Na platitude das Observações.
No medo desse complexo,
qual a
questão
para a
existência desse nexo?
Há extensão
do ininteligível acontecimento,
há o
prolongamento sem respostas,
perante o
invisível e seu deslocamento.
Indigente
ambulante,
a vida vai
sendo empurrada
a trancos e
barrancos para frente.
Socada em
nave estelar,
a vida
enfiada neste planeta,
que começa a
fumegar em seu passar.
Procura-se
uma explicação,
uma que dê
sentido,
mas aberta e
ampla é a questão .
Com ou sem
resposta, em cada esquina,
a Humanidade
estende a mão,
mendigando
pelo favor de uma vacina.
Qual a
questão
que importa
na ordem
já esboçando
confusão?
Nenhuma
resposta vem igual
e a Terra
vai indo tal
e qual?
É verdade ,
o ego
espreita em cada sentido
e a vida é
feita de tal mentalidade.
O observar é
ato necessário do pensar,
mas
sobreviver não é necessário ,
se não
houver uma semente do questionar.
O por quê ,
mesmo que
não chegue ao porquê
coloca a
vida sempre num o quê.
Nesse evento
planetário,
pouco vejo
de reflexão humana;
os viajantes
continuam afogados no diário.
Quanta porta
trará só vento,
janelas só
luz,
e perguntas
nenhum alento?
Com sim, com
não, o Planeta vai levando a vida,
em viagem
sem rumo de explicação
e o conjunto
todo segue girando em ida.
Lá fora
ninguém nos vê,
aqui de
dentro não vemos ninguém lá.
Os inimigos
invisíveis estão só na TV?
Em dias e
noites da viagem
humanos vão
rodando entre astros de suas mentes;
pela janela
interna a vida normal, agora uma miragem.
Alguém
lembra de revisar o manual de bordo?
Alguém está
redefinindo rumos do pensar e do agir?
Vejo poucos,
muito poucos pensando nesse abordo.
A nave e sua
viagem sugerem milhares de questões,
muitos são
os fantasmas,
a viagem
interna é cheia de explosões.
Todo o
complexo
deveria
procurar explicações, achar porquês,
que não
fossem seu mero reflexo.
Por ora, o
mal do momento é um dos invisíveis,
fatal,
recorrente, mas não o pior,
há os que torturam,
lentos, mais horríveis.
Entre os
humanos há exaustão
e logo o
esgotamento ,
o pior
estágio da saturação.
A manada
segue o rumo manipulado de cada dia,
aposta na fé
e esperança e abusa da sorte,
quer
despir-se da aflição, ansiedade e agonia.
Arrisca,
sai, foge, desafia,
mas o vírus
entre outros invisíveis
está alerta
nas esquinas de sua história.
A existência
individual
passou a ser
sorte e destino lotérico,
e seu já
possível inexistir é só assunto pessoal.
Acima da
máscara imposta,
há uma
viseira de material invisível
que alimenta
a cegueira, a qual veta qualquer resposta.
Assim, vai a
Humanidade
afugentada,
ameaçada, acuada
esperando a
volta a sua vida de normalidade.
Questiona-se
tal normalidade,
quão
defeituosa ela era,
ou normalidade
é mesmo só comprar e consumir?
Não vejo
muitos sinais de grandes reflexões,
até os
grandes pensadores carregam seu questionar,
mas não
sabem se estão no começo, meio ou fim das observações.
Por
enquanto, a viagem segue sem interrupções;
muitas
aberrações; muito revelando-se aos poucos,
o filme
capta o mundo e a vida do humano e suas muitas versões.
O roteiro é
mais ou menos previsível,
mas o
epílogo faz imenso buraco negro,
tudo está em
aberto e as questões estão entre o possível e o impossível.
Odilon
Reinhardt.
Onde
está?
Está por aí
,
espalhando
medo, paranoia;
está por aí.
Mas onde
está?
Está na mão,
na roupa, no cabelo, na barba,
está.
Está no
abraço,
no nariz, na
boca,
cortando
qualquer laço?.
Está no
chão,
no carro, na
sala, na cama,
na porta, na
chave, no salão?
Está no ar,
no vento, no
controle,
na tecla, no
celular?
Está no
avião,
na aeromoça,
no
restaurante, na comida, na solidão?
Está em
tudo,
está no
terno, no sobretudo,
está por
tudo?
Sou eu o
portador?
Você?
Quem é hoje
o portador?
Só a vacina
e o remédio
poderão
tirar a dúvida da esquina.
A Humanidade
acuada,
reunião
postergada,
a vida
paralisada.
O humano
neste seguir,
não sabe
como prosseguir,
um novo e
estranho sentir.
Esperando o
amanhecer,
o novo tempo
aparecer,
o que e como
vai acontecer.
Muito para
supor,
onde, quando
o vírus vai se compor,
como vai se
recompor?
Na espera de
uma vacina, do remédio,
o humano
vive em temor e suspeita,
teme a
presença do Próximo, um assédio.
Odilon
Reinhardt.
Longe de
mim e de quem eu conheço.
Desvias de
mim ,
tua
invisibilidade me procura,
quero
afastá-la de meu fim.
Sei que me
espreitas,
praga
imprecisa, maldosa;
vives onde,
nas frestas?
Vírus fatal,
percorres
lugares de descuido,
queres o fim
do frágil mortal.
Desvias de
mim ,
coisa
traiçoeira,
fantasma,
fiques fora de mim.
Sei que
estás por aí,
em qualquer
passagem, no ar,
permaneças
longe daqui.
Espalhas
temor, ansiedade,
dano, medo,
negatividade;
mudas a
realidade.
Não toques
nem leves ninguém,
que eu
conheça;
partas, vás
para o Além.
Sei que me
esperas,
que me
queres levar,
mas esta
oportunidade não terás.
Esqueças
este caminho,
que o Éter
te atraia,
aqui não
encontrarás ninho.
Deixes a
Vida,
ninguém
gosta de ti,
espero que estejas de partida.
Sei que
patrulhas noite de dia,
esperas a
fragilidade,
tu és
covarde e fria.
Vais
reforçar as piores pragas,
o egoísmo, o
racionalismo, o pragmatismo
no
relacionamento humano criando mais castas.
Queres
afastar, distanciar,
isolar,
matar.
A Humanidade
sofrerá, mas te mostrará
tua curta
permanência.
Partas antes
da morte que terás.
Já destes
tua lição.
Largas da
Terra.
Partas de
vez em solidão.
Odilon
Reinhardt.
Uma andança.
Nas pedras frias da calçada bate a madrugada,
o Tio Corona
vai pela rua imersa em neblina,
fazendo sua
ronda.
Vai pelos
becos e bares,
arrasta suas
correntes pelas praças e avenidas,
quer o
humano e seus pares.
Faz sua
cavalgada,
por vezes, à
pé, com seu forcado
depois sai
em disparada.
Tal qual um
dos cavaleiros do vento sinistro
percorre a
cidade de muitas gentes,
quer
aumentar seu numérico e fatal registro.
Vai por
calçadas de pedras soltas,
caminhos
desgastados,
corredores
antigos de idas e vindas.
Desce a
Murici, dobra na Quinze, chega na Osório,
pega ali
algumas almas,
inicia por
arrastá-las mesmo sem velório.
Continua por
vielas escuras,
ruas
molhadas, becos solitários,
ruas sem
saídas e obscuras.
É seguida
pela dama de branco em seus afazeres,
a Esperança
que surge em todos como deusa
e que tenta
salvar seres.
Esperança
dada a cada um de não ser acometido,
esperança de
salvar-se, se pego,
esperança em
seu papel já tímido.
Tio Corona,
implacável,
sem piedade
alguma,
mostra-se
duro, incansável.
Vai e volta
pela rua,,
usando de
sua invisibilidade,
tem em si a
maldade crua.
Quer alguém,
qualquer um,
pára,
espera, vai além .
Já acabou
com muita festa,
reunião,
show, discurso;
garimpar seres é o que lhe resta.
Não há
barulho no bar da esquina,
não há mais
mesas nem vozerio,
o tio olha
insatisfeito através da cortina.
Mas sai pela
rua, odeia o álcool e seus derivados,
tem
verdadeiro horror às máscaras,
e detesta
qualquer respirador.
Fica
aguardando o dia;
ao sol
matinal já faz sua grande colheita
e em mortal
festa, provoca no povo a agonia.
Nem precisa
fazer rondas,
as pessoas
estão soltas por aí,
vão de graça
ao seu encontro.
Tio Corona
pega muitos descuidados,
dá carona
até o hospital,
e leva ao
cemitério os coitados.
Os já
visitados pelo tio Alzheimer,
não resistem
ao abraço do tio Corona,
parecem
estar esperando e nada temer.
Tio Corona
não sossega,
está
obcecado, quer mais e mais; insaciável,
faz seu
pega, pega.
E assim
passa a semana,
de dia é
fácil a caçada ;
de noite tem
que catar alguma vítima.
São dias de
Corona,
todo mundo
foge,
ninguém quer
carona.
Odilon
Reinhardt.
Não que
qualquer das manifestações, que venha a ocorrer, possa alterar o caminho das
coisas e do rebanho, mas pode talvez ser um passo, em acréscimo, para a parcela
ínfima das pessoas empenhadas em pensar e evoluir, atitude puramente pessoal e
já bem rara.
Necessário
dizer que qualquer conclusão boa e bem fundamentada, que venha as ser
publicada, a ponto de se tornar tendência filosófica para uma nova época, só
chamará atenção, se for do interesse de agentes de mídia e marketing, o que se
torna cada vez mais difícil, eis que estes têm se dedicado a reforçar o caráter
social libertário para atrair grandes massas de consumidores, sempre reforçando
o individualismo, o pragmatismo no comportamento, o qual está cada vez mais
frio, calculista, racional, umbilical.
Sem dúvida,
muitos observadores já se depararam com pontos muito superiores ao rol que
elenco neste texto, meramente a título de registrar uma época de provação e
revelações, em que muitas realidades e verdades ficaram escancaradas.
Assim, desde
o primeiro minuto da Pandemia, gritou aos olhos, com grande evidência, a
relevância dos instrumentos de informática. É a consagração do mundo virtual e
todos seus aparelhos e aplicativos. Ficou justificada toda a tecnologia a favor
da Humanidade. A comunicação como rainha de todas as necessidades. No que possa
pesar o mau uso do mundo virtual feito por alguns, a exceção baseada em “fake
news”, sites falsos, aumento de espionagem, roubo de informações corporativas e
pessoais, aumento do crime durante a Pandemia, nada supera os benefícios
comprovados para a ciência, comércio e indústria, educação e saúde e para a
aproximação das pessoas.
Sem dúvida,
tudo contou com o apoio da tela, seja na TV, seja no computador, seja no
celular, instrumentos que se confirmaram como soberanos de uma época sem igual
na vida da Humanidade; facilitaram e promoveram o novo normal comercial que
ficará como nova tendência: “home-office”, as operações bancárias pelo
computador bem como as compras e vendas que salvaram a Economia.
No mesmo
sentido, as emissoras de TV, confirmaram-se com enorme importância informativa,
mas também mostraram seu potencial em manipulação da opinião da população,
sendo indiscutível meio de penetração do Governo e de qualquer um na casa do
cidadão a qualquer hora do dia. Na Pandemia, com a finalidade de alertar a
população sobre o contágio, usaram de um sensacionalismo que desta vez gerou medo,
pânico e instabilidade, levando muitos da população a desligar a TV, o que
dificultou a divulgação de informações bem como a sugestão de comportamentos
dos jovens, jogando-os à temerária realidade virtual das redes sociais.
Ademais, com
o “lockdown” setorizado, todo o efeito Pão e Circo, utilizado para descontrair as massas em tempos normais, foi
concentrado na TV a ponto de, por motivos econômicos e motivacionais de massa,
com certo tempo de pandemia, o Governo ter sido levado a liberar partidas de
futebol mesmo sem a presença de torcida nos estádios. A vida artística em
shows, bares e restaurantes foi quase eliminada por mais de seis meses, tendo
alguns artistas e músicos recorrido ao “Face-book” e redes sociais para manter
sua arte e dom. A TV manteve-se como rainha das maneiras de distrair.
Não fosse a
TV e os meios de informática, maior seria o drama humano. O vento pandêmico
ajudou a aproximar pessoas ou afastá-las de vez. Está sendo possível observar e
perceber quem é quem na vida de cada um. Observar quem se preocupa com quem.
Familiares e amigos sumiram, outros surgiram e se aproximaram. Certamente isto
marcará os dias futuros com parentes e familiares bem identificados e amizades
bem consolidadas. De qualquer forma, a casa de cada um sobressaiu como seu
refúgio e fortaleza. Abrigo contra o mundo, todavia, as consequências da crise
de pronto adentraram as moradias pobres ou ricas e ali revelaram realidades até
então camufladas. A rotina das famílias e das pessoas foi radicalmente
alterada, pois o dia a dia era feito de muitos afazeres internos e externos, de
modo que as famílias nunca passavam tanto tempo juntas. Devido à crise, o
convívio mais intenso resultou em mais separação, divórcio, tensão social,
violência física e moral, gerando apreensão quanto ao presente e futuro, o que
com o passar dos meses gerou mais cansaço e esmorecimento. Doenças mentais
foram agravadas, vícios exacerbados. Para quem estava acostumado a fugir de
seus problemas através de viagens, tanto para o exterior quanto para o próprio
país, todos os voos e navios de turismo pararam. Shopping-centers fecharam.
Bares e restaurantes foram impedidos de funcionar. Tudo num suplício para a
população e seus indivíduos metidos em suas realidades pessoais.
A parada na
rotina do “fazer” ressaltou o nível de cada pessoa quanto ao seu pensar,
hábitos daí decorrentes, a intelectualidade e suas múltiplas facetas. No geral,
revelou o vazio das pessoas que, sem nada para fazer, logo adentraram o caminho
do tédio; ficou evidenciada a fragilidade humana dos seguidores e fazedores sem
vida intelectual.
Se a crise
ordenou que quase tudo parasse, o momento deveria ser para refletir e meditar
sobre a vida e a existência, pelo menos para alguns já em estágio para tal, mas
não se sabe disso e se há mesmo a vontade de pensar e aprimorar-se. No geral,
certamente a manada parou e ficou onde está aguardando a hora de prosseguir do
mesmo modo que vinham fazendo. Tudo indica que o novo normal não passará de
mudança de hábitos e jeitos de comprar e trabalhar e com muito pouco reflexo de
aprendizagens e aprimoramentos espirituais que poderiam ter sido realizados
quanto ao combate do ego e suas manifestações. Há sinais bem claros de uma
ausência de reflexão existencial, redimensionamento pessoal e aprendizado com este
evento mundial. Não acredito que tenha havido grande reflexão quanto à análise
de se examinar as influências nefastas do individualismo, pragmatismo,
racionalismo e utilitarismo no comportamento das pessoas, pois são estes itens
que aplicados a linha de produção foram transferidos para o relacionamento
entre as pessoas e têm produzido uma população intolerante, egoísta,
fisiológica, conservadora, inflexível, bruta e violenta. Tudo dentro de um
caldo de baixa intelectualidade e pobreza feito pelo alto índice de
semianalfabetismo. Ficaram ressaltadas as misérias e fraquezas do fator humano
no país: educação deficitária, pouco esclarecimento, espírito crítico,
alienação, ignorância, despreparo profissional. Em tudo ficou claro o que
precisa ser feito para combater a miséria física e moral em todas as classes
sociais.
E foi o
semianalfabetismo que gerou de início muitas dificuldades na implantação e
aceitação das medidas do Poder Público em tentar orientar a população quanto
aos novos comportamentos para diminuir o contágio. Num país de semianalfabetos,
onde há pouco hábito de leitura e o escrever é raro, vale muito a oralidade e
está é muito deficiente face a vocabulário pobre e construções de sintaxe
limitada. Mesmo com a TV na casa das pessoas, o nível de discernimento é baixo
e não há compreensão do vocabulário das informações divulgadas. No contexto
surgiu a Lei Municipal como orientadora e disciplinadora de hábitos e
comportamentos sociais. Fato inédito, mas que ajudado pela TV, serviu para o
controle da crise com eficiência na publicação e divulgação repetida
diariamente a nível exaustivo. Mesmo assim, foi grande a reação contrária de
alguns segmentos, mas, no geral, o evento ajudou a criar hábitos de higiene na
população e disseminar seus benefícios. Pelo menos, o lavar as mãos, o que era
raro.
Também foi o
semianalfabetismo que incrivelmente gerou reações iniciais, tendo-se escutado
um rol de justificativas para o surgimento da Pandemia. Na oralidade reinante
podia-se escutar frases como “isto é coisa do Governo”, “isto foi criado pela
indústria farmacêutica para vender mais remédio e vacina”, “isto é para reduzir
o número de idosos e baratear a previdência”,
“isto passa logo”, “isto é nada”, “é só uma gripe”, “é doença de velho”,
“a culpa é da China” etc., etc. O negacionismo foi alavancado e prejudicou
muito o combate ao vírus; foi aliado do mesmo e ajudou a vitimar muitas
famílias.
Ficou então
ressaltada a necessidade, já tão propalada, de se investir em Educação. Gerações e gerações, sem qualificação
adequada, acabaram por fazer o momento atual onde a sociedade se desencontra,
cinde e mergulha na violência e suas modalidades. Só a ignorância leva ao caos
e sua permanência. Mesmo que um novo sistema educacional seja implantado, as
consequências só aparecerão daqui há 20 anos ou mais. Infelizmente chegamos a
este ponto. Vítimas de um descaso de décadas e décadas. Sendo necessário
registrar que neste ano de 2020, todo o sistema educacional praticamente parou
com as aulas presenciais e a adoção de aulas por meios virtuais foi uma
calamidade por várias razões, entre elas: a falta de infraestrutura, de bons
equipamentos e de internet de qualidade e gratuita. Um fracasso educacional que
atingiu em cheio os estudantes das escolas públicas em todo o país. Um ano
perdido, que trará consequências. Outra realidade que saltou aos olhos foi a
falha dos pais em acompanhar os filhos nas tarefas escolares, pois a grande
maioria mesmo estando em casa acostumou-se a delegar tal tarefa à escola.
Abandonados ficaram os filhos mesmo com os pais em casa. Pais atazanados com os
efeitos econômicos da Pandemia, atolados em problemas pessoais, dívidas,
desemprego e negócios indo à falência. Pais despreparados para educar e sem
educação que mal sabem o que é um vírus. E paira agora sobre todos como será
feita a sincronização da volta ao trabalho e a reabertura das escolas.
E para quem
procurou apegar-se à religião, templos e igrejas ficaram fechadas; a TV mais
uma vez serviu para transmitir um auxílio espiritual, minimizando o tormento;
no entanto, ineficaz para reduzir o medo, a insegurança e o pânico do dia
frente ao vírus. Cada dia passou a ser um risco de vida e uma loteria da saúde;
a vida um bilhete de sorte para o dia.
O vírus
revelou-se um assassino impetuoso, inteligente, mutante e que desconsidera a
realidade humana. Não sabe de números, nacionalidades, riquezas humanas.
Superior versão da gripe, ataca sem medo
e espalha-se rapidamente pelo ar, desafiando o orgulho do humano e sua irresponsabilidade
libertária. Desafia a ciência humana, que foi pega de surpresa.
Mas mesmo
com tantas mortes e calamidades, com enterros, sem velório, em indignas valas
comuns e cenas trágicas, a maldade dos bandidos revelou-se como sempre,
tentando tirar proveito da situação. A polícia criminal dobrou seu serviço no
combate ao crime organizado que em alguns casos mantinha até sites-escola para
ensinar a montar esquemas de malandragem, com cursos o dia inteiro, a baixo
custo, mas remunerado através de porcentagem sobre os golpes aplicados pelos
alunos. Uma barbaridade que revela o nível da malandragem, sua inteligência e
persistência. Crimes virtuais e os mais usuais golpes continuaram em
normalidade. O crime é rentável e compensa, pois sua repreensão é quase
impossível pelos órgãos e meios oficiais. Uma minoria é descoberta.
É certo que
o mundo e o nosso Governo foram pegos de surpresa. O vírus modificado exigiu
compreensão científica e um rápido período de preparo para combatê-lo, mas a
área científica da medicina agiu rapidamente e a estruturação dos hospitais
para atender a demanda de pacientes ocorreu em tempo jamais visto. Vidas foram
salvas pela agilidade dos Governos em disponibilizar recursos para espaço,
aparelhos e medicamentos. Médicos e equipes hospitalares revelaram-se os heróis
do momento num esforço descomunal para salvar vidas correndo alto risco, tanto
que muitos morreram em ação. O número de recuperados está sendo cada vez maior,
apesar das sequelas para os infectados libertos do hospital. O Covid-19, quando
não mata, enfraquece, diminui a qualidade de vida. A experiência no tratamento
está sendo difundida mundialmente e a cada dia as equipes médicas aprendem mais
e salvam mais.
Com o
surgimento da Epidemia e o seu depois, devido ao atraso da OMS em caracterizar
o evento, a Pandemia, gerou no Governo brasileiro um susto que levou a um
imediato negacionismo, pois se tratava de uma doença que viria para prejudicar
todo o plano econômico de recuperação. As reações foram várias e a TV explorou
frases e termos das autoridades de modo sensacionalista. De modo imediato,
houve uma descrença quase infantil, quanto à gravidade da doença, mas com o
número crescente de casos, ficou irreversível o caráter de emergência em
disponibilizar recursos para a população que perdia os empregos subitamente
face o “lockdown” e mediadas restritivas. Ficou clara a impossibilidade de o
combate nacional ser feito pela União e seu Ministério da Saúde. Após algumas
semanas de desencontros e atritos, a União se retirou, ficando como repassadora
de recursos para Estados e Municípios no combate, controle e gerenciamento da
crise, o que acabou totalmente na mão do Município na maioria dos Estados,
menos São Paulo, onde por razões eleitoreiras, o Governador assumiu o controle,
entrando em confronto como o Presidente da República e politizando a crise de
saúde e a política. Apesar do inicial desentrosamento de gestão entre Estados e
seus Municípios, esta etapa foi vencida e redundou em maior cooperação. O
controle do número de vagas hospitalares disponíveis foi até agora o balizador
para o abre ou fecha do comércio. Aliás, coube aos Prefeitos e seus secretários
de saúde resistirem à enorme pressão feita por associações comerciais e outras
quanto a reabertura do comércio. Quem abriu viu o vírus voltar rapidamente.
Houve sucesso
no trabalho municipal, todavia, com a quantidade enorme de recursos
disponibilizados pela União, quadrilhas municipais não deixaram de praticar a
corrupção; aproveitaram-se da oportunidade para fazer compras, que hoje estão
sob investigação e, em alguns casos, com secretários estaduais presos. A
bandidagem agiu rapidamente como sempre. Certamente, muitas vidas pagaram por
tal atitude. Mas num país onde se falsifica remédio, altera-se, ludibria-se
idosos e aposentados, altera-se a gasolina etc., nada diferente era de se
esperar. Mesmo perante o quadro de tragédia, pessoas eleitas pelo povo, tiveram
coragem de praticar a corrupção. Incrível.
Vitimados
são a Nação e o Governo atual, este viu-se à frente de uma despesa imprevista
sem precedentes. No entanto, não falhou até agora em destinar recursos para a
saúde. Todavia, o efeito econômico nos
planos e contas públicas é enorme e terá ainda desdobramentos sérios.
Face o
gigantismo do território nacional, a impossibilidade de um “lockdown” total por
motivos econômicos e a interrupção da atividade industrial e portuária, do
transporte de carga e do trânsito das pessoas, é previsível que o vírus vá
persistir por mais tempo aqui, fazendo um vai e vem mortal. No meio tempo,
sobressaiu muito aos olhos a qualidade de nossa política e politicagem, com
jogos eleitoreiros de ciúmes e vaidades. O Leviatã e seus órgãos públicos
gostam mesmo de funcionar para dentro, distanciam-se da população e vivem a
realidade de seus corredores bem remunerados e supervalorizados. São milhares
de funções inócuas, criadas para dar emprego e uma burocracia gigantesca que
resiste a qualquer mudança. Em meio às mortes geradas pelo Covid-19, a política
não parou um momento e houve até grande ciúme entre políticos e os médicos,
estes na posição de médicos salvadores da Nação, aqueles de meros comedores de
verbas públicas. Um festival de horrores, ciúmes e vaidades.
Os grandes
vícios e defeitos do sistema político do país estão em destaque: muita
demagogia, mentira, fascismo, manipulação, frases de efeito, políticos sem
preparo, centralismo, jogos de troca por favores etc. A intenção de barrar a
velha política e suas negociatas revelou-se impossível e o atual Governo foi
obrigado a curvar-se. No Congresso brigas eleitoreiras e uma estagnação quanto
às reformas necessárias. O velho Brasil não aceita mudar, quer persistir no que
sempre foi; quer manter uma política anacrônica e para os mesmos. Doravante, em
meio às consequências que chegarão, valerá manter as aparências, escapar do FMI
e acreditar que os planos de recuperação serão agora os de mera retomada
econômica para conseguirmos voltar a Janeiro de 2020. Já é previsível a volta
da inflação e o forçoso remédio para contê-la: o aumento de juros. Dois itens
indesejados. O cenário começa a mudar e não há previsão alguma de que 2021 não
seja uma versão piorada de 2020. Será difícil continuar manipulando a inflação
e dados sobre ela. Enquanto a inflação oficial fica em 3 %, o IGPM foi de 20%.
E mais, o
ano de 2020 é o ano das eleições municipais. Nas Prefeituras ainda a velha
política, com figuras eleitas ainda no tempo do PT, de modo que as eleições são
as primeiras depois do “impischment“ e das eleições presidenciais, todavia o
processo eleitoral está sendo frustrante e com pouco exercício da democracia,
face o horário de televisão, única alternativa para os candidatos, já que
comícios e shows estão proibidos por gerar aglomeração. Pouco dinheiro, pouco
espaço para lavagem e desvio do fundo eleitoral, pouco ânimo dos candidatos e
uma possível reeleição em massa.
Os eleitos
ou reeleitos terão que lidar com as consequências da queda da arrecadação, do
alto desemprego, dos problemas sociais de grande relevância, a miséria
duplicada e seus efeitos sobre o fator humano. Em tudo, há a formação de um caldo
ainda mais pobre, favorável ao populismo e ao socialismo sem dinheiro. No
horizonte, ainda só as espumas de uma grande vaga. Se a crise mundial de 2008
nos trouxe uma marolinha, que foi suficiente para arruinar a economia, deixando
14 milhões de desempregados, agora infelizmente teremos ondas fortes. Uma
lástima.
A crise,
apesar do discurso seguro e reconfortante das autoridades, já determina
mudanças radicais, gerando desemprego, estabelecendo novas realidades no
emprego, reengenharia de negócios e novas estratégias de marketing para fazer
frente aos redimensionamentos causados pelo consumidor, considerado, doravante,
como o centro da decisão final de compra, pois certamente durante a Pandemia
deve ter redimensionado suas prioridades e necessidades, ademais, é o
consumidor que vai sair mais fustigado da crise, pois, sem emprego, renda ou
até casa, poderá comprar menos.
O mercado
interno será o salvador, pois no externo só participamos com produtos do agro
negócio e pedras direto da mina, o que ajuda a pagar as importações necessárias
para a indústria nacional poder produzir. Com a crise mundial e o aumento da
competição, a guerra comercial, o surgimento do nacionalismo e a continuidade
da Pandemia, só contaremos com exportações e importações da China,
colocando-nos em contrariedade com os Estados Unidos da América. Nossa fraca
economia industrial terá muitas dificuldades para vender no exterior, mesmo
oferecendo os produtos a dólar muito alto e real aviltado. E nossa política
ambiental para a Amazônia já provoca restrições a importações do Brasil por
vários países. Mesmo que a crise tenha revelado o grau de dependência para com
a China, nada garante que haja mudanças neste aspecto. Ademais que China é
essa, senão milhares de empresas do ocidente lá implantadas, todas produzindo
“Made in China”?
Mas não
vamos nos aprofundar neste aspecto econômico, bastando mencionar que os efeitos
da crise vão atingir o humano em seu bolso e no seu viver. Certamente a miséria
será ressaltada e o negativismo sistemático, pregado pelos meios de
comunicação, será enfatizado. A doença já é um aspecto que atinge o
fisiologismo de modo direto e unificou o país mostrando que apesar de todas as
diferenças criadas, todos somos meros mortais, vivendo dias de sorte e destino
num país do terceiro mundo, onde o Próximo já temia o Próximo por ações e
reações e agora tem medo do Próximo pela sua presença. Não é o Próximo ladrão,
golpista etc, é o Próximo portador do vírus mortal. Se os relacionamentos já
eram norteados por atitudes rudes e grotescas, possivelmente serão mais
inflexíveis, intolerantes, pragmáticos, individualistas, grotescos no império
selvagem do ego e sua loucura, alavancada pelo fisiologismo e analfabetismo,
num contexto de pobreza material e espiritual. Muitos serão os desdobramentos
de tal aspecto, afastando pessoas e aumentando o apartheid social camuflado,
gerando mais raiva social.
No contexto
da Pandemia, é possível evidenciar que o meio ambiente foi atacado ferozmente
por políticas tocadas implantadas por decretos ministeriais e também por
incêndios florestais e uma crise hídrica sem precedentes no passado imediato.
Todavia, com “lockdowns” nas cidades grandes e a diminuição do trânsito,
terrestre e aéreo, e consumo, a poluição
do ar foi marcante em sua redução temporária. Mas tal efeito foi só uma pausa
para o mundo neste aspecto, que mesmo assim pode ter sido anulado pela fumaça
dos grandes incêndios no Brasil, Austrália e USA.
Com a
retomada da atividade econômica, a toxidade do ar voltará, pois, com Covid ou
sem Covid, o Governo será obrigado a ordenar a reabertura do comércio e
indústria para garantir sua receita tributária, da qual vive e paga a gorda
folha de salários. O caráter materialista do Estado é inegável e sua volúpia
por recursos é infindável. Roberto Campos dizia ”.O bem que o Estado pode fazer
é limitado; o mal, infinito. O que ele nos pode dar é sempre menos do que nos
pode tirar”. O Estado quer sempre ficar gordo e inatacável em seu viver e sua
política. Tanto que a primeira reação, quando dos primeiros dias dessa
infecção, quando ainda epidemia, foi a crítica aos Prefeitos e Governadores que
ordenavam o fechamento do comércio. Havia razão material para isto, mas a
gravidade da infecção em cada cidade determinou o fechamento com consequências econômicas
graves, ressaltando, no entanto, a valorização da vida acima de tudo. Mas que
nível de vida temos?
De toda as
consequências que se alinhavam e observações que se pode fazer, com 8 meses de
Pandemia, já observa-se que pouco haverá de mudança no pensar humano. As
agruras da vida como já instaladas levam a resistência da adoção de um sistema
mais leve baseado no amor, luz e paz. Mesmo com a grave Pandemia, países ainda
lutam por território, raça e religião, demonstrando que o ego reina e a ONU não
une povos e nem é atendida, precisando de uma reformulação. Deve-se repetir, se
houver mudança, será para idosos e para as pessoas já em processo de alteração
comportamental virtuosa.
Diante do
evento de tal magnitude, pouca mudança é para se esperar no novo normal que
venha a ser instalado, sendo este mais comportamental a fim de conduzir e
controlar o rebanho em sua higiene e atividades de compra e produção.
Observa-se a atitude dos jovens durante a crise e há indícios de mesmice e a
compreensível adoração material e
egoísta, centrada no umbigo e disposta ao confronto. Desde o início da
Pandemia, lideranças suicidas dão seus pitacos promovendo eventos de
aglomeração, senso necessária a intervenção policial. Talvez esta ousadia
derive dos primeiros erros disseminados no início da crise quando se passou
informações que o Covid só pegava em idosos e que os jovens eram resistentes,
que era só uma pequena gripe e tudo passaria logo, que a doença era só para o
inverno, e demais declarações negacionistas que atrasaram o combate ao mal ou
colocavam em dúvida as atitudes implantadas para o tratamento. Houve e há ainda
resistência até quanto ao uso de máscara e outras medidas de prevenção. Mas
sempre é necessário lembrar que o analfabetismo e a alienação dele decorrente
contribuem muito para tal realidade.
Em geral com
o confinamento necessário, o rebanho mostrou momentos de controle e
descontrole, tendo atingido picos de exaustão, que foram amenizados com
reaberturas do comércio e dias de feriados, mas com o vírus sempre alerta e
insistente. Ficou evidente que quando a exaustão bateu, nada pode controlar o
indivíduo que saiu de casa, ignorando qualquer regramento dado pela TV e pelas
autoridades. Tal demonstração junta-se a tendências anteriores à crise que já
davam sinais de uma população insatisfeita
como os sistemas existentes, evidenciando necessidade de mudança. A
fiscalização Municipal quanto as demais revelaram-se impossível em sua
atividade, pois a população é bem maior.
O choque de
vida foi para todos, mas certamente com impacto e entendimentos diferenciados
para jovens e adultos, mas unindo a todos na desmotivação e esmorecimento que
levam a uma exaustão existencial, a qual poderá levar jovens: a viver o
aqui-agora com mais intensidade, deixando os estudos, as preocupações com o
futuro, inclusive patrimonial; não acumular bens e responsabilidades; evitar
casamentos e a procriação; estabelecer suas próprias prioridades; ir contra
modelos do sistema de produção; distanciar-se da política e de interesses coletivos.
Como o Brasil é das gerações jovens, terá a realidade que estas imprimirem,
talvez ainda mais do pragmatismo, individualismo, racionalismo, individualismo
e qualquer novo “ismo” que possa surgir de movimentos filosóficos e ideológicos
nos anos após a Pandemia. Talvez haja a evolução da velada desobediência civil,
face ao desgaste, saturação e esgotamento das pessoas, para a temida
desconsideração dos sistemas coletivos e públicos no dia a dia. Um novo 1968,
mais libertário, inconsequente, grave. Inexplicavelmente em alguns países da
Europa, jovens fazem protestos de rua contra a implantação de medidas
preventivas para conter o Covid que agora chegou par o inverno, mais forte,
mais impiedoso. A juventude protesta contra o uso de máscaras, contra as atitudes
do Governo, carimbando tudo como autoritarismo. Já não seria o sinal do
destempero dos novos tempos que vão chegar?
Ademais em
alguns momentos da Pandemia, em vários locais do mundo, pode-se observar cenas
de atuação do Estado em prol da saúde de suas populações, foram pequenas e
pontuais amostras de como é o regime em Estados do passado e do presente onde o
normal é o arbítrio, totalitarismo, patrulhamento ideológico, censura,
imposição de ideias, controle de costumes e do pensar. Será que os jovens que
hoje querem as liberdades, que as esquerdas e as direitas dizem prometer, viram
tais exemplos e gostaram?
É deste
episódio nacional de grande revelação que podemos realmente perceber quem somos
e como o país se encontra quanto a seu sistema republicano, político, econômico
e gerencial. Tudo pode ser revisto e aprimorado, se houver interesse patriótico
para tal. É a nossa casa, o nosso Brasil. Mas as forças conservadoras vão
resistir. O Brasil pequeno de alguns e para alguns quer prevalecer.
O choque de vida
e morte mostrou a necessidade de a Humanidade ir em frente de modo diferente. O
sinal foi dado e demonstrou a fragilidade das estruturas humanas. Foi revelado
que contra o vírus invisível e matador nossa ciência, se é capaz de aventurar
pelo Espaço, perde feio para os problemas cruciais de saúde na Terra. Vários
são os males que queremos eliminar, mas as Potencias se preocupam em gastar
milhões com aventuras espaciais de esnobismo entre elas e esquecem o ser humano
e sua miséria. Em vários lugares, por falta de medicamentos e leitos de UTI,
houve sorteio de quem deveria viver ou morrer, milhares morrem de picadas de
mosquitos infectados, os produtos industrializados causam câncer e doenças
várias. Experiências espaciais parecem não solucionar os graves e persistentes
problemas de saúde na Terra.
Há
necessidade de reformulação e atualizações. Muito ficou evidenciado para o
nosso país, que ainda luta para montar a infraestrutura básica de transportes e
comunicação para a vida de progresso material. A dimensão continental exige
muito. Mas além de uma Educação séria e estável, há necessidade de
estabelecimento de um imã de prosperidade, para criar o interesse pelos
estudos, vida próspera e trabalho seguro e positivo. Não que o Governo ou
alguém possa dar a todos um uniforme ou uma ordem única de ver um horizonte
mais próspero, mas que crie condições para as pessoas jovens sentirem-se
incentivadas a prosperar conforme seus talentos. Sem isto, o negativismo
continuará e o resultado será igual, o desânimo e desalento, o desinteresse e
desconsideração. Nenhuma pátria consegue vencer como isso.
Em resumo,
quem viu e aprendeu, cresceu com este evento global. Mas muitos não viram nada.
Se com perda de entes queridos ou através de reflexão e pensamento meditativo,
algo nessa experiência serviu para obter alguma solução individual ( ou
coletiva) quanto ao domínio da mente, controle do ego na vida das pessoas com
redução da contrariedade e conflitos de relacionamento, seus efeitos terão que
aparecer no comportamento. Fica a esperança e a indagação. Ademais, milhões de
mortos deixaram grupos familiares e círculos sociais. Será que não houve
reflexo pelo menos patrimonial? Outras consequências? Será que tudo continuou
igual para os sobreviventes? Será que a morte não ensina? E outros tantos
milhões foram infectados e estiveram para morrer e foram infectados, será que
mudaram o modo de pensar para melhor? O que pensam agora? Como ficaram, como
estão?
Tudo indica
que a grande maioria continuará seguindo a manada do mesmo modo como antes e o
novo normal será mesmo por um tempo uma adaptação de como comprar, se
relacionar e trabalhar, mas dentro do mesmo quadro egoísta e de prioridades do
ego.
Vejo
rascunhos de nacionalismo, radicalismo, xenofobia, industrialização interna,
menos globalização, produção voltada ao mercado interno, autoritarismo
populista, etc., mas o fator humano sem nenhuma mudança expressiva. Pensei que
o momento seria de grande meditação e mudança de pensamento individual e
coletivo, mas não vejo tal rascunho nem a caneta na mesa para tal.
O novo
normal será em quase tudo o mesmo e teremos mais uma doença para desviar no dia
a dia, como o Sarampo Dengue, Polio, Varicela, etc. Todo ano mais uma vacina
para tomar.
Por
enquanto, cada um por si e o Próximo como possível portador de doença. A vacina
como esperança. Por enquanto a única defesa é a de cada um: máscara,
distanciamento, álcool gel, e respeito
ao Próximo. Cada ser humano é que ajuda a propagar o vírus. Se o Próximo não
respeita e não se cuida, o vírus se aproveita e cumpre sua missão: infectar e
matar os humanos. O vírus é como se fosse um alienígena vindo para nos
eliminar.
Não se sabe
ainda o que grandes intelectos e pensadores irão apresentar em suas sínteses
sobre essa época, se serão suficientemente isentos ou tentarão reforçar
ideologias e teses em andamento, mas certamente psicólogos e filósofos de
agências de publicidade e marketing já estão se adiantando em observar
tendências da manada e montar estratégias de marketing para incutir pensamentos
e ideais de um novo normal mais comprador. E assim vamos todos girando pelo
Espaço sem destino visível, mas com a rotina de bordo bem extravagante para não
dizer horrível e por vezes bem imbecil.
Odilon
Reinhardt.. 3.11.20