3.6.2018
Pensar em reformas que sejam necessárias, não ilusórias.
Antes de mudar, o país
precisa pensar. Algumas ideias têm surgido a esmo, mas ficam de lado porque
sufocadas pelos interesses predominantemente políticos de momento. Já é algo,
um início, que mostra que há gente patriota e interessada nas futuras gerações.
Falta união, todavia. As mudanças devem atender à Nação, ao país e não a
esquemas de interesses de partidos e seus meios de financiamento, os quais
transformam interesses privado em público e só dão prioridade a ideias
umbilicais de momento e que sirvam ao propósito eleitoreiro, a preservação do
umbigo.
Ideais que se encaixem nos
objetivos justos e benéficos para a Nação estão longe de serem complexas, se despojadas
dos interesses mesquinhos dos inquilinos do Poder a qualquer tempo. Os
objetivos de uma reforma não passam de ajustar o Estado para que qualquer
cidadão sinta-se seguro, saudável e educado para colocar em prática seus
objetivos pessoais de humano comum. A base da Nação é o cidadão forte e bem
instruído.
A Constituição da República
prevê que os fundamentos da República são a dignidade humana, a cidadania e os
valores sociais do trabalho e os objetivos são ter uma sociedade livre, justa,
solidária, desenvolvimento nacional e promoção do bem de todos. Não é nada
complexo nem enliado em algo místico se os cérebros estiverem limpos para
pensar sem a contaminação de ideologias pequenas.
Certamente, não se objetiva
tornar o cidadão comum um “Robocop” nem um
Sócrates nem um Diderot, bastando que o cidadão se sinta confortável,
seguro, livre para fazer sua vida com prosperidade e sinta-se feliz, saudável
para procriar e produzir conforme seus valores e objetivos pessoais, educado
para se qualificar e entender e criticar o que se passa em sua pátria. Não é
cultuando o negativismo, adotando modelos errados de outros países e sempre
pensando no caos que iremos atingir algo bom.
Ajustar o Estado, mediante
verdadeiras revoluções culturais é uma lenta missão, atualmente exemplificada
com a atual operação chamada Lava-jato, que iniciou cheia de dúvidas, sem saber
a intensidade e profundidade do mal que estava fadada a combater: a corrupção.
Novas gerações e as atuais sentiram na carne o efeito da corrupção e como ela
segue arraigada no comportamento nacional com evidências claras na coluna
vertebral da política nacional. Embora os esquemas nacionais resistam ao seu
desmonte e esquemas estaduais estejam aos poucos sendo revelados, a luta contra
a corrupção é essencial, necessária e justa. Implica Amor ao Próximo e ao país,
não pelo valor monetário envolvido, mas pela existência cruel de uma índole
perversa de oportunismo, de falta de valor quanto ao trabalho, da desigualdade
na concorrência, de espírito de vantagem sem fim etc. Parte de uma cultura
nefasta.
Outras revoluções,
igualmente culturais, dizem respeito ao comportamento de cada cidadão na sua
vida pessoal e quando ocupante do Poder. Toda e qualquer revolução, neste campo
pacífico e educacional, deve tender ao alcance de uma realidade nacional em que
qualquer cidadão não tenha vergonha de ser patriota, de cantar hinos da pátria
e não tenha vergonha de dizer que é brasileiro, que vem da América do Sul; mas
que se sinta orgulhoso de dizer que é brasileiro em qualquer lugar o mundo e
que isto não represente ser alguém vindo de uma terra nos confins da América
onde só há banana, café, turismo sexual, futebol, carnaval, caipirinha, as
praias do Rio e corrupção moral, financeira, ética etc. O ideal é que se sinta
orgulhoso e confiante nas pessoas que ocupam as instituições nacionais e
agradeça ao apoio do Exército Nacional, a Justiça, a Promotoria Pública e a
Polícia Federal.
O orgulho de ser brasileiro
tem que ser resgatado e as reformas têm que se dirigir para os objetivos
nacionais, fazendo com que a síndrome do “cachorro vira-lata” deixe de
prevalecer. Para este fim, é necessário sacrifício para um objetivo comum, o
engrandecimento do Brasil. Como construir e avançar solidamente baseando-se em
cidadãos com problemas constantes de
autoestima, depressão, tentando a toda hora fugir para vícios danosos
etc., o que os leva a viver no limite, enfraquecendo a mão de obra para todos
os setores. Como depender de alquebrados cidadãos para construir e avançar?
É certo que fazer mudanças
com dinheiro mal distribuído no orçamento é um desafio. São mais de três
bilhões recolhidos em impostos por dia e o Governo apresenta déficit mensal.
Dificilmente, em tal contexto, qualquer item de reforma deixará ser restritiva
e com viés de diminuir o Estado em suas funções atuais. Por isso mesmo, é
exigido pensamento e sabedoria para fazer reformas que garantam a receita
tributária, não estufem o Estado e garantam o progresso do cidadão e das
empresas dentro dos princípios de ordem, progresso, economia de mercado livre e
foco no humano.
Não podem ser reformas só
para adequação de orçamento e adequações politiqueiras de momento em tempos
de crise econômica, pois quando o país voltar a crescer em 2020, iremos ver que
adotamos reformas de mente pequena, baseados em sacrifício do humano e
favorecendo empresas e Municípios que não recolhem tributos porque a
fiscalização é precária ou má conduzida.
É preciso criar objetivos
mais nobres, que contribuam para a construção de uma conjuntura a fim de fazer
com que os jovens queiram vencer pelos estudos; que a população deseje vencer
seu umbigo animalesco e fisiológico e ache soluções para seu futuro e que este
não seja entendido como algo que vai cair do céu, ou seja, fruto de um grupo de
políticos eleitos ou não, como parte de um sonho paternalista e de marcante
influência religiosa mal repassada para a população. O cidadão reduzido ao fisiológico é presa
fácil do individualismo, do pragmatismo, do racionalismo animalesco, frio e
calculista, do utilitarismo etc. Vive, portanto, como refém de
condicionantes destas linhas filosóficas,
as quais são facilmente transferidas da linha produção-comércio para o
relacionamento pessoal, cheio de contrariedades, conflitos, violência e
selvageria. Prevalece o tosco, o bruto, o violento, no egoístico esforço de
sobrevivência em competição e rivalidade como o Próximo.
A Educação formal e de
qualidade é que poderá fazer o país trabalhar para exportar, ganhar divisas,
dinheiro novo, com a qual poderá ser criado algo mais elevado coletivamente.
Sem educação continuaremos a ver cenas de fisiologismo explícito em todos os
campos com a predominância da selvageria, do quebra-quebra, da ignorância, da
invasão de prédios públicos e baixaria física e intelectual. Repito sempre Darci
Ribeiro que antes de morrer disse que havia sido vencido em seus objetivos para
a Educação, fracassado, mas seu fracasso era sua vitória, pois jamais gostaria
de viver um dia do futuro de seus vencedores.
É o que estamos vendo atualmente.
A nossa pátria não crescerá
com ideologias defasadas no tempo que só recebem adeptos em tempos de crise e
miséria, colocando-se como salvadora das gentes e no objetivo de se aproveitar
da população a fim de alçar ao Poder um grupo de comando perpétuo de grupos de
poucos.
Se continuarmos a apedrejar
as Instituições e desejar o negativo, vamos tê-lo e o ego será o regente da
vida sem exceção. Se todos só desejam o mal, ele virá, pois vem fácil.
Construir leva tempo, destruir é muito fácil. Uma vez conquistadas, na evolução
de uma sociedade, a Democracia, a Ordem e o Progresso como objetivos nobres à
coletividade, não é com ego e ignorância que faremos algo bom. Se acreditarmos
em igualdade social e liberdade, sem trabalho e dedicação, esperando ajuda
paterna, logo veremos as divisas acabarem e a economia nos fustigar com dias
muito piores. Brincar com a Economia é negar que 2+2 são quatro.
A briga entre direita e
esquerda não deixa o país ir para frente; são necessários objetivos
patrióticos, com base no amor à Pátria, amor ao Próximo, união nacional para
objetivos comuns.Na falta deles,estaremos sempre nas fronteiras perigosas da
miséria intelectual com reflexos diretos na material. Não há milagre sem
Educação. Mais perigoso é aceitar o nivelamento por baixo, a mediocridade e
assumir como irremediáveis e aceitáveis os padrões de miséria.
Com pessoas sem espírito
esclarecido, sem objetivos que levam a uma vida sólida, estável e acreditável,
ficaremos sempre na beira da estrada do progresso e, pior, à mercê de
ideologias baratas, principalmente, a niilista, que deseja infantilmente, ver o
fundo do poço, o caos, para daí reconstruir tudo dentro de sua concepção de
mundo imaginado há mais de 100 anos atrás, tudo ,certamente, baseado na
antidemocracia, no anticapitalismo e sempre norteando-se pelo princípio de “
quanto mais carente e inculto o povo, mais fácil controlá-lo e mais fácil
perpetuar-se no Poder, como um clubinho partidário, sustentado obviamente por
pesada propaganda mentirosa e fascista”. Pessoas sem esclarecimento são alvo
fácil disto, pois por falta de visão crítica advinda de uma Educação formal,
tendem a desconhecer leis, regras, estruturas do Governo e órgãos públicos, o
vocabulário formal e desacreditam tudo que é formal e estabelecido, partindo do
pressuposto ainda mais atrasado de que a estrutura social existente não lhes
deu nada e , portanto, é necessário destruí-la, para que consigam sair da
miséria. Crença que é bem estimulada quando se revela que políticos e seus
partidos por décadas só cuidaram de enriquecer à base de propinas e interesses
pessoais divorciados do povo. Isto só favorece a frase dita por um escrito
famoso carioca “o Brasil conhecerá a barbárie antes de chegar á civilização”.
Na ausência de políticas
claras e duradouras, ficaremos expostos a cutucões de movimentos políticos de
momento, que visam resolver problemas do umbigo de cada um, seja mediante a
promoção do caos em setores específicos ou colocando a sociedade toda em apuros
de economia de guerra, sem nenhum pudor ou preocupação com o cidadão, sua
família e a sociedade organizada num total desrespeito à dignidade humana.
Deve-se lembrar da frase de um famoso carnavalesco “o povo gosta de luxo, quem
gosta de miséria é o intelectual”.
Só resta lembrar que o
Exército tem por função institucional manter a Ordem e a Democracia. Qualquer
delas em situação concreta de perigo faz com que o Exército tenha que
atuar. Mas seu objetivo está limitado a
tal, sem arvorar-se em governar ou transformar o país em um quartel.
Outro desafio é fazer com
que os donos de interesses possam ser convencidos da natureza das mudanças
necessárias, pois mudança nunca é bem vinda para quem não quer se preocupar com
novos sistemas e modos de gerir a vida. O comodismo e a preguiça são parceiras
da estabilidade para alguns ,que cegos, não veem a realidade necessitando de
mudanças e não identificam o crescimento de realidades que vem se formando aos
poucos. Adoram o chavão” não se mexe em time que está ganhando ”. A questão é
saber se a vitória é de qualidade ou é egoística. Mas é sempre legítima a
resistência pacífica e bem fundamentada ao populismo e à politicagem
eleitoreira, quando se sabe que são medidas para o momento e que não levam a
nada de bom para o futuro. Fantasmas que sempre rondam a América do Sul e seus
países com tendência ao caudilhismo. Faltou identidade e caráter para fazer
frente às medidas populares dos últimos 10 anos e agora a crise sem precedentes
num país caído, administrado no limite de tudo. A quem aproveitam a fome, o
desabastecimento, a mortandade e a ameaça à vida e à Ordem e Democracia?
É certo que em país
emergente, a História é nova e tudo está ainda em formação, mas a pouca
experiência democrática tem demonstrado que populismo e socialismo só são
possíveis com muito dinheiro em reservas. Como estas acabaram e o país é
administrado no limite, vale o que já disseram: “o socialismo é bom, até que
acabe o teu dinheiro”.
O momento então passa a ser
de repensar e pensar em como reconstruir as bases para o futuro. Quem pensa no
futuro quando o presente ocupa todas as preocupações para a mera sobrevivência
e a classe política está preocupada com as eleições?
O maior desafio do
pensamento é livrar-se de certos itens de cultura que foram se apegando ao
comportamento e viciando as bases do pensar.
Será muito difícil qualquer
mudança, se continuarmos a ver o acesso a cargos públicos e emprego público
como a grande oportunidade de vida “para se fazer, se arrumar “, fazendo do
Governo um grande balcão de negócios, numa grande venda, onde a eleição e o concurso
público são passaportes para enricar e ser importante em esquemas de quadrilhas
que assaltam de tempos em tempos os cofres públicos pela via indireta do
superfaturamento de obras e serviços, falsas contratações etc. ou simplesmente
se aposentar .
Muitos pensadores nos
inúmeros setores do país certamente terão suas ideais, mas a reforma mais
fundamental será a da educação que em longo prazo acabará com todas as mazelas
que se possa apontar para a realidade atual.
A Educação serve para as
novas gerações poderem construir o seu país e não persistam em ficar esperando
que os céus possam melhorar. Hoje, para a grande maioria da população, Deus
explica tudo que a falta de esclarecimento não deixa entender na vida. Com Educação
de qualidade, os jovens poderão também entender o lado espiritual de tudo, o
cerne da questão, e lutar contra o ego, buscando a reforma interior, base para
toda a construção exterior.
Enquanto, o adequado nível
de esclarecimento não é alcançado, a realidade favorece a espera de alguém
forte para colocar a fazenda em ordem, alguém com poderes de Super-homem, que
venha resolver com autoritarismo, disciplina, censura, patrulhamento etc. a
vida, que milhares de pessoas com suas associações, partidos etc. não têm
conseguido. Tal espera é bizarro objetivo de quem não conhece a História e seus
desdobramentos e nega que a solução verdadeira é a democrática, construída no
debate e evolução dos meios de participação.
Sem Educação formal,
clássica e enciclopédica como prioridade, nada vai acontecer de sério nos
próximos 20 anos. Seria excelente plantar agora para colher no futuro, mas isto
não dá voto, não garante a reeleição, posto que são obras invisíveis. Ademais,
a Educação de qualidade qualifica, abre a visão, aumenta o espírito crítico e
as exigências do cidadão. A quem interessaria isto?
Enquanto tudo é lento em
reformas de base realmente necessárias, justas, sóbrias,continuaremos egóicos,
contrariados, e, portanto, intolerantes, autoritários, inflexíveis, violentos
física e moralmente, conservadores burros, oportunistas do “ganha-ganha”,
concentrados no umbigo e sem paciência para o debate.
Diante de 96 % de
semianalfabetos, onde só 8% podem ler e interpretar um texto, nada mudará para
melhor, se nada continuar a ser feito na Educação. Repita-se, cidadãos, sem
conhecimento da estrutura estatal e da vida formal, não têm condição de dar
valor aos órgãos e ao patrimônio público e muito menos ao Próximo, o qual é
visto como inimigo a ser eliminado; não têm nada a perder, mormente quando todo
o arcabouço estatal não lhes ajuda a melhorar a vida. E nossas instituições,
por outro lado, continuarão a ser ocupadas por muitas pessoas que espelham a
mentalidade feita pela realidade econômica, política e social, com a missão de
preservar o umbigo, antes de tudo. São excelentes instituições com seus
estatutos, regulamentos, missões constitucionais, mas onde pessoas agem
conforme a cultura do país e não deixam de refletir a pobreza intelectual
norteada por objetivos pouco nobres.
Este desconhecimento dos
meios formais assume mais força e abre campo para a bagunça, a qualquer tempo e
por qualquer motivo, quando hoje a sociedade começa a se organizar horizontalmente
através das redes sociais, agindo emocionalmente, desrespeitando regras e os
instrumentos de representação tradicionais, os quais estão sendo rejeitados e menosprezados
como legítimos representantes do popular. Desafio para as instituições e para o
Governo. É preciso saber ler os sinais que a realidade está dando, para possível
adequação do Governo e instituições aos tempos atuais.
Para mudar é preciso muito
mais do que palavras bonitas e frases de efeito e de mera esperança por parte
de políticos amedrontados pelo que poderá surgir das urnas em 2018. Falsamente despidos de
suas mazelas e culpas individuais, políticos apresentam-se como inusitados
idealistas, encampando os desejos populares, muitos de momento.
Sem Educação e afogados em
burocracia, corrupção, dúvidas e desconfiança, passados 518 anos e ainda estamos perguntando
que Brasil queremos.
Robert Frost, poeta,
escreveu o poema “The Road not Taken” onde disse :
“Two roads diverged in a
wood, and I- I took the one less
travelled by, and that has made all the difference. “
Odilon Reinhardt. 3.6.2018