domingo, 3 de maio de 2020

Eles sempre estiveram entre nós.


                                          
                                            
                                               
                                               Eles sempre estiveram entre nós.

O ser humano e seu polêmico surgimento neste Planeta. Teses e teorias, milhares de escritos e livros se revezam. A origem espacial? Possível imigração marciana ou venusiana? Questões em exploração? Teoria da evolução?
O fato é que o humano espalhado pelos continentes, nesta quadra da sua diversificada evolução, gosta de admirar a maravilha das paisagens, campinas e montanhas, mares e lagoas, uma beleza, uma composição, um concerto sem igual no planeta azul. Todavia, o ser humano continua a impor sua presença num ambiente no qual sempre encontrou inúmeros problemas de adaptação e inclusão; parece a ele não pertencer.
A luta do humano contra o ambiente é secular, vive com ele brigando; só consegue progresso destruindo, poluindo e envenenando à exaustão. Só consegue proteína devastando e matando.  Luta o humano diariamente para aqui permanecer, mas parece não ser aceito, precisa de milhares de medicamentos, uma parafernália química e de equipamentos para se defender contra inimigos invisíveis.
Vírus, bactérias etc. estão a todo segundo querendo comprometer a saúde, matar a vida, eliminar o humano, que só com sua ciência consegue alguma vitória. Montou uma verdadeira indústria para tal fim; polêmica por sua ganância e ética, reflexo dos defeitos humanos, mas indispensável para a manutenção da vida no planeta. Agora, tudo isto é colocado contra a parede, pois tal indústria terá que usar a verdadeira ciência para segurar sua clientela viva, a própria Humanidade, a toda hora provocada e desafiada.
Em 2020, as forças microscópicas avançam; mais uma vez vieram para matar em massa. Um vírus diferente, mutante, inteligente está no ataque; faz patrulhas de destruição impiedosa, rápida, muda hábitos e costumes, altera a vida. Parece ter pressa, quer o maior número de vitórias contra a ciência humana. Espalha medo, incerteza, insegurança, desconfiança, discórdia  e atiça o ego de governantes e autoridades. É traiçoeiro e silencioso. Faz o humano pensar na dimensão da vida.
De onde veio ou vieram? A ciência se contorce e demora a responder; foi pega de surpresa. Seria um exemplo de aplicação da Lei de Malthus, onde a própria Natureza cria o controle da espécie?. Não importa, pois a existência do vírus é real, racional, desconhece as estruturas materiais e espirituais criadas pelo humano; esconde-se, não quer comunicação, só ataque. O ego de defesa animal, presente no humano, e seus auxiliares mais refinados como a emoção, a ilusão, a fantasia e a fuga vive na ansiedade, na impetuosidade e emoção, todos detalhes menosprezados pelo vírus que não quer saber de nada disto e espreita sua caça para matá-la em qualquer lugar. Alienígena ou não, o vírus já estava entre nós e de tempos em tempos vem se aprimorando para nos eliminar.
As estruturas humanas para prover proteína a favor da  população, agricultura, indústria e comércio se assustam, entram em pane. Pouco importa ao vírus a política; as disputas por dinheiro e poder, perdas e ganhos lhe são irrelevantes.  O vírus faz de todo o aparato e classificações criadas pelo humano um detalhe insignificante perante o valor maior que é a vida e sua existência. Derrota as coisas e os negócios do mundo do Ter e do Fazer, ameaça o Ser, amedronta  o viver, o conviver e o próprio sobreviver, este último com ênfase de prioridade emergencial; coloca em cheque as cerimônias, crenças e crendices imaginadas pelo humano que fica estarrecido com a inaplicabilidade de tudo diante do momento gerado. Todo o previsível tornou-se imprevisível; a Humanidade  embarca no escuro de um navegar  que se espera não seja de Caronte.  O medo cria fantasmas e tem alguns aliados perante suas próprias vítimas como o negacionismo (reação típica do humano frente a falência de sua realidade sonhada), a ignorância , o analfabetismo, a alienação, o desconhecimento básico das noções de ciência e por que não a repetição pela mídia de mensagens à exaustão, que podem ocasionar uma banalização e recusa a escutar notícias.  
A única saída parece ser a é racional, científica. Não adiantam boas e belas  palavras, intenções, objetivos e poesia, que valem, como sempre valeram entre os humanos por  acalento e apoio, mas não para a guerra entre Ciência e o microscópico monstro. Contra o monstro invisível só a ciência, fria, calculista, racional e, agora esforçando-se para ser eficaz. Ou mata-se o vírus ou morre-se. Só a ciência humana, com vacina e remédio, poderá salvar o humano desta invisibilidade. Governos e governantes se batem quanto às estratégias de combate mescladas à pressão econômica para evitar danos históricos e políticos para as economias. Autoridades eleitas negam o caos por não acreditar que seus planos de governo estão sendo severamente alterados, o sonho inicial não vale mais. De nada adiantam opiniões, bom senso, devaneios e delírios, retórica e demagogias pessimistas ou otimistas em palavras; eles simplesmente não se comunicam como o vírus e deixam ressaltada a total ineficácia das criações humanas perante um inimigo invisível, que age isoladamente e usa o humano como vetor, tornando-o inimigo dos demais; desafia o poder de controle dos Governos, a previsibilidade. Mesmo que o corpo de cada pessoa reaja com suas próprias forças com a ajuda dos equipamentos humanos, a ciência médica não sabe, com precisão, o que ajudou a curar. Milhões de remédios até agora desenvolvidos; nenhum serve contra o vírus. E por resto, a aparente vitória da assistência médica, representada em cada sobrevivente, não afasta sequelas que comprometem a vida do indivíduo talvez por tempo ainda incerto.
O humano conta com a sorte, espera pelo depois e usa oração  para que o vírus fique longe de seu corpo e amigos, sem ter noção alguma quanto à localização do vírus.  Ao humano só cabe torcer, ter fé, esperança, ilusões sempre presentes na vida, principalmente quando a realidade de seu país é emocional, passional, face o alto grau de analfabetismo. Só cabe esperar, rezar e torcer. Um país torcido e distorcido também por meios sensacionalista que fazem picadinho da audiência nesta hora. Redes sociais espalham “fake news”. No geral, informações são generalizadas com dados incertos, o que desafia o.   poder de discricionariedade da arrasada audiência, cujo sorriso já foi retirado há muito tempo.
Tampouco importa a politização da crise e disputas eleitoreiras. Neste sentido,  o humano procura culpados, quer punição, quer responsáveis, quer explicações, quer saber de onde veio o vírus, se foi criado ou não. Há suposições interesseiras quanto ao criador e suas intenções, ideologia e objetivos. No momento não é boa tática, pois o que interessa é o vírus em si e seu poder de fogo mortal.
O fato é que o humano sempre gastou trilhões para investigar sua solidão no Universo. Age sempre de modo exteriorizado, deixando de dedicar ações efetivamente eficazes para a investigação microscópica e seus ataques cada vez mais constantes contra a vida humana. Sempre agiu como um lunático que gasta seu tempo na janela admirando o céu e as estrelas e esquece de olhar sua casa que está ruindo e pegando fogo. Na ciência, quer descobrir planetas semelhantes à Terra, vida ou possibilidade desta no Universo, e acaba menosprezando  seres existentes, reais, microscópios que sempre estiveram entre nós e querem matar a toda hora. Agora o desafio não é como chegar a Marte, mas como ter gente para chegar lá. Bilhões gastos em quimeras e alucinações da espécie e agora a ciência toda pega em total despreparo, para combater um ser microscópico, que parece fazer pouco caso da Humanidade, reduzindo-a e humilhando-a perante forças bem superiores.   
Na fantasia, o ser humano tem  imaginado seres alienígenas horríveis, em máquinas totalmente impossíveis de existir; distrai-se com produções artísticas, criando tecnologias idealizadas para o futuro em cenários de sociedades frias e calculistas, padronizadas e robotizadas, defendendo-se de invasões e destruição por alienígenas visíveis, esbalda-se em filmes de catástrofes e fim do mundo,  mas não considera que os inimigos já estão aqui e se preparam para a letalidade descomunal. O humano sempre foi levado a concentrar-se no visível, no palpável e adquirível ou não; concentra-se sempre na “broader picture”  e agora é atingido traiçoeiramente por algo da “very small picture of a smaller world” feita de seres malignos, vindos  para matar. 
Repita-se, pouco importa se são daqui ou de fora, já estavam entre nós, aprimorando-se a cada ano para atacar, certamente estudando e testando a fragilidade do corpo humano. Isto leva a indagar como eles serão em 2021 e nos anos do porvir? Darão uma trégua ou agora é o pretenso Confronto Final?   Por hora, atacaram indiretamente o tecido produtivo, as fábricas de dinheiro, a produção e distribuição de proteína, as estruturas humanas de circulação.  Ensaiam  golpes derradeiros?
Assustador? Certamente, mas nem tanto. Pegou muitos países de surpresa, mas o mundo, mesmo com os mínimos investimentos face outros gastos, conforme acima destacado, evoluiu e fez a ciência progredir. Desde a H1N1 da Gripe Espanhola, que no começo do século passado ceifou milhares de vidas, o mundo mudou em termos de higiene e padrões sanitários, a medicina evoluiu conforme a lucratividade do mercado, de modo que o vírus, desta vez, será pela ciência, novamente afastado e obrigado a se retirar.
No entanto, tudo exigirá paciência, persistência e espera, o que afronta uma população que se acostumou com a “virtualização” de tudo, tornando-se vítima da ansiedade, da intolerância e da impaciência, sempre desejando a solução rápida e instantânea, sem precisar esperar nada, vivendo a época do descartável, do transitório.  Agora é a vez do grande teste humano. 
Ainda serão contabilizadas muitas mortes no diário número de infectados por um vírus que não sabemos onde está, tudo na indagação de como será depois. Poucos sabem o que fazer, no durante da crise, com suas vidas pouco intelectualizadas e muito condicionadas a seguirem padrões e modelos de massa e de consumo.  
O vírus matará muitas vidas. Até 2/5/2020, já eram no mundo 3.421.834 casos e 243.524 mortos, conforme a rede de TV CNN-US. Para muitos bebês, jovens, adultos e idosos já falecidos, este foi o embate final. Quantos mais?
Mesmo com todo este escândalo trágico e profundamente triste,  este vírus é menos letal que alguns aspectos que o próprio humano carrega consigo e alimenta todos os dias, o ego e algumas ideologias e crenças criadas que sempre matam e mataram diariamente em forma de violência física e moral, e que o humano já banalizou e nem junta dados estatísticos mundiais para tentar combater esta praga. O banditismo e a violência entre humanos matam mais no dia a dia.
A Humanidade ajoelha-se agora perante o vírus, mas segue se mostrando incapaz de cura para estes males interiores que corroem o comportamento e as relações humanas, resultando em morte aos milhões por dia. Poucos de dedicam a tomar atitudes reais e efetivas para adotar o esclarecimento (luz),  a compaixão ( amor) e a paz como meio de vida. Assim, o vírus do momento é grave e fatal, mas sua letalidade é até diferente perante o sacrifício humano imposto pelo ego, que destrói pessoas, deixando-as vivas. Necessário ressaltar que com o isolamento e afastamento, muitas doenças pré-existentes poderão agravar ainda mais o dia a dia de pessoas ansiosas, paranoicas, obsessivas e/ ou hipocondríacas, que vivem sozinhas ou mesmo  em grupos. A realidade do que está ocorrendo nos vários tipos de habitação humana deve estar no limite. Qual a dimensão e como isto explodirá? Mais um dos feitos e efeitos desta crise histórica.     
O vírus, no entanto, consegue seu intento, fez a revelação, mostrando o mundo dos mascarados. Afinal, faz mudanças como a de o humano agora não ter só medo da reação e ação do Próximo, mas da sua presença. Enfim, o Próximo como inimigo. Cobre de desconfiança as relações sociais mais amistosas, colocando os amigos diante da desconfiança.  Doravante, o medo não é só da aproximação de mendigos e pedintes, mas de qualquer ser humano de qualquer situação social. E tal afastamento e radical isolamento faz com que deixemos de ver seres queridos ou até conhecidos que neste meio tempo poderão ter o cartão de existência vencido, dependendo da fase da vida em que se encontrem e como sentirão a solidão.  Triste realidade. Já há até enterros solitários para pessoas de grandes famílias e outras de grande prestígio social, a vala comum, feita com trator e em caixões toscamente feitos de madeira barata. Inúmeras situações surgem a cada dia e quantos nem sabem, mas estão vivendo seus últimos dias ou quando viram pessoas queridas pela última vez, era efetivamente a última vez.  
O vírus, em verdade, acelerou tendências já em andamento há décadas, sentidas com mais intensidade em alguns países do que em outros. O ego agressivo, mais impulsivo quando contrariado, aparecerá agora mais globalizado na nova realidade? Talvez, mas continuará persistente e isto diz respeito à resposta à questão que já está sendo feita relativa a de se querer saber se haverá muitas mudanças depois desta crise. Certamente, a curto prazo, haverá mudanças operacionais no mundo do Ter e do Fazer , com reflexos no  campo comportamental, mas com o possível recuo do vírus estas desaparecerão; infelizmente pouca alteração aparecerá no Ser  normal das pessoas, a não ser aquelas que já estavam desejando mudar ou já estavam  num processo interno de mudança do mundo interior para maior consciência e possível caminho mais virtuoso. O fato é que seria surpreendente se houvesse mudança que aproximasse o humano do humano, afastando o mal ego que só cria contrariedade, ansiedade e conflito, sempre atrelado ao medo de perder.  Isto seria inédito, pois a História nos conta que depois de grandes ataques do ego no passado da Humanidade, nenhuma foi acompanhada de mudanças para melhor. Mais recentemente, depois que a gripe espanhola (H1N1) ter matado 50 milhões de pessoas, o mundo prosseguiu tal e qual e não evitou Hitler, Stalin, a Segunda Guerra, a Guerra do Vietnam e os conflitos raciais e religiosos atuais. Mudanças sempre ocorreram no campo da tecnologia militar ,com subprodutos para a sociedade civil, novos materiais, novos procedimentos, mais pragmatismo, racionalismo para o bem da produção, mas erroneamente adotados nas relações humanas com desastroso resultado, sempre dificultando a convivência e a adoção do esclarecimento (luz), compaixão (amor) e paz. Assim, é histórico que a manada incauta sempre prosseguiu até o próximo ataque, instintiva, seguidora, cega. Não aprendeu nada.  Possivelmente é o que veremos novamente.
Enfim, se o humano não mudar seu interior, é o umbigo que vai vencer; o ego estará, enfim, no seu reinado devastador, com auxiliares retirados do mundo da produção, qual sejam, repita-se, o racionalismo, o individualismo e o pragmatismo, que quando transportados da linha de produção para as relações entre humanos, produz o comportamento frio e calculista, próprio dos psicopatas, ou grosseiro e impetuoso, próprio do tosco e incauto. Se o humano aceitar a continuidade de tudo isto, seu comportamento egoísta marcará, doravante, a consagração do velho problema humano como soberano do “novo  normal”.
Quanto aos seres microscópicos, não há garantias nenhuma de que o novo ataque não venha como Covid-20, 21, 22... ou sob qualquer outra forma mais inteligente e aprimorada para matar. Até lá, a ciência talvez já tenha uma vacina e remédio para o Covid-19, como hoje já existe para as variações da gripe. 
O momento exige reflexão. Cabe a cada um refletir sobre o que está  aprendendo com a crise gerada por este vírus e a tentativa de caos por ele trazido. Se ainda não observou nem tirou nada para aprendizado, já é um grave sintoma pessoal, matéria suficiente para consideração no foro íntimo.
Para quem se interessar, abaixo há alguns arranjos de palavras que fiz para  ajudar a reflexão neste momento.
Odilon Reinhardt. 3.5.2020                                    

                                                 Teste humano.



Hora de apreensão,
a Humanidade treme,
extremada tensão e comoção. 

O humano se coloca longe do humano,
corpos em separação,
medo e pânico sano,  por vezes insano.

Há, desconfiança, incerteza, isolamento
receio, insegurança, pânico,
distanciamento e por vezes esquecimento.

Campo propício para a escuridão,
dias de trevas, mau humor, descrédito, pessimismo,
descrença , egoísmo e desorientação.

Tudo que só enfraquece e que não leva a nada ,
que só destrói , desconstrói , restringe,
só recolhe , prejudica e não ajuda.

Como inverter tal química?
Só com o pensamento positivo do mundo interior,
manter a cabeça acima e alimentar a alma simpática.

Quebra de hábitos pessoais,
rotinas alteradas,
não há perdão para erros fatais.

Com as notícias pela TV, muitos desesperam, há ansiedade ,
multiplica o egoísmo, o individualismo
e tudo parece piorar com a usual negatividade.

Solidariedade e fraternidade?
Impraticáveis por ações do fazer direto,
uma inusitada adversidade de verdade.

A amizade, afetividade, amor, compaixão,
nada de beijos e abraços, só por palavras e telepatia;
mandando para o Próximo muita comunicação e oração.

Como esquecer o próprio umbigo,
o prejuízo, do dano físico iminente,
e voltar-se ao Próximo como amigo?

Como deixar de lado o egoísmo,
o medo, a ansiedade pessoal
e privilegiar o humanismo?

Como ajudar, como manter o moral
sem ações, sem o fazer etc.?
É a hora das palavras, do conforto mais especial. 

Não podendo abraçar fisicamente,
agora, são as palavras que podem levar e trazer
o conforto que a alma pode dar à mente.

Na imensa população de nosso planeta solitário,
o punhadinho de gente que conhecemos
merece formar uma rede de fé no esforço diário.

Entre os conhecidos estão pessoas únicas também
que marcaram presença significativa em nossa vida
e merecem atenção neste momento em que cada um é refém. 

Pessoas que desistiram de se ver e se lembram agora,
que tomaram caminhos diferentes,
muitas que partiram e não foram embora.

Que cada um que observe quem é quem em seu existir,
que seja ou tenha sido importante no mundo psíquico e/ou físico
e possa considerar estas pessoas  em seu prosseguir.

Que cada um observe quem lembrou de quem desinteressadamente,
quem se importou ,
quem nos considerou nesta horta de pouca gente.

No mundo, as terras contam suas baixas e muitos nem sabem
que podem estar vivendo seus últimos dias
e continuam como podem e com  o que sabem.

A palavra é o alimento positivo de esperança,
de otimismo, de boa perspectiva, de reforço e coragem,
bem melhor do que a desesperança  e a descrença.

Neste momento o material, a economia derrete,
as estruturas materiais ainda se sustentam,
em rota para o que ainda vem pela frente.

Grave ataque ao aparelho estrutural,
Governos desesperados para manter a receita,
suspensos direitos à locomoção e tudo fora do normal.

Autoridades com desesperada retórica,
frases de liderança e orientação,
mas temendo a perda de controle, crise histórica.

O comércio fechado,
fronteiras cerradas,
indústria desacelerando.

Consequências funestas,
desemprego, falta de salários,
nada de reuniões, viagens e festas.

O medo de perder,
agora posto no amplificador,
o ego ativado para se defender.

Trilhões de dólares em perda material,
outros tantos em perdas humanas,
o mundo espiritual como último bastião imortal.

Diante dos danos e perdas financeiras,
a opção é ainda pela vida e sua preservação,
o mundo acordou  nestas horas.

Testes de guerra para o corpo e ciência humana,
contra o invisível, o microscópico, 
o globo terrestre em novo drama.

Tempo do invisível, mas real,
do não palpável , mas concreto,
tempo de ameaça e do medo do mortal.

Toda a ciência da Humanidade
foi pega sem preparo, de surpresa
e se esforça para lutar contra tal adversidade. 

Pouco importa a situação e posição social,
ricos e pobres ,
todos no suplício global.

Apocalíptica crise das cidades,
redutos doentios ,
quem vai viver ou morrer, e outras realidades.

Mesmo com tanta crescente ansiedade e comoção,
só o pensamento positivo pode ajudar,
é um meio de manter a alma na luz , amor e compaixão.

Entre os afetivos, irmãos nesta hora que pede calma ,
uma corrente forte e intensa,
pode ajudar dando pelo menos o conforto à alma.

Assim, com intensidade mando um abraço neste momento,
preservando a raridade de um encontro,
e celebrando estarmos neste dia em elevado pensamento.

Só o pensamento positivo pode ajudar,
sempre foi assim perante qualquer situação material ou de doença;
é a força da energia do mundo interior que pode sempre fazer melhorar.

Nunca se pode ceder ao negativo,
ele na História elevou o egoísmo  e só fez destruição
a nível pessoal e coletivo.

Só o elo de ligação da corrente positiva
entre seres humanos constrói
e ele vem do mundo interior de força ativa.

Doravante cada dia é uma sorte;
agradecer estar aqui, vivo, com saúde
e poder enviar  um abraço intenso dando às almas um norte.

O norte é pensar Bem,
orar para que a provação passe
e que tenha ensinado algo para alguém.

Que sejam centenas de “alguém”
e o mundo e as pessoas acreditem que no seu interior
deve imperar o amor, a luz, e a paz para espalhar entre todos  também.

O mundo precisa e precisará de menos pessoas calculistas, frias,
pragmáticas, interesseiras  e inconscientes, cartesianas
egoístas que tornam as relações pessoais utilitaristas.

Entre almas de igual valor,
basta terem tido a oportunidade 
de ter se conhecido neste mundo de tanto apego e dor e pavor.

Deste  patamar bem superior,
mando também um abraço de intensa luz e energia de encorajamento
trazido da pura essência, das camadas elevadas do Ser e todo seu ardor.

Feche os olhos, abra a alma e sinta-se com a alma abraçada
porque esta é a maior expressão de cuidado neste grave momento
e a sublime comunicação de almas  em dimensão elevada. 

Assim, todo dia devemos desejar estar vivos no centro
desta confusão  pandêmica, provação, teste mortal,
para sobreviver e poder afinal dizer, “estamos salvos por dentro”.

E não é só neste evento desesperador deste mundo; 
a força da energia contida no abraço revelado é a alimentação
para cada dia da vida num  nível mais profundo.

Quer viver  e viver assim?
Mande um abraço para qualquer alma de sua afetividade
e a vida será hoje e doravante um paraíso até o fim. 

Nada mais pode ser feito a não ser uma corrente do Bem,
telepática, imaginária mas feita de energia do bem querer
e que pode contribuir para todos também.
Odilon Reinhardt.

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                                         Dimensão da vida.


Nestes dias que o tempo fará ,
pensa-se na verdadeira dimensão
de tudo que ele pára.

Momentos de reflexão
sobre o limite do ter e do fazer,
as fronteiras da acumulação.

Ter ou não ter;
agora qual a importância,
diante do ser ou não ser?  

Como estava indo a vida;
o que foi feito, o que nunca foi; o que parou,
quem e o que nos colocou na partida?

A transitoriedade de tudo,
os limites do existir ,
as condições de permanência sobretudo.

Como seremos impactados
por estes inéditos dias,
o mundo, a vida e os tempos afetados?

Cada um que observe o que pode fazer,
os sonhos e projetos que não vão acontecer, 
são horizontes que cada um vai ter que esquecer.

O humano tão preocupado com suas coisas acumuladas
bugigangas guardadas em armários fora da vista,
falsas seguranças tão valorizadas. 

E quanto ao mundo interior, o pensar,
a única fortaleza de cada ser;
cada um sabe o que soube ali colocar.

Nesta grave hora da Humanidade,
onde cada um pode ser o escolhido,
só cabe esperar o melhor da sua espiritualidade.

Dimensão bem exata
da solidão de cada um
neste Universo, neste solitário planeta.

Não é o dia tudo o que se tem,
um presente do tempo,
começo, meio e fim do que se vive?

Agora cada vez mais evidente,
a dimensão da vida,
é a do dia que se tem em mente.

Saber programar o dia,
preencher os minutos com algo positivo,  
que celebre estas manhãs de céu azul , luz com alegria.

Com o mundo do Ter e do Fazer
agora em questionamento
resta o mundo do Ser.

Quem não o refinou
pode agora abrir a consciência
e ver o caminho a que chegou. 

Sempre há tempo
para cuidar do ser
e evitar os efeitos do contratempo.

Tempo de repensar a densidade do dia,
redimensionar, redefinir
e do próprio modo e concepção de vida. 

O mundo parou suas atividades,
mas não parou o Tempo
e o tempo é o da vida e suas grandes oportunidades.      
Odilon Reinhardt.

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                                                     O que fazer?



Vamos, nesta reclusão, concentrar-nos no Mal
ou vamos olhar para o futuro
e ali antever o que fazer de bom e essencial?

Vamos ver a TV mergulhada no pessimismo,
acumulando números do desastre
ou vamos dedicar-nos ao otimismo?

Vamos, no isolamento, nos apiedar
de terras e suas gentes em sofrimento
ou vamos aqui cuidar de quem devemos considerar?

Vamos embarcar na visão de mundo
que as notícias nos pregam
ou vamos fortalecer o interior do nosso mundo? 

Vamos sucumbir definhar, reclamando,
ou vamos reagir,
tomar atitude, agindo?

Vamos chorar e manter a mente agravada
com ansiedade e medo
ou vamos manter a alma elevada?

Vamos, neste distanciamento, cuidar só do umbigo
ou vamos lembrar da força interior
estimulada por algum amigo? 

Vamos enfiar a cabeça no travesseiro
ou vamos passar emails, telefonar,
para contatar afetivos de modo mais certeiro?

Vamos ficar olhando o chão
ou vamos imaginar no céu azul
uma melhoria para toda esta destruição?  

Vamos nos atolar neste presente
ou vamos repensar, redefinir planos, preparar-nos
e pensar no futuro como chance para um belo presente?

Esta pausa é o tempo de pensar
como queremos estar
depois que tudo isso passar

Quem quer sair dessa alquebrado,
sem ânimo para participar
do tempo bom que trará um mundo renovado?

Cada um que ache seu modo de pausar,
para ficar mais forte , mais consciente
e assim poder a tudo vencer e depois  comemorar.

Não é todo este suplício
que vai estragar este e outros dias
de céu tão azul feito sem qualquer artifício.

Os olhos focam
este algo mais sublime
e a alma e a mente se elevam.

Não é toda esta comoção
que afastará a beleza de cada amanhecer ou desta tarde.
A alma tem os olhos bons do coração.

Cada dia está aí fora,
uma beleza que nos ignora,
e passa , vai embora.

Como menosprezar todo este cenário,
um belo pedaço do Universo,
no nosso único e exclusivo caminho diário?

Céu azul ou céu cinza da tarde,
pouco importa, 
se ali navego sem alarde.

É a  paz de quem sabe olhar,
talvez um modo
de esperar tudo melhorar.

Por que não imaginar
tempos ainda melhores de renascença,
onde se possa prosperar?

Porque não ter coragem de imaginar
tempos melhores de bonança ,
onde se possa tudo realizar?

Vamos  colocar um sonho
voando no azul com nosso poder de pássaro,
como o que ali agora ponho.

Podemos fazer isto ainda neste dia
que espera a lua cheia
trazendo força , chuva e muita energia.

É um modo de esperar,
entre tantos outros
que cada um possa idealizar.  
Odilon Reinhardt.

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                                                 Invisibilidade.


Vírus invisível,
ao olho nu,
só em parelho é visível.

E o que temos de fantasmas invisíveis
como traumas, medos, culpas etc.,
que permanecem invisíveis?

O vírus é acessível,
tratável, pode ser combatido,
é combatível.

Os fantasmas tóxicos do nosso interior,
em sua invisibilidade
criam confusão, ações e reações para o exterior.

São acessíveis pela consciência,
o esclarecimento ,
mas após procedimento de muita inteligência.

Verdadeiras assombrações de mente,
servos do ego, cupins do mundo interior,
causam danos largamente.

Insistentes, persistentes,
até serem dissolvidos
pela luz e atos mais inteligentes. 

Difícil batalha do interior,
eliminar tais fantasmas,
vírus invisíveis que geram dor.

E o que dizer do que gera
tais fantasmas,
o ego que nos ferra.

Um pouco mais visível,
velho conhecido dos adjetivos,
penosamente destrutível.

A luz, a consciência
é que destrói o invisível da mente,
o ego e sua persistência. 
Odilon Reinhardt. 

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                                              Onde está?

Está por aí ,
Espalhando medo, paranoia;
está por aí.

Mas onde está?
Esta na mão, na roupa, no cabelo, na barba,
está .

Está no abraço,
no nariz, na boca,
cortando qualquer laço?.

Está no chão,
no carro, na sala, na cama,
na porta, na chave , no salão?

Está no ar,
no vento , no controle,
na tecla , no celular?

Está no avião,
na aeromoça,
no restaurante,  na comida, na solidão? 

Está em tudo,
está no terno, no sobretudo,
está por tudo?

Sou eu o portador?
Você?
Quem é hoje o portador? 

Só a  vacina
e o remédio
poderão tirar a dúvida da esquina.

A Humanidade acuada,
reunião postergada,
a vida paralisada.

O humano neste seguir,
não sabe como prosseguir,
um novo e estranho sentir.

Esperando o amanhecer,
o novo tempo aparecer,
o que e como vai acontecer.

Muito para supor,
onde , quando o vírus vai se compor,
como vai se recompor?

Na espera de uma vacina, do remédio,
o humano vive em temor e suspeita,
teme a presença do Próximo, um assédio.
Odilon Reinhardt 
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                            Longe de mim e de quem eu conheço.


Desvias de mim ,
tua invisibilidade me procura,
quero afastá-la de meu fim.

Sei que me espreitas,
praga imprecisa, maldosa;
vives onde, nas frestas?

Vírus fatal,
percorres lugares de descuido,
queres o fim do frágil mortal.

Desvias de mim,
coisa traiçoeira,
fantasma , fiques fora de mim.

Sei que estás por aí,
em qualquer passagem, no ar,
permaneças longe daqui. 

Espalhas temor, ansiedade,
dano, medo, negatividade;
mudas a realidade.

Não toques nem leves ninguém,
que eu conheça;
partas, vás para o Além.

Sei que me esperas,
que me queres  levar,
mas esta oportunidade não terás.

Esqueças este caminho,
que o Éter te atraia,
aqui não encontrarás ninho.

Deixes a Vida,
ninguém gosta de ti,
espero  que estejas de partida.

Sei que patrulhas noite e dia,
esperas a fragilidade,
tu és covarde e fria.

Vais reforçar as piores pragas,
o egoísmo, o racionalismo, o pragmatismo
no relacionamento humano criando mais castas.

Queres afastar, distanciar,
isolar,
matar. 

A Humanidade sofrerá, mas te mostrará
tua curta permanência.
Partas antes da morte que terás.

Já destes tua lição.
Largas da Terra.
Partas de vez em solidão. 

Odilon Reinhardt.

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                                                      Depois.


Depois todos saíremos
para  o mundo outra vez;
como renascidos seremos?

Abraçaremos,
passearemos;
muito mais faremos?

O céu, a terra, o sol
estarão onde sempre estiveram,
compondo o cenário diário e o arrebol.

Um concerto, tons já banalizados
a vida, uma sinfonia sem igual,
eventos, por muitos, nunca observados.

Principalmente por quem faz da vida
um frio corredor de tarefas diárias
e não sente o caminho que é só de ida.

Talvez agora a vida com novo olhar ,
talvez mais consciência;
uma existência para refinar?

Sairemos todos pelas avenidas,
encontraremos amigos,
faremos outros e juntaremos vidas?

Depois não haverá barreiras,
não haverá amarras,
a vida mostrou agora suas fronteiras.

Quem não as viu, não as sentou, não entendeu,
ainda prosseguirá cegamente,
quem o fez, agora enfim consolidou e percebeu.

E mais, se o humano continuar a temer o humano,
não só de sua  ação e reação, mas agora de sua mera presença,
será uma adição a um contínuo engano.

Deixaremos que a ansiedade e a impulsividade saiam vitoriosos;
o individualismo, o pragmatismo, o racionalismo
e os vários aspectos do egoísmo?

Uma antecipada ampliação
da realidade de alguns nichos humanos de sempre
e uma catastrófica visão?

Se o humano aceitar tal realidade,
muito irá mudar antes do futuro
e teremos a cada dia inédita verdade.

Ademais, sem um beijo, um abraço,
um aperto de mão, uma reunião,
como será a cortesia, o amor, a amizade, qualquer laço?

Só desconfiança, dúvida, medo,
angústia,  insegurança , afastamento,
fazendo da vida um horrível arremedo?

Não! Temos que dizer não,
para não nos arrancarem o coração, a alma ,
para não nos jogarem no calabouço da solidão.

Teremos que reagir, não aceitar que ações
como acenar à distância, mandar beijos e abraços pelo ar,
seja a consagração da “virtualização” das relações.

Que a inteligência humana concentre-se
na ciência e traga uma vacina e um remédio
para o humano poder de realidades adversas safar-se.

Não é questão só de sobreviver ,
a Humanidade quer Luz, Paz, Amor em alto grau,
para poder existir com qualidade , viver, conviver.

Odilon Reinhardt.

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                                          Reflexão.

Não é esta a hora,
de pensar , refletir,
adquirir consciência do agora?

Não é este o momento
de perceber onde estamos
no espiritual em desenvolvimento?

Não é neste tempo de pandemia,
que devemos notar quem nos liga,
quem se importa conosco no dia?

Não é agora o instante
para ver quem é frio, calculista,
interesseiro e fica virtualmente distante?

Sim, é nestes tempos
que devemos observar com atenção
quem é quem e quem some nos contratempos.

E mais, é o tempo de ver,
quem temos esquecido
e levamos como fava-contada neste viver.

É a hora de constatar
quem se importa,
quem é amigo e pode apoiar.

Cada um que faça sua anotação,
aceite a lista e analise este tempo,
e valorize as pessoas depois desta provação.

E a reflexão exige observar,
o que sentimos , o que pensamos, como agimos,
porque isto revelará quem somos ao caminhar.

Quem passar por esta tragédia,
sem nada aprender ou progredir,
tem que se preocupar com sua trajetória.

Não só a do mundo exterior,
mas a do interno,
onde talvez haja um umbigo centralizador.

Para pessoas bem exteriorizadas,
a reflexão sobre fatos e movimentos
políticos e estatísticas manipuladas.

Não é esta a pretendida reflexão,
mas sim, a de pessoas interiorizadas,
que possam valorizar a observação e cada lição.

E quem nada observar e perceber,
nada compreender como humano,
que pelo menos veja que ainda precisa crescer.

E não continue a buscar culpados,
pois, certamente, dentro de si mesmo,
há sérios motivos,  todos a serem condenados.

Odilon Reinhardt .