sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

E nas consequências...

 

 

                          


                               E nas consequências...

           (sobrevivem muitos detalhes do velho normal ). 

 

 

 

Até 2/12/21 são: no Brasil, 22.105.872 casos e 614.964 mortes; no mundo 264 milhões de casos, 5 .220 milhões de mortos.  No meio de tudo para os sobreviventes cabe perguntar: 

 

 

 

O que importa?

 

 

O momento pode ser tenebroso,

mas a vida continua sendo bela.

 

A onda pode ser perigosa,

mas o mar sempre tem sua beleza.

 

A roseira tem seus espinhos,

mas a rosa é bonita eternamente.

 

O vento pode ser passageiro,

mas o ar sempre fica.

 

O cão pode latir,

mas a caravana vai passando.

 

A chuva atrapalha o passeio,

mas a Terra a recebe bem.

 

O raio pode causar danos,

mas a luz é maravilhosa.

 

O dia pode passar,

mas o tempo faz novos dias.

 

O céu pode ser azul,

mas o Universo é espaço sem cor.

 

Em fogo, terra, água e ar,

há o jogo entre detalhes e o geral.

 

Por vezes detalhes são todo o mundo,

mas o geral está sempre no fundo.

 

Seria a Terra um detalhe

do Universo em movimento?

 

É o ser humano um detalhe

na Terra em evolução? 

Odilon Reinhardt

 

 Evolução.

 

 

A distância de local

já passou a perder

para o distanciar emocional.

 

Uma névoa encobre imagens,

relações vão acabando ,

as pessoas vão se afastando.

 

Até o amor eterno

prova não ser tão verdadeiro

e nada parece ser mais tão terno.

 

O simples gostar

parece que não aguenta mais

e some no medo de se aproximar.

 

Pessoas do dia a dia

viram “migos”, depois meros conhecidos, 

faltam afetos e interesses e tudo empobrece o dia.

 

Parentescos que se aproximavam

revelam-se artificiais e interesseiros  

e há atitudes que as pessoas não esperavam.

 

O lado humano da Pandemia

começa a mostrar-se perverso;

o mundo perde a euforia.

 

Beijos venenosos,

abraços temerosos,

relacionamentos distanciados?

 

Mudanças radicais,

o distanciamento físico evoluí

e agride lados essenciais.

 

Mais cancelamentos,

mais riscos em listas pessoais,

uma nova fase e sua solidão.

 

O pensar no mundo ainda infestado,

o agir na vida contaminada,

o ser mais isolado.

 

Para os trôpegos sobreviventes da tragédia, 

a vida com consequências danosas,

o normal é intensificado e faz o dia.

`

Nada de novo normal,

nada de novo,

nada de anormal.

 

Pensamentos confusos

ideias tóxicas,

atitudes de cérebros difusos.

 

Segue a vida,

a vida normal,

normal em ida e partida.

  Odilon Reinhardt. 

 

 Como estarão?

 

 

Vejo o que não vi,

pessoas que em 2 anos

não esqueci.

 

Como estarão?

O que pensaram,

como viram essa situação?

 

Pergunto o que aprenderam,

Indago como viveram, pensaram

engordaram , envelheceram?

 

Suas imagens estão mudadas?

Como mudaram em feição,

envelheceram, estão alteradas?

 

Dois anos sem se ver,

tudo parece ficar numa névoa,

a última vez que as vi é o que posso ter.

 

Com o tempo passando,

suas imagens podem estar

descorando. 

 

E eu, como estarei

para estas pessoas,

quem ainda serei?

Odilon Reinhardt.


 

 

 

Cada dia do tempo que se foi.

 

 

Enquanto isto vai acabando,

só cada um saberá

o que e como foi passando.

 

Foram momentos de ataque furioso

muita tristeza, dúvida, medo e solidão,

vencidos de modo agora honroso.

 

Em dias de incerto destino,

tempos de  desesperança,

como se conservou o tino?

 

O jogo entre o vazio e o preenchimento,

entre o fazer e o nada para fazer,

o pensar no crescer ou no esquecimento.

 

Cada um é que saberá

como e quem ajudou ou inspirou

a resistir , continuar e então agradecerá.

 

O tempo que mostrou crueldade

e assustou a tantos

também deixou muitos vivos por bondade. 

 

Cada dia do tempo que se foi

será talvez esquecido ou sempre lembrado,

dependendo de como a vida se foi.

 

Mas para todos certamente

a vida continuará com o tempo

e este se encarrega do que ficou na mente.

 

Lares de utopias e suas variações,

separações e uniões; abraços e beijos evitados,

mortes e fugas como compensações.

 

Emoções e paixão forte,

ilusões , muita lição para alguns,

sensações de azar e sorte.

 

E agora e doravante,

a vida inconsciente

talvez mais distante?

 

Há um tempo cheio

de talvez, de por quês,

por hora, é o instante que sobreveio.

 

Talvez novos planos, resoluções,

talvez só as mesmas insatisfações,

talvez novas concepções e rumos.

 

Mas em todos, a mais fantástica das oportunidades

a de viver e ter vida pela frente, 

um brilho de sol nascente e mais realidades. 

Odilon Reinhardt.

 

Pandemia, território de observações, campo de desafios, a guerra contra o invisível com consequências visíveis e invisíveis para todos. Num mundo onde o material e todas suas operações é que mais aparecem e impactos pessoais são colocados em segundo plano, o drama pessoal é menos importante e as pessoas devem engolir tudo na intimidade de suas lágrimas e cochichos, gemidos e gritos surdos. Esperando que grandes filósofos e pensadores da época se manifestem quanto a seus resumos e sínteses, continuo listando algumas observações empíricas e assistemáticas que certamente não fogem à platitude e à simplicidade da visão comum a todos, mas que grandes filósofos da intelectualidade nacional devem logo aparecer incluindo-as em seus grandes tópicos :

 

- a fragilidade da vida e sua transitoriedade ficaram mais evidenciadas e aguçam a vontade de viver o momento, com repercussões graves para a economia e preparo pessoal .

 

-o abandono pessoal de muitos quanto a acúmulo de sabedoria e habilidades profissionais deve aumentar consideravelmente.

 

-as conquistas espirituais como consciência,  conhecer a si mesmo, e combate ao ego ainda engatinham para milhares de humanos.     

 

- aumenta a consciência de a Terra estar sozinha e ser o  nosso único meio e local de sobrevivência. Meios e sistemas de produção deverão sofrer o impacto dessa  percepção.

 

- para bilhões, o aprendizado vem pela dor.

 

- esperança e fé são forças espirituais revestidas de ilusão e distração perante o mundo cruel das forças físicas.  Fé e esperança provaram  gerar prazo, expectativa , ansiedade e dor.

 

- a Pandemia está sendo uma oportunidade para a reflexão pessoal. Para alguns foi um retiro cultural, para muitos foi só uma danosa parada.

 

- ações e reações da manada mundial,  nacional e regional ficaram igualmente visíveis e televisíveis como nunca.

 

- o maior perigo para o mundo é a presença do ser humano.

 

- A história do humano é estragar o habitat dos outros animais para alargar o seu. Alguma construção humana é sustentável?  

 

- Seria o humano uma aberração do mundo animal que se atreveu a pensar e falar?

 

- O humano vive a um fio de sua origem animalesca, o resto é civilização, algo totalmente artificial e uma questão de conveniência. 

 

-  Tudo tem começo , meio e fim, até a Pandemia.

 

- A pandemia ajudou a identificar no mundo de cada um quem é amigo, migo ou inimigo. Revelou quem se importa.

 

- Para quem não tem a possibilidade de desenvolver hábitos intelectuais, a dificuldade em se preencher foi enorme e causou dramas pessoais e sociais .

 

- Para muitos, houve a constatação de que sua vida já é um lockdown há muito tempo.

 

-Para muitos idosos, dois anos de pandemia aceleraram o fim da existência. Quem tinha 90 , agora tem 92 . Bem diferente de quem tem 10 e agora 12, mas não sem problemas para quem tinha 16 e agora 18.

 

- Por erros econômicos, o pobre ficou mais pobre e o rico mais rico. A catástrofe na Educação marcará anos das gerações atingidas.

 

- As deficiências educacionais foram um grande entrave para o combate à pandemia. Fica cada vez mais claro que sem educação de qualidade será difícil conter a juventude.

 

- Haverá substanciais alterações nas relações de cidadão  versus emprego, com menos qualificação para posições que exigem conhecimentos de tecnologia e a habilidade de lidar com os instrumentos da tecnologia.

 

- O consumidor de todas as idades vai se redimensionar. A mudança poderá ser fatal para o mercado. Poderá haver intensificação do abandono pessoal com mais desobediência e desconsideração.

 

-  Diminuiu a taxa de natalidade. 

 

-  Aumentou a consciência ecológica ? Pelo menos a Natureza respirou um pouco.

 

- Se somos daqui, por que lutamos tanto contra o meio ambiente e outros animais?

 

- Aqui, tudo quer nos eliminar. Vivemos em reação.

 

- Mesmo diante  da tragédia , o humano pouco se irmana.

 

- Dois anos foram roubados da existência normal. Haverá muitas consequências em vários setores.

 

- Par aos sobreviventes,  o Covid, como doença na Economia,  será o pior em tudo.

Odilon Reinhardt. 3-12-2021.