Mais estragos
se aproximam ?
Até 2/8/22 são: no Brasil, 33.900.000 casos e
679.000 mortes. No mundo são 578.000.000 de casos e 6.400.000 mortes por
Covid.
Isolados no
novo normal.
Você que a Pandemia afastou,
que se isolou,
que eu não mai vi,
mas que não esqueci.
Você que era frequente
e ficou longe da gente,
mas que hoje lembramos
e seu aniversário e comemoramos.
Novos e piores tempos pós Pandemia ,
pessoas ainda mais afastadas,
amizades em desarmonia,
pessoas ainda mais isoladas.
Odilon
Reinhardt.
Preguiça .
Socializar;
Virou uma
preguiça ,
nasceu com
todo esse passar.
Novo
normal,
languidez no
procurar alguém,
algo bem
anormal.
Seria o novo anormal?
Ficar na
sua acomodação,
curtir o isolamento como normal?
Raiva
social em direção aos “migos”
que nunca
quiseram saber
que se passava como os então amigos?
Temor,
insegurança,
por tempo
demais,
levou à
desconfiança.
Agora esse
desafio estranho,
resgatar
os amigos,
sem pensar
em algum ganho.
Demonstrar
só o interesse humano,
perguntar
como está , como vai,
será que
virou engano?
O abraço,
o conversar,
o reunir
como antes,
quando
isso vai recomeçar?
Vai
recomeçar
ou nada
será como antes
e estamos
só a sonhar?
Ou o Covid
pode nos roubar
Até mesmo o socializar?
Vamos
aceitar?
Aceitar, será mais uma vitória
do
pragmatismo, do individualismo,
que o
Covid quer para sua falsa glória.
Odilon Reinhardt
Estragos,
físicos e morais,
que avançam
na vida dos mortais.
Medo , apreensão,
desconfiança , receio,
contínua solidão.
Materiais e espirituais
são os estragos do vírus,
graves sinais.
Animais feridos,
pensamentos à deriva,
bons tempos agora banidos.
Alquebradas esperanças,
enfraquecida fé,
rompidas alianças.
Tristeza , melancolia,
depressão e doenças,
restos de agonia.
Reflexos
do mal,
estragos e bagaços,
mau sinal.
Relações machucadas,
cancelamentos,
pessoas magoadas.
Falta luz,
a paz é vagarosa,
mas a compaixão ainda seduz.
O tempo
fará seu papel,
a vida é maior que a morte,
mas nem tudo é leite e mel.
Difícil aprendizado,
o ego destrói a Humanidade,
alia-se a um vírus muito aprimorado.
Odilon Reinhardt
Algo
em formação.
Silêncio da apreensão,
reinado do medo, mágoa,
campo da confrontação.
Olhares de raiva suspensa,
comportamento agitado,
o ego em mente tensa.
A vida em reação,
esperando virtual sinal;
agressão.
Clima instável,
em cada encontro,
o olhar abominável.
Cada um do povo
nesta pilha a carregar;
tumulto
de novo?
O grito de 2013 entalado na garganta;
agora com suas razões;
quanta gente assustada.
Por enquanto esse estado,
perturbador , tenso,
o ódio social camuflado.
O Próximo como possível inimigo,
a rua cheia de riscos,
a suspeita em cada "migo".
Visível intolerância ,
inflexibilidade , radicalismo, nada de meio
termo,
polarização em tudo, intransigência.
Tudo esperando uma motivação,
algo
que declare a guerra aberta,
algo que gere desabafo e ação.
O silêncio no aguardo,
fazendo seu incomodo,
fritando o espírito já armado.
Quem ou o que dará o sinal,
para o estouro
da manada irritada,
para mais uma corrida nada banal.
Nada de ideologia.
O centro do mundo está no bolso,
esvaziado, furado, fazendo esse silêncio do
dia.
Odilon Reinhardt.
Mais uma vez, no afã de buscar soluções
salvadoras, não só para a economia como também, para outras questões, corre-se
o risco de tomar as consequências por verdadeiras causas, fazendo com que as
soluções não sejam sustentáveis. Assim
pergunta-se: e os problemas verdadeiramente estruturais, os que fazem o pano de fundo de todas as
cenas no teatro da vida nacional? Fica a
solução para o próximo mandato, Deus sabe o que faz?
Não há como escapar. Haverá sempre o embate
crucial entre as soluções imediatas para sossegar a população e as necessárias,
de longo prazo, que podem apresentar solução fundamental para os vários
aspectos da realidade, mas enfrentam sempre a pressão do aqui-agora quanto aos assuntos mais diários e
eleitoreiros.
Enquanto isso, vai se prolongando, protelando,
apostando, crendo, esperando soluções que acabem com a vida de pobreza crescente, de violência física e
moral; surgem situações que indicam a selvageria; há diminuição do interesse
por tudo que não preencha o bolso de imediato.
É visível a diminuição do investimento em
Educação e ciência ,aumentando a dependência e a escravidão; há mais vitórias para o pragmatismo,
individualismo, utilitarismo permeados pelo fisiologismo. Não é lamentável?
Espanta e desmotiva qualquer um, o nível do
debate entre jornalistas, pessoal da mídia, artistas e políticos, os ditos
pensadores da atualidade. A superficialidade é gritante. Os comentários
tendenciosos aumentam. A mediocridade
solapa a todos. A audiência não entende mais qualquer aspecto mais profundo que
explique a realidade. Grandes mentes se curvam ,encolhem.
Ao mesmo tempo, a vida nacional vai se desenrolando ,
enrolando-se; os cidadãos se agridem como forma tosca de mostrar que não estão
satisfeitos. Aumenta a violência e o culpado é o vizinho, o outro motorista, a
mulher, o integrante de qualquer minoria, qualquer um que se atravesse ao ego
contrariado. Física ou moralmente, a expressão do ânimo violento aumenta e
assume contornos de selvageria. As eleições constituem ocasião onde se juntam
outros pretextos e o cidadão se desestabiliza ainda mais do que com a
normal a carga negativa que a TV lhe impõe diariamente. Algo vai se formando e quase sempre nunca é
positivo. Que estragos ainda virão?
Está sendo reforçada, em todo lugar, a
inflexibilidade, a intolerância ,o medo, a preensão. Surgem com mais intensidade, no bar, na
esquina, na rua, no círculo pessoal, nas redes sociais, os juízes de ocasião,
os que mandam no certo e no errado, os procuradores, os justiceiros disformes e
gratuitos. O assédio moral começa a ser banalizado nas empresas etc.
O fato concreto é que o centro do mundo foi
colocado no bolso e esse está furado, esperando costura e depois algo que o
preencha e facilite a penosa vida do dia a dia do índio, do imigrante desde
1500, do empresário ao astronauta.
Ironicamente, boa é a hora, para enaltecer
certas crenças “bem progressistas”que vem fazendo estragos no país: o dinheiro
não traz felicidade, o reino dos céus é dos pobres; pobre mas honesto e
tantas outras bem medievais, que lá naquele tempo e hoje, são usadas para justificar a
necessidade de aceitar a pobreza e fazer crer que os bens materiais são
nocivos. Metáforas que a população não
entende devido a deficiência escolar, a falta de crítica e abstração.
Sem Educação de qualidade, oficial e familiar,
nada há de bom que se possa esperar de uma sociedade, desesperada em sua
trajetória rotineira nos caminhos do campo sem bom destino. Cada um, cada um,
mas todos carregando o ego pesado que
consagra, a cada dia, cada vez mais o fisiologismo das atitudes pragmáticas,
individualistas e utilitaristas. O vazio intelectual permeia e
esvazia os diálogos. Nada mais desolador e desconcertante.
Cercadinhos políticos mantiveram-se, como de
costume, preocupados com seus umbigos nas redes sociais. Das batalhas travadas
abusaram do Judiciário, ora usado como sortista, ora como mãe de santo, ora
como inspetor de quarteirão. Agora na
hora das eleições, voltam-se para o campo comum, o povo. Sim, fora do
cercadinho, há o povo. Muitos não sabem
nem como lidar com esta realidade, tão esquecidos estão da sua existência. Ali a lógica é diversa e afastada da
“política”, suas tramas e ismos de corredor e celular. O diz-que-diz é outro e
o eleitorado mudou à revelia do que possam ter percebidos os políticos e seus
ajudantes.
Talvez dessa vez, algo novo, mais avançado e as
lições sejam melhores e de Luz. Que a encrenca que se avizinha não seja a consagração
do individualismo, do ego e da falta de inteligência de prosperidade e de
liberdade. Que a disputa e o nível dos debates
não caia tanto a refletir a falta de Educação e que não haja adoração e
tributo ao fisiologismo, fonte da inflexibilidade, intolerância, negativismo
que decorrem das lições dos mestres
invisíveis que vivem na mídia, no marketing
e nas redes sociais .
Enquanto isto, o horizonte derrete sob a
neblina de tempos menos auspiciosos e cheirando a maus momentos no pasto da
primavera e do verão. Poetas e outros da quintessência se internalizam,
fecham-se em seus paraísos interiores para continuar a viver, sobreviver com o
que souberam guardar na dispensa. Que não sejam roubados pelo menos
neste último refúgio do intelecto. Como se escuta pelos sons e ruídos vindos do
mundo exterior, "a coisa aqui está preta". Até o sol, ao nascer,
começa a desviar das tendências existentes. Por isso joga algumas nuvens no seu nascer,
depois a neblina e quando aparece já está suficientemente alto e assim longe desse pasto.
Odilon Reinhardt
3.8.2022