Mais observações e consequências .
Esses distanciamentos
que tem marcado o mover-se,
que derrotam os relacionamentos.
Essa máscara
que tem escondido o sorriso, as palavras,
que a tudo mascara.
Esse álcool de mão
que tem entorpecido os contatos
que explicita a rejeição.
Esse isolamento
que tem esvaziado a rua,
que nos tira o encantamento.
Casos do dia ,
mortes antes do tempo ,
que dão à vida medo e agonia.
Poucas boas notícias,
no horizonte
velas de graves consequências.
Verdades e irrealidades,
platitudes e frases de efeito,
adversidades.
Nunca caíram de uma só vez
tantas fichas, mostrando que
a humanidade pode mesmo virar pó.
Vai mal,
do jeito que vai.
A Terra dá o sinal.
Material e espiritualmente
o humano acabou em confusão,
perde-se nos labirintos de sua mente.
Socorre-se do brilho material,
ajoelha-se e nele se diz feliz,
no fundo vive o medo da viagem mortal.
Odilon Reinhardt.
Onde estão?
Onde está
aquele senhor que ficava na praça
e não está mais lá?
E aquela criança
que brincava no jardim
e não há ninguém na balança?
A menina que passava
todo dia a caminho da escola
e sua amiga que tanto falava?
Até o carrinheiro deixou de vir,
desapareceu em seu mundo,
não pode prosseguir?
Para onde foram
todos que compunham a rua
e hoje ali não mais andam?
Voltarão um dia?
Partiram, não voltam mais.
Foram embora no trem da Pandemia.
Aquela idosa senhora,
de andar lento, com sacola vazia,
não passa mais na mesma hora.
Onde estão?
Agora que tudo parece mais calmo,
para onde foram?
Foram embora ,
não puderam nem se despedir,
estamos sem eles agora.
Pais, avós, parentes,
amigos, conhecidos, colegas,
foram todos , nossas gentes.
O que deixaram para entender,
o que levaram de nós?
Cada um é que deve saber.
Silentes indagações,
os afazeres preenchem as horas
e o humano não se importa com maiores reflexões.
E a vida continuará,
os sobreviventes e seu “normal”
e assim será.
Odilon Reinhardt.
Foram
embora para qualquer lugar
no Universo ou só no cemitério,
o que agora pode isso importa?
Foram com suas verdades,
inverdades, conclusões, decisões, segredos,
acumulações, convicções, experiências e realidades.
Deixaram de existir ,
solução final;
doravante, o eterno inexistir.
A sociedade que os classificou,
numerou, categorizou, usou,
agora das tabelas os retirou.
Como partida, ainda vão aparecer
na lista de casos e mortos
e assim vão desaparecer.
Aos sobreviventes a vida,
um pouco mais de inseguro respirar,
até a chamada para partida.
O dia a dia terá seu calor,
algo que dê ânimo;
que se procure sempre algo indolor.
Os que se foram talvez diriam
“aproveitem todos os instantes do dia”,
é o que recomendariam.
Odilon Reinhardt.
O vírus não gostou da vacina. Foge aos poucos em
busca de bolsões de pouca resistência. A ciência humana resistiu e fortalece
sua defesa. Dentro em breve, talvez uma pílula de salvação e todo o aparato de
vacina será um passado detestado. Por enquanto, a vida continua, sem o temor e
a aflição do início da Pandemia. O humano ensaia sair da toca, com um pouco
mais de coragem, mas ressabiado do que lhe foi mostrado como realidade em
vários aspectos da TV, política e seu círculo de amizade. A rotina vai se
recuperando e tende ao normal. Não haverá novo normal, a não ser alguns
aspectos comerciais que ganharam algumas inovações, muitas de passageira
estadia. Lentamente os afazeres externos vão sendo recuperados e ajudam a
preencher o tempo dos seres humanos. Se houve ganhos pessoais em termos de
evolução espiritual, de conquistas contra o ego, etc., isto pertence a
indagações silentes . O certo é que a grande maioria segue sem muito refletir,
pois não vê ainda ganho no meditar e no aprimoramento do seu mundo interno.
Dentre os vários pontos que podem ser listados em continuidade ao que foi
mostrado na postagem de 3.9.21 , temos que filósofos e pensadores , que ainda
não divulgaram suas grandes sínteses , devem estar observando pontos como os
seguintes:
Depois da Segunda Guerra Mundial , o invisível
Covid conseguiu aprimorar-se para fazer a Guerra do Século. Se é guerra
interplanetária, talvez nunca saberemos.
O mundo virtual e seus múltiplos instrumentos
salvaram a Humanidade de consequências muito maiores em todos os campos.
A ciência foi pega de surpresa, mas reagiu e
diminuiu o sofrimento; mostrou seus
limites e deve ser controlada. Erros podem ser fatais.
Em alguns lugares, onde a inexperiência foi mais
acentuada, o processo de aprendizado foi marcado por estratégias erradas desde
o início. Os erros foram pagos com muitas mortes e sem culpados;
Políticos deram um jeito de controlar a pandemia
com discursos e palavras soltas, fizeram seu palco no rodeio da morte.
Políticos só sabem da política do cercadinho e da
reeleição;
As teorias de psicologia de massa ajudaram a
controlar a população, por vezes, com mentiras e muita manipulação. Os meios de
comunicação tiveram sucesso. Ficou visível como e o que o Poder usa para
conduzir o povo. Houve muitas trapalhadas nesse campo.
Foi uma grande oportunidade para se observar como
funcionam a sociedade, as pessoas e o Governo.
A Justiça foi obrigada a descer ao dia a dia da
praça e ao bate boca em ponto de ônibus, perdeu sua dignidade. Foi obedecida
por puro temor reverencial.
Em alguns aspectos, o combate aos vírus fez lembrar
os regimes fechados de opressão. Ficaram
evidenciadas as incapacidades do aparelhamento oficial, o que de certo modo
levou certos órgãos a estimular o denuncismo para cobrir suas
insuficiências.
Os decretos municipais de condução das medidas de
controle, em alguns aspectos, foram duvidosos e incoerentes quanto ao modo de flexibilização. Ficou claro que muitas
medidas eram para garantir a capacidade de atendimento pelos hospitais. Seus
insucessos acarretam mortes em massa.
Mostrou-se a política usando da ditadura médica,
por vezes, alarmista, política e mal intencionada. Houve notícias de
“tribunais” de médicos para decidir quem iria ou não para a UTI. Alguém se preocupou?
Ficou destacada a dependência suprema do mundo
quanto a recursos materiais e muito menosprezo aos recursos humanos.
Os recursos para pesquisa científica e ciência no
Brasil precisam aumentar. Mesmo assim pelo menos dois laboratórios mostraram-se
atuais e prontos para responder a demandas.
Mentes corruptas acharam um jeito de desviar
recursos públicos para compra de medicamentos
e acessórios a seu proveito.
Quem era mau humano não deixou de se aprimorar.
A pandemia afastou os já afastados e mascarou os já
mascarados, acelerando tendências em vários campos.
Durante a crise foi observado o reforço do
individualismo, utilitarismo e pragmatismo, pelo que o humano se afastou ainda
mais do humano.
Nem a morte em massa tem força contra o ego e a
ambição dos políticos e comerciantes.
As reações do povo são iguais em todo o mundo, não
importando a riqueza do país.
Ações e reações de manada ficaram igualmente
visíveis e televisíveis como nunca. Momentos de euforia e sofreguidão se
revezaram . Também momentos de louca debandada com trágicas consequências.
( a lista continua na próxima edição).
Odilon Reinhardt . 3.11.2021.