Covid ,um mortal e cruel passageiro da agonia
Por trás do cenário do
caleidoscópio.
Show de multi-cenários.
No cipoal de informações,
a mente busca discernimento
um desafio em muitas situações.
Previsíveis retrações
diante de um mundo fustigado
com tantas maldições.
Informações manipuladas,
dados, quadros, tabelas e curvas,
todas cheias de tendências escondidas.
Contradições de todo momento,
mesmo a mente discernida
enfrenta congestionamento.
A sucessão de contradições,
a estabilização de figuras de entendimento
fica impossível e leva a confusões.
Cenários diversificados se entrelaçam,
realidades se misturam em causas e consequências,
todas diante do vírus e variantes que se alastram.
Incoerência,
desmentidos, fake news,
política versus ciência.
Para médicos o mundo como grande hospital,
para os políticos um palanque em cada esquina,
para o povo esperança sem sinal.
Intransigências,
poucas explicações,
muitas divergências.
Decisões experimentais, inseguras,
negacionismo, poucas razões, ressitências,
situações ainda mais duras.
Pouco a pouco situações levam a aceitar
que planos e projetos pessoais e coletivos
impossibilitam o viver e o seu normal caminhar.
Incongruências ,
a TV no fogo cruzado,
sendo porta voz das falsas transparências.
Repetidas inconsistências,
debates inócuos,
insubsistências.
Desentendimentos, hipocrisia,
insuficiências , o ego agindo,
péssima energia.
Incompreensão popular,
dúvidas nos seguidores;
no que pensar, acreditar?
Maledicência
muita discrepância
e a vida de muitos na ambulância.
Vulgarização ,
a existência como papel barato,
o desparecer em banalização.
Neste campo tão aberto de desencontros,
morre-se todo dia de ilusão
perante a impossibilidade dos reencontros.
Na casa de muitos
o silêncio das lágrimas interiores
em dias cada vez menos gratuitos.
Os questionamentos do foro Íntimo,
quem os tenta, vive a agonia
do constrangimento de estranho ritmo.
A história privada
sendo muitas escritas em linhas
de violência física e ou moral já depravada.
As soluções estão mergulhadas num achismo,
pai te todos os erros e enganos,
um campo para o ceticismo.
Ações se reações ,
banalizações , aceitação,
desconsiderações.
A realidade e suas diversões,
pessoas podadas em suas distrações,
uma vida agora espartana com poucas variações.
A vida pessoal
em crise,
a caminho dos frangalhos,
muito drama em reprise.
Insatisfações, contrariedades,
o futuro em
dúvidas,
o ego e suas muitas adversidades.
E assim a Pandemia força nova organização,
a vida sendo redimensionada,
a população ainda em vã ilusão.
Odilon Reinhardt.
Será bom ter sobrevivido.
Passar por tudo
e ver como vai ficar
a realidade sobretudo;
ver quem sobreviveu,
como serão as ações e reações,
quem e o que aprendeu;
como será a recuperação,
o que veio como inovação,
que tendência tornou-se situação;
Será bom sobreviver,
reencontrar os verdadeiros amigos,
ao que não se afastaram do conviver.
Ver a luz de cada novo dia,
sem ter medo e apreensão no respirar,
ter segurança na nova energia.
Haverá certamente
mortos vivos ao redor ,
não apoiaram amigos e ou parente.
Será bom sobreviver para ver o valor a ser dado à
vida;
como o novo normal vai se estabelecer ou
desaparecer;
como será o retorno à lida?;
ver o brilho dos novos dias ,
os povos em festa,
momento de muitas alegrias;
ver novamente o sorriso,
a alegria na livre locomoção;
ver pessoas na rua só por isso;
recuperar os projetos, novos planos,
sem medo, sem agonia,
fazer o dia e planejar os anos;
ver a atividade
humana,
procurando a prosperidade
talvez mais consciente , mais humana.
Receber os verdadeiros amigos para um café,
fazer viagens e festas,
ou simplesmente ir livre por praças e ruas à pé.
Será bom sobreviver,
Para comemorar e dizer,
“ eu vi, senti, venci, estou ainda no viver!”
Odilon Reinhardt.
O Covid é o cruel protagonista e o mais
impopular ator do drama presente, atua numa peça horrível, que se
espera seja passageira, mas por detrás
desta crise pandêmica, cá para os trópicos do sul, persiste um cenário feito de
múltiplas realidades, cujo caleidoscópio, talvez poucos estejam observando. É
cenário feito com tintas do analfabetismo, da burocracia, do centralismo de
controles, das consequências da corrupção, da ausência de ímã de progresso e
estímulo para a juventude e principalmente pelos tons de expressões da cultura e seu modo de pensar no
estágio de evolução que foi possível alcançar até agora.
Tudo vem compondo um dia a dia que parece mentira
ou piada de mau gosto, dando as cores para a vida de gerações que se sucedem e
acabam seu ciclo existencial sem ver melhoria no pensamento, durante sua
jornada de destino sem qualidade, mas sempre ao toque do espírito hedonista e
carnavalesco de beira de praia, cuja constante prática é incapaz de cativar o
interesse responsável pelo amanhã, diante do festival de incongruências e
perante o constante afastamento do crédito internacional bem intencionado.
Persiste a prática constante de safáris e turnês econômicas de mera exploração
predatória, que avançam pelas ricas veredas tropicais, enquanto o nosso modo de
fazer política se abastece dos bons negócios só e na medida dos interesses dos políticos.
O país, revestido de República e capenga democracia,
ainda tem vários aspectos coloniais e teorias econômicas já defasadas, sendo cediço às aventuras de estrangeiros
exploradores; apresenta-se ao mundo com a porta aberta para ser uma feirinha
multimarca de eletrônicos importados, campo de testes para a indústria
farmacêutica mundial e mercado livre para os produtos asiáticos. A passos
largos, perde a identidade e afunda-se nas entranhas da síndrome do cachorro
vira-lata, praga que ataca os cidadãos e jovens de modo cruel. Falta sentido de
Pátria, falta amor ao Próximo etc. É a terra da fartura mal aproveitada.
Certamente, o entrelaçamento embaraçoso, na
realidade do teatro no qual o pano de fundo, por si só, exibe no dia à dia,
ofusca a visão crítica e dificulta a exata análise dos problemas, pois aqui
consequências já viraram causa e as causas primeiras já escondem-se no cenário
de fundo que a este ponto pouca relação
guarda com a encenação covídica. Nenhum dos dois é teatro para ser visto
por críticos amadores. Nas duas peças, a do teatro de fundo e a do primeiro
plano, o país é distraído pela TV que mostra o Coliseu à beira das chamas,
enquanto as questões de fundo vão sendo jogadas cada vez mais para planos do
backstage. As consequências de tal ato vão surgindo e pouco tratamento recebem,
de modo que a realidade sofre uma “transformose” enganatória, mas que sempre
beneficia forças poderosas do exterior e seus amigos internos e que não se
referem mais só ao dinheiro.
A pandemia reforça a necessidade do Estado
competente, de um governo sério e isento, de instituições firmes e modelares,
mas também, cidadãos patriotas que se dediquem à manutenção de toda uma
estrutura oficial que deve ser honesta e acreditável. E acima de tudo, uma
população que respeite as estruturas governamentais e acredite que elas são
efetivamente a espinha dorsal da organização e apoio da vida.
No que possa valer a pureza de tal modelo
republicano e constitucional, sua manutenção depende do fato de a população
saber que tal estrutura existe, funciona, é confiável, digna do pagamento de
impostos para promover o progresso e o bem estar. Só eliminando o
analfabetismo, através da Educação de qualidade, é que a estrutura oficial será
conhecida, respeitada e valorizada como patrimônio de garantia para o povo. Sem
educação isto fica prejudicado.
É a falta de Educação de qualidade que está
devorando nosso país, o qual dia à dia se acomoda a níveis cada vez mais
inferiores. Este nivelamento por baixo é que faz a vida esquecer modelos de
prosperidade e estímulo ao progresso coletivo e individual, ajoelhando-se
obrigatoriamente aos ditames do sempre urgente atendimento à crescente pobreza
física e intelectual, realidade decorrente de décadas de mal condução e
negligência, pois a Educação não é prioridade, não rende obras e não gera
voto.
Nesta realidade, feita de múltiplas imagens, é a TV que dá o último retoque e mostra o
país sempre na beira do pior, do escandaloso como se nada real de bom existisse
e as estruturas oficiais de governo fossem reiteradamente as promotoras de tudo
isto que é ruim. São duchas diárias de
pessimismo e derrota levadas à casa do cidadão nas últimas décadas, esteja o
Governo na mão da direita, da esquerda, do centro. A mensagem, tendenciosa ou
não, é que não se está indo para frente,
mas para baixo. Diante disso não é difícil imaginar qual a visão que um
adolescente ou jovem-adulto tem do país e de toda sua estrutura oficial.
A realidade é mostrada como sonho psicodélico,
confusão e fatos ilógicos, desconexos, incongruentes, com idiossincrasia de
ideologias customizadas para interesses de momento e já abandonados, para os
fins que levaram a sua imposição ao público. Não é realmente um teatro de cenas
compreensíveis e intelegíveis para
qualquer um, pelo que é comum na plateia a retirada de um a um dos
espectadores, numa explicável atitude de desconsideração e abandono, já que as
peças são mesmo confusas, complexas e
mostradas de modo tendencioso. A plateia ao se retirar dá as costas ao
coletivo e aliena-se do interesse pelo país e pelas causas públicas. Inclusive,
no teatro da Pandemia, tal atitude leva a não acreditar ou seguir as
orientações dos órgãos de Saúde Pública e pouco interesse há na preservação da
vida, pelo menos até que o vírus ataque sua casa e seus parentes e amigos.
O analfabetismo já é um grande óbice para o
entendimento da realidade “covídica”. É um claro exemplo da desconsideração,
que quando desempenhada até por pessoas
letradas, é um perigoso aditivo ao cenário nacional. É a descrença no
institucional, na política, nas instituições, no sistema legal etc. Que final
terá este processo, se aumenta o número de pessoas viradas de costas para a
vida nacional?
Mesmo que a TV, hoje elevada à posição, não oficial,
de diário das atitudes dos ocupantes do Governo e demais Poderes, exagere no
sensacionalismo seguindo supostas tendências e siga noticiando e confundindo a
opinião pública, quando não criando instabilidade social, incertezas e
descrédito, tudo seguindo pretensas ideologias escondidas em comentários de
frases de repetição diária, o discurso, as atitudes e as decisões das
autoridades em nada colaboram para uma imagem boa e segura quanto aos três
Poderes e seus ocupantes, como um todo
confiável e merecedor de crédito. Notícias contraditórias, revestidas de
tendências, com toques de falta de lógica, mentira e coerência em vários níveis do Governo, leva o
cidadão a concluir que se deve dar as costas à política e tudo mais e focar no
dia a dia de cada um, já tão cheio de dificuldades. Ora, os políticos de
momento se sentem então à vontade para fazer seus negócios. Mas para os
interesses nacionais, diariamente, perde-se a chance de conquistar a juventude
e parte mais esclarecida da população; pelo contrário, perde-se cada vez mais
sua atenção, respeito e consideração. E isso, como num processo qualquer, vai
evoluir até o momento de exigências maiores por mudança, principalmente quando
na peça de primeiro plano do teatro, na qual a Pandemia, como ator principal,
está criando o momento de atingir o bolso do cidadão, caldo bem salgado e mau
temperado para o empobrecimento da população, do que resultará maior pressão
popular; não será mais uma questão de gerir o país com ideias de esquerda ou
direita, com a polícia ou como exército ou como sindicato, mas de uma exigência
de radical alteração estrutural, no mínimo através da elaboração de uma nova
Constituição, não sem antes passar por grave comoção civil ou de modo mais
pacífico pela total desconsideração quanto à existência de Governo, uma
irresponsável anarquia, hipótese mais
provável, em que a juventude e a população seguem vivendo à revelia das ações
de Governo, já então acastelado em sua vida somente alimentada por jogos de
Poder em seus corredores e salas de luxo. Não estranhará a ninguém escutar o
jovem dizer que pouco está ligando para o Brasil, pois já está de malas para ir
para o exterior ou o jovem dizendo não adianta estudar nem trabalhar com
carteira, o tráfico dá muito mais e o crime compensa. Dizeres que se hoje são exceção podem vir a
ser a regra. E há tantos outros exemplos do que pode vir a acontecer como
colheita das décadas de descaso quanto à Educação, a qual sofreu também um
estrondoso golpe durante a Pandemia.
O que se indaga na mente de poucos é quem está
realmente por trás de toda está arquitetura, o dono do teatro, e age através da mídia e de mestres invisíveis
com a intenção de deteriorar a imagem, o significado das instituições e entregar o país como um todo,
levando ao desrespeito e desconsideração por parte principalmente da juventude,
esta compreendida entre 15 e 30 anos de idade ? Será que os serviços de
informação do Governo não detectaram
isto tudo como ameaça à Pátria? Por que não fazem nada? A quem aproveita tudo
isto?
Difícil aceitar ou acreditar que isto tudo foi se
formando por si, sem uma estrutura pensada por alguém ou é a soma das atitudes
de ações e reações de todos os umbigos da cidadania? O fato é que a realidade
está ficando pior e o país do “ me engana que eu gosto”, da burocracia e das
leis feitas para alguns, das palavras e
discursos bonitos começa a não enganar mais ninguém. Mas o teatro da tela de
fundo vai passando, intocável e isento da pobre e cada vez mais segregada
crítica filosófica nacional de alguns já intimidados diante da brutal
selvageria e incapacidade de entender ou da impossibilidade de agir da maioria.
O fato é que a realidade posta e suas
consequências imediatas e futuras serão herança para as gerações que em décadas
ocuparão as posições de liderança e decisão. Qual a qualidade desta herança e o
que farão com ela?
Odilon Reinhardt
3.5.2021