terça-feira, 3 de maio de 2022

As pestes que não deveriam ficar.

 






                   As pestes que não deveriam ficar.

 

Até 2/5/22 são: no Brasil, 663.602 casos e 30.460.997 mortes. No mundo são 514 .000.000 de casos e 6.240.000 mortes.

 

 Nada a falar.

 

 

Cada um pode sair à rua,

cheio de si,

dono da realidade sua,

tinha o ar só para si.

 

Logo avista alguém,

acenos e aproximação,

mas não vão além,

reflexos da solidão.

 

Param , se olham , desencontram-se,

não há o que falar,

esvaziaram-se,

não há o que encontrar.

 

Há o vazio do reencontro,

sem interesse preponderante,

um se afasta do outro,

estão cada um mais distante.

 

Partem por passos separados,

a calçada é via dolorosa,

vão assim pasmados,

a vida mostra-se espinhosa.

 

Antigos conhecidos,

sem nada para falar,

o hoje vai por instantes retidos,

cada um em seu passar.

Odilon Reinhardt. 

 

 

 

Liberação.

 

 

O celular ou o computador,

na Pandemia em emails e aplicativos,

o salvador.

 

Prestou seu serviço,

na solidão, no contato,

um bom servidor para isso .

 

Mas ao final ,

o humano cansou do cativeiro

e da tela como medida penal.

 

Cansou de abraços ,

de beijos virtuais mandados pelo mouse,

que marcavam perenes  laços.

 

O humano quer aglomerar,

aproximar-se, abraçar, 

beijar , conversar.

 

Aguarda agora liberação,

sinais de que a peste acabou,

marcando a fim da privação.

 

Momentos derradeiros ,

ainda cheios de apreensão,

que consomem seres prisioneiros.

 

Prisão de home- office,

careceres  caseiros ,

amostras de martelo e foice.

 

Mas tudo tem um fim,

mais um pouco

e tudo será normal , sim.

 

E o computador,

com seus méritos de celular

estará no podium de bom colaborador.

Odilon Reinhardt.

 

 

Sorrisos para o  Sol.

 

 

E foi assim que o dia

seguiu vestido de azul infinito,

distribuiu muita alegria

e foi até o fim sempre bonito.

 

Muita gente saiu pela rua, brilhante,

incorporou-se ao sol,

uniu-se ao  horizonte distante

e brilhou como girassol. 

 

Certamente , jogou sorrisos ao tempo,

aproveitou  o dia sem máscara ,

não havia  espaço para contratempo,

o mundo trazia a felicidade na cara.

 

Foi um dia para o viver total,

sem perder-se com pequenas preocupações,

o tempo nos deu isto de especial,

uniu todos os corações. 

 

No seguir de  intensos minutos,

assim passou-se o dia,

bem preenchido em seus segundos,

todos usados para a vida e sua harmonia.

 

Almas liberadas para sentir,

pensar em dias ainda melhores, 

o futuro e tudo de bom para vir.

Odilon Reinhardt.

 

 

 

 

Se efetivamente a Pandemia estiver para acabar, devemos perguntar que outras pestes não tiveram seu curso interrompido e quais persistirão compondo o dia a dia.

Num plantado clima de negativismo permanente, só podem imperar doenças humanas bem explícitas: a corrupção, o “agora vou me fazer”, o "ganha-ganha", o ganhar sem trabalhar, o uso do cargo público para benefício próprio, ser o menos transparente possível, etc. Tudo muito comum ao redor do mundo, mas aqui adotado  como quase regra devido a falta de bons modelos, bons sistemas, lideranças de qualidade e falta de um ambiente que estimule o cidadão ao progresso pessoal e coletivo. 

Face a realidade econômica entrecruzada com a cultura, nada é estável, confiável, tudo cheira a golpe, não há credibilidade. Impera a desconfiança e a instabilidade. O que se esperar de uma realidade onde se prega “ o negócio é desconfiar”?

Num território onde se odeia a transparência, onde se gosta do nublado, da aparência enganosa, do factoide e da “fake news”, algo deve estar bem errado.  Aqui, para muitos,  quanto menos luz melhor; amor ao Próximo é coisa de pobre; paz é só objetivo do “vamos ver”, um bálsamo ilusório de palavras de momento para enganar o cidadão, que não sabe no bolso o que é estabilidade.

É a terra do Gargântua, com seus esfomeados estômagos em corredores de discutível eficiência e eficácia, mas gananciosos e megalomaníacos. Tradicionalmente, em sua agitação, o gigante esfomeado é a principal fonte de notícias em seus três níveis de Poder. A imprensa, dele dependente no dia a dia das redações; a procura é por explorar vergonha, indignação e desengano para chamar a atenção. Mas hoje, para o cidadão normal, o caldo faz o suficiente  motivo para virar as costas e se alienar .

Assim, nos corredores e bocas do cercadinho, ninguém gosta de luminosidade para seus assuntos, holofotes só como papagaio de pirata ou rápidas entradas e saídas dos locais onde tudo se trama, onde se pode esconder os tantos negócios escuros. Se há denúncia, o motivo não é outro senão o de alguém não ter recebido sua parte. No geral, o negócio é feito nas praxes da má-fé e na rapidez para assegurar que seja bem sucedido. Não é de hoje, não é do século, é da História. E quando alguém, por ventura, é descoberto, o sistema jurídico tem amplos meios de garantir sua liberdade, pois o sistema legal, ainda monárquico, foi feito para proteger  os seus.  

A sequência dos “bons negócios’ avança pelo novo século. O progresso, mesmo que retardado, existe e pressupõe corrupção e benefícios.  É o jeito da coisa andar.  Por ora, décadas para tampar consequências de erros estratégicos monumentais, quase todos decorrentes da negligência em esquecer o interesse público verdadeiro e priorizar o interesse privado oficializado como público. É tempo de raspar os fundos, explorar gavetas e tamponar as inconsequências. Manipular, esconder, são os verbos de sempre. 

Em breve, mais uma rodada patriótica, mais chance de aprendizado e lições coletivas para o aprimoramento humano no campo livre e profícuo onde o ego está solto entre os candidatos e o cercadinho local, estadual e federal se agitam com a alegria do carnaval.

É certo que a cada evento algo sedimenta, os sistemas se aprimoram na lenta cadência do movimento humano neste local do mundo. Se compararmos a períodos mais afastados, já podemos ver que há virtudes a contar, boas diferenças a enumerar, mas também muito para conquistar ao longo do resto da História a vir.  Até um ponto mais evoluído, ainda haverá muito show alegórico no grande teatro de revista do dia a dia, onde parte da mídia samba como quer e manipula os olhares para seus modelos de interesse. Certamente, muito acontecerá como consequência de se ter abandonado a Educação como prioridade; muita expressão do comportamento meramente fisiológico, egoico, tosco. Muita violência física e moral.  E o alargamento da criminalidade nos seus aspectos mais " refinados " e também grosseiros.  Mais prisões, mais policiais, garantida fonte para o noticiário. E a imprensa continuará a determinar quem existe ou não no dia. Na verdade milhares já não existem mais de fato, pois faleceram na Pandemia e não poderão participar e nada mais poderão presenciar sobre como o destino e a sorte irão fazer o caminho futuro. 

Não só no campo eleitoral, mas em vários setores, ainda temos  problemas que se reunidos  ainda temos  problemas  que se reunidos todos numa mesma cidade, fariam uma assustadora realidade. Todavia, face à dimensão geográfica da Pátria, a diluição da grave realidade é inevitável. Poucos têm a possibilidade ou interesse em reunir todas as peças do caleidoscópio a admitir a verdade.

Mas assim vamos todos no barco da nacionalidade, enfrentando ondas inventadas, muito factóide, “fake-news”, boi de piranha, tudo como reflexo do nível a que chegamos e com o que teremos que conviver. É a nossa realidade.

Se a economia só dá voo de galinha; se muitos vícios do social e político vão prosseguir, é o que temos. Se Gargântua come quase toda sua receita dando salário para seus enobrecidos cortesãos; se muitos sistemas ainda vão persistir, é o que construímos. Muitas pestes que vão continuar, poucos interessados em vacinas e remédios para as mazelas culturais, pois está bom assim, não é?

E cobrindo tudo como névoa e pano de fundo para todos os eventos  privados e públicos, há esse plantado negativismo, essa falta de estímulo de progresso individual via estudo, essa sistemática valorização de filosofias desconexas, já defasadas no tempo, com as quais ainda sonham alucinadas cabeças. É um erro acreditar que a mídia não faz a realidade, só a noticia. 

Odilon Reinhardt  3.5.2022

 

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