domingo, 3 de outubro de 2021

Para milhares, agora, a velha e esfarrapada vida normal?

 











Para milhares, agora, a velha e esfarrapada vida normal? 




Até 2.10.2021 temos 21.445.651 casos, 597.255  mortos no Brasil e  no mundo  219 milhões de   casos  e  4.550.000 de  mortos, em números aproximados.   



Nem sabiam. 


E mais uma vez, o trem partiu

com muita gente,

gente que sumiu. 


Nunca mais vi

aquela gente

que conheci. 


O por quê de não ter ido junto ,

é agora 

o que pergunto. 


Naquela gente 

tinha gente que nem se despediu,

muitos partiram de repente. 


Entraram no trem

sem avisar,

nem os vi partirem.


Foram, 

era a última viagem ,

muitas nem disso sabiam. 


Deixaram muita gente em surpresa,

nenhum aviso, 

parece que tinham pressa. 


Não! Foram pegos da noite para o dia,

surpreendidos, sem malas nem suas coisas;

quando viram já estavam na travessia. 


Quem ficou,

nada entendeu,

a fatalidade o silenciou.


E há esse barulho constante

dos trilhos do trem, 

parece nunca estar distante. 


Se estiver por perto, 

que não pare por aqui, 

mas a possibilidade é um aperto. 


E todo dia vivemos

com este barulho ensurdecedor,

dos trilhos do trem que não vemos. 


 Odilon Reinhardt. 




Tempo 



Logo serão 2 anos

desse constrangimento

em que participamos. 


Estaremos todos mais afastados, 

dois anos mais distantes, 

dois anos mais isolados. 


Quem tinha 16 terá 18,

mas terá ainda muito pela frente;

quem com mais idade estará tão afoito? 


Com que cara “migos” e parentes

irão aparecer tentando remendar contatos, 

se não se importaram na crise com seus semelhantes? 


Muito do tempo de viver livremente

foi roubado, surrupiado, 

mas cada um de nós é “ o sobrevivente”. 


Irrecuperável 

é esse tempo que aqui se intrometeu, 

que tornou muito plano impossível. 


Irreversível prejuízo

à convivência, à vida, à existência;

o dia a dia quase fora do juízo. 


Dias de apreensão, 

de medo, luto, falência, 

muito distanciamento e solidão. 


Até tudo isso efetivamente acabar, 

quanto tempo terá passado

e como será o que sobrar? 


E a estória de cada um como prosseguirá? 

Quem sobrará na lista de amizades, de humanos? 

Quem responderá?  


A fé, a esperança e a compaixão, 

usadas até o máximo do limite; 

esfarrapados e persistentes pedaços de ilusão.  


Cada um como “ o sobrevivente”

estará marcado na alma pelo que não foi e não fez, 

no tempo que espalhava dúvida como semente. 


Isso tudo 

terá deixado lições? 

Quem conseguirá seguir mudo? 


Milhões nada pensaram sobre a dor,

nada viram, seguiram na manada,  

nada  concluíram de melhor. 


E a vida seguirá no velho e viciado normal, 

alguns avanços meramente comerciais 

e nada de especial.     


Odilon Reinhardt. 




Com resultados surpreendentes da ciência, mesmo diante de centros de euforia e ansiedade por parte da vida econômica, há luz do sol no fim do túnel. Possivelmente em breve a vida iniciará a retomada quanto a normalidade material para os sobreviventes. 

Tempo, então, de contar os mortos, de juntar lições, de tirar algumas conclusões mais gerais, que nos façam conhecer melhor o país, o Governo e o povo onde estamos. Certamente grandes pensadores e intelectuais devem estar fazendo suas listas conclusivas, procurando sínteses apuradas e verbetes filosóficos que lhes dê destaque. Nesse propósito devem ter anotado algo como: 

          Pode-se fazer e viver com menos ;

A indústria tem produzido muita coisa sem necessidade.

          A massa é crédula e seguidora; dirigí-la é uma responsabilidade grande;

Os meios de informática salvaram a Economia e impediram a solidão das pessoas; a logística triunfou.   

          A cidade tornou-se uma grande ratoeira;

O meio ambiente foi favorecido no Ocidente, enquanto na China, a poluição continuou; 

         Na economia, indústria e comércio nada é transparente;

A inflação é manipulação. 

         O Ocidente está cada vez mais dependente da China;

O Governo é algo necessário; a pandemia derrotou as teses anarquistas;

         Para muitos governistas, a vida humana não é a prioridade, mas , sim,  o sistema que conduza à reeleição; 

A TV mostrou-se como o primeiro poder, primeiro influenciador social, podendo criar o sufoco e a instabilidade social; conforme a ênfase dada pelas equipes locais do noticiário, aumentou a instabilidade até tragicamente; todavia o vocabulário usado e as entrevistas com especialistas não chegou ao entendimento do povo. Mesmo para quem pode entender, o jogo de frases levou ao limite máximo o uso do discernimento; 

        O Governo fica indefeso diante das interpretações dadas pela imprensa e tem que pagar pela resposta em sua defesa; 

Mesmo assim, a TV é a porta voz, o diário oficial do Governo. 

       O poder da imprensa pode ser de manipular, desestabilizar, motivar, eleger, depor, iludir; 

A estatística nunca foi usada e abusada para tantos propósitos; seus quadros falham em prever o futuro e enganam o presente. 

        A pandemia ajudou as emissoras de rádio e TV a preencher a programação, pois as mesmas já estavam recorrendo só a notícias de trânsito, polícia e clima. Quantos brasileiros, no entanto, deixaram de ver noticiários? 

Sem notícias da vida do Governo e frases das autoridades, o que a TV teria para criar intrigas e competição? 

       A política de pão e circo foi severamente afetada. 

A saúde, enfim, foi alçada a prioridade nacional. O mesmo não deveria ocorrer com a Educação? 

       Há 110 anos usávamos carroças e enfrentamos a Gripe Espanhola. Hoje, estamos em Marte e a Covid quase nos derrotou. 

A mentira repetida algumas vezes vira verdade; 

       Nem todas as estruturas criadas pelo humano são incompetentes perante a morte antecipada;  

O negacionismo pode conduzir a massa ao precipício; o Poder quando cria e segue ideias ruins pode matar milhões;

      Países dependentes de tecnologia não conseguem a liberdade a não ser aquela dos animais e dos incautos; 

Na tentativa de equilibrar receita, política e vida humana , as autoridades locais fizeram a última pagar a conta com mortes em excesso. Ninguém será responsabilizado;

      O Brasil de bons empregos e oportunidades continuará sendo só para poucos;

A corrupção continuou. A punibilidade não assusta ninguém. 

      Conflitos nacionais e internacionais continuaram e o ser humano mostra sua dessemelhança e falta de respeito ; 

As piores pragas têm vindo da China e Ásia. A teoria  de Malthus tem razão. ( a lista segue) 


Odilon Reinhardt 3.10.2021