O que observar e questionar.
pária,
na
jornada diária,
o
indivíduo encarcerado.
Nessa
condição,
aprisionado,
segregado,
isolado,
afastado, distanciado,
metido
em cruel situação.
Perseguido
pela
invisibilidade,
mortalidade,
o
humano mascarado.
Se
faz reflexão
nesta
realidade,
chega
à estranha e inevitável verdade
da
sua dimensão em evolução.
Todos
como andarilhos ,
suas
riquezas acumuladas, estocadas, ocas,
profissões
e ligações inócuas,
a
vida fora dos trilhos.
Para
isto pelo menos a suspensão da rivalidade:
a
competição, a ganância,
a
intolerância,
e
toda a grande imbecilidade?.
Enfim,
o individualismo
ressaltado;
exaltado
o
pragmatismo.
No
entanto, venceu
a
fragilidade ,
a
obsolescência, a transitoriedade
o
senso de eterno se perdeu.
Ressalta-se
o drama humano,
a
tragédia social,
a
ilusão do irreal ,
pessoas
em desengano.
A
lógica ,
a
filosofia, a razão,
a
ciência e a religião,
em
linha ilógica e trágica.
Quem
somos e o que temos,
de
onde viemos,
para
onde vamos,
o
sentido da vida que vemos?
Todos
os artifícios e criações,
naturais,
sobrenaturais,
agora
em inúteis explicações.
Algumas
religiões continuam a valer
para
que humanos
em
obediência ao ego e seus planos
não
se matem; possam se manter.
O
vírus faz a agonia e tem o lugar
de
poder fatal
de
juiz de tribunal,
e
tem a missão de impiedosa de matar.
Cidades
casas
e prédios cheios de medo,
a
vida em arremedo,
atrozes
células e suas realidades.
O
juiz decide pela suspensão
da
vida, do futuro,
da
história e de qualquer plano tido como seguro,
ou
pelo caminho da interrupção e eliminação.
Sorte,
tudo
ou nada no jogo de cada hora,
sorteios
de que fica ou vai embora,
todos
à espera do corte ou de um novo norte.
Resta
a consagração do dia,
a
célula do tempo,
a
fé em não ter contratempo,
a
chance de viver o dia.
A
esperança de passar
para
o outro dia,
ganhar
o direito de passagem,
sobreviver
e continuar.
A
cada vivente
o
mérito,
o
crédito,
mais
um dia como sobrevivente.
Na
normalidade
havia
guerras, perseguidos, violência
e
agora na “nova realidade”
que
realidade está sendo construída?
E
não é então em cada dia
que
a humanidade terá que reagir
e
achar valores superiores de harmonia?
De
toda a experiência
o
humano é que pode pensar,
atributo
para poder melhorar;
como
tem usado a inteligência?
Cabe
a cada humano ser inteligente
e
no dia fazer o melhor no viver e no conviver;
já
será um grande passo para sua própria mente.
Viva
o dia!
No
dia há vida
e na vida há energia de alegria e harmonia.
Odilon Reinhardt.
Parte da História.
Das
páginas da História Universal,
agora
estamos numa delas,
nessa
época tão anormal.
Somos
figurantes ,
linhas
anônimas no individual,
mas
da Humanidade representantes.
Grandes
eventos estão no passado
nenhum
tão televisionado,
o
presente todo dia fica registrado.
Cada
Ser em seu itinerário,
fazendo
parte do cruel evento histórico,
marcando
seu caminho diário.
Com
consciência ou não,
o
que ficará para cada um,
pertencerá
a sua trilha e solidão.
Move-se
a massa humana,
exposta
aos eventos , às vezes, desumanos,
fazendo
História ,a humana.
Após,
a página será virada,
quem
dela participou, quem ficou,
seguirá
para a nova página a ser registrada.
E
ali novos dias e o futuro virá,
novas
linhas e frases da História,
feita
a cada dia que aparecerá.
E
assim vai sendo escrita
no
fluxo da vida
a
Historia e a estória não escrita.
Cada
um de nós é vírgula, palavra, verbo, rima,
é
parágrafo, frase, ponto, conjunção,
na
redação da página até ponto final.
Odilon
Reinhardt.
3.8.2020
Quanto
ao observar e questionar, muito há nesse campo fértil, de onde se pode retirar
o retrato atual de nossa gente e de nosso país, ficando ressaltado o que ainda
temos para progredir.
É
essa época inusitada que veio para a História da Humanidade que vai deixando
suas marcas e muito para observar e questionar. Cada país responde com o que
tem, revela suas mazelas, suas deficiências, virtudes e o que ainda tem para
melhorar. Cada humano com seus valores presencia o momento e analisa o que vê,
tirando suas conclusões. Nunca um problema de saúde mundial foi tão registrado
e acompanhado pela TV e meios de comunicação. Estamos todos participando da
História da Humanidade numa de suas cruéis páginas. Cada ser humano é ali , linha,
ponto, palavra, frase, parágrafo e pode ser ponto final de qualquer frase na
página que vai sendo escrita no dia a dia. Cada um registra também sua estória,
sua vida, para um dia lembrar e contar o que viu, como foi, o que aprendeu,
como agiu e reagiu ou talvez quede em silêncio por não ter observado nada.
Entre
nós, desde o início da crise, ficou claro que um ponto do calcanhar de Aquiles
iria doer mais. O analfabetismo seria e está provando ser um dos grandes obstáculos,
talvez o mais contundente, para a obediência às medidas sociais de combate ao vírus. A falta
de conhecimento de ciências, dificuldades
de esclarecimento, as doenças
psicológicas decorrentes do estado de miséria, o egoísmo e o fisiologismo levam
à desorientação e à indisciplina. A população, acostumada a ser guiada de modo
uniforme, encontra-se confusa, sem orientação clara e não entende a
administração da crise de acordo com cada local e com diárias ordens
contrastantes no mesmo local; perde-se nas notícias de TV, sem saber como
proceder, sofre em agonia e ansiedade. O abre e fecha do comércio e as medidas
conflitantes adotadas pelas Prefeituras de acordo com a pressão econômica mais
poderosa levam a uma diversificação incompreensível. Ademais, a necessidade de sobreviver
e manter a família leva a população a arriscar a vida todos os dias. Necessário
aqui ressaltar a importância da TV para o acompanhamento da crise, todavia,
este precioso instrumento de informação, ao início, seguindo seus ímpetos de
sensacionalismo para garantir audiência, criou um clima assustador, levando
pessoas a ter um agravarem seu processo de estresse e ansiedade, exaustão, o
que certamente contribuiu para o impacto pessoal levando a mortes naturais,
agravamento de doenças mentais e surgimento de tantas outras.
Neste
clima de pânico amenizado por fé e esperança, não bastassem as consequências da
falta de Educação, o sistema educacional vai perdendo um ano inteiro. A adoção
de aulas pela Internet não deu certo por motivos óbvios que vão da falta de
internet, de local apropriado para estudar, falta e alto custo de aparelhagem
para todos; falta de costume de estudar pelo método de pesquisa autodidata etc..
Enfim, não deu certo, porque sofre com as deficiências sociais, consequências
da falta de investimentos em infraestrutura já que o Leviatã come tudo por si
mesmo e enrola-se em definir e implantar medidas claras e duradouras. Se o ano
não for considerado perdido, a qualidade foi no mínimo terrível. O Enem trará o
retrato desta confusão toda. Sem se aprofundar
na tese já defendida em países de primeiro mundo que concluiu que é difícil aprender
conteúdo educacional na TV, muito menos quando a TV está no celular. O tema da
Educação no terceiro mundo é vasto e seu impacto é sempre devastador. Assim o vírus
causou dano maior, atingiu a Educação em cheio, atingiu o preparo das novas
gerações. Mas ressaltou mais uma vez sua importância prioritária e a
necessidade de se investir pesadamente em TI para todos e a baixo custo. Deixou
claro que a internet é serviço de primeira necessidade e que o país não pode
continuar só como feirinha de eletrônicos e campo de teste de tecnologias bem
como sua comercialização sempre como primeiro interesse.
Diante
desta realidade educacional trágica para o presente e futuro, bem como diante de
tantas outras consequências imediatas e de médio prazo, aparece o negacionismo, que é reação características para
quem não aceita que seus planos sofreram
severo abalo e até demolição. A reação é de não aceitar e sempre querer
persistir. As ações são do boneco de neve no fim do inverno e caem em
descompasso com a realidade. A TV
turbina palavras de efeito dos negacionistas, esperando que a população tenha
discernimento para identificar a falácia, a manipulação, todavia, somente
poucos podem fazê-lo e a mensagem atinge a população com toda sua força de
contradição, desafiando até o instinto, o bom senso e a razoabilidade. O dano
concreto é que a negação da realidade e a inexperiência médica confundiram todos e acabaram atrasando o combate à
pandemia e agora acarretam milhares de mortes. Mesmo assim, os efeitos de
discursos mal pensados continuam embaraçando a vida e colocando dúvidas na
mente popular desprotegida. Tantos outros fazem teorias conspiratórias,
tentando explicar a pandemia como ato de proveito comercial, político, etc.: alguém
teria fabricado o vírus para tirar proveitos com todos os equipamentos,
remédios e vacinas; alguém diz que o mundo merecia esta parada para ter mais
consciência etc. A mente miúda e a graúda acham explicações de igual calibre e
na sua arrogância tem por explicada a origem da tragédia, com o que se contenta
intelectualmente, passando a agir como se o vírus não fosse mortal. Isto tudo reflete as características de uma
sociedade conservadora, inflexível, intolerante, cínica, arrogante, impaciente,
ansiosa, egoística, que agem em reação porque não encontra satisfação no que
construiu até hoje. O que temos aqui é o embasamento para uma vida do cotidiano
onde o Próximo nunca sou eu; onde cada um é o centro do mundo, sendo infalível,
protegido contra o visível e o invisível. O descaso toma proporções neste
momento e produz ações e reações de grande cinismo, hipocrisia e violência
moral e física. A negação da realidade é um coadjuvante de outros tantos
efeitos e com o analfabetismo desempenha papéis horríveis no teatro do dia a
dia, menosprezando o Próximo. Tal reação desesperada de quem tem medo de
perder, é o indício de que muitos de nossa população ainda têm que melhorar e
que seu caminho está ainda tosco e precisa de refinamento.
Sim,
para muitos, o Próximo é qualquer coisa, objeto distante. Embora seja o centro
de tantos anos de pregação, tão exaltado pela religião, o Próximo, diante do
cruel vírus, passou a ser a vítima inferiorizada, sem proteção, um pária social
em qualquer classe, objeto de desvio. O humano se afasta e nada que a Humanidade tenha criado para viver no
Planeta faz frente ao Covid e sua
invisibilidade. Fica ressaltado que há muito para ser feito no aspecto
religioso contra o ego. A religião e todos os seus ensinamentos e cerimônias não
podem ficar só para os tempos normais. Deve a Igreja e outras religiões
perguntar como está e como ficará ao final o Próximo, como Fiel. Onde está a
falha? Mesmo que o vírus desconheça sua
presença, crenças, santos e cerimônias de adoração, em defesa, os humanos mais
fiéis se transformam em animais; mesmo assim, diante de tal falha secular, sempre
o caminho de reforço espiritual é a solução e evita que os humanos se matem
mesmo antes que o vírus o faça. Sem amor
ao Próximo, prevalece o egoísmo, o individualismo, e isto faz desrespeitar as
restrições impostas para o correto combate ao vírus e qualquer outra doença
coletiva. A negação em usar máscara, isolar-se ou afastar-se denota o grau de
egoísmo existente, porque não se pensa no Próximo nem que sejam os de dentro de
casa.
Mas
para o mundo da produção e comércio, agora o Próximo, antes só um número, passa
a ser a peça central, é o Consumidor, o que tem o poder de decisão de comprar
ou não, elemento determinante na economia. Menos consumo, menos impostos. O Leviatã
se desespera diante do desastre econômico. Onde está o Consumidor? Por que não
compra? A União quer continuar a ser imperial, é materialista, fria e
calculista e impessoal em todas suas atitudes. Talvez comece a perguntar com
maior como está o Consumidor ? Como será o Consumidor?
Acostumados
a fazer, produzir, comprar, vender, enfim, promover a vida normal, o Consumidor
está preso em casa de onde tem saído conforme há esse vai e vem de restrições
ou não, dando origem ao vai e vem dos números na curva montada e usada pelos meios de
comunicação para possibilitar o acompanhamento dos casos da Pandemia. Em casa
ou nos seus arredores, a maioria sofre os efeitos das restrições, do medo e da
agonia ao ver seus negócios, seus planos pessoais e empresariais indo para o brejo,
as dívidas se acumulando, o emprego sumindo e os problemas de convivência
aparecendo. A fome e a miséria material chegando mais rapidamente. A exaustão
surge no futuro mediato, mas não antes da ansiedade, do medo de perder e da
agonia do não saber como reagir perante um inimigo invisível.
O
quadro vai se fechando gravemente enquanto a violência física e moral aumenta
vitimando casais, infância, idosos. Quantos cenários tristes estão acontecendo
na vida privada? Quantos traumas estão sendo gerados em crianças e todos? Ademais, com as dificuldades normais da vida,
o desenvolvimento de atividades intelectuais como recreação pessoal e familiar
sempre foi dificultada e não pertence aos hábitos do dia a dia da grande
maioria da população, a qual, agora em casa, sente o vazio deixado pelo fazer e
ter, o qual não pode ser preenchido a não ser por impaciências e crescentes
desentendimentos pessoais. Para quem pode, o dia é preenchido pelos eletrônicos
até o ponto da exaustão.
Com
medo, inseguro, instável, muito ser humano vai fazendo seu desequilíbrio e
perdendo sua boa energia. A exaustão é o grau mais alto da reação, fazendo com
que as pessoas saiam de casa mesmo contra as restrições impostas pelos Governos
Estadual e Municipal. Surge um tipo de desobediência civil como fuga à prisão
domiciliar. E tal realidade não é exclusiva do nosso país. Mesmo em países onde
a educação e a qualidade da habitação não são problemas sérios, verifica-se a
exaustão e a necessidade de fuga do lar sob qualquer pretexto. A presença do
Governo não convence nem domina a população, mesmo que decretos municipais e
estaduais prevejam multas e outras punições. O descumprimento das medidas
restritivas alimenta a Pandemia e causa mortes. Está certo que algumas linhas
espiritualistas pregam o desapego, mas não a este ponto de descurar da própria
saúde.
É
visível o sufoco pessoal. As consequências da falta de interiorização e da
falta da vida intelectual acima referida são uma constante, apresentando danos diversificados. No entanto, o ser humano sempre
fica sujeito a aprender com a dor. Depois de ver os Semelhantes sendo
enterrados em valas comuns, pessoas de influência falecendo sem ter cerimônias,
falências e seu bar ou loja preferido sendo fechado, o humano vai tirando suas
conclusões. O Consumidor poderá sair desta com mudança radical de hábitos,
costumes e uma consciência maior. Caberá aos sociólogos e psicólogos das
agências publicitárias identificar as mudanças, para com propagandas, convencer
o Consumidor a voltar a comprar além dos itens básicos. Por algum período,
alguns itens do Ego estarão em baixa, como a vaidade, o orgulho, pois a
ostentação ficará encoberta pela máscara, vidro escurecido dos carros e pelo
afastamento e isolamento social. O medo do Próximo, do outro Consumidor,
marcará os dias do futuro por algum tempo. Certamente a Pandemia vai
acarretando um redimensionamento quanto à vida, com influência direta sobre a
vontade, o desejo de consumo e acumulação de bens. Vai ficando ressaltada a
transitoriedade da vida, a obsolescência das coisas e a inutilidade das
riquezas e cerimônias perante a doença, com a total insegurança quanto à persistência do Covid em suas possíveis novas
versões que podem surgir para tornar a Pandemia um duradouro problema mundial.
E
o cidadão, preso em casa, fica submetido então à tela do computador, da TV e do
celular em sessões diárias de notícias alarmantes. Ao início, repita-se, com o avanço da Pandemia houve um efeito de
apavoramento geral, o que certamente levou muitas pessoas a desligar a TV, pelo
menos no horário dos noticiários. A TV, como quarto poder da República é o
serviço público número um e sem ela ninguém saberia de absolutamente nada. E
foi no campo da TV que a população assistiu as contradições entre o discurso
negacionista e o normal. Ao desenvolver da crise, observa-se o poder de
manipulação das massas mediante a utilização de psicologia aplicada com
distrações, falsas promessas, criação de factoides, jogos de opinião, uso de
bois de piranha e venda da fé e esperança, desafiando o discernimento mesmo de
quem o tem neste país. Curioso como certos assuntos sumiram da tela, pois o Covid
monopolizou o noticiário e sendo uma fonte de notícias mais baratas, fez
esquecer assuntos que antes a TV esticava ao máximo para preencher a
programação. Por meses os atos concretos do Governo sumiram da crítica
televisiva, mas ficou a impressão de que o Governo muito estava fazendo às
escuras em seus ministérios. O que
passou não se sabe. Tampouco se eram bons atos. Mas isto revela mais um ponto a
ser corrigido, pois mostrou que muito pode ser feito utilizando portarias e
resoluções sem efeito lei, mas que interferem diretamente nos vários setores
produtivos e portam vontades e ilusões pessoais de verdadeiros ditadores de
quarteirão. Afastado pelo STF, a União a certo ponto tentou retomar seu papel
de liderança ao listar atividades essenciais e fez novamente uma grande
trapalhada, deixando de ser seguida pelos Estados e Municípios no combate ao
vírus. Tal rebeldia haverá de repercutir no futuro em desacertos e acrimônia.
Nada que possa melhorar a situação.
Em
socorro do Consumidor envolto em inusitado panorama, foi o celular que provou
ser muito eficaz, pois na mão está o rádio, a TV, o computador e o telefone. No
conjunto de aplicativos à disposição, as redes sociais assumiram importância
máxima como distração, aula em casa etc. Certamente é o aparelho do século, que
possui aspectos negativos quando mal usado, mas positivamente ajudou a combater
a solidão, o stress, a exaustão e a depressão de muitas pessoas. Deve a TV perguntar como estará na audiência,
o Próximo travestido de Ouvinte, tele-espectador após toda esta grave situação.
A TV tem o poder de entrar nas casas sem
pedir licença, ali transmite notícias de acordo com suas tendências,
oportunidades e conveniências de momento; mexe na cabeça do povo e orienta
ações e condena antes dos Tribunais; informa e desinforma ao fazer fragmentação
de notícias e discursos contextualizando-os do seu modo, palavras e ênfase;
cria confusões, estica notícias para preencher horários, entope a mente da
audiência. Tal aspecto levou muitos jovens a não assistir TV e isto explica
certas atitudes de desrespeito às medidas restritivas, vistas em ocasionais
abre e feche de bares e outros conhecidos locais de aglomeração. A negativa de
expor-se ao caleidoscópio levado ao ar pela TV pode explicar em parte o
ocorrido e o aumento imediato de casos da doença. Não se pode esquecer, tampouco, que até
medidas de ajuda financeira, oferecidas pela União, na sua parte de
operacionalização, conforme mostrado na TV, contribuíram para gigantescas
aglomerações o que contrastava diretamente com as restrições determinadas pelos Estados e Prefeituras, gerando cenas
incompreensíveis à mente mediana, a qual, confusa, não sabia o que era verdade
ou mentira, o que seguir ou não seguir, esperando que só a presença da doença
em sua família pudesse efetivamente demonstrar a seriedade da situação em
termos cruéis, como final convencimento.
A
tecnologia do computador, do celular e da TV representam benefício que ajuda na
distração e descontração, contribuindo para
dar continuidade à vida e ao comércio,
mesmo assim, com o passar dos meses e os danos materiais visíveis, o
esmorecimento pessoal do empreendedor e do Consumidor são evidentes de modo que
o fator humano começa a se sobrepor. São planos, projetos, firmas sendo
fechadas, o consumo diminuindo e a receita tributária esmigalhando-se.
Separações, divórcios, encrencas, danos irreparáveis vão causando um
negativismo extra para as pessoas. Curiosa é a vida da Bolsa de Valores, onde o
mercado financeiro continua a agir como se nada tivesse acontecido. Antes
bastava um boato político, um índice menor e o efeito era imediato. Agora a
economia se apronta para ir para o brejo e nada acontece. Talvez o maior
exemplo de negacionismo, tentando continuar no jogo, mesmo descolado da
realidade. O mesmo ocorre com a
Inflação, antes aumentava o preço do tomate e da gasolina e a inflação
aumentava, hoje tudo aumenta e a inflação é insignificante. Talvez tudo manipulação,
medida de proteção, o que mais ?
Mas
nada prejudicou tanto o cidadão e o combate à Pandemia como a politização da
crise de saúde. A União, Estados e Municípios se desencontraram diante da falta
de recursos e a necessidade de enfrentar a Pandemia, evento inédito, para o
qual, não têm experiência nenhuma. Primeiramente, houve a tentativa de seus
porta-vozes mais centrais de dizer à população de que não se tratava de algo
sério, depois o erro estratégico de que a doença não afetaria as Américas, era
de inverno, só atacava idosos e homens, não era necessário usar máscara, seguiu-se
então, com o surgimento progressivo de casos, um festival de demonstrações de
descura e menosprezo, gerando dúvidas e instabilidade junto à população, que na
época ainda assistia os noticiários impulsionada pela curiosidade. E diante do temor que as visões e
entendimentos do poder central fossem colocados em prática, os Estados e
Municípios foram levados a buscar junto à Justiça a carta de alforria para escapar
dos devaneios dos porta-vozes e combater a crise de acordo com a realidade de
cada localidade. A princípio Estados já alquebrados e Municípios esfarrapados
tomaram medidas diversas, o que redundou na retirada da União do cenário de
combate direto, com visível troca de orientações e Ministros da Saúde, mas a TV
a jogou em suas telas como um grande trapalhão, um Leviatã gordo, rico,
ineficiente e com apetite imenso. Todavia, A União não deixou de ser generosa
ao destinar recursos do castelo para as aldeias. (Como que por passe de mágica,
bilhões surgiram do nada, foram remanejados de outras contas do orçamento.
Certamente não ficará barato e será cobrado com novas alíquotas e impostos. De
qualquer forma o PIB já foi condenado). Continuou o Leviatã, no entanto, a querer
negar números, desfigurar índices e confundir a opinião pública, contrariando e
escarnecendo medidas tomadas pelos Estados. Ficou clara a tentativa de
manipular o levantamento do número de casos, de manipular a situação, o que deu
um ar de descontrole e anarquia no jogo
de poder e prestígio. O Ministério
encarregado perdeu-se na confusão, a ponto de um consórcio de emissoras de
televisão organizar seu modo de colher números para informar a população. O
Ministério atrapalhou-se muito e teve dificuldades em suprir a Nação com
remédios básicos e deixou de dar orientações de combate ao vírus. O Leviatã, neste
tocante, demonstrou só saber funcionar para dentro, para seus objetivos
egoísticos de repartição, poder e jogos palacianos. Mas a psicologia do Governo
em qualquer nível é sempre de nunca admitir a realidade, pois sempre quer
defender-se e mostrar-se no poder, informando que está fazendo obras, tomando
medidas e compras para solucionar, mesmo que o discurso seja uma deslavada
mentira, mas serve para o momento e para quem escutou o ato televisivo; é a
antiga retórica dos sofista. Vale o “se colou,valeu”. E qualquer membro do Governo que quebre esta
regra é punido e já está de saída. A TV
fez a festa com toda esta munição, colocando a União como ridículo combatente,
um recruta zero das casernas esvaziadas. Por vezes, até mesmo a TV representou
a imprensa livre que se prende por dinheiro e é manipulada pela necessidade de
recursos para sobreviver como empresa. É visível a troca de orientação
editorial, a bagunça provocada na opinião pública. Isto contribui sobremaneira
para a desobediência civil. Quanto ao aspecto político de tudo isso,
pergunta-se como o Consumidor, travestido ocasionalmente como Eleitor, vai
reagir. É uma incógnita? Em 3/8/2020, já temos mais de 94.000 eleitores a menos
e mais de 2.733.0000 infectados que não são mais as mesmas pessoas em termos de
saúde, nem tão dispostos a comprar como antes. Quem pessoas eram, qual sua
qualificação e posição em empresas, preparo participar, para produzir etc.? E era tudo para ser só uma gripe e tudo seria
como antes no Quartel de Abrantes. Não deu.
Ao
mesmo tempo, os Estados tentaram liderar seus Municípios, mas a guerra política
em ano eleitoral é enorme. É a luta de quem manda aqui sou eu. Governadores
saíram chamuscados e suas Secretarias de Saúde perdidas no combate, sem leitos,
sem dinheiro, sem remédios. Se a saúde pública era a penúltima prioridade para
todos os níveis de Poder, com o Covid, foi pega em total despreparo. O
agravamento da crise não é medida pelo número de mortos, mas pelo número de
leitos de UTI à disposição para atender aos milhares de infectados.
E
o Município, sempre o coitadinho da família do Poder, esquecido, deixado à
míngua, sem recursos foi eleito como o grande lutador, o centro das decisões de
combate. Decreto Municipal virou lei, medidas foram baixadas, cada localidade
com suas leis. Uma legislação geralmente a orientar o comércio, repentinamente
foi alçada a nível de Constituição e a Guarda Municipal conjuntamente como
fiscal da Prefeitura passaram a ser os “robocops” dos tempos modernos. Talvez
um exercício de como seria o Municipalismo. Mas a nível municipal, a crise de
saúde sofre a pressão direta do comércio local, levando os Prefeitos a se
contradizerem com mediadas de abre e fecha que não deram certo de modo algum,
determinando a abertura do comércio antecipada e com reflexos diretos no
aumento de casos. Em algumas cidades, o
descompasso de medidas que fecharam o comércio e deixaram o transporte coletivo
solto só criam surpresa e indignação. O Consumidor chegou a duvidar da
seriedade de tudo. Com o aumento da
interiorização do vírus, o número de casos e mortes ficou solto à sorte e
destino em cidades que não possuíam nem hospital. Na euforia da inexperiência, as subidas e
descidas da curva são comemoradas antecipadamente até com euforia, mas o vírus
não sabe de política e conveniências humanas, quer matar, eliminar a raça
humana. Surpreendeu médicos e hospitais, derrotou o sistema de saúde, derrota
previsões e não respeita marcos estabelecidos pela imprensa e Governo para
retorno de qualquer atividade. Nos países da Europa, que dizem ter passado pelo
ápice da pandemia, o vírus está voltando à medida que as atividades vão sendo
liberadas. Isso demonstra que a volta ao normal só será possível com um “lockdown”
mundial por 30 dias ou mais, até que nenhum caso surja e não haja ninguém mais
infectado. Todavia, o mundo da produção
não quer perder, não admite parar.
Da
desunião do Executivo em seus três níveis, contam-se os mortos e milhares de
famílias enlutadas. Uma mortandade que, talvez ao final, quando em certo distanciamento
histórico for analisado o que de fato ocorreu, sejam tidas como mero descaso
com o Próximo das aldeias ou mesmo genocídio como dito por Gilmar Mendes. O
fato é que para muitos, aumenta a dúvida e suspeita quanto à eficácia de órgãos
públicos e autoridades, que se repita, só sabem funcionar para dentro e numa
hora destas se afundam em trapalhadas e frases de efeito. Só dignos médicos,
enfermagem e assistentes, verdadeiros heróis desta época, muitos inclusive já
mortos em combate, são confiáveis. Em tudo, todavia, apesar de esforços
isolados, observa-se a falta do bom planejamento, do entrosamento entre
Município e Estado; há falta de coordenação e um show diário de discurso
tendencioso, perdido, mentiroso, cheio de falsas esperanças;um desafio constante
para quem tem discernimento e infelizmente, uma pregação aceita com os olhos
pelo povo. Por enquanto, a única esperança
que podemos ter é sermos poupados pelo vírus.
E
nem mesmo com toda a crueldade da pandemia, os salteadores abandonaram seus sórdidos
planos criminosos. Todos os dias continuam a aparecer autoridades metidas em
compras e contratações de serviços superfaturados, desvios de verbas. Lojas são
assaltadas, pessoas roubadas ou vítimas de golpes, bancos arrombados,
contrabando e tráfico 24 horas por dia, aplicação contra programas de auxílio à
crise, corrupção. É uma doença que está na veia. Lastimável realidade, mas não
poderia ser diferente num país onde se falsificam remédios, altera-se o leite,
ladrões de galinha vão para a cadeia e gente “ importante” envolvida em golpes
milionários contra o Tesouro é solta. Há uma perda constante de boa energia para
o progresso do país. Pode-se dizer que o crime compensa, a Justiça sobrecarregada,
ficou cega, tarda, falha e favorece a prescrição. Lamentável. O desrespeito ao Próximo seja como Consumidor,
Fiel, Eleitor ou cidadão é visível.
Nesse
contexto, as novas gerações devem estar mesmo criando um asco em relação a tudo
isso. Mas enquanto as leis para o galinheiro forem feitas por raposas, nada
mudará. Depois de todas as operações da Lava Jato e outras, prisões e
expropriações, persiste a impunidade; há o surgimento de quadrilhas ,eleitas ou
não, que se beneficiam da moderna tecnologia e afrontam a todos e tudo com
arrogância ou ignorância.
Como
lenitivo e para dar esperança à massa humana, promete-se a vacina, prestes a
ser elaborada na pressa; serão descumpridas todas as etapas de necessária validação? Espera-se que a
população não seja usada como cobaia de teste. Fica ressaltada a impotência da
ciência humana perante o vírus, mas com as grandes potências esnobando no
cenário mundial com lançamentos espaciais e viagens para outros planetas. O
individualismo mostrou-se em estado adiantado e a ONU mostrou ter dificuldades
em promover ações a favor da união dos países e dos povos. Prevaleceu a
inexperiência em assuntos que realmente
deveriam ser de interesse global. A Pandemia poderá determinar a revisão de
toda a ordem estabelecida à medida que as consequências econômicas começarem a
determinar a ação e reação de cada país.
Infelizmente,
tudo que estamos vendo é um preparativo para uma crise econômica de feitos
devastadores para todos. No jogo econômico entre as Nações, algumas poderão ser
trituradas. Pequenas economias terão que ser reestudadas e muitas terão que
reagir co suas próprias forças internas, o que dependerá de seus Consumidores. Quanto mais demorar a
Pandemia, e isto irá até que todos os países importadores e exportadores do
Brasil voltem ao normal, mais danos estarão sendo gerados. O mundo acordou
quanto à dependência da China e certamente reações serão tomadas com mais
nacionalismo, uso de soluções internas, maior disputa entre as grandes
potências quanto ao domínio no mercado mundial, diminuição de importações,
volta da inflação, dificuldades em manter a política de juros baixos,
repercussão na política da condição econômica e suas consequências para a vida
da população, perpetuação do endividamento com falências e desemprego, esmorecimento
pessoal, queda da arrecadação de impostos e capacidade de investimento. Mas com
o Leviatã fazendo de tudo para não perder um quilo de sua majestade e bazófia.
Inúmeros serão os desdobramentos desta cruel realidade que está ainda se
formando. Como será o cenário político? Como estará a guerra pessoal entre os
Três Poderes? Tudo será feito e impregnado das características da sociedade
brasileira. Mas o busílis é como estará o Consumidor, o cidadão, Eleitor, o
Fiel, o Espectador depois dessa provação? A TV tem a missão de informar, mas
também ao fazê-lo, deve ter a responsabilidade de não exagerar suas
tendências. O momento é delicado para a
sobrevivência em cada mente, em cada lar.
Como
se pode ver, há no país muito para evoluir. Estamos longe de qualquer
excelência em termos de qualidade, respeito ao Próximo, democracia e direitos
sociais, mas estamos num processo de evolução constante com mortos e feridos.
Avançamos lentamente, graças aos empreendimentos privados. O Brasil de 1950 em
termos materiais não pode ser comparado ao atual, todavia, face aos vários
fatores de perda de energia, alguns mencionados no texto acima, o nosso país
vai sendo progressivamente entregue as novas gerações, que terão nas mãos os
meios de conseguir progresso do seu modo, conforme o seu preparo, de acordo com
seus princípios e terão que viver com isto. Não há milagre, todos terão que
passar por etapas e construir o futuro melhor. No entanto, sem Educação, cada
vez será mais fácil dizer e lamentar ” não se preocupe , nada vai dar certo”.
Nada nasce sem ser plantado. Os milimétricos erros de hoje serão os quilômetros
de diferenças amanhã. Um pequeno gole hoje, um bêbado caído amanhã.
Odilon
Reinhardt . 3.8.2020