terça-feira, 3 de novembro de 2020

Na platitude das Observações.

 

 

 

 



                                            Na platitude das Observações.

 

 Viagem de perguntas.

 

No medo desse complexo,

qual a questão

para a existência desse nexo?

 

Há extensão do ininteligível acontecimento,

há o prolongamento sem respostas,

perante o invisível e seu deslocamento.

 

Indigente ambulante,

a vida vai sendo empurrada

a trancos e barrancos para frente.

 

Socada em nave estelar,

a vida enfiada neste planeta,

que começa a fumegar em seu passar.

 

Procura-se uma explicação,

uma que dê sentido,

mas aberta e ampla é a questão .

 

Com ou sem resposta, em cada esquina,

a Humanidade estende a mão,

mendigando pelo favor de uma vacina.

 

Qual a questão

que importa na ordem

já esboçando confusão? 

 

Nenhuma resposta vem igual

e a Terra

vai indo tal e qual?

 

É verdade ,

o ego espreita em cada sentido

e a vida é feita de tal mentalidade.

 

O observar é ato necessário do pensar,

mas sobreviver não é necessário ,

se não houver uma semente do questionar.

 

O por quê ,

mesmo que não chegue ao porquê 

coloca a vida sempre num o quê.

 

Nesse evento planetário,

pouco vejo de reflexão humana;

os viajantes continuam afogados no diário.

 

Quanta porta trará só vento,

janelas só luz,

e perguntas nenhum alento?

 

Com sim, com não, o Planeta vai levando a vida,

em viagem sem rumo de explicação

e o conjunto todo segue girando em ida.

 

Lá fora ninguém nos vê,

aqui de dentro não vemos ninguém lá.

Os inimigos invisíveis estão só na TV?

 

Em dias e noites da viagem

humanos vão rodando entre astros de suas mentes;

pela janela interna a vida normal, agora uma miragem.

 

Alguém lembra de revisar o manual de bordo?

Alguém está redefinindo rumos do pensar e do agir?

Vejo poucos, muito poucos pensando nesse abordo.

 

A nave e sua viagem sugerem milhares de questões,

muitos são os fantasmas,

a viagem interna é cheia de explosões.

 

Todo o complexo

deveria procurar explicações, achar porquês,

que não fossem seu mero reflexo.

 

Por ora, o mal do momento é um dos invisíveis,

fatal, recorrente, mas não o pior,

há os que torturam, lentos, mais horríveis.

 

Entre os humanos há exaustão

e logo o esgotamento ,

o pior estágio da saturação.

 

A manada segue o rumo manipulado de cada dia,

aposta na fé e esperança e abusa da sorte,

quer despir-se da aflição, ansiedade e agonia.

 

Arrisca, sai, foge, desafia,

mas o vírus entre outros invisíveis

está alerta nas esquinas de sua história.

 

A existência individual

passou a ser sorte e destino lotérico,

e seu já possível inexistir é só assunto pessoal.

 

Acima da máscara imposta,

há uma viseira de material invisível

que alimenta a cegueira, a qual veta qualquer resposta.

 

Assim, vai a Humanidade

afugentada, ameaçada, acuada

esperando a volta a sua vida de normalidade.

 

Questiona-se tal normalidade,

quão defeituosa ela era,

ou normalidade é mesmo só comprar e consumir?

 

Não vejo muitos sinais de grandes reflexões,

até os grandes pensadores carregam seu questionar,

mas não sabem se estão no começo, meio ou fim das observações.

 

Por enquanto, a viagem segue sem interrupções;

muitas aberrações; muito revelando-se aos poucos,

o filme capta o mundo e a vida do humano e suas muitas versões.

 

O roteiro é mais ou menos previsível,

mas o epílogo faz imenso buraco negro,

tudo está em aberto e as questões estão entre o possível e o impossível. 

 

Odilon Reinhardt. 

 

 

Onde está?

 

Está por aí ,

espalhando medo, paranoia;

está por aí.

 

Mas onde está?

Está na mão, na roupa, no cabelo, na barba,

está.

 

Está no abraço,

no nariz, na boca,

cortando qualquer laço?.

 

Está no chão,

no carro, na sala, na cama,

na porta, na chave, no salão?

 

Está no ar,

no vento, no controle,

na tecla, no celular?

 

Está no avião,

na aeromoça,

no restaurante,  na comida, na solidão? 

 

Está em tudo,

está no terno, no sobretudo,

está por tudo?

 

Sou eu o portador?

Você?

Quem é hoje o portador? 

 

Só a vacina

e o remédio

poderão tirar a dúvida da esquina.

 

A Humanidade acuada,

reunião postergada,

a vida paralisada.

 

O humano neste seguir,

não sabe como prosseguir,

um novo e estranho sentir.

 

Esperando o amanhecer,

o novo tempo aparecer,

o que e como vai acontecer.

 

Muito para supor,

onde, quando o vírus vai se compor,

como vai se recompor?

 

Na espera de uma vacina, do remédio,

o humano vive em temor e suspeita,

teme a presença do Próximo, um assédio.

Odilon Reinhardt.

 

Longe de mim e de quem eu conheço.


Desvias de mim ,

tua invisibilidade me procura,

quero afastá-la de meu fim.

 

Sei que me espreitas,

praga imprecisa, maldosa;

vives onde, nas frestas?

 

Vírus fatal,

percorres lugares de descuido,

queres o fim do frágil mortal.

 

Desvias de mim ,

coisa traiçoeira,

fantasma, fiques fora de mim.

 

Sei que estás por aí,

em qualquer passagem, no ar,

permaneças longe daqui. 

 

Espalhas temor, ansiedade,

dano, medo, negatividade;

mudas a realidade.

 

Não toques nem leves ninguém,

que eu conheça;

partas, vás para o Além.

 

Sei que me esperas,

que me queres levar,

mas esta oportunidade não terás.

 

Esqueças este caminho,

que o Éter te atraia,

aqui não encontrarás ninho.

 

Deixes a Vida,

ninguém gosta de ti,

espero  que estejas de partida.

 

Sei que patrulhas noite de dia,

esperas a fragilidade,

tu és covarde e fria.

 

Vais reforçar as piores pragas,

o egoísmo, o racionalismo, o pragmatismo

no relacionamento humano criando mais castas.

 

Queres afastar, distanciar,

isolar,

matar. 

 

A Humanidade sofrerá, mas te mostrará

tua curta permanência.

Partas antes da morte que terás.

 

Já destes tua lição.

Largas da Terra.

Partas de vez em solidão. 

 

Odilon Reinhardt.

 

Uma andança.

 

Nas pedras frias da calçada bate a madrugada,

o Tio Corona vai pela rua imersa em neblina,

fazendo sua ronda.

 

Vai pelos becos e bares,

arrasta suas correntes pelas praças e avenidas,

quer o humano e seus pares.

 

Faz sua cavalgada,

por vezes, à pé, com seu forcado

depois sai em disparada.  

 

Tal qual um dos cavaleiros do vento sinistro

percorre a cidade de muitas gentes,

quer aumentar seu numérico e fatal registro.

 

Vai por calçadas de pedras soltas,

caminhos desgastados,

corredores antigos de idas e vindas.

 

Desce a Murici, dobra na Quinze, chega na Osório,

pega ali algumas almas,

inicia por arrastá-las mesmo sem velório.

 

Continua por vielas escuras,

ruas molhadas, becos solitários,

ruas sem saídas e obscuras.

 

É seguida pela dama de branco em seus afazeres,

a Esperança que surge em todos como deusa

e que tenta salvar seres.

 

Esperança dada a cada um de não ser acometido,

esperança de salvar-se, se pego,

esperança em seu papel já tímido. 

 

Tio Corona, implacável,

sem piedade alguma,

mostra-se duro, incansável.

 

Vai e volta pela rua,,

usando de sua invisibilidade,

tem em si a maldade crua.

 

Quer alguém,

qualquer um,

pára, espera, vai além .

 

Já acabou com muita festa,

reunião, show, discurso;

garimpar  seres é o que lhe resta.

 

Não há barulho no bar da esquina,

não há mais mesas nem vozerio,

o tio olha insatisfeito através da cortina.

 

Mas sai pela rua, odeia o álcool e seus derivados,

tem verdadeiro horror às máscaras,

e detesta qualquer respirador.

 

Fica aguardando o dia;

ao sol matinal já faz sua grande colheita

e em mortal festa, provoca no povo a agonia.

 

Nem precisa fazer rondas,

as pessoas estão soltas por aí,

vão de graça ao seu encontro.

 

Tio Corona pega muitos descuidados,

dá carona até o hospital,

e leva ao cemitério os coitados.

 

Os já visitados pelo tio Alzheimer,

não resistem ao abraço do tio Corona,

parecem estar esperando e nada temer.

 

Tio Corona não sossega,

está obcecado, quer mais e mais; insaciável,

faz seu pega, pega.

 

E assim passa a semana,

de dia é fácil a caçada ;

de noite tem que catar alguma vítima.

 

São dias de Corona,

todo mundo foge,

ninguém quer carona.

 

Odilon Reinhardt.

 

                       Certamente, este evento apocalíptico, que já levou em 47.370.000 casos, mais de 1.209.000 pessoas, constitui mais um campo vasto de observações para filósofos, pensadores, críticos e profissionais que estejam observando o andamento da realidade e seu fluxo e que, embora, na dúvida, se o processo está no começo, meio ou fim, seguram suas manifestações antes de torpedear a vida e os humanos com suas conclusões capitais. Uma das esperanças do momento é que, pelo menos, parte da intelectualidade possa traduzir, com isenção, toda essa experiência global em lições para a Humanidade, do contrário, tudo isto será só mais um tipo de aviso de caos possível.

Não que qualquer das manifestações, que venha a ocorrer, possa alterar o caminho das coisas e do rebanho, mas pode talvez ser um passo, em acréscimo, para a parcela ínfima das pessoas empenhadas em pensar e evoluir, atitude puramente pessoal e já bem rara.

Necessário dizer que qualquer conclusão boa e bem fundamentada, que venha as ser publicada, a ponto de se tornar tendência filosófica para uma nova época, só chamará atenção, se for do interesse de agentes de mídia e marketing, o que se torna cada vez mais difícil, eis que estes têm se dedicado a reforçar o caráter social libertário para atrair grandes massas de consumidores, sempre reforçando o individualismo, o pragmatismo no comportamento, o qual está cada vez mais frio, calculista, racional, umbilical.

Sem dúvida, muitos observadores já se depararam com pontos muito superiores ao rol que elenco neste texto, meramente a título de registrar uma época de provação e revelações, em que muitas realidades e verdades ficaram escancaradas.

Assim, desde o primeiro minuto da Pandemia, gritou aos olhos, com grande evidência, a relevância dos instrumentos de informática. É a consagração do mundo virtual e todos seus aparelhos e aplicativos. Ficou justificada toda a tecnologia a favor da Humanidade. A comunicação como rainha de todas as necessidades. No que possa pesar o mau uso do mundo virtual feito por alguns, a exceção baseada em “fake news”, sites falsos, aumento de espionagem, roubo de informações corporativas e pessoais, aumento do crime durante a Pandemia, nada supera os benefícios comprovados para a ciência, comércio e indústria, educação e saúde e para a aproximação das pessoas.

Sem dúvida, tudo contou com o apoio da tela, seja na TV, seja no computador, seja no celular, instrumentos que se confirmaram como soberanos de uma época sem igual na vida da Humanidade; facilitaram e promoveram o novo normal comercial que ficará como nova tendência: “home-office”, as operações bancárias pelo computador bem como as compras e vendas que salvaram a Economia.

No mesmo sentido, as emissoras de TV, confirmaram-se com enorme importância informativa, mas também mostraram seu potencial em manipulação da opinião da população, sendo indiscutível meio de penetração do Governo e de qualquer um na casa do cidadão a qualquer hora do dia. Na Pandemia, com a finalidade de alertar a população sobre o contágio, usaram de um sensacionalismo que desta vez gerou medo, pânico e instabilidade, levando muitos da população a desligar a TV, o que dificultou a divulgação de informações bem como a sugestão de comportamentos dos jovens, jogando-os à temerária realidade virtual das redes sociais.

Ademais, com o “lockdown” setorizado, todo o efeito Pão e Circo, utilizado para  descontrair as massas em tempos normais, foi concentrado na TV a ponto de, por motivos econômicos e motivacionais de massa, com certo tempo de pandemia, o Governo ter sido levado a liberar partidas de futebol mesmo sem a presença de torcida nos estádios. A vida artística em shows, bares e restaurantes foi quase eliminada por mais de seis meses, tendo alguns artistas e músicos recorrido ao “Face-book” e redes sociais para manter sua arte e dom. A TV manteve-se como rainha das maneiras de distrair.

Não fosse a TV e os meios de informática, maior seria o drama humano. O vento pandêmico ajudou a aproximar pessoas ou afastá-las de vez. Está sendo possível observar e perceber quem é quem na vida de cada um. Observar quem se preocupa com quem. Familiares e amigos sumiram, outros surgiram e se aproximaram. Certamente isto marcará os dias futuros com parentes e familiares bem identificados e amizades bem consolidadas. De qualquer forma, a casa de cada um sobressaiu como seu refúgio e fortaleza. Abrigo contra o mundo, todavia, as consequências da crise de pronto adentraram as moradias pobres ou ricas e ali revelaram realidades até então camufladas. A rotina das famílias e das pessoas foi radicalmente alterada, pois o dia a dia era feito de muitos afazeres internos e externos, de modo que as famílias nunca passavam tanto tempo juntas. Devido à crise, o convívio mais intenso resultou em mais separação, divórcio, tensão social, violência física e moral, gerando apreensão quanto ao presente e futuro, o que com o passar dos meses gerou mais cansaço e esmorecimento. Doenças mentais foram agravadas, vícios exacerbados. Para quem estava acostumado a fugir de seus problemas através de viagens, tanto para o exterior quanto para o próprio país, todos os voos e navios de turismo pararam. Shopping-centers fecharam. Bares e restaurantes foram impedidos de funcionar. Tudo num suplício para a população e seus indivíduos metidos em suas realidades pessoais.

A parada na rotina do “fazer” ressaltou o nível de cada pessoa quanto ao seu pensar, hábitos daí decorrentes, a intelectualidade e suas múltiplas facetas. No geral, revelou o vazio das pessoas que, sem nada para fazer, logo adentraram o caminho do tédio; ficou evidenciada a fragilidade humana dos seguidores e fazedores sem vida intelectual.

Se a crise ordenou que quase tudo parasse, o momento deveria ser para refletir e meditar sobre a vida e a existência, pelo menos para alguns já em estágio para tal, mas não se sabe disso e se há mesmo a vontade de pensar e aprimorar-se. No geral, certamente a manada parou e ficou onde está aguardando a hora de prosseguir do mesmo modo que vinham fazendo. Tudo indica que o novo normal não passará de mudança de hábitos e jeitos de comprar e trabalhar e com muito pouco reflexo de aprendizagens e aprimoramentos espirituais que poderiam ter sido realizados quanto ao combate do ego e suas manifestações. Há sinais bem claros de uma ausência de reflexão existencial, redimensionamento pessoal e aprendizado com este evento mundial. Não acredito que tenha havido grande reflexão quanto à análise de se examinar as influências nefastas do individualismo, pragmatismo, racionalismo e utilitarismo no comportamento das pessoas, pois são estes itens que aplicados a linha de produção foram transferidos para o relacionamento entre as pessoas e têm produzido uma população intolerante, egoísta, fisiológica, conservadora, inflexível, bruta e violenta. Tudo dentro de um caldo de baixa intelectualidade e pobreza feito pelo alto índice de semianalfabetismo. Ficaram ressaltadas as misérias e fraquezas do fator humano no país: educação deficitária, pouco esclarecimento, espírito crítico, alienação, ignorância, despreparo profissional. Em tudo ficou claro o que precisa ser feito para combater a miséria física e moral em todas as classes sociais.

E foi o semianalfabetismo que gerou de início muitas dificuldades na implantação e aceitação das medidas do Poder Público em tentar orientar a população quanto aos novos comportamentos para diminuir o contágio. Num país de semianalfabetos, onde há pouco hábito de leitura e o escrever é raro, vale muito a oralidade e está é muito deficiente face a vocabulário pobre e construções de sintaxe limitada. Mesmo com a TV na casa das pessoas, o nível de discernimento é baixo e não há compreensão do vocabulário das informações divulgadas. No contexto surgiu a Lei Municipal como orientadora e disciplinadora de hábitos e comportamentos sociais. Fato inédito, mas que ajudado pela TV, serviu para o controle da crise com eficiência na publicação e divulgação repetida diariamente a nível exaustivo. Mesmo assim, foi grande a reação contrária de alguns segmentos, mas, no geral, o evento ajudou a criar hábitos de higiene na população e disseminar seus benefícios. Pelo menos, o lavar as mãos, o que era raro.

Também foi o semianalfabetismo que incrivelmente gerou reações iniciais, tendo-se escutado um rol de justificativas para o surgimento da Pandemia. Na oralidade reinante podia-se escutar frases como “isto é coisa do Governo”, “isto foi criado pela indústria farmacêutica para vender mais remédio e vacina”, “isto é para reduzir o número de idosos e baratear a previdência”,  “isto passa logo”, “isto é nada”, “é só uma gripe”, “é doença de velho”, “a culpa é da China” etc., etc. O negacionismo foi alavancado e prejudicou muito o combate ao vírus; foi aliado do mesmo e ajudou a vitimar muitas famílias.

Ficou então ressaltada a necessidade, já tão propalada, de se investir em Educação.  Gerações e gerações, sem qualificação adequada, acabaram por fazer o momento atual onde a sociedade se desencontra, cinde e mergulha na violência e suas modalidades. Só a ignorância leva ao caos e sua permanência. Mesmo que um novo sistema educacional seja implantado, as consequências só aparecerão daqui há 20 anos ou mais. Infelizmente chegamos a este ponto. Vítimas de um descaso de décadas e décadas. Sendo necessário registrar que neste ano de 2020, todo o sistema educacional praticamente parou com as aulas presenciais e a adoção de aulas por meios virtuais foi uma calamidade por várias razões, entre elas: a falta de infraestrutura, de bons equipamentos e de internet de qualidade e gratuita. Um fracasso educacional que atingiu em cheio os estudantes das escolas públicas em todo o país. Um ano perdido, que trará consequências. Outra realidade que saltou aos olhos foi a falha dos pais em acompanhar os filhos nas tarefas escolares, pois a grande maioria mesmo estando em casa acostumou-se a delegar tal tarefa à escola. Abandonados ficaram os filhos mesmo com os pais em casa. Pais atazanados com os efeitos econômicos da Pandemia, atolados em problemas pessoais, dívidas, desemprego e negócios indo à falência. Pais despreparados para educar e sem educação que mal sabem o que é um vírus. E paira agora sobre todos como será feita a sincronização da volta ao trabalho e a reabertura das escolas.

E para quem procurou apegar-se à religião, templos e igrejas ficaram fechadas; a TV mais uma vez serviu para transmitir um auxílio espiritual, minimizando o tormento; no entanto, ineficaz para reduzir o medo, a insegurança e o pânico do dia frente ao vírus. Cada dia passou a ser um risco de vida e uma loteria da saúde; a vida um bilhete de sorte para o dia.

O vírus revelou-se um assassino impetuoso, inteligente, mutante e que desconsidera a realidade humana. Não sabe de números, nacionalidades, riquezas humanas. Superior  versão da gripe, ataca sem medo e espalha-se rapidamente pelo ar, desafiando o orgulho do humano e sua irresponsabilidade libertária. Desafia a ciência humana, que foi pega de surpresa.

Mas mesmo com tantas mortes e calamidades, com enterros, sem velório, em indignas valas comuns e cenas trágicas, a maldade dos bandidos revelou-se como sempre, tentando tirar proveito da situação. A polícia criminal dobrou seu serviço no combate ao crime organizado que em alguns casos mantinha até sites-escola para ensinar a montar esquemas de malandragem, com cursos o dia inteiro, a baixo custo, mas remunerado através de porcentagem sobre os golpes aplicados pelos alunos. Uma barbaridade que revela o nível da malandragem, sua inteligência e persistência. Crimes virtuais e os mais usuais golpes continuaram em normalidade. O crime é rentável e compensa, pois sua repreensão é quase impossível pelos órgãos e meios oficiais. Uma minoria é descoberta.

É certo que o mundo e o nosso Governo foram pegos de surpresa. O vírus modificado exigiu compreensão científica e um rápido período de preparo para combatê-lo, mas a área científica da medicina agiu rapidamente e a estruturação dos hospitais para atender a demanda de pacientes ocorreu em tempo jamais visto. Vidas foram salvas pela agilidade dos Governos em disponibilizar recursos para espaço, aparelhos e medicamentos. Médicos e equipes hospitalares revelaram-se os heróis do momento num esforço descomunal para salvar vidas correndo alto risco, tanto que muitos morreram em ação. O número de recuperados está sendo cada vez maior, apesar das sequelas para os infectados libertos do hospital. O Covid-19, quando não mata, enfraquece, diminui a qualidade de vida. A experiência no tratamento está sendo difundida mundialmente e a cada dia as equipes médicas aprendem mais e salvam mais.

Com o surgimento da Epidemia e o seu depois, devido ao atraso da OMS em caracterizar o evento, a Pandemia, gerou no Governo brasileiro um susto que levou a um imediato negacionismo, pois se tratava de uma doença que viria para prejudicar todo o plano econômico de recuperação. As reações foram várias e a TV explorou frases e termos das autoridades de modo sensacionalista. De modo imediato, houve uma descrença quase infantil, quanto à gravidade da doença, mas com o número crescente de casos, ficou irreversível o caráter de emergência em disponibilizar recursos para a população que perdia os empregos subitamente face o “lockdown” e mediadas restritivas. Ficou clara a impossibilidade de o combate nacional ser feito pela União e seu Ministério da Saúde. Após algumas semanas de desencontros e atritos, a União se retirou, ficando como repassadora de recursos para Estados e Municípios no combate, controle e gerenciamento da crise, o que acabou totalmente na mão do Município na maioria dos Estados, menos São Paulo, onde por razões eleitoreiras, o Governador assumiu o controle, entrando em confronto como o Presidente da República e politizando a crise de saúde e a política. Apesar do inicial desentrosamento de gestão entre Estados e seus Municípios, esta etapa foi vencida e redundou em maior cooperação. O controle do número de vagas hospitalares disponíveis foi até agora o balizador para o abre ou fecha do comércio. Aliás, coube aos Prefeitos e seus secretários de saúde resistirem à enorme pressão feita por associações comerciais e outras quanto a reabertura do comércio. Quem abriu viu o vírus voltar rapidamente.

Houve sucesso no trabalho municipal, todavia, com a quantidade enorme de recursos disponibilizados pela União, quadrilhas municipais não deixaram de praticar a corrupção; aproveitaram-se da oportunidade para fazer compras, que hoje estão sob investigação e, em alguns casos, com secretários estaduais presos. A bandidagem agiu rapidamente como sempre. Certamente, muitas vidas pagaram por tal atitude. Mas num país onde se falsifica remédio, altera-se, ludibria-se idosos e aposentados, altera-se a gasolina etc., nada diferente era de se esperar. Mesmo perante o quadro de tragédia, pessoas eleitas pelo povo, tiveram coragem de praticar a corrupção. Incrível.

Vitimados são a Nação e o Governo atual, este viu-se à frente de uma despesa imprevista sem precedentes. No entanto, não falhou até agora em destinar recursos para a saúde.  Todavia, o efeito econômico nos planos e contas públicas é enorme e terá ainda desdobramentos sérios.

Face o gigantismo do território nacional, a impossibilidade de um “lockdown” total por motivos econômicos e a interrupção da atividade industrial e portuária, do transporte de carga e do trânsito das pessoas, é previsível que o vírus vá persistir por mais tempo aqui, fazendo um vai e vem mortal. No meio tempo, sobressaiu muito aos olhos a qualidade de nossa política e politicagem, com jogos eleitoreiros de ciúmes e vaidades. O Leviatã e seus órgãos públicos gostam mesmo de funcionar para dentro, distanciam-se da população e vivem a realidade de seus corredores bem remunerados e supervalorizados. São milhares de funções inócuas, criadas para dar emprego e uma burocracia gigantesca que resiste a qualquer mudança. Em meio às mortes geradas pelo Covid-19, a política não parou um momento e houve até grande ciúme entre políticos e os médicos, estes na posição de médicos salvadores da Nação, aqueles de meros comedores de verbas públicas. Um festival de horrores, ciúmes e vaidades.

Os grandes vícios e defeitos do sistema político do país estão em destaque: muita demagogia, mentira, fascismo, manipulação, frases de efeito, políticos sem preparo, centralismo, jogos de troca por favores etc. A intenção de barrar a velha política e suas negociatas revelou-se impossível e o atual Governo foi obrigado a curvar-se. No Congresso brigas eleitoreiras e uma estagnação quanto às reformas necessárias. O velho Brasil não aceita mudar, quer persistir no que sempre foi; quer manter uma política anacrônica e para os mesmos. Doravante, em meio às consequências que chegarão, valerá manter as aparências, escapar do FMI e acreditar que os planos de recuperação serão agora os de mera retomada econômica para conseguirmos voltar a Janeiro de 2020. Já é previsível a volta da inflação e o forçoso remédio para contê-la: o aumento de juros. Dois itens indesejados. O cenário começa a mudar e não há previsão alguma de que 2021 não seja uma versão piorada de 2020. Será difícil continuar manipulando a inflação e dados sobre ela. Enquanto a inflação oficial fica em 3 %, o IGPM foi de 20%.

E mais, o ano de 2020 é o ano das eleições municipais. Nas Prefeituras ainda a velha política, com figuras eleitas ainda no tempo do PT, de modo que as eleições são as primeiras depois do “impischment“ e das eleições presidenciais, todavia o processo eleitoral está sendo frustrante e com pouco exercício da democracia, face o horário de televisão, única alternativa para os candidatos, já que comícios e shows estão proibidos por gerar aglomeração. Pouco dinheiro, pouco espaço para lavagem e desvio do fundo eleitoral, pouco ânimo dos candidatos e uma possível reeleição em massa.

Os eleitos ou reeleitos terão que lidar com as consequências da queda da arrecadação, do alto desemprego, dos problemas sociais de grande relevância, a miséria duplicada e seus efeitos sobre o fator humano. Em tudo, há a formação de um caldo ainda mais pobre, favorável ao populismo e ao socialismo sem dinheiro. No horizonte, ainda só as espumas de uma grande vaga. Se a crise mundial de 2008 nos trouxe uma marolinha, que foi suficiente para arruinar a economia, deixando 14 milhões de desempregados, agora infelizmente teremos ondas fortes. Uma lástima.

A crise, apesar do discurso seguro e reconfortante das autoridades, já determina mudanças radicais, gerando desemprego, estabelecendo novas realidades no emprego, reengenharia de negócios e novas estratégias de marketing para fazer frente aos redimensionamentos causados pelo consumidor, considerado, doravante, como o centro da decisão final de compra, pois certamente durante a Pandemia deve ter redimensionado suas prioridades e necessidades, ademais, é o consumidor que vai sair mais fustigado da crise, pois, sem emprego, renda ou até casa, poderá comprar menos.

O mercado interno será o salvador, pois no externo só participamos com produtos do agro negócio e pedras direto da mina, o que ajuda a pagar as importações necessárias para a indústria nacional poder produzir. Com a crise mundial e o aumento da competição, a guerra comercial, o surgimento do nacionalismo e a continuidade da Pandemia, só contaremos com exportações e importações da China, colocando-nos em contrariedade com os Estados Unidos da América. Nossa fraca economia industrial terá muitas dificuldades para vender no exterior, mesmo oferecendo os produtos a dólar muito alto e real aviltado. E nossa política ambiental para a Amazônia já provoca restrições a importações do Brasil por vários países. Mesmo que a crise tenha revelado o grau de dependência para com a China, nada garante que haja mudanças neste aspecto. Ademais que China é essa, senão milhares de empresas do ocidente lá implantadas, todas produzindo “Made in China”?

Mas não vamos nos aprofundar neste aspecto econômico, bastando mencionar que os efeitos da crise vão atingir o humano em seu bolso e no seu viver. Certamente a miséria será ressaltada e o negativismo sistemático, pregado pelos meios de comunicação, será enfatizado. A doença já é um aspecto que atinge o fisiologismo de modo direto e unificou o país mostrando que apesar de todas as diferenças criadas, todos somos meros mortais, vivendo dias de sorte e destino num país do terceiro mundo, onde o Próximo já temia o Próximo por ações e reações e agora tem medo do Próximo pela sua presença. Não é o Próximo ladrão, golpista etc, é o Próximo portador do vírus mortal. Se os relacionamentos já eram norteados por atitudes rudes e grotescas, possivelmente serão mais inflexíveis, intolerantes, pragmáticos, individualistas, grotescos no império selvagem do ego e sua loucura, alavancada pelo fisiologismo e analfabetismo, num contexto de pobreza material e espiritual. Muitos serão os desdobramentos de tal aspecto, afastando pessoas e aumentando o apartheid social camuflado, gerando mais raiva social.

No contexto da Pandemia, é possível evidenciar que o meio ambiente foi atacado ferozmente por políticas tocadas implantadas por decretos ministeriais e também por incêndios florestais e uma crise hídrica sem precedentes no passado imediato. Todavia, com “lockdowns” nas cidades grandes e a diminuição do trânsito, terrestre e aéreo, e  consumo, a poluição do ar foi marcante em sua redução temporária. Mas tal efeito foi só uma pausa para o mundo neste aspecto, que mesmo assim pode ter sido anulado pela fumaça dos grandes incêndios no Brasil, Austrália e USA.

Com a retomada da atividade econômica, a toxidade do ar voltará, pois, com Covid ou sem Covid, o Governo será obrigado a ordenar a reabertura do comércio e indústria para garantir sua receita tributária, da qual vive e paga a gorda folha de salários. O caráter materialista do Estado é inegável e sua volúpia por recursos é infindável. Roberto Campos dizia ”.O bem que o Estado pode fazer é limitado; o mal, infinito. O que ele nos pode dar é sempre menos do que nos pode tirar”. O Estado quer sempre ficar gordo e inatacável em seu viver e sua política. Tanto que a primeira reação, quando dos primeiros dias dessa infecção, quando ainda epidemia, foi a crítica aos Prefeitos e Governadores que ordenavam o fechamento do comércio. Havia razão material para isto, mas a gravidade da infecção em cada cidade determinou o fechamento com consequências econômicas graves, ressaltando, no entanto, a valorização da vida acima de tudo. Mas que nível de vida temos?

De toda as consequências que se alinhavam e observações que se pode fazer, com 8 meses de Pandemia, já observa-se que pouco haverá de mudança no pensar humano. As agruras da vida como já instaladas levam a resistência da adoção de um sistema mais leve baseado no amor, luz e paz. Mesmo com a grave Pandemia, países ainda lutam por território, raça e religião, demonstrando que o ego reina e a ONU não une povos e nem é atendida, precisando de uma reformulação. Deve-se repetir, se houver mudança, será para idosos e para as pessoas já em processo de alteração comportamental virtuosa.

Diante do evento de tal magnitude, pouca mudança é para se esperar no novo normal que venha a ser instalado, sendo este mais comportamental a fim de conduzir e controlar o rebanho em sua higiene e atividades de compra e produção. Observa-se a atitude dos jovens durante a crise e há indícios de mesmice e a compreensível adoração material e  egoísta, centrada no umbigo e disposta ao confronto. Desde o início da Pandemia, lideranças suicidas dão seus pitacos promovendo eventos de aglomeração, senso necessária a intervenção policial. Talvez esta ousadia derive dos primeiros erros disseminados no início da crise quando se passou informações que o Covid só pegava em idosos e que os jovens eram resistentes, que era só uma pequena gripe e tudo passaria logo, que a doença era só para o inverno, e demais declarações negacionistas que atrasaram o combate ao mal ou colocavam em dúvida as atitudes implantadas para o tratamento. Houve e há ainda resistência até quanto ao uso de máscara e outras medidas de prevenção. Mas sempre é necessário lembrar que o analfabetismo e a alienação dele decorrente contribuem muito para tal realidade.

Em geral com o confinamento necessário, o rebanho mostrou momentos de controle e descontrole, tendo atingido picos de exaustão, que foram amenizados com reaberturas do comércio e dias de feriados, mas com o vírus sempre alerta e insistente. Ficou evidente que quando a exaustão bateu, nada pode controlar o indivíduo que saiu de casa, ignorando qualquer regramento dado pela TV e pelas autoridades. Tal demonstração junta-se a tendências anteriores à crise que já davam sinais de uma população insatisfeita  como os sistemas existentes, evidenciando necessidade de mudança. A fiscalização Municipal quanto as demais revelaram-se impossível em sua atividade, pois a população é bem maior.

O choque de vida foi para todos, mas certamente com impacto e entendimentos diferenciados para jovens e adultos, mas unindo a todos na desmotivação e esmorecimento que levam a uma exaustão existencial, a qual poderá levar jovens: a viver o aqui-agora com mais intensidade, deixando os estudos, as preocupações com o futuro, inclusive patrimonial; não acumular bens e responsabilidades; evitar casamentos e a procriação; estabelecer suas próprias prioridades; ir contra modelos do sistema de produção; distanciar-se da política e de interesses coletivos. Como o Brasil é das gerações jovens, terá a realidade que estas imprimirem, talvez ainda mais do pragmatismo, individualismo, racionalismo, individualismo e qualquer novo “ismo” que possa surgir de movimentos filosóficos e ideológicos nos anos após a Pandemia. Talvez haja a evolução da velada desobediência civil, face ao desgaste, saturação e esgotamento das pessoas, para a temida desconsideração dos sistemas coletivos e públicos no dia a dia. Um novo 1968, mais libertário, inconsequente, grave. Inexplicavelmente em alguns países da Europa, jovens fazem protestos de rua contra a implantação de medidas preventivas para conter o Covid que agora chegou par o inverno, mais forte, mais impiedoso. A juventude protesta contra o uso de máscaras, contra as atitudes do Governo, carimbando tudo como autoritarismo. Já não seria o sinal do destempero dos novos tempos que vão chegar?

Ademais em alguns momentos da Pandemia, em vários locais do mundo, pode-se observar cenas de atuação do Estado em prol da saúde de suas populações, foram pequenas e pontuais amostras de como é o regime em Estados do passado e do presente onde o normal é o arbítrio, totalitarismo, patrulhamento ideológico, censura, imposição de ideias, controle de costumes e do pensar. Será que os jovens que hoje querem as liberdades, que as esquerdas e as direitas dizem prometer, viram tais exemplos e gostaram?

É deste episódio nacional de grande revelação que podemos realmente perceber quem somos e como o país se encontra quanto a seu sistema republicano, político, econômico e gerencial. Tudo pode ser revisto e aprimorado, se houver interesse patriótico para tal. É a nossa casa, o nosso Brasil. Mas as forças conservadoras vão resistir. O Brasil pequeno de alguns e para alguns quer prevalecer.

O choque de vida e morte mostrou a necessidade de a Humanidade ir em frente de modo diferente. O sinal foi dado e demonstrou a fragilidade das estruturas humanas. Foi revelado que contra o vírus invisível e matador nossa ciência, se é capaz de aventurar pelo Espaço, perde feio para os problemas cruciais de saúde na Terra. Vários são os males que queremos eliminar, mas as Potencias se preocupam em gastar milhões com aventuras espaciais de esnobismo entre elas e esquecem o ser humano e sua miséria. Em vários lugares, por falta de medicamentos e leitos de UTI, houve sorteio de quem deveria viver ou morrer, milhares morrem de picadas de mosquitos infectados, os produtos industrializados causam câncer e doenças várias. Experiências espaciais parecem não solucionar os graves e persistentes problemas de saúde na Terra.

Há necessidade de reformulação e atualizações. Muito ficou evidenciado para o nosso país, que ainda luta para montar a infraestrutura básica de transportes e comunicação para a vida de progresso material. A dimensão continental exige muito. Mas além de uma Educação séria e estável, há necessidade de estabelecimento de um imã de prosperidade, para criar o interesse pelos estudos, vida próspera e trabalho seguro e positivo. Não que o Governo ou alguém possa dar a todos um uniforme ou uma ordem única de ver um horizonte mais próspero, mas que crie condições para as pessoas jovens sentirem-se incentivadas a prosperar conforme seus talentos. Sem isto, o negativismo continuará e o resultado será igual, o desânimo e desalento, o desinteresse e desconsideração. Nenhuma pátria consegue vencer como isso.

Em resumo, quem viu e aprendeu, cresceu com este evento global. Mas muitos não viram nada. Se com perda de entes queridos ou através de reflexão e pensamento meditativo, algo nessa experiência serviu para obter alguma solução individual ( ou coletiva) quanto ao domínio da mente, controle do ego na vida das pessoas com redução da contrariedade e conflitos de relacionamento, seus efeitos terão que aparecer no comportamento. Fica a esperança e a indagação. Ademais, milhões de mortos deixaram grupos familiares e círculos sociais. Será que não houve reflexo pelo menos patrimonial? Outras consequências? Será que tudo continuou igual para os sobreviventes? Será que a morte não ensina? E outros tantos milhões foram infectados e estiveram para morrer e foram infectados, será que mudaram o modo de pensar para melhor? O que pensam agora? Como ficaram, como estão?

Tudo indica que a grande maioria continuará seguindo a manada do mesmo modo como antes e o novo normal será mesmo por um tempo uma adaptação de como comprar, se relacionar e trabalhar, mas dentro do mesmo quadro egoísta e de prioridades do ego.

Vejo rascunhos de nacionalismo, radicalismo, xenofobia, industrialização interna, menos globalização, produção voltada ao mercado interno, autoritarismo populista, etc., mas o fator humano sem nenhuma mudança expressiva. Pensei que o momento seria de grande meditação e mudança de pensamento individual e coletivo, mas não vejo tal rascunho nem a caneta na mesa para tal.

O novo normal será em quase tudo o mesmo e teremos mais uma doença para desviar no dia a dia, como o Sarampo Dengue, Polio, Varicela, etc. Todo ano mais uma vacina para tomar.

Por enquanto, cada um por si e o Próximo como possível portador de doença. A vacina como esperança. Por enquanto a única defesa é a de cada um: máscara, distanciamento,  álcool gel, e respeito ao Próximo. Cada ser humano é que ajuda a propagar o vírus. Se o Próximo não respeita e não se cuida, o vírus se aproveita e cumpre sua missão: infectar e matar os humanos. O vírus é como se fosse um alienígena vindo para nos eliminar.

Não se sabe ainda o que grandes intelectos e pensadores irão apresentar em suas sínteses sobre essa época, se serão suficientemente isentos ou tentarão reforçar ideologias e teses em andamento, mas certamente psicólogos e filósofos de agências de publicidade e marketing já estão se adiantando em observar tendências da manada e montar estratégias de marketing para incutir pensamentos e ideais de um novo normal mais comprador. E assim vamos todos girando pelo Espaço sem destino visível, mas com a rotina de bordo bem extravagante para não dizer horrível e por vezes bem imbecil.

 

Odilon Reinhardt.. 3.11.20