Até 2/3/22 são: no Brasil, 28.800.000 casos e 650.000 mortes. No mundo são 440.000.000 casos e 5.970.000 mortes. O que o vírus se prepara para fazer em seguida? Arrumar as malas? Apresentar uma nova variante? Desistir ? Enquanto isto o humano se mosta igual e dando sinais de que não haverá nenhum novo normal.
Sistemas,
quem se toca?
Se somos um grande maioria de meros seguidores
de algum modelo, de vários condicionamentos, então, é natural que devamos
sempre encontrar uma liderança. Boa ou ruim, os resultados é que na marcha da
História poderão dizer.
E é a boa liderança que tem faltado nas últimas
décadas. Falta a liderança positiva, confiável, sustentável, honesta, de
credibilidade, de apego aos bons valores de progresso e prosperidade.
Coletivamente, o manto do pensamento negativo foi jogado sobre nós através de
progressivas campanhas querendo nos atrofiar e manter cativos. Mas a
necessidade e as discrepâncias, que afloraram com a divulgação de imagens e
fatos, feita pelos variados meios de comunicação, propiciaram o espírito de
comparação entre o mundo desenvolvido e os "em desenvolvimento". E
são as novas gerações que não acreditam mais nas lideranças atuais, sobras
resistentes de modelos antigos de políticas antiquadas. Segue então lideranças
variadas de mestres invisíveis. Cria-se lentamente um “ gap”, uma defasagem entre a realidade do
país e o que as novas gerações vão
observando nas imagens e informações de outras terras das quais incorporam ,no
mínimo, como desejo de consumo de alto padrão.
O gerenciamento do país não está totalmente
voltado para tal aspecto. Infelizmente, as forças existentes na política nunca
entrarão em consenso, daí a necessidade de garantir os processos democráticos,
mesmo que parte da imprensa estimule o negativo, já que matéria prima para tal
afã não falta, eis que as figuras de Poder ficarão por muito tempo ainda
seguindo modelos defasados, mas que são o resultado da evolução da história e
do modo de fazer política no país. Suas palavras, atitudes e comportamentos
destoam e seguem uma lógica antiga.
Direita, centro, esquerda pertencem ao mesmo
moinho, à mesma mentalidade de um cercadinho feito com muitos representantes
megalomaníacos e egoístas, como consequência de sistemas igualmente
fracassados. A trama de interesses de
pouca qualidade, derivados do "establisment", garante a mediocridade
e impede o progresso livre e o ambiente próspero.
Onde vai
um país onde não se acredita em nada de mais elevado e onde há medo da
prosperidade e do ter recursos, do ter posses e lucro, onda a raiva social é já
velada atitude que intimida a vida?
Logo, teremos amplas demonstrações em mais um
período em que "salvadores da pátria" se apresentarão como caudilhos,
de palavras fortes, de discursos de impacto, de promessas firmes de mudança e
creditáveis novos rumos. Palavras e palavras de escolhida retórica, mas incompreensível
significado. Valerá, perante o povo, o tom utilizado, a força da resposta, o
modo de atacar e se defender das investidas pessoais entre candidatos, pois
mesmo que o começo da campanha assuma nível de discussão de ideias, logo o
clima descamba para o fisiológico, nível mais palpável e compreensível por
grande parte do eleitorado. No cipoal formado, a imprensa escolherá o Salvador
e nele depositará suas forças tornando-o quase invencível. E então haverá luz, esperança e fé de que
"dessa vez vai!", embora
já se saiba no íntimo do cidadão de que " não vai dar em nada de
bom!" , pois após a posse os sistemas é que irão enquadrar o vencedor e
este terá pouco espaço para inovar. A eleição é entrada para o baile seleto do
Poder, com músicas já bem determinadas. Qualquer passo fora e o baile vira confusão.
O teatro estará formado, forças mostrar-se-ão
antagônicas, e as cenas garantirão um show pirotécnico de rojões fake e de
palavras vazias e frases sem nexo, mas todas sob o manto de velado propósito:
ser a solução para os problemas da Nação.
É ainda o espírito caudilhesco de Getúlio que se junta ao eufórico de
Juscelino.
E a mesma encenação de décadas segue como um
arquitetado movimento derrotista para manter tudo como está, como sempre foi,
não deixar crescer, não sair do controle do cercadinho que vive e adora o
entorno do Leviatã, falso, decadente, ultrapassado, guloso e incompetente,
enganoso, manipulador e nunca transparente.
A dois meses da eleição ninguém sabe em quem vai votar; dois meses
depois, não sabe mais em quem votou. A vida continua.
E nas vielas, nos barzinhos, nas academias e
associações talvez continue alguém a perguntar a quem interessa ter o cidadão
sem Educação, sem padrões elevados de prosperidade, sem modelos de progresso.
Um cidadão sempre desmotivado, amassado? E mais, uma juventude sem
perspectivas, a toda hora adotando falsos ídolos e modelos que não vão dar em
nada de bom e já dão sinais de que o problema maior será o humano. Recuperar a
mão de obra será o hercúleo desafio que o pessoal do cercadinho nem imagina que
será tão catastrófico para a indústria e comércio. Mas o problema prioritário é sempre a reeleição e
seu financiamento, umbigo sem limite, principal ponto de corrupção.
Com o resultado desta política velha e corrupta,
chegaremos logo a uma realidade em que empresas vão fechar ou deixar de ser
abertas por falta de mão de obra; escolas não funcionarão sem
professores, o mundo produtivo será paralisado por falta de operadores dos
necessários meios computadorizados; hospitais fecharão por falta de pessoal
qualificado. Mas isto fica para depois. O que interessa é garantir o voto, não
importando os meios, os quais são em geral sempre discutíveis, tomando quase
todo tempo disponível da chamada vida política.
O momento atual já apresenta consequências de
muitas ações e reações baseadas em omissões pessoais e coletivas que ocuparam o
tempo de décadas passadas enquanto novas vão sendo realizadas para manter o
país o elefante em passos de tartaruga.
E cada cidadão, que faz parte do elefante
anestesiado, segue cada vez com menos
perspectiva, menos chances de realizar seus sonhos e ideais; prossegue sem oportunidades. O país cresce menos do que deveria, cresce
lentamente. Não é o crescimento no ritmo desejado e necessário, mas cresce.
Certamente não é o suficiente para acompanhar o mundo desenvolvido e vai ficando para trás, o que não o diferencia de
tantos outros.
Poderia ser diferente, tem tudo para ser
diferente, mas há forças contrárias que não permitem um avanço sólido e firme.
São vírus permanentes como o negativismo, o derrotismo, o síndrome do cachorro
vira-lata, a burocracia herdada do tempo colonial, o trabalho visto como pena,
o posicionamento monumental das autoridades, a lei defasada e protecionista, o
lucro como pecado, corrupção como meio
de vida, e muito mais em causas e
consequências que se misturam e dão a cor à realidade de anos cinzas onde
qualquer iniciativa vira voo de galinha e a grande plateia acredita que
qualquer evento novo dará em nada de
bom.
E é a qualidade do viver, conviver e sobreviver
que deveria ser importante. Uns passam alegres e a maioria rosnando. Dizem que
cachorro que late e rosna não morde, mas há sinais de que até isto pode estar
dando errado. As novas gerações estão latindo e rosnando por meios
subliminares, mas os eufóricos do cercadinho estão muito ocupados para lhes dar
a devida importância. Escorados no analfabetismo, aproveitam-se do ditado que
diz que "em terra de cego quem tem um olho é rei".
Em sistemático clima de negativismo e derrotismo
só pode aproveitar a alguns e beneficiar poucos. O pessoal do cercadinho é o de
sempre, beneficia-se com grandeza dos sistemas que seguem sem qualquer
questionamento. Até quando persistirão com tal programa. Não estão estivando a
corda ao limite? As novas gerações é que responderão a tal indagação. Se
acharem que está tudo bem, está tudo bem. O objetivo de tudo terá sido então
alcançado, um país gigantesco com visão de rinoceronte, uma miopia fatal.
Assim, de pouco adianta falar de ações e reações
de pessoas, são os sistemas da estrutura formal do país que precisam ser
revistos? Não é simples questão de informatizar e pensar que estão
modernizados. A revisão tem que ser de conteúdo. Todavia, da mão de quem os sistemas beneficiam, jamais sairá
revisão alguma. Corvo não come corvo e a raposa é a dona do galinheiro.
A pergunta é:
Tem dado certo? Para poucos sim,
e é para eles o suficiente. Como o país continuará sendo para poucos, os muitos
é que deveriam pensar. Tem alguém pensando aí?
Odilon Reinhardt. 3.3.2022