As pestes que não deveriam ficar.
Até 2/5/22 são: no Brasil, 663.602
casos e 30.460.997 mortes. No mundo são 514 .000.000 de casos e 6.240.000
mortes.
Cada um pode sair à rua,
cheio de si,
dono da realidade sua,
tinha o ar só para si.
Logo avista alguém,
acenos e aproximação,
mas não vão além,
reflexos da solidão.
Param , se olham ,
desencontram-se,
não há o que falar,
esvaziaram-se,
não há o que encontrar.
Há o vazio do reencontro,
sem interesse
preponderante,
um se afasta do outro,
estão cada um mais
distante.
Partem por passos
separados,
a calçada é via dolorosa,
vão assim pasmados,
a vida mostra-se espinhosa.
Antigos conhecidos,
sem nada para falar,
o hoje vai por instantes
retidos,
cada um em seu passar.
Odilon Reinhardt.
Liberação.
O celular ou o computador,
na Pandemia em emails e
aplicativos,
o salvador.
Prestou seu serviço,
na solidão, no contato,
um bom servidor para isso .
Mas ao final ,
o humano cansou do
cativeiro
e da tela como medida
penal.
Cansou de abraços ,
de beijos virtuais mandados
pelo mouse,
que marcavam perenes laços.
O humano quer aglomerar,
aproximar-se, abraçar,
beijar , conversar.
Aguarda agora liberação,
sinais de que a peste
acabou,
marcando a fim da privação.
Momentos derradeiros ,
ainda cheios de apreensão,
que consomem seres
prisioneiros.
Prisão de home- office,
careceres caseiros ,
amostras de martelo e
foice.
Mas tudo tem um fim,
mais um pouco
e tudo será normal , sim.
E o computador,
com seus méritos de celular
estará no podium de bom
colaborador.
Odilon Reinhardt.
Sorrisos para o Sol.
E foi assim que o dia
seguiu vestido de azul
infinito,
distribuiu muita alegria
e foi até o fim sempre
bonito.
Muita gente saiu pela rua,
brilhante,
incorporou-se ao sol,
uniu-se ao horizonte distante
e brilhou como
girassol.
Certamente , jogou sorrisos
ao tempo,
aproveitou o dia sem máscara ,
não havia espaço para contratempo,
o mundo trazia a felicidade
na cara.
Foi um dia para o viver
total,
sem perder-se com pequenas
preocupações,
o tempo nos deu isto de
especial,
uniu todos os
corações.
No seguir de intensos minutos,
assim passou-se o dia,
bem preenchido em seus
segundos,
todos usados para a vida e
sua harmonia.
Almas liberadas para
sentir,
pensar em dias ainda
melhores,
o futuro e tudo de bom para
vir.
Odilon Reinhardt.
Se efetivamente a Pandemia
estiver para acabar, devemos perguntar que outras pestes não tiveram seu curso
interrompido e quais persistirão compondo o dia a dia.
Num plantado clima de
negativismo permanente, só podem imperar doenças humanas bem explícitas: a
corrupção, o “agora vou me fazer”, o "ganha-ganha", o ganhar sem
trabalhar, o uso do cargo público para benefício próprio, ser o menos
transparente possível, etc. Tudo muito comum ao redor do mundo, mas aqui
adotado como quase regra devido a falta
de bons modelos, bons sistemas, lideranças de qualidade e falta de um ambiente
que estimule o cidadão ao progresso pessoal e coletivo.
Face a realidade econômica
entrecruzada com a cultura, nada é estável, confiável, tudo cheira a golpe, não
há credibilidade. Impera a desconfiança e a instabilidade. O que se esperar de
uma realidade onde se prega “ o negócio é desconfiar”?
Num território onde se
odeia a transparência, onde se gosta do nublado, da aparência enganosa, do
factoide e da “fake news”, algo deve estar bem errado. Aqui, para muitos, quanto menos luz melhor; amor ao Próximo é
coisa de pobre; paz é só objetivo do “vamos ver”, um bálsamo ilusório de
palavras de momento para enganar o cidadão, que não sabe no bolso o que é
estabilidade.
É a terra do Gargântua, com
seus esfomeados estômagos em corredores de discutível eficiência e eficácia,
mas gananciosos e megalomaníacos. Tradicionalmente, em sua agitação, o gigante
esfomeado é a principal fonte de notícias em seus três níveis de Poder. A
imprensa, dele dependente no dia a dia das redações; a procura é por explorar
vergonha, indignação e desengano para chamar a atenção. Mas hoje, para o cidadão
normal, o caldo faz o suficiente motivo
para virar as costas e se alienar .
Assim, nos corredores e
bocas do cercadinho, ninguém gosta de luminosidade para seus assuntos,
holofotes só como papagaio de pirata ou rápidas entradas e saídas dos locais
onde tudo se trama, onde se pode esconder os tantos negócios escuros. Se há
denúncia, o motivo não é outro senão o de alguém não ter recebido sua parte. No
geral, o negócio é feito nas praxes da má-fé e na rapidez para assegurar que
seja bem sucedido. Não é de hoje, não é do século, é da História. E quando
alguém, por ventura, é descoberto, o sistema jurídico tem amplos meios de
garantir sua liberdade, pois o sistema legal, ainda monárquico, foi feito para
proteger os seus.
A sequência dos “bons
negócios’ avança pelo novo século. O progresso, mesmo que retardado, existe e
pressupõe corrupção e benefícios. É o
jeito da coisa andar. Por ora, décadas
para tampar consequências de erros estratégicos monumentais, quase todos
decorrentes da negligência em esquecer o interesse público verdadeiro e
priorizar o interesse privado oficializado como público. É tempo de raspar os
fundos, explorar gavetas e tamponar as inconsequências. Manipular, esconder,
são os verbos de sempre.
Em breve, mais uma rodada
patriótica, mais chance de aprendizado e lições coletivas para o aprimoramento
humano no campo livre e profícuo onde o ego está solto entre os candidatos e o
cercadinho local, estadual e federal se agitam com a alegria do carnaval.
É certo que a cada evento
algo sedimenta, os sistemas se aprimoram na lenta cadência do movimento humano
neste local do mundo. Se compararmos a períodos mais afastados, já podemos ver
que há virtudes a contar, boas diferenças a enumerar, mas também muito para
conquistar ao longo do resto da História a vir. Até um ponto mais evoluído, ainda haverá muito
show alegórico no grande teatro de revista do dia a dia, onde parte da mídia
samba como quer e manipula os olhares para seus modelos de interesse. Certamente,
muito acontecerá como consequência de se ter abandonado a Educação como
prioridade; muita expressão do comportamento meramente fisiológico, egoico,
tosco. Muita violência física e moral. E
o alargamento da criminalidade nos seus aspectos mais " refinados " e
também grosseiros. Mais prisões, mais
policiais, garantida fonte para o noticiário. E a imprensa continuará a determinar
quem existe ou não no dia. Na verdade milhares já não existem mais de fato,
pois faleceram na Pandemia e não poderão participar e nada mais poderão
presenciar sobre como o destino e a sorte irão fazer o caminho futuro.
Não só no campo eleitoral,
mas em vários setores, ainda temos
problemas que se reunidos ainda
temos problemas que se reunidos todos numa mesma cidade,
fariam uma assustadora realidade. Todavia, face à dimensão geográfica da
Pátria, a diluição da grave realidade é inevitável. Poucos têm a possibilidade
ou interesse em reunir todas as peças do caleidoscópio a admitir a verdade.
Mas assim vamos todos no
barco da nacionalidade, enfrentando ondas inventadas, muito factóide, “fake-news”,
boi de piranha, tudo como reflexo do nível a que chegamos e com o que teremos
que conviver. É a nossa realidade.
Se a economia só dá voo de
galinha; se muitos vícios do social e político vão prosseguir, é o que temos. Se
Gargântua come quase toda sua receita dando salário para seus enobrecidos
cortesãos; se muitos sistemas ainda vão persistir, é o que construímos. Muitas
pestes que vão continuar, poucos interessados em vacinas e remédios para as
mazelas culturais, pois está bom assim, não é?
E cobrindo tudo como névoa
e pano de fundo para todos os eventos
privados e públicos, há esse plantado negativismo, essa falta de
estímulo de progresso individual via estudo, essa sistemática valorização de
filosofias desconexas, já defasadas no tempo, com as quais ainda sonham
alucinadas cabeças. É um erro acreditar que a mídia não faz a realidade, só a
noticia.
Odilon Reinhardt 3.5.2022
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