quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Mais estragos se aproximam?

 








                                Mais estragos se aproximam ?

     

  

Até 2/8/22 são: no Brasil, 33.900.000 casos e 679.000 mortes. No mundo são 578.000.000 de casos e 6.400.000 mortes por Covid. 

 

 

Isolados no novo normal.

 

 

Você que a Pandemia afastou,

que se isolou,

que eu não mai vi,

mas que não esqueci.

 

Você que era frequente

e ficou longe da gente,

mas que hoje lembramos

e seu aniversário e comemoramos.

 

Novos e piores tempos pós Pandemia ,

pessoas ainda mais afastadas,

amizades em desarmonia,

pessoas ainda mais isoladas.  

 

Odilon Reinhardt. 

 

 

 

Preguiça . 

 

 

Socializar;

Virou uma preguiça ,

nasceu com todo esse passar.

 

Novo normal,

languidez  no  procurar alguém,

algo bem anormal.

 

Seria  o novo anormal?

Ficar na sua acomodação,

curtir  o isolamento como normal?

 

Raiva social em direção aos “migos”

que nunca quiseram saber

 que se passava como os então amigos?

 

Temor, insegurança,

por tempo demais,

levou à desconfiança.

 

Agora esse desafio estranho,

resgatar os amigos,

sem pensar em algum ganho. 

 

Demonstrar só o interesse humano,

perguntar como está , como vai,

será que virou engano?

 

O abraço, o conversar,

o reunir como antes,

quando isso vai recomeçar?

 

Vai recomeçar

ou nada será como antes

e  estamos  só a sonhar?

 

Ou o Covid pode nos roubar

Até  mesmo o socializar?

Vamos aceitar?

 

Aceitar,  será mais uma vitória

do pragmatismo,  do individualismo,

que o Covid quer para sua falsa glória. 

 

Odilon Reinhardt

 

 

 

Estragos,

 

físicos e morais,

que avançam

na vida dos mortais.

 

Medo , apreensão,

desconfiança , receio,

contínua solidão.

 

Materiais e espirituais

são os estragos do vírus,

graves sinais. 

 

Animais feridos,

pensamentos à deriva,

bons tempos agora banidos.

 

Alquebradas esperanças,

enfraquecida fé,

rompidas alianças.

 

Tristeza , melancolia,

depressão e doenças,

restos de agonia.

 

Reflexos  do mal,

estragos e bagaços,

mau sinal.

 

Relações machucadas,

cancelamentos,

pessoas magoadas.

 

Falta luz,

a paz é vagarosa,

mas a compaixão ainda seduz.

O tempo  fará seu papel,

a vida é maior que a morte,

mas nem tudo é leite e mel.

 

Difícil aprendizado,

o ego destrói a Humanidade,

alia-se a um vírus muito aprimorado.

Odilon Reinhardt

 

 

Algo em formação.

 

Silêncio da apreensão,

reinado do medo,  mágoa,

campo da confrontação.

 

Olhares de raiva suspensa,

comportamento agitado,

o ego em mente tensa.

 

A vida em reação,

esperando virtual sinal;

agressão.

 

Clima instável,

em cada encontro,

o olhar abominável.

 

Cada um do povo

nesta pilha a carregar;

tumulto  de novo?

 

O grito de 2013 entalado na garganta;

agora com suas razões;

quanta gente assustada.

 

Por enquanto esse estado,

perturbador , tenso,

o ódio social camuflado.

 

O Próximo como possível inimigo,

a rua cheia de riscos,

a suspeita em cada "migo".

 

Visível intolerância ,

inflexibilidade , radicalismo, nada de meio termo,

polarização em tudo,  intransigência. 

 

Tudo esperando uma motivação,

 algo que declare  a guerra aberta,

algo que gere desabafo e ação.

 

O silêncio no aguardo,

fazendo seu incomodo,

fritando o espírito já armado.

 

Quem ou o que dará o sinal,

para o estouro  da manada irritada,

para mais uma corrida nada banal.

 

Nada de ideologia.

O centro do mundo está no bolso,

esvaziado, furado, fazendo esse silêncio do dia. 

Odilon Reinhardt.

 

 

Mais uma vez, no afã de buscar soluções salvadoras, não só para a economia como também, para outras questões, corre-se o risco de tomar as consequências por verdadeiras causas, fazendo com que as soluções não sejam sustentáveis.  Assim pergunta-se: e os problemas verdadeiramente estruturais,  os que fazem o pano de fundo de todas as cenas no teatro da vida nacional?  Fica a solução para o próximo  mandato,  Deus sabe o que faz?

Não há como escapar. Haverá sempre o embate crucial entre as soluções imediatas para sossegar a população e as necessárias, de longo prazo, que podem apresentar solução fundamental para os vários aspectos da realidade, mas enfrentam sempre a pressão do aqui-agora  quanto aos assuntos mais diários e eleitoreiros. 

Enquanto isso, vai se prolongando, protelando, apostando, crendo, esperando soluções que acabem com a vida  de pobreza crescente, de violência física e moral; surgem situações que indicam a selvageria; há diminuição do interesse por tudo que não preencha o bolso de imediato.

É visível a diminuição do investimento em Educação e ciência ,aumentando a dependência e a escravidão;  há mais vitórias para o pragmatismo, individualismo, utilitarismo permeados pelo fisiologismo.  Não é lamentável?

Espanta e desmotiva qualquer um, o nível do debate entre jornalistas, pessoal da mídia, artistas e políticos, os ditos pensadores da atualidade. A superficialidade é gritante. Os comentários tendenciosos aumentam.  A mediocridade solapa a todos. A audiência não entende mais qualquer aspecto mais profundo que explique a realidade. Grandes mentes se curvam ,encolhem.

Ao mesmo tempo,  a vida nacional vai se desenrolando , enrolando-se; os cidadãos se agridem como forma tosca de mostrar que não estão satisfeitos. Aumenta a violência e o culpado é o vizinho, o outro motorista, a mulher, o integrante de qualquer minoria, qualquer um que se atravesse ao ego contrariado. Física ou moralmente, a expressão do ânimo violento aumenta e assume contornos de selvageria. As eleições constituem ocasião onde  se juntam  outros pretextos e o cidadão se desestabiliza ainda mais do que com a normal a carga negativa que a TV lhe impõe diariamente.   Algo vai se formando e quase sempre nunca é positivo.  Que estragos ainda virão?

Está sendo reforçada, em todo lugar, a inflexibilidade, a intolerância ,o medo, a preensão.  Surgem com mais intensidade, no bar, na esquina, na rua, no círculo pessoal, nas redes sociais, os juízes de ocasião, os que mandam no certo e no errado, os procuradores, os justiceiros disformes e gratuitos. O assédio moral começa a ser banalizado nas empresas etc.

O fato concreto é que o centro do mundo foi colocado no bolso e esse está furado, esperando costura e depois algo que o preencha e facilite a penosa vida do dia a dia do índio, do imigrante desde 1500, do empresário ao astronauta.

Ironicamente, boa é a hora, para enaltecer certas crenças “bem progressistas”que vem fazendo estragos no país: o dinheiro não traz felicidade, o reino dos céus é dos pobres; pobre mas honesto e tantas  outras bem  medievais, que lá naquele tempo  e hoje, são usadas para justificar a necessidade de aceitar a pobreza e fazer crer que os bens materiais são nocivos.  Metáforas que a população não entende devido a deficiência escolar, a falta de crítica e abstração. 

Sem Educação de qualidade, oficial e familiar, nada há de bom que se possa esperar de uma sociedade, desesperada em sua trajetória rotineira nos caminhos do campo sem bom destino. Cada um, cada um, mas todos carregando o ego pesado  que consagra, a cada dia, cada vez mais o fisiologismo das atitudes pragmáticas, individualistas e utilitaristas. O vazio intelectual permeia  e  esvazia os diálogos. Nada mais desolador e desconcertante.

Cercadinhos políticos mantiveram-se, como de costume, preocupados com seus umbigos nas redes sociais. Das batalhas travadas abusaram do Judiciário, ora usado como sortista, ora como mãe de santo, ora como inspetor de quarteirão.  Agora na hora das eleições, voltam-se para o campo comum, o povo. Sim, fora do cercadinho, há o povo.  Muitos não sabem nem como lidar com esta realidade, tão esquecidos estão da sua existência.  Ali a lógica é diversa e afastada da “política”, suas tramas e ismos de corredor e celular. O diz-que-diz é outro e o eleitorado mudou à revelia do que possam ter percebidos os políticos e seus ajudantes. 

Talvez dessa vez, algo novo, mais avançado e as lições sejam melhores e de Luz. Que a encrenca que se avizinha não seja a consagração do individualismo, do ego e da falta de inteligência de prosperidade e de liberdade. Que a disputa e o nível dos debates  não caia tanto a refletir a falta de Educação e que não haja adoração e tributo ao fisiologismo, fonte da inflexibilidade, intolerância, negativismo que decorrem das lições  dos mestres invisíveis que vivem na mídia, no marketing  e nas redes sociais .

Enquanto isto, o horizonte derrete sob a neblina de tempos menos auspiciosos e cheirando a maus momentos no pasto da primavera e do verão. Poetas e outros da quintessência se internalizam, fecham-se em seus paraísos interiores para continuar a viver, sobreviver com o que souberam guardar na dispensa.  Que não sejam roubados pelo menos neste último refúgio do intelecto. Como se escuta pelos sons e ruídos vindos do mundo exterior, "a coisa aqui está preta". Até o sol, ao nascer, começa a desviar das tendências existentes.  Por isso joga algumas nuvens no seu nascer, depois a neblina e quando aparece já está suficientemente alto e assim  longe desse pasto. 

 

Odilon Reinhardt

3.8.2022