sexta-feira, 3 de julho de 2020

Depois e mais depois.

  







                                                       Depois e mais depois.  



Depois todos sairemos
para  o mundo outra vez;
como renascidos seremos?

Abraçaremos,
passearemos;
muito mais faremos?

O céu ,a terra , o sol
estarão onde sempre estiveram,
compondo o diário arrebol.

Um concerto, tons banalizados
a vida , uma sinfonia sem igual,
eventos, por muitos, nunca observados.

Principalmente por quem faz da vida
um frio corredor de tarefas diárias
e não sente o caminho que é só de ida.

Talvez, agora a vida com novo olhar ,
talvez mais consciência;
uma existência para refinar?

Sairemos todos pelas avenidas,
encontraremos amigos,
faremos outros e juntaremos vidas?

Depois não haverá barreiras,
não haverá amarras,
a vida mostrou agora suas fronteiras.

Quem não as viu, não as sentiu,não entendeu,
ainda prosseguirá cegamente,
quem o faz, agora enfim consolidou e percebeu.

E assim, se o humano continuar a temer o humano,
não só de ação e reação, mas agora de sua mera presença,
será uma adição a um  contínuo engano.

Deixaremos que saiam vitoriosos
o individualismo, o pragmatismo, o racionalismo
e os vários aspectos do egoísmo?

Uma antecipada ampliação
da realidade de alguns nichos humanos de sempre
e uma catastrófica visão?

Se o humano aceitar tal realidade,
muito irá mudar antes do futuro
e teremos a cada dia inédita verdade.

Ademais, sem um beijo, um abraço,
um aperto de mão, uma reunião,
como será a cortesia, o amor, a amizade, qualquer laço?

Só desconfiança, dúvida, medo,
angústia,  afastamento,
fazendo da vida um horrível arremedo?

Não! Temos que dizer não,
para não nos arrancarem o coração, a alma ,
para não nos jogarem no calabouço da solidão.

Teremos que reagir, não aceitar que ações
como acenar à distância, mandar beijos e abraços pelo ar,
seja a consagração das virtualização das relações.

Que a inteligência humana concentre-se
na ciência e traga uma vacina e um remédio
para o humano poder de realidades adversas safar-se.

Não é questão só de sobreviver ,
a Humanidade quer Luz, Paz, Amor em alto grau,
para poder existir com qualidade , viver, conviver.

Todavia , a História nos conta
de experiências passadas
e pouco diz de mudanças  de ponta. 
 
Foi a peste negra e seus efeitos,
depois a gripe espanhola ,
as grandes guerras e seus defeitos.

E a cada evento,
a Humanidade em quase nada melhorou,
a oportunidade pregou ao vento.

O sobrevivente sai sempre ainda mais orgulhoso,
cada um com sua justificativa,
e o ego causador resurge de cara nova e maldoso.

Durante as crises da Humanidade,
sempre há esperança e fé de melhora,
mas depois quase nada melhora na realidade.

O comércio e indústria comemoram novos aparelhos,
novos materiais,  novas coisas e tecnologia
e o mundo continua com seus moços e velhos.

Vale, portanto, o durante,
alguns poucos devem mudar,
já é o bastante.

O humano que tinha medo da ação e reação do outro,
em 2020 viu uma mudança,
agora passou a temer a presença do outro.

O outro visto como portador,
possível contaminador,
o outro é o animal  inimigo e predador.

Todos viramos párias,
intocáveis, indesejáveis,
em nossas lidas diárias. 

Nada de sincero aperto de mão ,
de beijos e abraço,
nada de coração.

Solidão, mais individualismo,
pobreza de espírito,
reforçado egoísmo.

E os maus justificam
que sobreviveram, porque foram maus,
os bons porque não cederam.

Os ricos porque tinham dinheiro,
os pobres porque tiveram fé,
os poderosos porque o poder foi certeiro.

Cada um com sua razão de andar,
acreditando no seu modo de vencer,
nenhum reconhece que deve mudar.

É assim e assim será,
o humano é hipnotizado e fica cego,
“Luz, Paz , Amor” só com muito mais dor virá.

Mudanças coletivas irão demorar,
Todavia, o indivíduo não pode desistir,
deve a manada contrariar.

Esta crise de Vírus faz a reflexão ser mais intensa;
quem pode expande seus momentos
para as profundezas que tornem a vida menos tensa.

Variam os assuntos do pensar,
cada pessoa sabe de suas prioridades
que resultam de seu observar, sentir  e questionar.

Uns pensam em suas coisas, seus objetos, no perder;
em projetos do ter e do fazer;
ainda outros na existência humana e na vida do conviver.

Odilon Reinhardt.  



O “depois” já tem se mostrado à medida que outras partes do mundo vão se livrando parcialmente da pandemia. Mesmo assim, há no ar a pergunta de como será o “depois”. O depois material e o depois humano? O depois dos negócios e o depois das gentes? Primeiro as coisas e depois os humanos? Depois em que local, no mundo como um todo, com a globalização de resultados, na família, na cidade? Ora, todas estas respostas já estão sendo respondidas no imenso caleidoscópio da vida mundial e, a grosso modo,  já se alinham com os exemplos históricos onde verificou-se que o depois só tem efeitos visíveis no material, pois a manada humana que já segue e seguirá tal e qual, continua pegando-se, apegando-se  e agrupando-se pelo material e sempre elegendo o egoísmo como mestre.  
Várias epidemias e pandemias passaram pela História da Humanidade, deixando milhares de mortos e pouco mudou para melhor. Novos costumes, novos usos por enquanto, de modo que as necessidades materiais são fortes e condicionam a vida, que deve prosseguir. O certo que esta pandemia de 2020 já vem mostrando desinformação, informação apressada, politização, briga de Poder, de Mercado, medo de um ou outro país ter recuperação antes e tomar vantagens no mercado, em suma, o pragmatismo e o egoísmo obstruindo a reação conjunta e unida para combater um inimigo invisível e inteligente; muita manipulação, sofismas, corrupção e desmando; a ação dos urubus da sociedade, aproveitadores, o jogo de números e previsões tentando condicionar opiniões e mercados, o medo de fatal depressão econômica.  Em tudo, há preocupação com o dinheiro, as coisas, o comércio, indústria e o reflexo sobre as pessoas, não como cidadãos, mas como consumidor.
O consumidor que era só um número na multidão, dado estatístico, classificado de vários modos, sem cara, agora torna-se o centro da atenção e voltará a ser considerado como humano, com coração, sentimento e idade. Enfim, o consumidor como centro continuará comprando como antes?
Agora, o suplício da Indústria. Todo o aparelhamento de marketing, habituado a criar e manipular mentalidades para comprar, deverá se esforçar para convencer o consumidor a comprar. O consumidor pode destruir tudo com um só ato: não comprar. Durante a crise, se muitos estão criando e/ou represando  necessidades, outros podem já estar redefinido hábitos e planos futuros em função da idade e do tempo de vida ainda restante; outros tantos ainda podem ter deixado de existir, perdido tudo, falido, criado dívidas enormes ou estar perdendo o poder aquisitivo. O consumidor está em crise e arrasta todo o mercado e suas ações.
Como o maior poder aquisitivo está concentrado no bolso de pessoas acima de 40 anos e idosos já se pode antecipar aquela hipotética realidade de um  Brasil de idosos em 2050, sem muitas necessidades e que certamente deixarão de consumir muito. Haverá um Japão no centro de cada sociedade, isto é, cheio de poupadores antigos e pessoas que quase nada compram. Algo positivo começará, se os idosos começarem a gastar tudo e se desfazer bens ou mesmo favorecer a família e seus indivíduos, antecipando herança, distribuindo o que têm, mas contra isto milita a insegurança da terceira idade, o egoísmo, o apego. Difícil que pessoas habituadas a acumular a vida inteira façam isto. Quanto ao jovem, já havia a tendência de não acumulação, de não se sacrificar por nada, de não se entregar a nada definitivo, de ganhar e gastar para o momento, isto dentro de uma mentalidade de descompromisso, desapego e até desalento em virtude de incertezas pessoais e coletivas quanto à durabilidade das relações pessoais, a obsolescência de tudo, a transitoriedade da vida bem como a constatação de que há impossibilidade de vencer as dificuldades econômicas e existenciais em um país marcado por pobrezas que não são só materiais. Seja lá como for, a crise no consumo virá e a pandemia poderá turbinar as tendências que vinham caminhando bem como a realidade da economia em um país de idosos, quer por falta de dinheiro, quer por apego e vício de acumular ou pela simples falta de necessidade ou vontade de  comprar. Ademais, há outro tipo de consumidor, extraído de um nível de pessoas já mais conscientes ou que estavam em processo de crescimento interno na sua evolução espiritual, a qual, com o isolamento e afastamento social, tornou-se menos materialista e afastou-se de muitos atos de consumo, inclusive alimentícios, porque consolidou de vez seu entendimento de mundo, vida e existência diante das fases da vida que ainda têm pela frente, tudo em ato de redução de consumo.
Enquanto estas e tantas outras camadas de consumidores são redefinidas em essência, o consumidor subsistente será aquele da grande maioria subempregada, desempregada, autônoma, de pequenos salários ou salário nenhum; está será a saída de curto prazo sem dar garantias de que será suficiente para a economia e geração de empregos. 
A questão é diversificada e pressionará o marketing, as campanhas publicitárias, os jogos de crédito e parcelamentos maiores. Que tal oferecer carro em 1000 vezes, leite em 12 vezes, carne em 5 vezes, talvez dê certo? Mas como estarão os consumidores?
Muitos perderam renda, emprego, parentes, imóveis, suas pequenas e médias empresas, quais os reflexos disto em termos humanos? Alguém se preocupa?  A pobreza material junta-se à espiritual, ao vazio intelectual já largamente instalado em todas as classes sociais.
A pobreza e o analfabetismo costumam fazer prato cheio contra o capitalismo e abrem porta para variações ideológicas que sempre propõem o sonho mentiroso, enganador, manipulador fascista. Conforme o que for se formando, pode surgir o momento propício para o domínio do discurso dos líderes negativos, mestres invisíveis e campanhas subliminares que têm pregado as novas gerações, falsos, senão obtusos ideais. Há muitas décadas já se tem observado mensagens que estão formando um caldo de contestação através de coisas aparentemente simples como se pode exemplificar aqui com o uso de uma camiseta dizendo ” Kill your masters” ; o mesmo se pode dizer de músicas e obras de cinema que louvam o fim do capitalismo, sem nada propor por meios democráticos. São inúmeras as peças de um quadro que vai incitando o espírito de contestação, destruição, desmoralização das instituições, violência, quebradeira rebelde etc.
E tal praga vem sempre na mão da promessa fantasiosa de mudanças súbitas e não das mudanças feitas com debates e questionamentos que contribuam para a melhoria dos defeitos atuais e que precisam ser corrigidos democraticamente.
No contexto de luta e contestação libertária, espalha-se a praga da rebeldia imatura de algum grupo sonhador e de lunáticos que usam inocentes e pessoas combalidas por efeitos do momento; é já sabido que uma vez no Poder, tais grupos cedem fácil à tentação de seus líderes, que a título de pregarem coerência com suas loucas ideias, instalam a centralização, o patrulhamento ideológico, o controle dos indivíduos, a supressão da liberdade pela uniformização de vontades da pessoa, o esvaziamento de qualquer manifestação de ideais divergentes e afinal o encarceramento no local de trabalho que o regime julgar apropriado para a grande fábrica, o país, onde a escravatura é a normalidade e poucos privilegiados tem acesso às festas da “diretoria” e seus asseclas, cuja euforia é ouvida de longe pelos milhões de crédulos, prisioneiros, desterrados e banidos.
Quem defende tal futuro e tal peste, ou não conhece a História ou sonha em seu um dos chefes. Nenhuma forma, por mais desvirtuada de capitalismo sem democracia que possa existir, é pior do que qualquer outro regime que a História já sepultou no cemitério dos eventos fracassados, que sempre fizeram das pessoas suas escravas, sem que estas percebessem suas algemas intelectuais, ficando os efeitos mais sensíveis para a classe média, esta com algum esclarecimento, todavia facilmente modelada e desejosa de se adequar e lutar para ocupar cargos de Poder.
O “depois” desta pandemia poderá na infeliz hipótese acima, trazer miséria política, social e econômica ainda maior e poderá neste sentido expor o país aos aproveitadores de ocasião, aqueles líderes e senhores de soluções únicas para trazer paz e tranquilidade. Resurgirão os sofistas, os retóricos enganadores, que sempre menosprezam a força da democracia, o poder criador e construtivo do debate contínuo como via para soluções.
Diante de tanto analfabetismo e despreparo para participar e o paternalismo com que a população vem sendo tratada há séculos, não será a nossa quieta população aqui que promoverá uma súbita revolução, porque nenhuma  acontecerá por meios não democráticos. O que acontece e acontecerá é o surgimento de oportunidades em que líderes fantasiosos e oportunistas  apresentem-se como  portadores de cartas de salvação. São os direitos assegurados pela democracia que lhes dá o direito de surgir, falar, pregar e prometer, todavia, se tiverem sucesso nas urnas, serão os primeiros a acabar com tais direitos, pois logo pisaram no povo e nos seus adversários como forma de manterem o Poder. A História é rica em exemplos destas óperas de mal gosto e tragicomédias. Todavia, ninguém vence a persistência e força da democracia e as instituições democráticas. O sucesso de eventuais grupos ou líderes aventureiros de ocasião, que possam vir a surgir no “depois”, perfaz uma hipótese que se espera seja remota e não pesteie novamente a História. Virão mas serão derrotados.
No entanto, no quadro de empobrecimento, a pandemia no Brasil está deixando vir à tona verdades, realidades que vinham se formando, tendências novas e revela que a União e todo o aparato centralizador precisa ser redefinido, deixando claro que os Estados e Municípios precisam de mais autonomia e recursos (mas como crer que as verbas não serão objeto de corrupção); que a União usa a libertação de verbas de acordo com seu interesse político e preservação de poder político aumentando a mendicância e encilhamento; que o pacto federativo precisa ser revisto; que a Constituição está defasada; que o Poder Municipal e Estadual é que estão junto à população e a acolhem, que o Município é o que interessa; que o semianalfabetismo é um empecilho ao progresso; que a Educação tem que ser prioridade embora não garanta votos imediatos, tendo dificultado muito o combate ao vírus e demonstrado por parte da população indisciplinada, rápida banalização e desobediência civil; que os meios de comunicação desempenham força relevante no controle das massas através de divulgação de medidas de psicologia de massa, manipulando a opinião pública como desejar, ora usando bois de piranha, distrações espúrias, factoides e promessas de falsa esperança ao transmitirem falas de autoridades, órgãos públicos e as de seu próprio interesse; que a falta, demora ou desinteresse no ajuste quanto às medidas uniformes entre os três níveis do Executivo revelam incompetência, falta de planejamento e liderança inteligente;  que a politização de qualquer questão é comum e meio usado entre os políticos diante do não saber o que fazer e o constatar que a carreira está fazendo água; que a ansiedade coletiva já se instalou entre a população como sistema de vida a caminho de depressão e outros problemas sociais e mentais reduzindo ainda mais a qualidade de vida; que nossa economia está capenga e defasada em termos de diversificação e qualidade etc., etc. São todas questões que devem ser resolvidas pela Democracia.
Se e quando forem sendo sanadas estas questões, tudo será tido como evolução e um passo à frente, no entanto, o processo democrático exige paciência, diálogo, argumentos e tempo, por isso mesmo, provoca grupos mais inflexíveis, radicais, donos da sabedoria, que tentam achar soluções únicas , refletindo sua pretensão de donos da verdade e sempre se aproveitam do momento de penúria e carestia, em que o povo ansioso exige soluções rápidas para problemas que vieram se formando há décadas.
Ademais diante do modelo de liderança que sempre esteve presente no país, onde políticos geralmente tem comportamento pessoal autoritário e de professor de Deus, há o entendimento de que possibilitar diálogo, debate, confronto de ideias é visto como sinal de quem não sabe governar ou, mais comumente, como resistência, oposição e perda de tempo. O método mais aceito é de imposição de decisões, falar alto, mostrar força e se possível grosseria, inflexibilidade, “pulso forte” e até ameaça. Mostrar-se líder autoritário agrada as massas e lhes dá garantia, todavia, nunca deu certo.
E a presença sempre constante de tais líderes, com vários exemplos na História de várias décadas, têm levado a questionar se entre nós existe realmente esquerda, direita, centro, ou só há um partido, o pessoal de cada político, defendendo a qualquer preço e causa o acesso ou manutenção do Poder para fins pessoais, nestes, incluindo certamente o do grupo que o financia. Muitas vezes observa-se que a Pátria e os elementos constitutivos da Nação não recebem a mesma prioridade, pois esta é facilmente subjulgada pelos interesses fisiológicos de vaidade, prestígio e a intenção de enricar, eleger-se, garantir a reeleição e sua perpetuidade no Poder. O que vale mesmo são os negócios pessoais, camuflados e oficializados como interesse público do momento; e assim, prosseguimos, tal e qual como antes, durante e depois, mesmo que haja por algum tempo danos econômicos radicais; que as pessoas mudem o comportamento  de consumo, mas não sua personalidade e egoísmo; que a política continue no mesmo caminho do seu próprio descaminho. Afinal, para os aproveitadores toda crise cria novas oportunidades, novos negócios. Aqui é onde acontecem as coisas; é terra dos “vivos e expertos”.  Em acréscimo, aqui, apesar de a Educação ser um problema nacional determinante, ocorrem pagamentos de construções de escolas sem que nada ou pouco tenha sido construído; alguém quer fazer seu caixa com compras durante a crise de Pandemia, mesmo sabendo que a compra é superfaturada ou o objeto não serve nem funciona, mesmo conhecendo o fato que há pessoas morrendo aos montões. Tal desrespeito é a despreocupação com o todo, dando crédito para a tese de que a corrupção está no sangue desde o tempo das caravelas. É o país onde se fabrica remédio falsificado, adultera-se o leite das crianças, desvia-se merenda escolar, rouba-se fiação de luz de estações de tratamento de água, de hospitais e escolas etc. Muitas vezes os políticos responsáveis por crimes milionários contra a pátria e contra as novas gerações saem ilesos, sendo que só os ditos “bagrinhos” sofrem revés mais sério. Então, não é uma maravilha? E a vida continuará tal e qual, tudo legal, e se for ilegal, é uma questão normal. A repetição de casos de impunidade degrada tudo à banalidade cotidiana. Tudo imexível. Quem desejar mudar esta cultura rapidamente acaba sendo sempre expurgado e desmoralizado, pois ninguém dos grandes esquemas quer perder. Está ficando cada vez mais difícil aguentar o Brasil neste negativo.
Na verdade, falta a este país o resgate de um imã de progresso sólido, justo e honesto, que leve os jovens e as pessoas a algo positivo, à prosperidade, a qual aqui parece ser considerada pecado. A continuar esta falta de modelos de progresso pessoal e coletivo, vamos viver os resultados desta contínua desconstrução, contestação a qualquer modelo, sem nada ter para substituição.  Seremos o país onde tudo “desacontece”, e as novas gerações, usadas nesta miragem, sofrerão cruéis consequências, hoje ainda camufladas em sinais espalhados. Estas novas gerações, hoje, estão sendo cegadas e tornadas objeto de manipulação e serão abusadas no futuro incerto de cada dia. Aqui, enfim, os mestres invisíveis e também os visíveis estão fazendo tudo para que nada dê certo em termos de progresso honesto.
Nenhum sistema de gestão pública que não impulsione o cidadão a estudar, crescer pelo trabalho honesto é válido em termos de bom futuro. O analfabetismo ou semianalfabetismo é o maior entrave para a democracia   e inclusão social. Nas últimas décadas pouco temos visto que tenha sido feito para mudar o rumo de um destino fadado a não ser bom. Gerações estão passando e sem modelos inteligentes, as mesmas estão sendo condenadas a repetir atitudes ruins, sem ou com pouco progresso intelectual, tudo porque não há um imã modelar, somente uma contestação continuada sem nada para   propor.
Nenhum indício de mudança está em curso, talvez a pandemia, pelo menos para 2020, tenha rebaixado ainda mais a qualidade do ensino com este forçado uso de aulas pelo computador, com resultados bastante questionáveis.
A realidade que vem sendo construída nos últimos 50 anos pouco mudará se nada for feito democraticamente  As consequências já estão por aí em vários lugares do mercado de trabalho num processo de começo, meio e fim. Portanto, para o “depois”, se materialmente considerado, já se antecipam danos e prejuízos para um mundo que foi pego na euforia de um progresso não sustentável; no campo humano, nada mudará de essencial, continuará este vazio e o egoísmo predador; o fim do processo irá acontecendo para ser concluído em algum tempo do futuro com o estrangulamento da competência para fazer frente às necessidades do mundo e o suplício existências das gerações.
Quanto ao mundo de hoje, por algum tempo, haverá medo, receio e a tensão entre economias, a falta de sincronia entre países recuperados e a recuperar, endividamento, nacionalismo, xenofobia, segregação, dúvidas quanto à globalização, revezes contra a China, incentivo à industrialização nacional e independência desta quanto a importações, etc., mas pouca mudança para o ser humano, que continuará na sua tendência egoística.  E doravante haverá suspeita de o vírus voltar como Covid-21-22 ou já sob cápsula de algo mais danoso e mortal, pois é inteligente, mutável  e persistente  em sua intenção de eliminar humanos.  Todavia, é desafio para a ciência e mais cedo ou mais tarde será vencido na luta de vida ou morte. O “depois” e sua qualidade dependem só de um fator: o humano, vindo dos seres que se aperfeiçoarem como humanos.  Na falta de soluções, só se pode dizer que o vírus que mata o humano não é menos terrível do que a falta de boa Educação formal, que aleija a mente e deixa muitos vivos e expostos aos mestres invisíveis e visíveis da manipulação.

Odilon Reinhardt -3.7.20