segunda-feira, 3 de maio de 2021

Covid um cruel passageiro da agonia.

 


 

                    

 

                  

                            Covid ,um mortal e cruel passageiro da agonia

                                Por trás do cenário do caleidoscópio.

 

 

Show de multi-cenários.

 

No cipoal de informações,

a mente busca discernimento

um desafio em muitas situações.

 

Previsíveis retrações

diante de um mundo fustigado

com tantas maldições.

 

Informações manipuladas,

dados, quadros, tabelas  e curvas, 

todas cheias de tendências escondidas.

 

Contradições de todo momento,

mesmo a mente discernida

enfrenta congestionamento.

 

A sucessão de contradições,

a estabilização de figuras de entendimento

fica impossível e leva a confusões.

 

Cenários diversificados se entrelaçam,

realidades se misturam em causas e consequências,

todas diante do vírus e variantes  que se alastram.

 

Incoerência,

desmentidos, fake news,

política versus ciência.

 

Para médicos o mundo como grande hospital,

para os políticos um palanque em cada esquina,

para o povo esperança sem sinal.

 

Intransigências,

poucas explicações,

muitas divergências.

 

Decisões experimentais, inseguras,

negacionismo, poucas razões, ressitências,

situações ainda mais duras.

 

Pouco a pouco situações levam a aceitar

que planos e projetos pessoais e coletivos

impossibilitam o viver e o seu normal caminhar.

 

Incongruências ,

a TV no fogo cruzado,

sendo porta voz das falsas transparências.

 

Repetidas inconsistências,

debates inócuos,

insubsistências.

 

Desentendimentos, hipocrisia,

insuficiências , o ego agindo,

péssima energia.

 

Incompreensão popular,

dúvidas nos seguidores;

no que pensar, acreditar?

 

Maledicência

muita discrepância

e a vida de muitos na ambulância.

 

Vulgarização ,

a existência como papel barato,

o desparecer em banalização. 

 

Neste campo tão aberto de desencontros,

morre-se todo dia de ilusão

perante a impossibilidade dos reencontros.

 

Na casa de muitos

o silêncio das lágrimas interiores

em dias cada vez menos gratuitos.

 

Os questionamentos do foro Íntimo,

quem os tenta, vive a agonia

do constrangimento de estranho ritmo.

 

A história privada

sendo muitas escritas em linhas

de violência física e ou moral já depravada.

 

As soluções estão mergulhadas num achismo,

pai te todos os erros e enganos,

um campo para o ceticismo.

 

Ações se reações ,

banalizações , aceitação,

desconsiderações.

 

A realidade e suas diversões,

pessoas podadas em suas distrações,

uma vida agora espartana com poucas variações.

 

A vida pessoal  em crise,

a caminho dos frangalhos,

muito drama em reprise.

 

Insatisfações, contrariedades,

o futuro  em dúvidas,

o ego e suas muitas adversidades.

 

E assim a Pandemia força nova organização,

a vida sendo redimensionada,

a população ainda em vã ilusão. 

 

Odilon Reinhardt.

 

Será bom ter sobrevivido.

 

 

 

Passar por tudo

e ver como vai ficar

a realidade sobretudo;

 

ver quem sobreviveu,

como serão as ações e reações,

quem e o que aprendeu;

 

como será a recuperação,

o que veio como inovação,

que tendência tornou-se situação;

 

Será bom sobreviver,

reencontrar os verdadeiros amigos,

ao que não se afastaram do conviver.

 

Ver a luz de cada novo dia,

sem ter medo e apreensão no respirar,

ter segurança na nova energia.

 

Haverá certamente

mortos vivos ao redor ,

não apoiaram amigos e ou parente.

 

Será bom sobreviver para ver o valor a ser dado à vida;

como o novo normal vai se estabelecer ou desaparecer;

como será o retorno à lida?;

 

ver o brilho dos novos dias ,

os povos em festa,

momento de muitas alegrias;

 

ver novamente o sorriso,

a alegria na livre locomoção;

ver pessoas na rua só por isso;

 

recuperar os projetos, novos planos,

sem medo, sem agonia,

fazer o dia e planejar os anos;

 

ver a atividade  humana,

procurando a prosperidade

talvez mais consciente , mais humana.

 

Receber os verdadeiros amigos para um café,

fazer viagens e festas,

ou simplesmente ir livre por praças e ruas à pé.

 

Será bom sobreviver,

Para comemorar e dizer,

“ eu vi, senti, venci, estou ainda no viver!”

 

Odilon Reinhardt.

 

O Covid é o cruel protagonista e o mais impopular  ator do drama  presente, atua numa peça horrível, que se espera seja passageira,   mas por detrás desta crise pandêmica, cá para os trópicos do sul, persiste um cenário feito de múltiplas realidades, cujo caleidoscópio, talvez poucos estejam observando. É cenário feito com tintas do analfabetismo, da burocracia, do centralismo de controles, das consequências da  corrupção, da ausência de ímã de progresso e estímulo para a juventude e principalmente pelos tons de  expressões da cultura e seu modo de pensar no estágio de evolução que foi possível alcançar até agora.

Tudo vem compondo um dia a dia que parece mentira ou piada de mau gosto, dando as cores para a vida de gerações que se sucedem e acabam seu ciclo existencial sem ver melhoria no pensamento, durante sua jornada de destino sem qualidade, mas sempre ao toque do espírito hedonista e carnavalesco de beira de praia, cuja constante prática é incapaz de cativar o interesse responsável pelo amanhã, diante do festival de incongruências e perante o constante afastamento do crédito internacional bem intencionado. Persiste a prática constante de safáris e turnês econômicas de mera exploração predatória, que avançam pelas ricas veredas tropicais, enquanto o nosso modo de fazer política se abastece dos bons negócios só e na medida dos interesses dos  políticos.

O país, revestido de República e capenga democracia, ainda tem vários aspectos coloniais e teorias econômicas já defasadas,  sendo cediço às aventuras de estrangeiros exploradores; apresenta-se ao mundo com a porta aberta para ser uma feirinha multimarca de eletrônicos importados, campo de testes para a indústria farmacêutica mundial e mercado livre para os produtos asiáticos. A passos largos, perde a identidade e afunda-se nas entranhas da síndrome do cachorro vira-lata, praga que ataca os cidadãos e jovens de modo cruel. Falta sentido de Pátria, falta amor ao Próximo etc. É a terra da fartura mal aproveitada. 

Certamente, o entrelaçamento embaraçoso, na realidade do teatro no qual o pano de fundo, por si só, exibe no dia à dia, ofusca a visão crítica e dificulta a exata análise dos problemas, pois aqui consequências já viraram causa e as causas primeiras já escondem-se no cenário de fundo que a este ponto pouca relação  guarda com a encenação covídica. Nenhum dos dois é teatro para ser visto por críticos amadores. Nas duas peças, a do teatro de fundo e a do primeiro plano, o país é distraído pela TV que mostra o Coliseu à beira das chamas, enquanto as questões de fundo vão sendo jogadas cada vez mais para planos do backstage. As consequências de tal ato vão surgindo e pouco tratamento recebem, de modo que a realidade sofre uma “transformose” enganatória, mas que sempre beneficia forças poderosas do exterior e seus amigos internos e que não se referem mais só ao dinheiro.

A pandemia reforça a necessidade do Estado competente, de um governo sério e isento, de instituições firmes e modelares, mas também, cidadãos patriotas que se dediquem à manutenção de toda uma estrutura oficial que deve ser honesta e acreditável. E acima de tudo, uma população que respeite as estruturas governamentais e acredite que elas são efetivamente a espinha dorsal da organização e apoio da vida.

No que possa valer a pureza de tal modelo republicano e constitucional, sua manutenção depende do fato de a população saber que tal estrutura existe, funciona, é confiável, digna do pagamento de impostos para promover o progresso e o bem estar. Só eliminando o analfabetismo, através da Educação de qualidade, é que a estrutura oficial será conhecida, respeitada e valorizada como patrimônio de garantia para o povo. Sem educação isto fica prejudicado.

É a falta de Educação de qualidade que está devorando nosso país, o qual dia à dia se acomoda a níveis cada vez mais inferiores. Este nivelamento por baixo é que faz a vida esquecer modelos de prosperidade e estímulo ao progresso coletivo e individual, ajoelhando-se obrigatoriamente aos ditames do sempre urgente atendimento à crescente pobreza física e intelectual, realidade decorrente de décadas de mal condução e negligência, pois a Educação não é prioridade, não rende obras e não gera voto. 

Nesta realidade, feita de múltiplas imagens,  é a TV que dá o último retoque e mostra o país sempre na beira do pior, do escandaloso como se nada real de bom existisse e as estruturas oficiais de governo fossem reiteradamente as promotoras de tudo isto que é ruim.  São duchas diárias de pessimismo e derrota levadas à casa do cidadão nas últimas décadas, esteja o Governo na mão da direita, da esquerda, do centro. A mensagem, tendenciosa ou não,  é que não se está indo para frente, mas para baixo. Diante disso não é difícil imaginar qual a visão que um adolescente ou jovem-adulto tem do país e de toda sua estrutura oficial. 

A realidade é mostrada como sonho psicodélico, confusão e fatos ilógicos, desconexos, incongruentes, com idiossincrasia de ideologias customizadas para interesses de momento e já abandonados, para os fins que levaram a sua imposição ao público. Não é realmente um teatro de cenas compreensíveis e intelegíveis  para qualquer um, pelo que é comum na plateia a retirada de um a um dos espectadores, numa explicável atitude de desconsideração e abandono, já que as peças são mesmo confusas, complexas e  mostradas de modo tendencioso. A plateia ao se retirar dá as costas ao coletivo e aliena-se do interesse pelo país e pelas causas públicas. Inclusive, no teatro da Pandemia, tal atitude leva a não acreditar ou seguir as orientações dos órgãos de Saúde Pública e pouco interesse há na preservação da vida, pelo menos até que o vírus ataque sua casa e seus parentes e amigos.

O analfabetismo já é um grande óbice para o entendimento da realidade “covídica”. É um claro exemplo da desconsideração, que  quando desempenhada até por pessoas letradas, é um perigoso aditivo ao cenário nacional. É a descrença no institucional, na política, nas instituições, no sistema legal etc. Que final terá este processo, se aumenta o número de pessoas viradas de costas para a vida nacional?

Mesmo que a TV, hoje elevada à posição, não oficial, de diário das atitudes dos ocupantes do Governo e demais Poderes, exagere no sensacionalismo seguindo supostas tendências e siga noticiando e confundindo a opinião pública, quando não criando instabilidade social, incertezas e descrédito, tudo seguindo pretensas ideologias escondidas em comentários de frases de repetição diária, o discurso, as atitudes e as decisões das autoridades em nada colaboram para uma imagem boa e segura quanto aos três Poderes   e seus ocupantes, como um todo confiável e merecedor de crédito.  Notícias contraditórias, revestidas de tendências, com toques de falta de lógica, mentira  e coerência em vários níveis do Governo, leva o cidadão a concluir que se deve dar as costas à política e tudo mais e focar no dia a dia de cada um, já tão cheio de dificuldades. Ora, os políticos de momento se sentem então à vontade para fazer seus negócios. Mas para os interesses nacionais, diariamente, perde-se a chance de conquistar a juventude e parte mais esclarecida da população; pelo contrário, perde-se cada vez mais sua atenção, respeito e consideração. E isso, como num processo qualquer, vai evoluir até o momento de exigências maiores por mudança, principalmente quando na peça de primeiro plano do teatro, na qual a Pandemia, como ator principal, está criando o momento de atingir o bolso do cidadão, caldo bem salgado e mau temperado para o empobrecimento da população, do que resultará maior pressão popular; não será mais uma questão de gerir o país com ideias de esquerda ou direita, com a polícia ou como exército ou como sindicato, mas de uma exigência de radical alteração estrutural, no mínimo através da elaboração de uma nova Constituição, não sem antes passar por grave comoção civil ou de modo mais pacífico pela total desconsideração quanto à existência de Governo, uma irresponsável anarquia,  hipótese mais provável, em que a juventude e a população seguem vivendo à revelia das ações de Governo, já então acastelado em sua vida somente alimentada por jogos de Poder em seus corredores e salas de luxo. Não estranhará a ninguém escutar o jovem dizer que pouco está ligando para o Brasil, pois já está de malas para ir para o exterior ou o jovem dizendo não adianta estudar nem trabalhar com carteira, o tráfico dá muito mais e o crime compensa.  Dizeres que se hoje são exceção podem vir a ser a regra. E há tantos outros exemplos do que pode vir a acontecer como colheita das décadas de descaso quanto à Educação, a qual sofreu também um estrondoso golpe durante a Pandemia. 

O que se indaga na mente de poucos é quem está realmente por trás de toda está arquitetura, o dono do teatro,  e age através da mídia e de mestres invisíveis com a intenção de deteriorar a imagem, o significado das  instituições e entregar o país como um todo, levando ao desrespeito e desconsideração por parte principalmente da juventude, esta compreendida entre 15 e 30 anos de idade ? Será que os serviços de informação do Governo  não detectaram isto tudo como ameaça à Pátria? Por que não fazem nada? A quem aproveita tudo isto?

Difícil aceitar ou acreditar que isto tudo foi se formando por si, sem uma estrutura pensada por alguém ou é a soma das atitudes de ações e reações de todos os umbigos da cidadania? O fato é que a realidade está ficando pior e o país do “ me engana que eu gosto”, da burocracia e das leis feitas para alguns,  das palavras e discursos bonitos começa a não enganar mais ninguém. Mas o teatro da tela de fundo vai passando, intocável e isento da pobre e cada vez mais segregada crítica filosófica nacional de alguns já intimidados diante da brutal selvageria e incapacidade de entender ou da impossibilidade de agir da maioria.  O fato é que a realidade posta e suas consequências imediatas e futuras serão herança para as gerações que em décadas ocuparão as posições de liderança e decisão. Qual a qualidade desta herança e o que farão com ela?

 

Odilon Reinhardt  3.5.2021