Um Sinal do Universo
Estamos
nesta bola azul entre cada anoitecer e amanhecer,
sinalizando
no
escuro
do
Universo
para
que
alguém
talvez possa nos ver .
Enviamos
nossas
naves
poderosas,
nossos
telescópios
e
satélites,
mas
permanece
o
silêncio
em
notas
vigorosas.
Somos
moradores
pensantes
,
cheios
de
enigmas
e
perguntas,
mas também meros passantes.
Somos
Natureza
,
somos
parte
de
tudo,
somos
tudo
e
nada
na
Criação
e
sua
beleza.
Ignoramos
que
dependemos
do
sol,
da
água
,
do
ar,
da
Natureza
como
um
todo,
e
até
mesmos dos
sonhos
da
hora
do
arrebol.
Fazemos
dificuldades,
complexidades,
esquecemos
nossa simplicidade,
negamos
nossa
fragilidade.
Com
orgulho
e
soberba
inventamos
governos,
estruturas
complexas
e
hierárquicas
mas
da
essência,
da
inocência
e
da
simplicidade
esquecemos.
Nossos
intelectuais
criaram
todos
os
“ismos”
para
tentar
explicar
e
entender
a
vida
ou
o
que
fazemos,
mas
ao
final
nada
entendemos
e
explicamos
com
estes
ismos”.
Acumulamos
o
negativo,
vivemos
e
perturbamo-nos
com
este
depósito,
esquecemos
do
que
é
positivo.
Vivemos
embaraçados
dentro
de
nossa
mente,
cegos,
inconscientes,
numa
congestão,
afogados
na
materialidade
complexamente.
Temos
intensa
dificuldade
em
saber viver,
somos
levados
a
ver
o
Próximo
é
inimigo
natural
e
competidor,
nossa
vida
espiritual
é
conflituosa
e
afeta
o
conviver.
Criamos
conflitos,
disputas,
diferenças,
que
levam
a
guerras
e
destruição,
temos
cerimônias
e
rituais
e
lutas
de
religiões
e
crenças.
Ficamos
cegos
com
a
emoção
e
a
ira,
ficamos
fascinados
e nos ajoelhamos diante do material,
temos
o
dinheiro
e
competição
como
mira.
Perdemos
a percepção e a sensibilidade,
gastamos
muito
com
coisas
transitórias
e
depois
muito
tempo tentando
retornar
à
nossa
realidade.
Fazemos
classificações,
categorias
e
classes
de
seres
humanos,
perdemos
energia
nos
diferenciando
por
critérios
escusos
,
criamos
ilusões
e
muitos
enganos.
Sabemos
estar
submissos
ao
Tempo,
tentamos
estendê-lo,
multiplicá-lo,
mas só achamos contratempo.
Não
sabemos
lidar
com
a
limitação
da
existência,
não
aceitamos
nossa
inferioridade,
queremos
criar
eternidades
e
falsas
essências.
Temos
medo
de
perder,
mesmo
sabendo
que
daqui
nada
levaremos;
temos
medo
da
morte
e
seu
acontecer.
Sabemos
que
nada
é
para
sempre
na
Terra
onde
estamos,
a
instabilidade
é
geral
e
o
movimento
constante,
não
sabemos
de
onde
viemos
e
para
onde
vamos.
Nos
debatemos
na
busca
de
um
preenchimento
,
na
busca
para
um
sentido
para
a
vida
e
tudo
que
obtemos
é
um
contínuo
vazio
no
sentimento.
Sabemos
de
nossa
pequenez
perante
a
Natureza,
que
somos
indefesos
perante
a
física
e
a
química
do
Universo,
mas
continuamos
orgulhosos
e
soberbos
em
nossa
natureza.
Já
notamos
a
impossibilidade
de
mudar
o
roteiro
fatal
entre
o
nascer,
crescer
e
morrer
,
mas
ainda
nos
matamos
e
afogamos
no
material.
Temos
medo
da
dor
da
morte,
da
sua
essência,
da
verdade
que
dela
ninguém
voltou,
do
enigma
da
perda
e
da
inexistência.
Tentamos
viver
explicando
porquês,
o
nascer,
o
crescer
e
o
morrer,
fazemos
teorias
e
nada
sai
dos
por
quês.
Lutamos
entre
o
material
e
o
imaterial,
entre
o
palpável
e
o
impalpável,
aceitamos
ou
negamos
o
espiritual.
Perdemo-nos
em
nossa
pequenez,
em
nossas
injustiças,
iniquidades,
em
nosso
orgulho
e
soberba
cada
vez.
Nossa
bola
azul
,
nosso
lar,
por
ganância
não
é
mais
a
mesma,
mas
não
aceitamos
nossos
crimes
no
seu
cuidar.
Preenchemos
nosso
peito
com
medalhas,
condecorações,
prêmios
e
comemorações,
mesmo
sabendo
que
não
valemos
nada
por
nossas
atuações.
Ignoramos
nossa
fraqueza
total,
perante
a
doença,
um
simples
mosquito,
uma
bactéria,um
vírus
pode
nos
fazer
virar
pó,
fatal.
Basta
não
respirarmos
por
alguns
minutos
e
a
existência
cessa,
desaparecemos;
vence
o
tempo,
a
Natureza;
a
bola
azul
reclama
seus
frutos.
Portanto,
o dia é o que temos;
o
foco no aqui e agora,
na
vida e seus bons momentos.
E
do Universo, nem um sinal,
o
nada absoluto,
estamos
aqui, é a Terra nosso mundo especial.
Odilon
Reinhardt.
Tédio nos céus.
Prédios
inteiros
de
gente acuada ,
cheia
de grandes dinheiros.
Gente
esvaziada,
sem
nada para fazer,
matando
o tempo nesta parada.
Andares
cheios de animais humanos
com
gente usando o intelecto ou não,
todos
já apresentando sinais de desenganos.
Não
é só a ansiedade ,
a
depressão , é a Exaustão,
uma
cruel verdade.
Prédio
após prédio,
cheios
de nada,
amplos
em tédio.
Elevadores
do medo,
ponto
de estrangulamento,
todo
dia desde cedo.
O
vírus pode estar no sobe e desce,
a
sorte , o destino, o azar,
o
destino de cada um ali nasce.
Dia
após dia ,
um
andar desconfiado do outro,
instalou-se
a agonia.
“
Bom dia” que já era raro ouvir,
agora
com máscara,
tal
rugido nem se ousa.
Conveniente
e social afastamento,
o
prédio virou caixa vazia,
e
local de certo constrangimento.
Odilon
Reinhardt.
Novo normal.
Sorrisos
escondidos,
olhares
estarrecidos,
rostos
repartidos.
A
máscara ,
os
mascarados,
a
realidade cara.
A
expressão sem graça,
os
olhos como contato,
a
aparência em desgraça.
Olhos
tristes, enternecidos,
irados,
assustados,
feios,
raivosos , cansados.
A
máscara escondendo o rosto,
como
a mulher de burka, de shador,
uma
sombra sobretudo sem gosto.
A
máscara do Covid-19,
fazendo
a beleza feminina passar ,
um
tempo,um 2020, sem que nada a renove.
Quando
veremos os olhos se abrindo,
os
rostos felizes e livres,
femininos
mostrando beleza e sorrindo?
Agora
vale enfim a mulher
que
seja inteligente,
mostrando
seu mundo interno de bom ser.
Só
ego e aparência,
isto
agora não pega mais,
doravante,
vale a essência.
Por
enquanto, olhos que procuram se aproximar,
de
humanos que passam, que fogem, que desviam,
que
se afastam , que se distanciam.
Onde
estão os amigos,
todos
mascarados agora,
se
misturam aos inimigos?
Prossigo
na esperança do amanhã,
quero
encontrar os amigos,
um
irmão, uma irmã.
Estão
em algum lugar,
atrás
de uma máscara qualquer,
o
velho normal deve voltar.
Odilon
Reinhardt.
O que estou vi e
estou vendo.
Vi
e estou vendo nesta crise
pessoas com medo, mas
ainda
mais fechadas; muitos egoístas em crise.
Vi
e estou vendo a realidade,
o
humano se afastando do humano,
ainda
em maior intensidade.
Amigos,
conhecidos e parentes,
todos
tão recolhidos,
tão
sós sem suas gentes.
Ficavam
até alegres com o contato,
mas
será que procuraram alguém,
será
que perderam o tato?
Habituados
ao toma lá da cá dos interesses,
estão
perdendo o lado sensível humano,
não
sabem se relacionar sem materiais interesses.
Nenhuma
ligação de interesse puramente humano, querendo saber:
perguntar
simplesmente, “Como está ? Como tem passado?” ;
emudecidos,
refreados fazem tudo pior até neste afazer.
Vejo
pessoas que não ligam,
pessoas
que não retornam mensagens,
muito
presas, sem palavras, não se importam.
Criam
sem querer uma sensação de ter falado ao vento,
sem
resposta, sem retorno, sem atitude ,
é
o frio isolamento.
Pessoas
que se habituaram a esperar,
seguir,
receber, e nada podendo fazer,
agora
sabem reajeitas mas não sabem criar.
São
dificuldades a vencer,
deveriam
agitar o dia, a vida, sacudir a rotina,
gerar
as suas próprias novidades e fazer acontecer.
Senti
muitos tão reprimidos,
de
poucas palavras, sem expressão,
animais
na toca, de pensamentos espremidos.
Vejo
gente se arrastando pelos momentos,
sem
ter o que fazer por horas exaustas;
gente
presa com medo de seus sentimentos.
Sem
hábitos intelectuais,
tudo
fica mais difícil de preencher;
esperar
a hora de dar comida aos animais.
Vi
pobreza, de comportamento,
falta
intelectualidade, pouca nobreza no atuar,
pouca
beleza no sentimento.
Pessoas
que nada podendo fazer,
dedicam-se
ao vazio de coisas inúteis para matar o tempo,
crueldade,
pois é tempo de vida que está a correr.
E
a certo ponto vi palavras de solidão,
uma
tristeza camuflada em vírgulas e pontos finais,
um
adiantado estado de exaustão.
Vi
e estou vendo muitos neste caminho
com seus umbigos, a realidade que já existia,
agora
mais intensa na falta de atenção e carinho.
Nada
para surpreender,
só
uma constatação,um teste
de
como tudo está frio, calculista ,pragmático no coviver.
Tanta
superficialidade
já
era o comum no ti-ti-ti
em
redes da sociedade.
Isto
virou agora ícone da ansiedade,
uma
tortura lenta e diária no vazio,
cheio
de dissimulação e fragilidade.
Vi
e estou vendo a solidão,
sombra
que vai se aproximando
da
individualidade de cada coração.
Fico
a perguntar se durante
toda
esta crise humana não só de saúde
irão
refletir ou ficar ainda mais distante.
Vi
e vejo muitos preferindo
concentrar-se
na dor e não no amor-compaixão,
alienar-se,
negar , evitar debater o que vai prosseguindo.
Será
que tudo isto nada ensinará,
será
que tirarão conclusões certas,
será
que isto tudo para algo servirá?
Odilon
Reinhardt.
Em meio a todas
as demonstrações do Leviatã quanto ao seu caráter materialista e assaz egoísta,
visando sempre a preservação de seus órgãos, os quais muitas vezes, só
funcionam para dentro, fica por demais visível que o espírito do Poder é mesmo
de existir para si mesmo. Nada de diferente e nem uma quebra de expectativa,
pois as estruturas e o espírito monárquico continuam a existir dentro da
aparente modernidade do ideal republicano e suas estruturas. Evidentemente, tal
continuidade dá aos inquilinos, eleitos, pelo condomínio nacional, o modo de “vida
nobre” a ser preservado com se eternos os mandatos fossem; tal moto está personificado em muitas das inatingíveis
figuras, elevadas aos altos escalões de
seres que se creem perpétuos, e que em
ações corporativistas procuram manter suas salvaguardas, privilégios e
benefícios estratosféricos diante de milhares de comuns, famigerados ou não,
que devem seguir a rotina da vila, ameaçados pelas adversidades da vida e suas
doenças.
O
show entre os níveis de Poder Executivo no país politizou a crise de saúde,
economizou dinheiro público distribuindo migalhas ao povo, propiciou que
quadrilhas fizessem seus negócios milionários em equipamentos de saúde,
favoreceu a corrupção e deu fartos exemplos de dissonância, falta de
planejamento, descaso, manipulações, jogo de falsas orientações, enquanto o
festival de barbaridades e politicagem continua esnobando o crescente número de
casos e mortes. Nada de anormal para o país onde se faz de tudo para ganhar sem
trabalhar muito.
Por
trás da cortina da crise da saúde, passam boiadas e as piranhas ficam gordas, o
Leviatã acossado pelos factoides políticos e “side-shows”, permanece inabalável
em sua administração econômica fantasiosa à mercê do tsunami que vem vindo. Políticos ocupam-se com sua prioridade: a
reeleição. Os eleitores expostos à sorte e destino. A principal ocupação de
toda a estrutura político administrativa é a preservação de seus corredores e o
que ali se comenta e prepondera: luta pelo Poder e colocações.
Quem
se ocupa em ousar perturbar a normalidade de tal realidade palaciana e suas
intrigas é a TV, a qual, entre seus muitos aspectos negativos e que ao início
da crise quase levaram o povo à loucura e a histeria, organizou-se para
informar e mostrar as agruras, devaneios e discursos contrastantes entre os
jogos do Poder.
Em
tudo, fica demonstrado, pouca preocupação de certas autoridades com o fator
humano e as consequências humanas da pandemia. Tal fator é aspecto secundário
diante da pressão econômica para reabrir o comércio, garantir a receita
pública, negar a realidade, divertir o foco enquanto os falecimentos se
acumulam .
A
tríade, Saúde, Educação e Segurança a cargo do Estado mostrou sua realidade.
Não fosse o trabalho heroico de médicos e enfermeiras, tudo seria pior. No todo,
o Poder mostrou-se burocrático, lento, atrapalhado, pouco convencido da
seriedade da crise, sobretudo, desunido e fragmentado. A dissonância entre as
autoridades foi tônica diária e a
incompetência a marca registrada em tudo que politicamente podia ser decidido.
Mas
todo este cenário , por vezes até surreal pelo modo com que a TV o comunica,
está sendo percebido só por alguns, pois fica embaçado pela fumaça do
analfabetismo, da alienação, do pouco interesse pela causa pública, pela
educação precária que impede o completo entendimento do que vai ocorrendo, pela
falta de crítica e também pela audiência desistente, a qual cansou de tanta má
notícia por um período tão extenso.
É
assim que cansado de tanto desencontro, falta de união e contradições absurdas,
a reação comum começa a nascer na multidão, tratada como rebanho.
O
fator humano subjacente é catastrófico, consequência de várias mazelas da vida
nacional. Entre elas a Educação, colocada agora em tentativas de aprendizagem
por meios virtuais, não só no Brasil, mas no mundo; revelou-se um fracasso.
Pais e mães fechados em casa com seus filhos, que caldo fazem? Se a Educação
era delegada para a escola, agora voltou à mão dos pais e não prosperou, faltou
equipamento, cultura, sensibilidade e tempo e interesse. As horas de negligência
foram alteradas e sabe-se lá mais quanta
encrenca doméstica em imbecis discussões por falta de paciência, hábitos
intelectuais ,costume, foco e até mesmo amor. As crianças em casa; centro de
atritos e muita violência física e moral entre casais, crianças, jovens e
idosos. Os desdobramentos serão múltiplos e persistirão pelo depois da crise. Pelo
menos vai ficando demonstrada a essencialidade da escola e o caráter
insubstituível do professor.
A
Educação como prioridade supranacional. Nunca foi, não dá voto. Todavia a
Educação é o berço do cidadão, mais importante do que a sua própria casa onde
pais nem sempre contribuem para a correta educação, seja a formal para o trabalho seja a pessoal.
Até a lei considera a casa com fortaleza do cidadão, mas como está a cada do
cidadão antes, durante e depois desta crise? Até que ponto a casa e o que nela
acontece não está sendo o centro da demolição da vida íntima do indivíduo,
mormente quando o país não consegue ali existir para fornecer base sólidas para
uma vida conforme prevê os objetivos da Nação nos termos da Constituição da
República. O estado materialista, em décadas e décadas, tem olhado o fator humano com interesse de quem quer o
voto, quer o consumo, quer a receita. Pouco faz pela qualidade de vida e
educação sustentável. Não é de agora, é posicionamento de sempre e a sequência
de um Governo após o outro que só apresenta as mesmas políticas precárias.
Consequências viram causas e assim vamos perdendo energia e tempo. Qual a
qualidade de nossa mão de obra para fazer face ao futuro. Como está sendo afetado
o cidadão em seu ninho? Quais os efeitos da Pandemia na pessoa e sua
possibilidade de consumir e prosseguir na vida? No que possa pesar o bom
desempenho de secretários estaduais e municipais de saúde, a população deixou
de prestar atenção à TV e decidiu continuar a vida assumindo o risco,
utilizando-se da fé e esperança, dois pilares da vida restante neste país.
A
necessária quarentena, o afastamento social e o distanciamento foram biocotados
pelas notícias e orientações contraditórias a ponto do cidadão decretar por si
só o fim da Pandemia e ir em frente. Com tanta notícia ruim, por período tão
prolongado, invadindo os lares, de todos os itens da psicologia de massa mais
aplicados como o Pão e Circo, pelo menos um teve que ser liberado: futebol, mesmo
que sem presença de torcidas nos estádios. Como elemento de luz no final do
túnel, a promessas de vacina rápida. Mas o vírus desafia a tudo e todos, não
conhece das coisas humanas. Aproveita-se do negativismo propalado pelos meios
de comunicação e afeta a moral do povo em casa.
Diante
do afastamento social, das restrições impostas, do vai e vem de comandos
municipais, da dissintonia de orientações entre níveis de Governos e dentro do
próprio Governo, a pressão econômica, as dívidas, os dias cheios de más
notícias, os problemas familiares etc., o cidadão não tem mais como resistir e
acaba banalizando a crise e vulgarizando o vírus como pura reação animal
ansioso pela liberdade. A pressão sobre o cidadão confinado foi até agora a
maior já vista no país. A instabilidade gerada fez pressão que levou certas camadas da população e faixas etárias
decretarem o fim da Pandemia por si só, promovendo perigosos eventos de
aglomeração, desfeitos a cavalo , tiros e sirenes. Ademais os comerciantes e
empreendedores foram sendo surpreendidos com o prolongamento da crise e olhando
seus negócios e empreendimentos irem para o brejo. Ficar em casa nesta situação
certamente foi uma tortura e a saída foi fazer pressão sobre os prefeitos e
governadores. É de se supor que o Covid atrapalhou também todo o processo de
lavagem de dinheiro e caixa dois praticado por muitos comerciantes e
indústrias. Diante da pressão, as prefeituras tiveram que ceder e criaram muita
contradição, notada pela audiência popular. A decisão é norteada sempre para
não perder ou não deixar de ganhar e isto levou à perda da vida de muitos.
Ademais, num país muito egoísta, o Próximo que se dane e os idosos mais ainda,
pois alguém tem que morrer para salvar o negócio. E nestas decisões, políticos
afrontaram a área médica diretamente. O político virou médico, deveria também
assumir o encargo de agente funerário, bom negócio nesta época.
O
fato é que Governo e TV terão que fazer um esforço enorme para resgatar o
otimismo e objetivos de vida positiva após tanta degradação e um impressionante
impacto social equiparável ao ano do pós-guerra. Por hora, forma-se um perfil
de miséria e desgraça quanto à estabilidade emocional dos sobreviventes. Diante
da dissintonia entre Governos, nem Governo nem a TV consegue chamar a atenção
do povo que já esboça sinais de Exaustão.
O
chamado rebanho demonstra por atos concretos não mais seguir notícias e acenos
de medidas econômicas amenizadoras; já vinha demonstrando sinais de
desobediência civil de modo fragmentado e em lugares bem televisionados. O fato
pode evoluir para a desconsideração
civil, se o teatro político e judicial continuar a fornecer o bizarro e o
inatingível ao entendimento popular. Não é o que se deseja, mas é o que está se
formando para juntar-se à chegada das consequências econômicas de modo ainda
mais severo na porta da frente da casa do cidadão, dando-lhe bofetadas finais
com desemprego, instabilidade emocional, desmoralização do homem e da mulher
perante as responsabilidades domésticas diante dos filhos, enfim, a sensação de
fracasso e esmorecimento, a insatisfação existencial e seus enormes
desdobramentos na vida individual. Então, isto não vai se refletir no consumo,
na receita e no desempenho laboral para quem tiver emprego?
De
certo modo, a alienação e o analfabetismo já eram problemas graves, mas podem
juntar-se à exaustão para formar a desconsideração civil, uma espécie de
apartheid entre Povo e Governo, retirando a legitimidade para ação. Não se pode
ainda prever em que intensidade isto vai acontecer, se coletivo ou pessoal, mas
basta que atinja o comportamento de pessoas chave na família ou na empresa,
onde as gerações que estão assumindo o poder, já esboçavam comportamentos de
rebeldia, desinteresse, visão voltada ao dinheiro, falta de quanto à acumulação
de patrimônio, individualismo e o nunca trabalhar vestindo a camisa da empresa.
A
nova realidade doméstica nada contribuirá para a melhoria na educação da
infância em curso pelas razões já expostas, devendo-se acrescentar que o “home-office”,
nos casos em que é possível de acordo
com a natureza do trabalho, será mais um componente a contribuir com a
negligência dos pais na questão educacional, pois o trabalho profissional
passará a invadir o único espaço e tempo que poderia ser de atenção exclusiva à
casa e aos filhos. A título de
modernidade e necessária adaptação aos efeitos da crise, a empresa vai
invadir agora fisicamente a cada do trabalhador de modo mais grave e usurpador.
É a verdadeira invasão da vida privada, roubando o tempo livre das pessoas e
diminuindo sua individualidade. Muitos desdobramentos são previsíveis, alguns
bons outros ruins, mas os ruins já são suficientes para agravar a situação de
casais, adolescentes crianças e idosos. Chegar-se- á à coisificação geral de
todos, submetidos agora diretamente à aplicação de filosofias da linha de
produção, como o pragmatismo, racionalismo, utilitarismo etc. Tudo isto em
lares exprimidos onde possivelmente a sala de estar e a cozinha vão virar
ambiente de trabalho. Um desastre para a convivência familiar e atenção aos
filhos ou para o companheiro/a. A Pandemia acelerou muitas tendências boas e
ruins que já vinham se formando; várias realidades foram precipitadas e o
retrato do Brasil agora é real, sem ilusões e falsas luzes. O Brasil enfim
mostrou a sua cara. Nas barbas das Igrejas Cristãs, os políticos demonstram que
a Educação e as crianças são problema e não a solução. Entre tudo de ruim a
resolver, o problema referente à negligência familiar é um dos piores.
Muitas
serão as novas realidades domésticas e numa sociedade fisiológica e egoística
cada vez será mais difícil dar orientação para a população e ser atendido. Atos
ignorantes serão mais difíceis de controlar só com lei, multa e polícia.
Perigosa e temida realidade. Pouco adianta questionar em que esquina da
História nos perdemos, mas certamente a descura quanto à Educação e a vida
familiar, se não consertadas e bem concertadas, levará às consequências ruins
quanto ao interesse do Governo: rebanho, eleitor e consumidor.
Ademais,
com todos os problemas intensificados e agravados pela crise, o cidadão é que
será a vítima número um. Um eleitor desnorteado, alienado e desinteressado, um
consumidor endividado, sem fundos, sem emprego e com a família cheia de
problemas. Pergunta-se, a doença do
século, propiciada pela ansiedade galopante, não é mais a depressão? O
indivíduo sobrevivente estará mais forte e imune aos problemas comportamentais
e mentais?
Seja
lá como for, o país é do povo, para o povo, e tem que ser feito com o povo e pelo povo representado democraticamente.
Ninguém retira da população este poder.
A História Universal mostra que isto é verdade e assim será para sempre.
Por maior que sejam os problemas, o povo tem instinto coletivo, bom senso e
move-se de acordo. Em processos sempre há começo, meio e fim, de modo que as
consequências decorrentes da descura quanto à Educação logo começarão a ser
mais agressivos e afetarão a mão de obra substancialmente. Não é questão de
dinheiro, é questão de vida e preservação do fator humano. Que tipo de humanos
são os que mediante a corrupção e assalto aos cofres públicos brincaram com
dinheiro de obras e serviços por séculos, esquecendo do país e da Nação? Quem
brincou com obras e recursos da educação e saúde em sua ganância, fazendo do
Governo um balcão de negócios? Isto
agora tem consequências invisíveis para quem está na infância, mas bem visíveis
para o adulto e seu futuro no país.
E
de tanta esquerda e de tanta direita, o país vai pouco para frente. Não há
união para uma causa comum, o combate a um vírus, que uns negam, outros
esquecem, mas que é em sua invisibilidade quer a todos, mortos ou falidos. A
União seria apolítica, seria pelo bem comum, no interesse público original, sem
negócios, sem caixa dois, sem jogos partidários, sem umbigo, sem ego, sem ego,
sem corrupção. Difícil, não? Muitos preferem ver morrer do que a se unir. E
assim vamos todos nós pelos caminhos escuros e desconhecidos da Pandemia. Face
o tamanho continental do país, não foi possível optar por salvar vidas ou
salvar o negócio. Ficamos no meio termo e vamos sofrer as cruéis consequências.
Nem
se ouse pensar que toda esta crise e suas verdades não terão efeitos na vida
privada e o fato humano não será abalado. Como estará o cidadão, o eleitor e o
consumidor?
Odilon
Reinhardt -3.09-2020.
Um sinal no Universo.
Estamos
nesta bola azul entre cada anoitecer e amanhecer,
sinalizando
no
escuro
do
Universo
para
que
alguém
talvez possa nos ver .
Enviamos
nossas
naves
poderosas,
nossos
telescópios
e
satélites,
mas
permanece
o
silêncio
em
notas
vigorosas.
Somos
moradores
pensantes
,
cheios
de
enigmas
e
perguntas,
mas também meros passantes.
Somos
Natureza
,
somos
parte
de
tudo,
somos
tudo
e
nada
na
Criação
e
sua
beleza.
Ignoramos
que
dependemos
do
sol,
da
água
,
do
ar,
da
Natureza
como
um
todo,
e
até
mesmos dos
sonhos
da
hora
do
arrebol.
Fazemos
dificuldades,
complexidades,
esquecemos
nossa simplicidade,
negamos
nossa
fragilidade.
Com
orgulho
e
soberba
inventamos
governos,
estruturas
complexas
e
hierárquicas
mas
da
essência,
da
inocência
e
da
simplicidade
esquecemos.
Nossos
intelectuais
criaram
todos
os
“ismos”
para
tentar
explicar
e
entender
a
vida
ou
o
que
fazemos,
mas
ao
final
nada
entendemos
e
explicamos
com
estes
ismos”.
Acumulamos
o
negativo,
vivemos
e
perturbamo-nos
com
este
depósito,
esquecemos
do
que
é
positivo.
Vivemos
embaraçados
dentro
de
nossa
mente,
cegos,
inconscientes,
numa
congestão,
afogados
na
materialidade
complexamente.
Temos
intensa
dificuldade
em
saber viver,
somos
levados
a
ver
o
Próximo
é
inimigo
natural
e
competidor,
nossa
vida
espiritual
é
conflituosa
e
afeta
o
conviver.
Criamos
conflitos,
disputas,
diferenças,
que
levam
a
guerras
e
destruição,
temos
cerimônias
e
rituais
e
lutas
de
religiões
e
crenças.
Ficamos
cegos
com
a
emoção
e
a
ira,
ficamos
fascinados
e nos ajoelhamos diante do material,
temos
o
dinheiro
e
competição
como
mira.
Perdemos
a percepção e a sensibilidade,
gastamos
muito
com
coisas
transitórias
e
depois
muito
tempo tentando
retornar
à
nossa
realidade.
Fazemos
classificações,
categorias
e
classes
de
seres
humanos,
perdemos
energia
nos
diferenciando
por
critérios
escusos
,
criamos
ilusões
e
muitos
enganos.
Sabemos
estar
submissos
ao
Tempo,
tentamos
estendê-lo,
multiplicá-lo,
mas só achamos contratempo.
Não
sabemos
lidar
com
a
limitação
da
existência,
não
aceitamos
nossa
inferioridade,
queremos
criar
eternidades
e
falsas
essências.
Temos
medo
de
perder,
mesmo
sabendo
que
daqui
nada
levaremos;
temos
medo
da
morte
e
seu
acontecer.
Sabemos
que
nada
é
para
sempre
na
Terra
onde
estamos,
a
instabilidade
é
geral
e
o
movimento
constante,
não
sabemos
de
onde
viemos
e
para
onde
vamos.
Nos
debatemos
na
busca
de
um
preenchimento
,
na
busca
para
um
sentido
para
a
vida
e
tudo
que
obtemos
é
um
contínuo
vazio
no
sentimento.
Sabemos
de
nossa
pequenez
perante
a
Natureza,
que
somos
indefesos
perante
a
física
e
a
química
do
Universo,
mas
continuamos
orgulhosos
e
soberbos
em
nossa
natureza.
Já
notamos
a
impossibilidade
de
mudar
o
roteiro
fatal
entre
o
nascer,
crescer
e
morrer
,
mas
ainda
nos
matamos
e
afogamos
no
material.
Temos
medo
da
dor
da
morte,
da
sua
essência,
da
verdade
que
dela
ninguém
voltou,
do
enigma
da
perda
e
da
inexistência.
Tentamos
viver
explicando
porquês,
o
nascer,
o
crescer
e
o
morrer,
fazemos
teorias
e
nada
sai
dos
por
quês.
Lutamos
entre
o
material
e
o
imaterial,
entre
o
palpável
e
o
impalpável,
aceitamos
ou
negamos
o
espiritual.
Perdemo-nos
em
nossa
pequenez,
em
nossas
injustiças,
iniquidades,
em
nosso
orgulho
e
soberba
cada
vez.
Nossa
bola
azul
,
nosso
lar,
por
ganância
não
é
mais
a
mesma,
mas
não
aceitamos
nossos
crimes
no
seu
cuidar.
Preenchemos
nosso
peito
com
medalhas,
condecorações,
prêmios
e
comemorações,
mesmo
sabendo
que
não
valemos
nada
por
nossas
atuações.
Ignoramos
nossa
fraqueza
total,
perante
a
doença,
um
simples
mosquito,
uma
bactéria,um
vírus
pode
nos
fazer
virar
pó,
fatal.
Basta
não
respirarmos
por
alguns
minutos
e
a
existência
cessa,
desaparecemos;
vence
o
tempo,
a
Natureza;
a
bola
azul
reclama
seus
frutos.
Portanto,
o dia é o que temos;
o
foco no aqui e agora,
na
vida e seus bons momentos.
E
do Universo, nem um sinal,
o
nada absoluto,
estamos
aqui, é a Terra nosso mundo especial.
Odilon
Reinhardt.
Tédio nos céus.
Prédios
inteiros
de
gente acuada ,
cheia
de grandes dinheiros.
Gente
esvaziada,
sem
nada para fazer,
matando
o tempo nesta parada.
Andares
cheios de animais humanos
com
gente usando o intelecto ou não,
todos
já apresentando sinais de desenganos.
Não
é só a ansiedade ,
a
depressão , é a Exaustão,
uma
cruel verdade.
Prédio
após prédio,
cheios
de nada,
amplos
em tédio.
Elevadores
do medo,
ponto
de estrangulamento,
todo
dia desde cedo.
O
vírus pode estar no sobe e desce,
a
sorte , o destino, o azar,
o
destino de cada um ali nasce.
Dia
após dia ,
um
andar desconfiado do outro,
instalou-se
a agonia.
“
Bom dia” que já era raro ouvir,
agora
com máscara,
tal
rugido nem se ousa.
Conveniente
e social afastamento,
o
prédio virou caixa vazia,
e
local de certo constrangimento.
Odilon
Reinhardt.
Novo normal.
Sorrisos
escondidos,
olhares
estarrecidos,
rostos
repartidos.
A
máscara ,
os
mascarados,
a
realidade cara.
A
expressão sem graça,
os
olhos como contato,
a
aparência em desgraça.
Olhos
tristes, enternecidos,
irados,
assustados,
feios,
raivosos , cansados.
A
máscara escondendo o rosto,
como
a mulher de burka, de shador,
uma
sombra sobretudo sem gosto.
A
máscara do Covid-19,
fazendo
a beleza feminina passar ,
um
tempo,um 2020, sem que nada a renove.
Quando
veremos os olhos se abrindo,
os
rostos felizes e livres,
femininos
mostrando beleza e sorrindo?
Agora
vale enfim a mulher
que
seja inteligente,
mostrando
seu mundo interno de bom ser.
Só
ego e aparência,
isto
agora não pega mais,
doravante,
vale a essência.
Por
enquanto, olhos que procuram se aproximar,
de
humanos que passam, que fogem, que desviam,
que
se afastam , que se distanciam.
Onde
estão os amigos,
todos
mascarados agora,
se
misturam aos inimigos?
Prossigo
na esperança do amanhã,
quero
encontrar os amigos,
um
irmão, uma irmã.
Estão
em algum lugar,
atrás
de uma máscara qualquer,
o
velho normal deve voltar.
Odilon
Reinhardt.
O que estou vi e
estou vendo.
Vi
e estou vendo nesta crise
pessoas com medo, mas
ainda
mais fechadas; muitos egoístas em crise.
Vi
e estou vendo a realidade,
o
humano se afastando do humano,
ainda
em maior intensidade.
Amigos,
conhecidos e parentes,
todos
tão recolhidos,
tão
sós sem suas gentes.
Ficavam
até alegres com o contato,
mas
será que procuraram alguém,
será
que perderam o tato?
Habituados
ao toma lá da cá dos interesses,
estão
perdendo o lado sensível humano,
não
sabem se relacionar sem materiais interesses.
Nenhuma
ligação de interesse puramente humano, querendo saber:
perguntar
simplesmente, “Como está ? Como tem passado?” ;
emudecidos,
refreados fazem tudo pior até neste afazer.
Vejo
pessoas que não ligam,
pessoas
que não retornam mensagens,
muito
presas, sem palavras, não se importam.
Criam
sem querer uma sensação de ter falado ao vento,
sem
resposta, sem retorno, sem atitude ,
é
o frio isolamento.
Pessoas
que se habituaram a esperar,
seguir,
receber, e nada podendo fazer,
agora
sabem reajeitas mas não sabem criar.
São
dificuldades a vencer,
deveriam
agitar o dia, a vida, sacudir a rotina,
gerar
as suas próprias novidades e fazer acontecer.
Senti
muitos tão reprimidos,
de
poucas palavras, sem expressão,
animais
na toca, de pensamentos espremidos.
Vejo
gente se arrastando pelos momentos,
sem
ter o que fazer por horas exaustas;
gente
presa com medo de seus sentimentos.
Sem
hábitos intelectuais,
tudo
fica mais difícil de preencher;
esperar
a hora de dar comida aos animais.
Vi
pobreza, de comportamento,
falta
intelectualidade, pouca nobreza no atuar,
pouca
beleza no sentimento.
Pessoas
que nada podendo fazer,
dedicam-se
ao vazio de coisas inúteis para matar o tempo,
crueldade,
pois é tempo de vida que está a correr.
E
a certo ponto vi palavras de solidão,
uma
tristeza camuflada em vírgulas e pontos finais,
um
adiantado estado de exaustão.
Vi
e estou vendo muitos neste caminho
com seus umbigos, a realidade que já existia,
agora
mais intensa na falta de atenção e carinho.
Nada
para surpreender,
só
uma constatação,um teste
de
como tudo está frio, calculista ,pragmático no coviver.
Tanta
superficialidade
já
era o comum no ti-ti-ti
em
redes da sociedade.
Isto
virou agora ícone da ansiedade,
uma
tortura lenta e diária no vazio,
cheio
de dissimulação e fragilidade.
Vi
e estou vendo a solidão,
sombra
que vai se aproximando
da
individualidade de cada coração.
Fico
a perguntar se durante
toda
esta crise humana não só de saúde
irão
refletir ou ficar ainda mais distante.
Vi
e vejo muitos preferindo
concentrar-se
na dor e não no amor-compaixão,
alienar-se,
negar , evitar debater o que vai prosseguindo.
Será
que tudo isto nada ensinará,
será
que tirarão conclusões certas,
será
que isto tudo para algo servirá?
Odilon
Reinhardt.
Em meio a todas
as demonstrações do Leviatã quanto ao seu caráter materialista e assaz egoísta,
visando sempre a preservação de seus órgãos, os quais muitas vezes, só
funcionam para dentro, fica por demais visível que o espírito do Poder é mesmo
de existir para si mesmo. Nada de diferente e nem uma quebra de expectativa,
pois as estruturas e o espírito monárquico continuam a existir dentro da
aparente modernidade do ideal republicano e suas estruturas. Evidentemente, tal
continuidade dá aos inquilinos, eleitos, pelo condomínio nacional, o modo de “vida
nobre” a ser preservado com se eternos os mandatos fossem; tal moto está personificado em muitas das inatingíveis
figuras, elevadas aos altos escalões de
seres que se creem perpétuos, e que em
ações corporativistas procuram manter suas salvaguardas, privilégios e
benefícios estratosféricos diante de milhares de comuns, famigerados ou não,
que devem seguir a rotina da vila, ameaçados pelas adversidades da vida e suas
doenças.
O
show entre os níveis de Poder Executivo no país politizou a crise de saúde,
economizou dinheiro público distribuindo migalhas ao povo, propiciou que
quadrilhas fizessem seus negócios milionários em equipamentos de saúde,
favoreceu a corrupção e deu fartos exemplos de dissonância, falta de
planejamento, descaso, manipulações, jogo de falsas orientações, enquanto o
festival de barbaridades e politicagem continua esnobando o crescente número de
casos e mortes. Nada de anormal para o país onde se faz de tudo para ganhar sem
trabalhar muito.
Por
trás da cortina da crise da saúde, passam boiadas e as piranhas ficam gordas, o
Leviatã acossado pelos factoides políticos e “side-shows”, permanece inabalável
em sua administração econômica fantasiosa à mercê do tsunami que vem vindo. Políticos ocupam-se com sua prioridade: a
reeleição. Os eleitores expostos à sorte e destino. A principal ocupação de
toda a estrutura político administrativa é a preservação de seus corredores e o
que ali se comenta e prepondera: luta pelo Poder e colocações.
Quem
se ocupa em ousar perturbar a normalidade de tal realidade palaciana e suas
intrigas é a TV, a qual, entre seus muitos aspectos negativos e que ao início
da crise quase levaram o povo à loucura e a histeria, organizou-se para
informar e mostrar as agruras, devaneios e discursos contrastantes entre os
jogos do Poder.
Em
tudo, fica demonstrado, pouca preocupação de certas autoridades com o fator
humano e as consequências humanas da pandemia. Tal fator é aspecto secundário
diante da pressão econômica para reabrir o comércio, garantir a receita
pública, negar a realidade, divertir o foco enquanto os falecimentos se
acumulam .
A
tríade, Saúde, Educação e Segurança a cargo do Estado mostrou sua realidade.
Não fosse o trabalho heroico de médicos e enfermeiras, tudo seria pior. No todo,
o Poder mostrou-se burocrático, lento, atrapalhado, pouco convencido da
seriedade da crise, sobretudo, desunido e fragmentado. A dissonância entre as
autoridades foi tônica diária e a
incompetência a marca registrada em tudo que politicamente podia ser decidido.
Mas
todo este cenário , por vezes até surreal pelo modo com que a TV o comunica,
está sendo percebido só por alguns, pois fica embaçado pela fumaça do
analfabetismo, da alienação, do pouco interesse pela causa pública, pela
educação precária que impede o completo entendimento do que vai ocorrendo, pela
falta de crítica e também pela audiência desistente, a qual cansou de tanta má
notícia por um período tão extenso.
É
assim que cansado de tanto desencontro, falta de união e contradições absurdas,
a reação comum começa a nascer na multidão, tratada como rebanho.
O
fator humano subjacente é catastrófico, consequência de várias mazelas da vida
nacional. Entre elas a Educação, colocada agora em tentativas de aprendizagem
por meios virtuais, não só no Brasil, mas no mundo; revelou-se um fracasso.
Pais e mães fechados em casa com seus filhos, que caldo fazem? Se a Educação
era delegada para a escola, agora voltou à mão dos pais e não prosperou, faltou
equipamento, cultura, sensibilidade e tempo e interesse. As horas de negligência
foram alteradas e sabe-se lá mais quanta
encrenca doméstica em imbecis discussões por falta de paciência, hábitos
intelectuais ,costume, foco e até mesmo amor. As crianças em casa; centro de
atritos e muita violência física e moral entre casais, crianças, jovens e
idosos. Os desdobramentos serão múltiplos e persistirão pelo depois da crise. Pelo
menos vai ficando demonstrada a essencialidade da escola e o caráter
insubstituível do professor.
A
Educação como prioridade supranacional. Nunca foi, não dá voto. Todavia a
Educação é o berço do cidadão, mais importante do que a sua própria casa onde
pais nem sempre contribuem para a correta educação, seja a formal para o trabalho seja a pessoal.
Até a lei considera a casa com fortaleza do cidadão, mas como está a cada do
cidadão antes, durante e depois desta crise? Até que ponto a casa e o que nela
acontece não está sendo o centro da demolição da vida íntima do indivíduo,
mormente quando o país não consegue ali existir para fornecer base sólidas para
uma vida conforme prevê os objetivos da Nação nos termos da Constituição da
República. O estado materialista, em décadas e décadas, tem olhado o fator humano com interesse de quem quer o
voto, quer o consumo, quer a receita. Pouco faz pela qualidade de vida e
educação sustentável. Não é de agora, é posicionamento de sempre e a sequência
de um Governo após o outro que só apresenta as mesmas políticas precárias.
Consequências viram causas e assim vamos perdendo energia e tempo. Qual a
qualidade de nossa mão de obra para fazer face ao futuro. Como está sendo afetado
o cidadão em seu ninho? Quais os efeitos da Pandemia na pessoa e sua
possibilidade de consumir e prosseguir na vida? No que possa pesar o bom
desempenho de secretários estaduais e municipais de saúde, a população deixou
de prestar atenção à TV e decidiu continuar a vida assumindo o risco,
utilizando-se da fé e esperança, dois pilares da vida restante neste país.
A
necessária quarentena, o afastamento social e o distanciamento foram biocotados
pelas notícias e orientações contraditórias a ponto do cidadão decretar por si
só o fim da Pandemia e ir em frente. Com tanta notícia ruim, por período tão
prolongado, invadindo os lares, de todos os itens da psicologia de massa mais
aplicados como o Pão e Circo, pelo menos um teve que ser liberado: futebol, mesmo
que sem presença de torcidas nos estádios. Como elemento de luz no final do
túnel, a promessas de vacina rápida. Mas o vírus desafia a tudo e todos, não
conhece das coisas humanas. Aproveita-se do negativismo propalado pelos meios
de comunicação e afeta a moral do povo em casa.
Diante
do afastamento social, das restrições impostas, do vai e vem de comandos
municipais, da dissintonia de orientações entre níveis de Governos e dentro do
próprio Governo, a pressão econômica, as dívidas, os dias cheios de más
notícias, os problemas familiares etc., o cidadão não tem mais como resistir e
acaba banalizando a crise e vulgarizando o vírus como pura reação animal
ansioso pela liberdade. A pressão sobre o cidadão confinado foi até agora a
maior já vista no país. A instabilidade gerada fez pressão que levou certas camadas da população e faixas etárias
decretarem o fim da Pandemia por si só, promovendo perigosos eventos de
aglomeração, desfeitos a cavalo , tiros e sirenes. Ademais os comerciantes e
empreendedores foram sendo surpreendidos com o prolongamento da crise e olhando
seus negócios e empreendimentos irem para o brejo. Ficar em casa nesta situação
certamente foi uma tortura e a saída foi fazer pressão sobre os prefeitos e
governadores. É de se supor que o Covid atrapalhou também todo o processo de
lavagem de dinheiro e caixa dois praticado por muitos comerciantes e
indústrias. Diante da pressão, as prefeituras tiveram que ceder e criaram muita
contradição, notada pela audiência popular. A decisão é norteada sempre para
não perder ou não deixar de ganhar e isto levou à perda da vida de muitos.
Ademais, num país muito egoísta, o Próximo que se dane e os idosos mais ainda,
pois alguém tem que morrer para salvar o negócio. E nestas decisões, políticos
afrontaram a área médica diretamente. O político virou médico, deveria também
assumir o encargo de agente funerário, bom negócio nesta época.
O
fato é que Governo e TV terão que fazer um esforço enorme para resgatar o
otimismo e objetivos de vida positiva após tanta degradação e um impressionante
impacto social equiparável ao ano do pós-guerra. Por hora, forma-se um perfil
de miséria e desgraça quanto à estabilidade emocional dos sobreviventes. Diante
da dissintonia entre Governos, nem Governo nem a TV consegue chamar a atenção
do povo que já esboça sinais de Exaustão.
O
chamado rebanho demonstra por atos concretos não mais seguir notícias e acenos
de medidas econômicas amenizadoras; já vinha demonstrando sinais de
desobediência civil de modo fragmentado e em lugares bem televisionados. O fato
pode evoluir para a desconsideração
civil, se o teatro político e judicial continuar a fornecer o bizarro e o
inatingível ao entendimento popular. Não é o que se deseja, mas é o que está se
formando para juntar-se à chegada das consequências econômicas de modo ainda
mais severo na porta da frente da casa do cidadão, dando-lhe bofetadas finais
com desemprego, instabilidade emocional, desmoralização do homem e da mulher
perante as responsabilidades domésticas diante dos filhos, enfim, a sensação de
fracasso e esmorecimento, a insatisfação existencial e seus enormes
desdobramentos na vida individual. Então, isto não vai se refletir no consumo,
na receita e no desempenho laboral para quem tiver emprego?
De
certo modo, a alienação e o analfabetismo já eram problemas graves, mas podem
juntar-se à exaustão para formar a desconsideração civil, uma espécie de
apartheid entre Povo e Governo, retirando a legitimidade para ação. Não se pode
ainda prever em que intensidade isto vai acontecer, se coletivo ou pessoal, mas
basta que atinja o comportamento de pessoas chave na família ou na empresa,
onde as gerações que estão assumindo o poder, já esboçavam comportamentos de
rebeldia, desinteresse, visão voltada ao dinheiro, falta de quanto à acumulação
de patrimônio, individualismo e o nunca trabalhar vestindo a camisa da empresa.
A
nova realidade doméstica nada contribuirá para a melhoria na educação da
infância em curso pelas razões já expostas, devendo-se acrescentar que o “home-office”,
nos casos em que é possível de acordo
com a natureza do trabalho, será mais um componente a contribuir com a
negligência dos pais na questão educacional, pois o trabalho profissional
passará a invadir o único espaço e tempo que poderia ser de atenção exclusiva à
casa e aos filhos. A título de
modernidade e necessária adaptação aos efeitos da crise, a empresa vai
invadir agora fisicamente a cada do trabalhador de modo mais grave e usurpador.
É a verdadeira invasão da vida privada, roubando o tempo livre das pessoas e
diminuindo sua individualidade. Muitos desdobramentos são previsíveis, alguns
bons outros ruins, mas os ruins já são suficientes para agravar a situação de
casais, adolescentes crianças e idosos. Chegar-se- á à coisificação geral de
todos, submetidos agora diretamente à aplicação de filosofias da linha de
produção, como o pragmatismo, racionalismo, utilitarismo etc. Tudo isto em
lares exprimidos onde possivelmente a sala de estar e a cozinha vão virar
ambiente de trabalho. Um desastre para a convivência familiar e atenção aos
filhos ou para o companheiro/a. A Pandemia acelerou muitas tendências boas e
ruins que já vinham se formando; várias realidades foram precipitadas e o
retrato do Brasil agora é real, sem ilusões e falsas luzes. O Brasil enfim
mostrou a sua cara. Nas barbas das Igrejas Cristãs, os políticos demonstram que
a Educação e as crianças são problema e não a solução. Entre tudo de ruim a
resolver, o problema referente à negligência familiar é um dos piores.
Muitas
serão as novas realidades domésticas e numa sociedade fisiológica e egoística
cada vez será mais difícil dar orientação para a população e ser atendido. Atos
ignorantes serão mais difíceis de controlar só com lei, multa e polícia.
Perigosa e temida realidade. Pouco adianta questionar em que esquina da
História nos perdemos, mas certamente a descura quanto à Educação e a vida
familiar, se não consertadas e bem concertadas, levará às consequências ruins
quanto ao interesse do Governo: rebanho, eleitor e consumidor.
Ademais,
com todos os problemas intensificados e agravados pela crise, o cidadão é que
será a vítima número um. Um eleitor desnorteado, alienado e desinteressado, um
consumidor endividado, sem fundos, sem emprego e com a família cheia de
problemas. Pergunta-se, a doença do
século, propiciada pela ansiedade galopante, não é mais a depressão? O
indivíduo sobrevivente estará mais forte e imune aos problemas comportamentais
e mentais?
Seja
lá como for, o país é do povo, para o povo, e tem que ser feito com o povo e pelo povo representado democraticamente.
Ninguém retira da população este poder.
A História Universal mostra que isto é verdade e assim será para sempre.
Por maior que sejam os problemas, o povo tem instinto coletivo, bom senso e
move-se de acordo. Em processos sempre há começo, meio e fim, de modo que as
consequências decorrentes da descura quanto à Educação logo começarão a ser
mais agressivos e afetarão a mão de obra substancialmente. Não é questão de
dinheiro, é questão de vida e preservação do fator humano. Que tipo de humanos
são os que mediante a corrupção e assalto aos cofres públicos brincaram com
dinheiro de obras e serviços por séculos, esquecendo do país e da Nação? Quem
brincou com obras e recursos da educação e saúde em sua ganância, fazendo do
Governo um balcão de negócios? Isto
agora tem consequências invisíveis para quem está na infância, mas bem visíveis
para o adulto e seu futuro no país.
E
de tanta esquerda e de tanta direita, o país vai pouco para frente. Não há
união para uma causa comum, o combate a um vírus, que uns negam, outros
esquecem, mas que é em sua invisibilidade quer a todos, mortos ou falidos. A
União seria apolítica, seria pelo bem comum, no interesse público original, sem
negócios, sem caixa dois, sem jogos partidários, sem umbigo, sem ego, sem ego,
sem corrupção. Difícil, não? Muitos preferem ver morrer do que a se unir. E
assim vamos todos nós pelos caminhos escuros e desconhecidos da Pandemia. Face
o tamanho continental do país, não foi possível optar por salvar vidas ou
salvar o negócio. Ficamos no meio termo e vamos sofrer as cruéis consequências.
Nem
se ouse pensar que toda esta crise e suas verdades não terão efeitos na vida
privada e o fato humano não será abalado. Como estará o cidadão, o eleitor e o
consumidor?
Odilon Reinhardt -3.09-2020.