" Não vai dar em nada!"
Até 2/1/22 são: no Brasil, 22.300.000
casos e 619.000 mortes; no mundo 290.000.000 casos e 5.440.000 de mortes.
No Brasil uma pausa para o
Natal e verão, esperando os resultados de uma louca euforia para Fevereiro e
Março. Se nada ou pouco acontecer, somos privilegiados.
Depois de 2 anos.
Até algumas saudades
acabam,
algumas esperanças vão
embora,
imagens se dissipam.
O tempo cancela,
distancia,
a vida se revela.
Retratos ficam desgastados,
sentimentos desistem do
futuro,
cancelamentos são
efetuados.
Instantes, horas do passado
ficam ainda querendo
futuro,
mas não preenchem ao dia
assustado.
Necessidades se esfarelam;
mas há consequências
espirituais
que para o interior
avançam.
No fundo há toques de
lamentação
e seu prático e útil viver,
não mascara a crescente
solidão.
Mas o tempo e a vida
reagem,
novas amizades, novos
conhecimentos,
talvez surjam, talvez algo
de novo mostrem.
Sempre há atração do ser
pelo ser,
mesmo que o ter varie,
a fraternidade mostra
sempre mais poder.
A vida será revalorizada ,
novos tempos do tempo,
e novos tempos para a vida.
O brilho do sol sempre
marca
a nova manhã que veio do
amanhã
e a humanidade tem a
fortuna da arca.
Os velhos e bons tempos.
Abraços partidos,
beijos que ficaram no ar,
acenos e separados.
Malas amontoadas,
corpos que se afastam,
olhares distanciados.
E o avião não partiu,
o navio não saiu da barra,
o ônibus não sumiu.
No momento tudo ficou
parado,
memórias acumuladas,
o ar contaminado.
Cada um no seu trajeto,
cada trajeto em rumos
diferentes,
a vida separando e tomando
jeito.
Consequências humanas
no seco, na marra,
torturas desumanas.
Quantos foram afetados
pelo distanciar , pelo
esquecer,
pelo se deixar esquecer
pelos afastados?
Mas logo tudo isto vai
acabar!
Nada mais dos 2 metros de
distanciamento.
Voltaremos aos bons 6
metros ou mais do se distanciar.
Por que fingir, são os
velhos tempos
do fingir que não viu, do
desviar o olhar;
os normais velhos e bons
tempos!?
Odilon Reinhardt
Os velhos e bons tempos.
Abraços partidos,
beijos que ficaram no ar,
acenos e separados.
Malas amontoadas,
corpos que se afastam,
olhares distanciados.
E o avião não partiu,
o navio não saiu da barra,
o ônibus não sumiu.
No momento tudo ficou
parado,
memórias acumuladas,
o ar contaminado.
Cada um no seu trajeto,
cada trajeto em rumos
diferentes,
a vida separando e tomando
jeito.
Consequências humanas
no seco, na marra,
torturas desumanas.
Quantos foram afetados
pelo distanciar , pelo
esquecer,
pelo se deixar esquecer
pelos afastados?
Mas logo tudo isto vai
acabar!
Nada mais dos 2 metros de
distanciamento.
Voltaremos aos bons 6
metros ou mais do se distanciar.
Por que fingir, são os
velhos tempos
do fingir que não viu, do
desviar o olhar;
os normais velhos e bons
tempos!?
Odilon Reinhardt
Afinal.
Tirou a máscara,
mas havia tantas outras
que não podia tirar.
Mostrou a face,
mas havia tantas outras
que não podia mostrar.
Procurou amigos e
conhecidos,
mas havia muitos
que não adiantava mais
procurar.
Reviu seu mundo,
mas havia outro
que não conseguiu rever.
Mascarou a solidão,
mas havia algo mais
que não conseguiu mascarar.
Repassou seu tempo,
mas havia um tempo
que não havia como
repassar.
Descobriu que o muito
humano
havia cansado de si mesmo,
ainda havia então razões a
descobrir.
E isto era razão para
continuar,
mas agora, como
sobrevivente,
continuou seu pensar.
Tinha ainda a curiosidade
para ver ações em cada dia
e sem isto nada mais
poderia ter.
Odilon Reinhardt
Hordas invasoras.
E não há sossego,
há permanente ameaça,
medo desconfiança , não
nego.
Ninguém nega,
o vírus retraí e avança,
impõe o pega -pega.
Lança seus filhotes,
sabujos caçadores,
querem matar sob holofotes.
A ciência humana
mantida no limite ,
a vida humana sacode e se
abana.
Os sistemas ficam em foco,
a arrogância e o orgulho,
a ganância e seu troco.
O insubstituível império do
dinheiro
no altar dos sacrifícios
e o humano no ego
costumeiro.
O mundo gira,
fecham-se portas e janelas,
a vida ao futuro e à sorte
se atira.
Em pausas concedidas
o vírus deixa o humano se
espraiar,
enquanto faz tramas
ardidas.
Novos ataques contra a
vida,
2022 e o mundo não pára,
não há saída.
Nem da Lua nem de Marte,
a vida é da Terra
e o vírus quer sua morte.
Hordas invasoras,
inteligentes, invisíveis,
donas do ar,
com adaptações, querem ser
vencedoras.
Variantes se unem
,confundem , atacam,
nunca se desunem.
Aprimoram sua ciência,
o humano usa a sua,
a solução escapa do
individual.
Guerra dos mundos,
vidas em jogo , fins
diversos,
armas invisíveis em agentes
profundos.
O humano na defensiva,
só sabe se defender,
não ataca de forma ativa.
A condição de refém
permanente
gera o estado de alerta
e aos poucos afeta a vida
completamente.
Mas a ciência ainda
atacará,
fará com que as hordas
inimigas recuem
o remédio chegará.
Odilon Reinhardt.
E segue o mundo e o mundo de
cada um com sua vida no contexto da Pandemia. Toca-se a vida e a vida toca
muita gente. A vida continua no seu tranco,
feito pelo povo e sua cultura. Há sínteses do bom senso humano que forma
a sabedoria popular de uso corrente e que vai de boca em boca em frases comuns
como a que diz" Não vai dar em nada!". Frase muito usada pelas
pessoas diante de fatos e processos da vida comum que apresentem alguma
novidade no cotidiano. Um modo de sentenciar, já de início, qualquer
procedimento muito complexo aos olhos da simplicidade.
" Não vai dar em nada
!" é exclamação recorrente e generalista, usada para exprimir descrédito
quanto a qualquer assunto ou factóide gerado pela mídia ou político; retrata,
com pureza de espírito, a falta de crédito quanto ao coletivo e é marca
registrada para justificar o desligamento e libertação pessoal quanto aos
assuntos de interesse mais comum. Não funciona em assuntos entre humanos e a
Natureza, mas funciona plenamente em assuntos inteiramente humanos como a
política, de modo que podemos ser o país com síndrome de vira-lata, onde
realmente "não vai dar em nada".
Não faltam exemplos da História para certificar tal frase. O reparo que se pode
fazer para a maioria dos casos é complementar" ou seja “não vai dar em
nada de bom", já que qualquer
ação ou reação acaba sempre resultando em algo.
No jogo entre o que a mídia
divulga ( sempre com apressado sensacionalismo sobre notícias de corrupção
,etc.) e as demoradas decisões judiciais, há uma quebra da lógica criada pela
mídia com suas sentenças antecipadas e a
posterior sentença do Juízo. Portanto, a pureza da frase original " não
vai dar em nada " é mantida intacta, já que grandes tubarões sempre se
safam e são beneficiados com um bom resultado para seus delitos. A impunidade
conseguida com jogos e manobras judiciais de expertos advogados assegura que
mesmo que tenha havido a corrupção, com
explícito dano ao país e repercussões diretas e indiretas na vida do
cidadão, o tubarão seja libertado da rede e nada tranquilo, esnobando a imprensa
e rindo de tudo, como se nada tivesse lhe tirado o passaporte para
"roubar". Vira-se a página e o tubarão vive o seu bom momento. Não
deu nada de bom para o país, para a população, mas deu tudo de bom para o
beneficiado, que volta a ser aclamado como Robin Hood. A mídia cala-se, ajoelha-se
e amedronta-se com sua tão defendida liberdade de imprensa. O cercadinho da
política comemora, a classe permanece desunida, mas preservada, alguns da
população ficam indignados, suas
expectativas ficam quebradas, mais uma vez numa sensação de impotência e de que
efetivamente " não deu em nada". Valeu o " rouba mas faz".
A esta conclusão juntam-se frases similares como " isto é coisa de
jornal" , " isto é assim mesmo" e mais modernamente " vai dar em pizza ". Caso
encerrado.
Encerrado e sepultado. Afinal
deve-se respeitar a Justiça no país. Indignação, perplexidade são palavras sem
sentido direto, mas no fundo, cada cidadão vai colhendo raiva e muito ódio
social contra os poderes implicados. Infelizmente, acabando extravazando tais
sentimentos contra si mesmo, a família, os colegas de trabalho e o chefe, a
qualidade do serviço, tudo com muito
abandono e negligência, muitas costas viradas e desconsideração social.
Tudo vai somando-se lentamente e terá consequências macro ao longo do tempo na
qualidade de vida do país. As notícias,
as más notícias, as da política e dos frequentes comunicados de que " não deu em
nada". Tudo vai compondo o estresse da sociedade.
Até onde iremos com isso
tudo e até onde mais usaremos o " não vai dar em nada" ou o " não vai dar em nada de bom "
para o país?
Alguém já reuniu as
múltiplas razões que estão por trás de tais exclamações? Ou não devemos nos
preocupar porque " nada vai dar certo mesmo".
Após mais de tantas décadas
de notícias que não dão em nada, que só criam instabilidade e ansiedade,
desconforto e tristeza popular, temos o negativismo como mola para a nossa
estagnação pessoal, profissional e coletiva. Muito vai e volta, muito que nem
vai , que não decola, muito sem nada na Educação e muitos aspectos que só geram
comportamentos negativos.
Com a pandemia, constrição
de grande porte, na mente do coletivo algo vai se acendendo e vai se apagando,
vai se formando e calando mais uma vez porque a esta altura já se sabe que ao
invés de se envolver pessoalmente o melhor é pensar que " não vai dar em
nada". Modo cívico de virar as costas e desconsiderar o que é público para
viver melhor e tocar a vida. Tal atitude dá ao pessoal do cercadinho a ampla
liberdade de fazer o que desejar para seus bolsos.
Até quando será assim? Não
se espere grandes reações, revoluções, nem comoções. A questão é até quando o
país será mantido como elefante novo acorrentado. Até quando aguentará sem um
imã de progresso coletivo seguro, de pensamento positivo, de otimismo e
projetos de futuro bom, sustentável e confiável para se afirmar com orgulho que
" vai dar certo".
Há um progresso material que
vai ocorrendo. Compare-se o Brasil de 1960 ao de 1980, ao de agora. Mas muito
mais teria sido atingido se não fosse o negativismo e a crença de que "
não vai dar em nada", agora não só usado para eventos de corrupção, mas
para processos de progresso pessoal, quando as pessoas deixam de procurar
desenvolvimento pessoal e progresso para suas vidas não só material mas
espiritual. Não se culpe a população pelo que ela foi condicionada a pensar,
mas o sistema que gerou e gera os comportamentos.
Certamente, um aspecto
poluidor de grande monta para a mente está no fato de a mídia só enfatizar o
aspecto negativo dos fatos e fotos da realidade do dia, procurando atingir o
poder constituído, isso, por razões ideológicas e intenções poucos reveladas,
que só alguns já identificaram. Querendo tira proveitos, o constante divulgar
do lado mesquinho das coisas, o lado negativo, os defeitos etc., vai criando o
desalento nacional e um clima de desgosto e o " não vai dar em nada"
vai se reforçando e ganhando adeptos. O esmorecimento, a falta de firmeza,
falta de autoconfiança etc., tiram muitos jovens da parada. Mas é de se
questionar se a mídia realmente atinge a população, pois de anos para cá a
mesma só vem sendo objeto de cancelamento. A cada dia menos leitores e tele-espectadores
de noticiários. Só ela seria a responsável pelo condicionamento da visão e da
mentalidade desconfortável do negativismo? Que porcentagem da população é realmente
atingida pela publicação? A imprensa e a mídia não têm falado para os mesmo de
sempre, para os do cercadinho político e aos interessados de órgãos públicos e
empresas públicas e de economia mista interessados em saber sobre política? Até
que ponto é a realidade do bolso que efetivamente motiva e desmotiva o cidadão
e cria a situação onde o negativismo é gritante? O clima nacional de variação
regional tem vários motivos de surgimento: o bolso, a mídia , crenças religiosas, a cultura embutida em nossos
sistemas institucionais etc., mas o elemento mais significativo é a Educação.
Ela é que faz nascer a frustração de projetos pessoais e sociais somando-se ao
clima nacional de limitação. Ela é que dificulta o discernimento pessoal .
Aspecto grandemente afetado
pelo Covid, a alquebrada Educação foi a mais danificada, permitindo-se projetar
que os efeitos do Covid neste campo ficarão por vários anos na mão de obra
nacional, produzindo efeitos devastadores no campo pessoal .
Infelizmente, o cidadão
comum, impossibilitado de analisar sistemas mais gerais e abrangentes, que o
condicionam, tendem a manifestar seu desagrado existencial através de ações
medíocres que acabam por desabafar no próprio corpo ou na violência do trato
com o Próximo, sendo esta última a mais explícita. Não é um aspecto exclusivo
do Brasil, guardada a intensidade, é a vida real de todos os países ricos,
pobres e miseráveis.
Continuaremos a gastar polpudas
verbas públicas em segurança , presídios e remédios, enquanto não resolvermos a
questão da Educação, algo muito complexo perante o mercado de trabalho e o
desafio de crescimento econômico.
Odilon Reinhardt 3.1.2022.