Para milhares, agora, a velha e esfarrapada vida normal?
Até 2.10.2021 temos 21.445.651 casos, 597.255 mortos no Brasil e no mundo 219 milhões de casos e 4.550.000 de mortos, em números aproximados.
Nem sabiam.
E mais uma vez, o trem partiu
com muita gente,
gente que sumiu.
Nunca mais vi
aquela gente
que conheci.
O por quê de não ter ido junto ,
é agora
o que pergunto.
Naquela gente
tinha gente que nem se despediu,
muitos partiram de repente.
Entraram no trem
sem avisar,
nem os vi partirem.
Foram,
era a última viagem ,
muitas nem disso sabiam.
Deixaram muita gente em surpresa,
nenhum aviso,
parece que tinham pressa.
Não! Foram pegos da noite para o dia,
surpreendidos, sem malas nem suas coisas;
quando viram já estavam na travessia.
Quem ficou,
nada entendeu,
a fatalidade o silenciou.
E há esse barulho constante
dos trilhos do trem,
parece nunca estar distante.
Se estiver por perto,
que não pare por aqui,
mas a possibilidade é um aperto.
E todo dia vivemos
com este barulho ensurdecedor,
dos trilhos do trem que não vemos.
Odilon Reinhardt.
Tempo
Logo serão 2 anos
desse constrangimento
em que participamos.
Estaremos todos mais afastados,
dois anos mais distantes,
dois anos mais isolados.
Quem tinha 16 terá 18,
mas terá ainda muito pela frente;
quem com mais idade estará tão afoito?
Com que cara “migos” e parentes
irão aparecer tentando remendar contatos,
se não se importaram na crise com seus semelhantes?
Muito do tempo de viver livremente
foi roubado, surrupiado,
mas cada um de nós é “ o sobrevivente”.
Irrecuperável
é esse tempo que aqui se intrometeu,
que tornou muito plano impossível.
Irreversível prejuízo
à convivência, à vida, à existência;
o dia a dia quase fora do juízo.
Dias de apreensão,
de medo, luto, falência,
muito distanciamento e solidão.
Até tudo isso efetivamente acabar,
quanto tempo terá passado
e como será o que sobrar?
E a estória de cada um como prosseguirá?
Quem sobrará na lista de amizades, de humanos?
Quem responderá?
A fé, a esperança e a compaixão,
usadas até o máximo do limite;
esfarrapados e persistentes pedaços de ilusão.
Cada um como “ o sobrevivente”
estará marcado na alma pelo que não foi e não fez,
no tempo que espalhava dúvida como semente.
Isso tudo
terá deixado lições?
Quem conseguirá seguir mudo?
Milhões nada pensaram sobre a dor,
nada viram, seguiram na manada,
nada concluíram de melhor.
E a vida seguirá no velho e viciado normal,
alguns avanços meramente comerciais
e nada de especial.
Odilon Reinhardt.
Com resultados surpreendentes da ciência, mesmo diante de centros de euforia e ansiedade por parte da vida econômica, há luz do sol no fim do túnel. Possivelmente em breve a vida iniciará a retomada quanto a normalidade material para os sobreviventes.
Tempo, então, de contar os mortos, de juntar lições, de tirar algumas conclusões mais gerais, que nos façam conhecer melhor o país, o Governo e o povo onde estamos. Certamente grandes pensadores e intelectuais devem estar fazendo suas listas conclusivas, procurando sínteses apuradas e verbetes filosóficos que lhes dê destaque. Nesse propósito devem ter anotado algo como:
Pode-se fazer e viver com menos ;
A indústria tem produzido muita coisa sem necessidade.
A massa é crédula e seguidora; dirigí-la é uma responsabilidade grande;
Os meios de informática salvaram a Economia e impediram a solidão das pessoas; a logística triunfou.
A cidade tornou-se uma grande ratoeira;
O meio ambiente foi favorecido no Ocidente, enquanto na China, a poluição continuou;
Na economia, indústria e comércio nada é transparente;
A inflação é manipulação.
O Ocidente está cada vez mais dependente da China;
O Governo é algo necessário; a pandemia derrotou as teses anarquistas;
Para muitos governistas, a vida humana não é a prioridade, mas , sim, o sistema que conduza à reeleição;
A TV mostrou-se como o primeiro poder, primeiro influenciador social, podendo criar o sufoco e a instabilidade social; conforme a ênfase dada pelas equipes locais do noticiário, aumentou a instabilidade até tragicamente; todavia o vocabulário usado e as entrevistas com especialistas não chegou ao entendimento do povo. Mesmo para quem pode entender, o jogo de frases levou ao limite máximo o uso do discernimento;
O Governo fica indefeso diante das interpretações dadas pela imprensa e tem que pagar pela resposta em sua defesa;
Mesmo assim, a TV é a porta voz, o diário oficial do Governo.
O poder da imprensa pode ser de manipular, desestabilizar, motivar, eleger, depor, iludir;
A estatística nunca foi usada e abusada para tantos propósitos; seus quadros falham em prever o futuro e enganam o presente.
A pandemia ajudou as emissoras de rádio e TV a preencher a programação, pois as mesmas já estavam recorrendo só a notícias de trânsito, polícia e clima. Quantos brasileiros, no entanto, deixaram de ver noticiários?
Sem notícias da vida do Governo e frases das autoridades, o que a TV teria para criar intrigas e competição?
A política de pão e circo foi severamente afetada.
A saúde, enfim, foi alçada a prioridade nacional. O mesmo não deveria ocorrer com a Educação?
Há 110 anos usávamos carroças e enfrentamos a Gripe Espanhola. Hoje, estamos em Marte e a Covid quase nos derrotou.
A mentira repetida algumas vezes vira verdade;
Nem todas as estruturas criadas pelo humano são incompetentes perante a morte antecipada;
O negacionismo pode conduzir a massa ao precipício; o Poder quando cria e segue ideias ruins pode matar milhões;
Países dependentes de tecnologia não conseguem a liberdade a não ser aquela dos animais e dos incautos;
Na tentativa de equilibrar receita, política e vida humana , as autoridades locais fizeram a última pagar a conta com mortes em excesso. Ninguém será responsabilizado;
O Brasil de bons empregos e oportunidades continuará sendo só para poucos;
A corrupção continuou. A punibilidade não assusta ninguém.
Conflitos nacionais e internacionais continuaram e o ser humano mostra sua dessemelhança e falta de respeito ;
As piores pragas têm vindo da China e Ásia. A teoria de Malthus tem razão. ( a lista segue)
Odilon Reinhardt 3.10.2021