E nas consequências...
(sobrevivem muitos detalhes do velho normal ).
Até 2/12/21 são: no Brasil, 22.105.872 casos e 614.964
mortes; no mundo 264 milhões de casos, 5 .220 milhões de mortos. No meio de tudo para os sobreviventes cabe
perguntar:
O que importa?
O momento pode ser tenebroso,
mas a vida continua sendo bela.
A onda pode ser perigosa,
mas o mar sempre tem sua beleza.
A roseira tem seus espinhos,
mas a rosa é bonita eternamente.
O vento pode ser passageiro,
mas o ar sempre fica.
O cão pode latir,
mas a caravana vai passando.
A chuva atrapalha o passeio,
mas a Terra a recebe bem.
O raio pode causar danos,
mas a luz é maravilhosa.
O dia pode passar,
mas o tempo faz novos dias.
O céu pode ser azul,
mas o Universo é espaço sem cor.
Em fogo, terra, água e ar,
há o jogo entre detalhes e o geral.
Por vezes detalhes são todo o mundo,
mas o geral está sempre no fundo.
Seria a Terra um detalhe
do Universo em movimento?
É o ser humano um detalhe
na Terra em evolução?
Odilon Reinhardt
A distância de local
já passou a perder
para o distanciar emocional.
Uma névoa encobre imagens,
relações vão acabando ,
as pessoas vão se afastando.
Até o amor eterno
prova não ser tão verdadeiro
e nada parece ser mais tão terno.
O simples gostar
parece que não aguenta mais
e some no medo de se aproximar.
Pessoas do dia a dia
viram “migos”, depois meros conhecidos,
faltam afetos e interesses e tudo empobrece o dia.
Parentescos que se aproximavam
revelam-se artificiais e interesseiros
e há atitudes que as pessoas não esperavam.
O lado humano da Pandemia
começa a mostrar-se perverso;
o mundo perde a euforia.
Beijos venenosos,
abraços temerosos,
relacionamentos distanciados?
Mudanças radicais,
o distanciamento físico evoluí
e agride lados essenciais.
Mais cancelamentos,
mais riscos em listas pessoais,
uma nova fase e sua solidão.
O pensar no mundo ainda infestado,
o agir na vida contaminada,
o ser mais isolado.
Para os trôpegos sobreviventes da tragédia,
a vida com consequências danosas,
o normal é intensificado e faz o dia.
`
Nada de novo normal,
nada de novo,
nada de anormal.
Pensamentos confusos
ideias tóxicas,
atitudes de cérebros difusos.
Segue a vida,
a vida normal,
normal em ida e partida.
Odilon
Reinhardt.
Vejo o que não vi,
pessoas que em 2 anos
não esqueci.
Como estarão?
O que pensaram,
como viram essa situação?
Pergunto o que aprenderam,
Indago como viveram, pensaram
engordaram , envelheceram?
Suas imagens estão mudadas?
Como mudaram em feição,
envelheceram, estão alteradas?
Dois anos sem se ver,
tudo parece ficar numa névoa,
a última vez que as vi é o que posso ter.
Com o tempo passando,
suas imagens podem estar
descorando.
E eu, como estarei
para estas pessoas,
quem ainda serei?
Odilon Reinhardt.
Cada dia do tempo que se foi.
Enquanto isto vai acabando,
só cada um saberá
o que e como foi passando.
Foram momentos de ataque furioso
muita tristeza, dúvida, medo e solidão,
vencidos de modo agora honroso.
Em dias de incerto destino,
tempos de
desesperança,
como se conservou o tino?
O jogo entre o vazio e o preenchimento,
entre o fazer e o nada para fazer,
o pensar no crescer ou no esquecimento.
Cada um é que saberá
como e quem ajudou ou inspirou
a resistir , continuar e então agradecerá.
O tempo que mostrou crueldade
e assustou a tantos
também deixou muitos vivos por bondade.
Cada dia do tempo que se foi
será talvez esquecido ou sempre lembrado,
dependendo de como a vida se foi.
Mas para todos certamente
a vida continuará com o tempo
e este se encarrega do que ficou na mente.
Lares de utopias e suas variações,
separações e uniões; abraços e beijos evitados,
mortes e fugas como compensações.
Emoções e paixão forte,
ilusões , muita lição para alguns,
sensações de azar e sorte.
E agora e doravante,
a vida inconsciente
talvez mais distante?
Há um tempo cheio
de talvez, de por quês,
por hora, é o instante que sobreveio.
Talvez novos planos, resoluções,
talvez só as mesmas insatisfações,
talvez novas concepções e rumos.
Mas em todos, a mais fantástica das oportunidades
a de viver e ter vida pela frente,
um brilho de sol nascente e mais realidades.
Odilon Reinhardt.
Pandemia, território de observações, campo de
desafios, a guerra contra o invisível com consequências visíveis e invisíveis
para todos. Num mundo onde o material e todas suas operações é que mais
aparecem e impactos pessoais são colocados em segundo plano, o drama pessoal é
menos importante e as pessoas devem engolir tudo na intimidade de suas lágrimas
e cochichos, gemidos e gritos surdos. Esperando que grandes filósofos e
pensadores da época se manifestem quanto a seus resumos e sínteses, continuo
listando algumas observações empíricas e assistemáticas que certamente não
fogem à platitude e à simplicidade da visão comum a todos, mas que grandes
filósofos da intelectualidade nacional devem logo aparecer incluindo-as em seus
grandes tópicos :
- a fragilidade da vida e sua transitoriedade
ficaram mais evidenciadas e aguçam a vontade de viver o momento, com
repercussões graves para a economia e preparo pessoal .
-o abandono pessoal de muitos quanto a acúmulo de
sabedoria e habilidades profissionais deve aumentar consideravelmente.
-as conquistas espirituais como consciência, conhecer a si mesmo, e combate ao ego ainda
engatinham para milhares de humanos.
- aumenta a consciência de a Terra estar sozinha e
ser o nosso único meio e local de
sobrevivência. Meios e sistemas de produção deverão sofrer o impacto dessa percepção.
- para bilhões, o aprendizado vem pela dor.
- esperança e fé são forças espirituais revestidas
de ilusão e distração perante o mundo cruel das forças físicas. Fé e esperança provaram gerar prazo, expectativa , ansiedade e dor.
- a Pandemia está sendo uma oportunidade para a
reflexão pessoal. Para alguns foi um retiro cultural, para muitos foi só uma
danosa parada.
- ações e reações da manada mundial, nacional e regional ficaram igualmente
visíveis e televisíveis como nunca.
- o maior perigo para o mundo é a presença do ser
humano.
- A história do humano é estragar o habitat dos
outros animais para alargar o seu. Alguma construção humana é sustentável?
- Seria o humano uma aberração do mundo animal que
se atreveu a pensar e falar?
- O humano vive a um fio de sua origem animalesca,
o resto é civilização, algo totalmente artificial e uma questão de
conveniência.
- Tudo tem
começo , meio e fim, até a Pandemia.
- A pandemia ajudou a identificar no mundo de cada
um quem é amigo, migo ou inimigo. Revelou quem se importa.
- Para quem não tem a possibilidade de desenvolver
hábitos intelectuais, a dificuldade em se preencher foi enorme e causou dramas
pessoais e sociais .
- Para muitos, houve a constatação de que sua vida
já é um lockdown há muito tempo.
-Para muitos idosos, dois anos de pandemia
aceleraram o fim da existência. Quem tinha 90 , agora tem 92 . Bem diferente de
quem tem 10 e agora 12, mas não sem problemas para quem tinha 16 e agora 18.
- Por erros econômicos, o pobre ficou mais pobre e
o rico mais rico. A catástrofe na Educação marcará anos das gerações atingidas.
- As deficiências educacionais foram um grande
entrave para o combate à pandemia. Fica cada vez mais claro que sem educação de
qualidade será difícil conter a juventude.
- Haverá substanciais alterações nas relações de
cidadão versus emprego, com menos
qualificação para posições que exigem conhecimentos de tecnologia e a
habilidade de lidar com os instrumentos da tecnologia.
- O consumidor de todas as idades vai se
redimensionar. A mudança poderá ser fatal para o mercado. Poderá haver
intensificação do abandono pessoal com mais desobediência e desconsideração.
- Diminuiu a
taxa de natalidade.
- Aumentou a
consciência ecológica ? Pelo menos a Natureza respirou um pouco.
- Se somos daqui, por que lutamos tanto contra o
meio ambiente e outros animais?
- Aqui, tudo quer nos eliminar. Vivemos em reação.
- Mesmo diante
da tragédia , o humano pouco se irmana.
- Dois anos foram roubados da existência normal.
Haverá muitas consequências em vários setores.
- Par aos sobreviventes, o Covid, como doença na Economia, será o pior em tudo.
Odilon Reinhardt. 3-12-2021.