e organização bem como a alta
rentabilidade de tráfico de pessoas, de drogas, de influência, de armas, de
produtos roubados, de medicamentos falsos, de produtos alterados etc., etc.
fazem com que várias quadrilhas conquistem o Poder, blindando seus seguidores e
executores operacionais, escamoteando a realidade, praticando o corporativismo
e escondendo, atrás de linguagem empolada e hipócrita, a verdade , não só do povo (e o que importa o
povo?), mas principalmente do oponente político.
O Governo de pessoas pode passar a ser só um instrumento na
mão de pessoas tomadas pelos objetivos egoicos e a megalomania no Poder
interesseiro de preservação, de modo que valores superiores ficam à deriva, enquanto
o teatro montado é gerenciado só para seus financiadores e para o mundo
político e seus partidos, embravecidos pelo Poder , mas todos distanciados da
população.
Como exigir que a população
empreste credibilidade e
legitimidade às instituições sem desconfiança? Quando o Governo é para o
cidadão comum só a Polícia Militar, chegamos ao nível mais básico da ideia de
organização. E mais, que legitimidade têm esses corruptos alçados ao Poder,
quando se sabe que foram eleitos graças a milionárias campanhas de marketing
eleitoreiro, criando ilusão perante a população de um grande figurão político
que asseguraria o bom futuro para todos com sua imagem miraculosa. Marqueteiros
tem o poder de criar caudilhos, figuras luminosas de momento, inventadas na
época das eleições.
Na prática, ao longo de décadas, nem um deles fez nada a não
ser assaltar, deixando para seus eleitores a saúde, a educação e a segurança
aos cacos. Em consequência, num país tão diversificado e de tamanho
continental, a toda hora há manifestações por causas mais variadas. As
manifestações de bairros com problemas pontuais no dia a dia são substituídas,
conforme a conveniência, pelas sindicais, sendo estas mais divulgadas a nível
nacional. Alguns dos seus comandantes tendem a mostrar que tem poder junto à
“base”, força de mobilização, mas em termos práticos só conseguem se vingar do
próprio povo na medida em que propiciam eventos em que levam pessoas a obstar a
livre passagem, quebram lojas e detonam o aparelho público municipal, vindo a
interferir diretamente em milhares de interesses privados da vida comum. Aos
manifestantes junta-se a gurizada aventureira da baderna pela baderna. Será que
lojas quebradas, ônibus e pneus queimados, pedradas e flechas não são prejuízo
só do povo para o povo? Carros e caminhões parados na estrada significam algo?
Isto não é como pichação, só afeta o proprietário do imóvel pichado? Vandalismo
e brutalidade não são resquícios da vida selvagem dos bárbaros e dos que não
tem como dialogar? Será que isto realmente comove o Governo? Nas manifestações com piquetes, os discursos
não são para os próprios sindicalizados já cientes da “luta”, é o roto falando
para o esfarrapado? A missa não é para os fiéis já conquistados? Seria o fim do
sindicalismo nos termos atuais?
Tais manifestações
são de duvidoso êxito, pois o Governo acaba aprovando no Congresso tudo como
quer. Sempre foi assim e depois a vida volta ao normal. O ego sindicalista foi
satisfeito pela arruaça em si e o comandante mostrou seu poder local para seus
seguidores locais. Vai ser reeleito também para mais uma gestão ou vai indicar
o sucessor com tranquilidade. Na rua, o comerciante gasta com reparos, o povo
continua na rotina, o Município recolhe as pedras e paus, repara os prejuízos
em placas e o Governo comemora a falta de adesão popular. Em poucos dias nada
mais se comenta. What´s next?.
Faltam meios mais ágeis de debate e diálogo. Os modelos
atuais de democracia aqui estão defasados. Isto favorece a truculência oficial,
a imposição e o menosprezo.
Alguns políticos continuam com suas vidas de estratégia e
arranjos com os mesmos defeitos e intenções de arranjar dinheiro para a
reeleição. Na época da próxima campanha todo o passado é apagado e os
marqueteiros, em filmes mitológicos, fazem seus heróis do momento. Se surgem
acusações de corrupção, algum advogado, eufórico com os honorários, solta a
premissa básica que ressoa pelos canais de televisão: “isto é coisa da
oposição, faz parte do imaginário acusatório”.
E assim só para ilustrar esta realidade, que arrasta a vida, temos o
seguinte:
É tudo “ imaginário acusatório”.
A todos os megalomaníacos,
que tentam derrotar o
Brasil,
deixando a vida em cacos,
a prisão, já que não se pode usar no muro o fuzil.
O Brasil de cara escancarada,
a miséria evoluindo todo dia,
os vários tipos de violência em via incontida,
a mentira fazendo parte de toda esta sinfonia.
Vergonha perante o mundo,
mas a esperança de acabar com eles,
a limpeza de Governos imundos ,
a verdade para acabar com todos eles.
Para isso a Justiça tirou a venda oficial,
a Polícia Federal libertou-se,
o Ministério Público Federal tornou-se independente afinal.
A imprensa, honrando sua missão de informar,
a liberdade em cada página investigativa,
o Brasil pronto para se renovar.
Depois de toda a lavagem,
a esperança da queda do fascismo,
o país do povo, para o povo e pelo povo em nova passagem?
Faltará tratar do povo insatisfeito,
abandonado, egoico, manipulado,
contrariado, sem educação e alienado.
Virá a verdadeira democracia
numa República de todos?
Talvez a violência cesse um dia.
Talvez o Governo tenha verdadeira legitimidade,
talvez mude e o povo nele acredite
e o país entre em outra realidade.
Muitas décadas para isto,
uma tarefa tal,
sem a qual a vida será tal e qual ao até hoje visto.
Obras, viadutos e ruas bonitas,
para dar propina e fazer a produção passar,
não podem ser a via para a miséria e vazio infinitos.
Que país é esse?
Exatamente o país que a corrupção, a má-fé fizeram.
Que presente secular foi esse?
Brasil não pode continuar como “ bela viola”,
sendo por dentro “ pão bolorento” ,
se tudo do povo , vida , futuro e alma se viola.
Como a corrupção de décadas e décadas deixou o país em
situação trágica com realidades que vão da miséria à luxúria, temos uma verdade
para o momento: nada mudará da noite para o dia. A violência aumentará. Continuarão
a má-fé, a má-intenção, os golpes. Ainda viveremos na carne o
subdesenvolvimento, cujo desparecer foi retardado pela corrupção. Mesmo assim,
do Brasil de 1950 ao de 2017, muito foi
conquistado materialmente. Todavia, o atraso na cabeça, na cultura da Nação não
acompanhou o mesmo passo.
Assim, por hora, enquanto nada acontece, qualquer pessoa, em
qualquer lugar, de dia ou de noite, pode ser a vítima direta, pois o
quadrilheiro é que escolhe. A impunidade é explícita; o banditismo está à
vontade para aterrorizar as cidades grandes e pequenas. Bandoleiros invadem
cidades à noite como nos filmes do velho-oeste. A população é refém da escolha
dos bandidos.
O Governo é igualmente refém na medida em que sua receita
tributária é assaltada permanentemente em bilhões pelo sistema de caixa dois
das empresas privadas, pela fiscalização corrupta etc., pelo contrabando, pela
sonegação fiscal, por decisões tendenciosas em empresas públicas e de economia
mista etc. De toda e em cada violência, cada cidadão que engula e digira as
consequências na solidão doméstica, se escapar vivo. Quantas já não são as
pessoas mortas e que continuam por aí? Quantas não estão e não são, mas ocupam
empregos e cargos públicos e privados, produzindo algo com seu descaso,
negligência, preguiça, desinteresse pelo bem do Próximo, pensando em sua
aposentadoria?
Num país de atividade ilegal, imoral e atos e medidas políticas
desse naipe, só pode mesmo surgir a “Justiçocracia”, onde o Poder Judiciário e
o Ministério Público é que vão indiretamente governar, pelo menos após os
fatos, para dar uma aparência de formalidade e respeito diante da bagunça
ameaçadora para qualquer vida e/ou empreendimento honesto no país.
É a “insegurança” generalizada num estado de tensão a todo
instante. Há em todo lugar um olhar de desconfiança entre as pessoas, pois o
Próximo não é mais amigo; há um ar de descrédito e de receio. Donos da vida e
da morte, escolhendo vítimas com planejamento ou à esmo, os quadrilheiros, em
bando ou solitários, andam por aí à caça. A rua, ao invés de ser o local de
encontro e reencontro do humano, tornou-se o reino dos desumanos à espera da
presa. Dizer um “bom dia!” para um estranho, nem pensar. Psicopatas, monstros
sociais, doentes mentais se misturam aos bandidos comuns na sombra do dia. Pessoas
honestas baixam suas cabeças e chegam a se sentir culpadas por ter conseguido
algo com trabalho honesto. Rui Barbosa tinha plena razão.
As antigas estratégias para fingir equilíbrio social de: pão
e circo; notícias tipo boi de piranha para desviar a atenção da população; uso
de vocabulário essencialmente técnico e difuso; apelo a assuntos externos, para
fazer esquecer a realidade interna; criação de clima ruim para que a pessoa não
pense que só ela é que está se danando; apelo à ameaça fisiológica,
amedrontando a população com doenças que a fazem preocupar-se mais com a saúde
do que com causas nacionais etc., não têm mais o mesmo sucesso e seu convencimento
é parcial, graças à imprensa livre e às redes sociais. O discurso fascista já
não tem mais vez e a realidade em números é gigante e atroz. Todavia, quanto à
imprensa, ela será a última salvaguarda da comunicação desde que permaneça
livre. Quanto às redes sociais, a sua credibilidade começa a macular seu
destino; o serviço de informação e contrainformação já está colocando tudo em
dúvida face à mentira estar sendo banalizada.
Com isto ou sem isto, não adianta cobrir o sol com a
peneira. A verdade está escancarada. O Estado brasileiro não consegue cumprir
suas missões constitucionais a contento.
A população quer soluções.
Mas num pais, onde se pressiona o cidadão a consumir para
que com isto a receita tributária aumente e ao mesmo tempo não lhe dá condições
para tal, só pode haver uma grande frustração no preenchimento das necessidades
impostas. Há uma juventude inteira recebendo tal pressão sem nenhuma
perspectiva de chegar ao nível de consumo prometido. Fazem modelos de consumo
de primeiro mundo e os impõem à população.
Isto gera insatisfação e apelo ao cometimento de violência em suas mais
variadas modalidades, não necessariamente o crime visto nas ruas. Natural que a insatisfação gere pessoas
problemáticas, conflituosas e que se preocupam só como seu umbigo, como última
defesa. O relacionamento pessoal pega fogo em qualquer lugar.
É comum que seres insatisfeitos ou permanentemente
contraídos façam a opção errada e procurem agrupar-se aos seus iguais, em busca
de soluções erradas. Surgem grupos, tribos, gangues com a mais variada
intenção. Não pensam em uma solução construtiva, positiva. Preferem “criar” uma
amizade com pessoas que estejam vivendo o mesmo problema e ali façam um grupo
para fundar todos juntos. O “bêbado” une-se aos bêbados, os desonestos aos seus
iguais.
Uma verdadeira mediocridade, todavia, dentro da realidade
dos analfabetos e pessoas sem perspectivas. É o comum para os milhões de comuns;
nada de extraordinário. Tudo é coerente com a estupidez, a grosseria de ideias
e ideais de mentes teleguiadas e condicionadas num vazio preenchido por
necessidades fisiológicas temperadas por contrariedade e raiva. Há um vazio
cada vez mais difícil de ser preenchido. O fato é que o material não basta para
preencher a vida e mentes ignorantes que já não conseguem achar saída a não ser em obter
mais e mais material, embora sua essência humana clame por liberdade, justiça e
respeito.
Em busca de material as saídas são igualmente imbecis e contra
o país: economia e mercado paralelos, crime, violência, fugas, grandes golpes
que ressaltem a vontade de não trabalhar e folgar na melhor, o que jamais é
alcançado por tais ansiosos, gananciosos e megalomaníacos exibicionistas que
acabam sendo pegos e/ou delatados.
O caleidoscópio vivo é feito de cacos da vida diária; um
quebra-cabeças com peças móveis horríveis e de mau gosto. A opção pela vagabundagem, pelo negativo,
pelo submundo e seus símbolos, pelos modos de vida alternativa denuncia a
descrença na possibilidade de mudança pessoal e nas políticas governamentais. Em
suma uma descrença e um horizonte de vida reduzida. O dia a dia é preenchido pela
realização efetiva ou perspectivas de assassinatos, vingança, conflitos em todo
lugar, brigas de rua, disputas de gangues, assaltos, invasão de casas e condomínios,
atos de vandalismo, golpes diversos pelo mundo virtual, crimes de trânsito,
várias modalidades de tortura doméstica entre casais e contra crianças e idosos
e a negligência com a juventude. Enumerar atos que fazem parte do cotidiano
nacional fica já até sem graça, pois toda a população vê e sente a realidade
todos os dias. O triste é sentir que este drama humano está banalizado. Quanto
dos problemas de saúde, hoje existentes, não decorrem dessa pobre realidade?
O ser honesto vive no meio das aves de rapina que podem
atacar a qualquer hora do dia: o ataque pode ocorrer pelo celular; no portão de
casa; no carro que entrou por engano em algum bairro dominado pelo crime; no
carro parado para trocar um pneu ou em pane; em falsos acidentes; em ruas
bloqueadas com se fossem redes de pescar etc., na calada da noite e a qualquer
momento. O que falar dos crimes hediondos, os esquartejamentos, os corpos sendo
jogados em terrenos baldios com se lixo fossem, os espancamentos de ira total,
sem piedade e muita frieza de caráter, os maus tratos ao Próximo, revelando um
desamor pela vida. A criatividade para a
maldade é enorme e inesgotável. Em cada crime, roubo, assalto denuncia-se a
falência do Estado, enleado em sua burocracia e eterna falta de verbas. O que interessa haver Justiça após o crime? E
que Justiça ágil temos numa pátria enrolada em burocracia?
É a selvageria e o medo. O estado de tensão. Pior do que o
terrorismo esporádico é o terrorismo permanente na guerra civil à tarde e
noite. A vida cruel nas ruas, a vida do dia a dia em perigo. Em meio a tudo
isto a infância descurada, negligenciada física e moralmente, abandonada. A
juventude violentada. As sementes do futuro estão contaminadas. Como não colher
resultados? Um país onde o Governo paga pela construção de escolas que não
foram construídas e o índice de inflação é afetado pela variação do preço do
tomate. Ora bolas! Isto deve ser no mínimo parte da rede das grandes mentiras e manobras da mentira.
Polícia Federal e Ministério Público não são suficientes para acabar com isto.
Nas ondas diárias do mar de corrupção que envolvem o país,
fala-se em milhões e bilhões com se fosse amendoim e pipoca, numa distribuição
de naturalidade espontânea. Alguns partidos e alguns políticos, buscando
defesas absurdas frente a veracidade; querendo exigir prova escrita neste tipo
de delito. Agem e falam como se tudo que fizeram fosse um direito de assaltar.
Enquanto isto a população arde com o desemprego e a violência; em qualquer lugar
há um pai de família desempregado e com contas vencidas, com filhos a passar
fome etc. etc., ferido em sua responsabilidade familiar mais relevante, em sua
honra e dignidade. E as “elite” da política e do crime, assaltando as obras
públicas, sem piedade; quebrando a economia, afetando a vida do país. Uma atitude de dilapidação, um ato egoico que
colocou o país diante da Vergonha internacional. Será que os políticos
malfeitores com sua plêiade de seguidores e imbecis subalternos do crime
preocupam-se com a tensão gerada no meio familiar devido à falta de dinheiro e
de emprego? Será que pensam na criança que à beira da morte espera para ser
atendida no posto de saúde? Será que se preocupam com o policial e sua família?
Obviamente que não, pois o megalomaníaco só pensa em si e seu umbigo.
O dano causado ao longo de décadas e séculos desta prática
corrupta hoje é cruel, revela falta de amor ao Próximo, ato de facínoras,
apátridas contra as famílias brasileiras.
Que país deveria ter sido este sem toda esta devassa? Que
país é este, onde um partido atrás do outro tenta jogar o mesmo jogo
endinheirado, onde se tentou até alegar que era tudo imaginário acusatório e
defensores tentaram alegar que isto tudo não era dinheiro de origem pública?
A miséria material, as consequências do analfabetismo e
semianalfabetismo, a contrariedade ao ego, o fisiologismo etc. não são,
todavia, suficientes para justificar a violência, a falta de amor à vida, ao
Próximo, o menosprezo pelo coletivo e a raiva social contaminando os relacionamentos. São elementos que ajudam a formação de um
quadro onde a sociedade é infestada por elementos inferiores que se unem para
construir o modo de pensar agir. Entre estes elementos está o Pragmatismo, o
qual se uniu ao utilitarismo e ao racionalismo, métodos exclusivos para
produção e comercialização, que acabaram contaminando e condicionando o ser
humano, tornando-o uma mera peça útil para a produção.
A tríade produtiva, aplicada de 8 a 10 horas por dia ao
trabalhador, transferiu-se rapidamente para o relacionamento humano, fazendo
com que as pessoas não acreditem no Amor ao Próximo e na a afetividade, a não
ser a sexualizada; o sucesso de qualquer relacionamento entre homem e mulher
medido pelo sexo, sem ele nada persiste, o que traz ainda mais contrariedade e
insatisfação.
A redução da vida a uma realidade seca ,gerou agruras
sentidas por algumas gerações e já integrantes do comportamento de outras sem
muita dor, de modo que da vida foram aos
poucos se retirando do cenário humano o afeto, o romance, a poesia, o belo.
Cordialidade, delicadeza, sensibilidade, gentileza, respeito e consideração já
somem da vida diária e quando praticados são fatos de exceção e recebem por
vezes desconfiança. A conversa e o humor dos operacionais há muito tempo não
tem requinte de sabedoria, pois ficou na descrição de atos rotineiros, o básico
sem qualquer reflexão. Prevaleceu o mecânico, o útil, o interesseiro, a
robotização e o condicionamento para usar o Próximo. É hoje o centro motivador dos seres enfiados
em rotinas pragmáticas, uniformizadas e utilitárias. Esta realidade vai desde a
linha de produção até a vida em escritórios. Oito ou mais horas ali e temos o
perfeito robô, o legitimo filho da chocadeira que vai para casa, cego.
Quem pensa que o humano não está morrendo se engana; mesmo
afogado em dinheiro, coisas materiais e grandes e pequenas obras públicas, o
humano aqui está virando robô frio, calculista e interesseiro num sistema onde
os relacionamentos começam a ser perigosamente conduzidos pelas regras de
“dente por dente , olho por olho” e expostos ao ego e sua ira quando
contrariado, a semente da violência.
Inevitável os efeitos do pragmatismo quando a multidão só
tem como perspectiva de vida o papel de tarefeira e consumidora na mão de
executivos subdesenvolvidos, diretores autoritários, atrasados e mal preparados
que objetivam operacionalizar sistemas corporativos igualmente imbecis e fazer
de suas mesas um balcão de negócios políticos e financeiros ou no mínimo ganhar
dinheiro e só.
O pragmatismo uniu-se assim a todos os “ismos”,aqui
customizados a nossa maneira, e tornou o humano um mero seguidor tarefeiro, sem
alternativas outras para sobreviver; sob suas teias, o humano passou a ter que
pensar em “viver”, mas não “ como viver” ou melhor “conviver”. Certamente
porque só um tarefeiro manipulado pode ser alienado a ponto de facilmente
aceitar as falácias, mentiras e teatros do mundo político, governamental e
corporativo, agora revelados e que eram estruturados para favorecer interesses
de empresas financiadoras de propina. E houve dias nesta Pátria que pensar, questionar e criticar era subversão, era crime
contra a segurança nacional. Os efeitos foram devastadores. Hoje nem há está
preocupação, pois a crítica construtiva inexiste.
No dia a dia, seja no ambiente de trabalho seja em casa, é
ressaltado o lado seco da vida, portanto, uma vida seca. Enfim, um comunismo,
não só o material determinista, mas o emocional, militando para tornar todos os
cidadãos iguais, ou seja, contrariados, insatisfeitos, violentos em potencial.
É natural que o humano submetido a tal escravidão mostre reação violenta,
irritada, intolerante e intransigente ou fique também doente sendo obrigado a
tolerar e engolir tal sapo.
Como dar valor à vida de si mesmo e a do Próximo? As vidas
secas, pragmáticas, interesseiras, estão em todas as ditas classes sociais e as
consequências igualmente brutais e violentas. A revolta consciente ou
inconsciente torna-se o campo é propício para o negativo, para a adoção de
modelos de quinta categoria, importados
de outros países e/ou do mundo das trevas, do caos.
A preferência por imagens de caveiras, bodes, figuras
assustadoras e demoníacas em vestuário e no próprio corpo denuncia a opção pela
imagem negativa. É para afastar Próximo, com a mensagem horrível de “cuide-se,
eu sou mais violento do que você, não se aproxime”. Também um indicativo de que
pessoas não acreditam em mudanças em suas vidas e na do país, pelo que assumem
uma imagem despreocupada. Isto pode ser só fantasia, aparência e alegoria, mas
pode também ser só a ponta do iceberg de uma realidade em formação e sem muita
perspectiva.
A juventude e as pessoas já teria entendido que não adianta
mais insistir? Não vale a pena viver? Não é bom e necessário seguir modelos
honestos? Muitas são as perguntas que as gerações retirantes estão a fazer, mas
quem herdará o Brasil é a juventude atual e futura e que Brasil será este? Que
imagens esses maus políticos, governantes e executivos atuais estão deixando na
vitrine do museu do futuro a ponto de terem gerado tal desmotivação? Estaremos
condenados a ser uma eterna feirinha de importados com produtos de quinta
qualidade, campo de prova de medicamentos, área rural do primeiro mundo? Será
que a juventude já aceitou isto e não entende que estão mexendo no futuro? Ou
entendeu que a mexida já o contaminou de tal modo que nada adianta mais?
Seja lá o que e como seja, o negativismo e o pessimismo
estimulados por determinados setores do comércio e indústria é derrotista,
condiciona jovens a seguir um modelo entreguista que não dará bons resultados.
Não há boa essência em nada disso.
Como promover o espírito empreendedor e o progresso do país
no campo material e moral, se todo dia há um ambiente cheio de exemplos,
modelos ruins e efetiva violência?
O campo é favorável ao pragmatismo e sua vida seca, ao
utilitarismo e seu intuito interesseiro, ao racionalismo e seu vício de
berço quando aplicado no relacionamento entre humanos. Se
tais “ismos”, aliados ao individualismo, continuarem a doutrinar as relações
humanas, certamente os efeitos do ego contrariado serão muito piores e a
selvageria será um modo de vida antes de a
civilização chegar ao Brasil. Continuaremos a assistir um verdadeiro
filme/ série, com inúmeras temporadas, fazendo o horror social, é o que virou a
vida em qualquer lugar, exposta ao crime. O cidadão se encolhe. O nivelamento é
por baixo no país das quadrilhas. A mediocridade é o grande vazio da vida
cotidiana. A população ajoelha-se ao
medo e chora os seus, que o crime levou ou pode ainda levar. Precisamos de um Trump ou de um Rudolph
Giuliani com tolerância zero para limpar o país?
Enquanto a educação não for prioridade, enquanto houver
negligência quanto aos caminhos da juventude, nada ficará como está, vai
piorar. Como ser otimista, se a realidade mostra todos os dias quadros cada vez
piores? O Enem de 2017 focará em Matemática e Português. Não é este o
reconhecimento oficial de que chegamos ao fundo do poço? O Governo está sendo
pragmático como sempre. Bom, para que cultura geral com História e outras
disciplinas que enobreçam e tragam esclarecimento ao Ser em sua totalidade e
deem uma visão geral da Humanidade, se a grande maioria das pessoas , digamos,
vai passar de 8 a 10 horas por dia, de pé na linha de produção, por exemplo, cortando
frango e picanha para exportar? Quem vai repensar o país para o progresso
humano como prioridade? Como está nosso ensino superior? A miopia de interesses
pessoais negou melhorar o futuro de muitos talentos. Como foi nosso
investimento em ciência e tecnologia? Há como formar superbrasileiros honestos
e isentos para isto? Enquanto ficarmos na luta já saturada entre direita e
esquerda, nada irá para frente. Povo sem educação gera República e Governos
igualmente despreparados; não pode ser diferente. Estamos longe do ideal de
Thomas Jefferson de um governo de pessoas altamente virtuosas e
preparadas. E o Presidente da República
já sobrecarregou os novos diplomatas com a hercúlea tarefa, dizendo “ vocês
devem mostrar lá fora que o Brasil não é um “paiseco” “. Difícil missão
diplomática a de acabar com a síndrome do cão vira-lata. No retorno de viagens
internacionais, a primeira impressão que se tem é a da “liberdade” existente no
Brasil, mas agora tal liberdade mostra sua cara, pois foi facilitada pela pura
“negligência”, “descaso” com tudo e todos aqui. É o mesmo que acontecia com os
que antes se vangloriavam do “jeitinho brasileiro” e hoje sabem que tal
jeitinho era e é pura “ corrupção”.
Ademais esta negligência e este jeitinho existiam porque os governantes
estavam para lá de ocupados com seus
umbigos megalomaníacos, descurando da coisa pública e do verdadeiro interesse
público, deixando o povo livre e só dele se interessando na mediada em que a
obra projetada para dar propina pudesse ser objeto de propaganda eleitoreira
para garantir votos de reeleição.
Os modelos estão saturados, não se consegue avançar para
construir uma sociedade livre, justa e solidária, erradicar a pobreza e a
marginalização, reduzir as desigualdades sociais e regionais e promover o bem
estar de todos, conforme prevê o artigo 3º da Constituição, onde certos
políticos tornaram-se a nobreza em plena República com diretos de montar
esquemas para assaltar os cofres públicos à luz do dia como execução de suas
reuniões noturnas ou diurnas.
Ao cidadão honesto só cabe colocar um olho no prato e outro
no gato. Bom, pelo menos neste Brasil aqui, conseguimos responder algumas das
grandes questões filosóficas da Humanidade, pois sabemos de onde viemos, quem
somos e para onde estamos indo, aliás, voltando. E enquanto eu escrevia este
texto, o muro do vizinho ganhou pintura nova: rsssssssssss