segunda-feira, 3 de outubro de 2022

O que foi, foi. Como foi?

 






                                           O que foi,  foi. Como foi?      

 

 

Até 3/10/22 são: no Brasil, 34.700.000 casos e 686.000 mortes. No mundo são 618.000.000 de casos e 6.550.000 mortes.

 


Urbe em Chamas.

 

 

Atolado em seus dilemas,

sai à caça com sua armadura,

cheio de direitos e antenas.

 

Com cara de bolacha amassada,

arrasta-se com ímpeto pela urbe,

nem sabe onde se acha na manada.

 

Cego , pronto para desabafar;

alguém tem que levar a culpa,

por sua condição dentro ou fora do lar.

 

Infestado de problemas,

irritado com tanta situação adversa,

não consegue realizar seus esquemas.

 

Quer um pretexto;

alguém tem que pagar, qualquer um

que entre em seu causal contexto. 

 

Encrenca ambulante ,

nervoso e irritado, danado.

É hoje! Quer o olho de qualquer passante.

 

Arde a urbe ,

chamas invisíveis ,

aqui e ali a ira ruge.

 

Há um buraco que passa,

vazio , cheio de agonia,

a existência o arrasa. 

 

Assolado pelo vento de seus pensamentos ,

pisa  na terra das desilusões e contrariedades,

estufa a mente com descontentamentos.

 

Calado,insatisfeito ,

pensando  ser o centro do Universo,

consome-se com dor no peito.

 

Precisa agredir,

quer matar,

mesmo  com  o silêncio de seu existir.

 

Cheio de abismos pessoais,

cedendo aos instintos animais,

não importa a vida e seus sinais.

 

Assim vai o cidadão em seu resistir;

por fora talvez bela viola,

por dentro um vulcão a explodir. 

 

Odilon Reinhardt.

 

 

 

 

 

Será?

 

 

Será que esse vírus danado

causou tanto dano

que muito humano  já ficou distanciado?

 

Acomodado na solidão,

com preguiça de contato visual,

com medo de aproximação?

 

Será que há alguém

que não veremos mais olho no olho,

e com quem jamais falaremos também?

 

Será que vivemos na ilusão

de que isso não aconteça

e ela já é a verdade em reação?

 

Será que aguardamos

pessoas voltarem , se aproximarem,

sonhamos?

 

Quantas nem se importaram

durante os graves momentos

e nada perguntaram ou responderam?

 

Por que voltariam então,

por que as aguardamos ;

não é isto tudo uma ilusão?

 

Que danos mais esse vírus pode trazer

do que os espirituais

que cada um já sente ao sobreviver?

 

Odilon Reinhardt.

 

Tempo Bom?.

 

 

 

Como vai,

tudo bem ,

bom dia

para você também!

 

Tempo bom,

o encontro por acaso,

tudo de bom,

me dá um abraço!

 

Quanto tempo;

É já faz tempo;

a gente se vê,

foi um bom tempo!

 

Até mais,

a gente se encontra por aí,

embora saibamos que talvez jamais. 

 

Tempo bom,

que ficou no passado,

era outra época,

época de tempo bom.

 

Sensações

guardadas no coração,

motivo de canções,

causando emoção.

 

Hoje foi bom também,

mas nada como aquele tempo,

agora vamos indo,

lembrando do tempo bom.

 

Até mais então,

até qualquer dia,

passar bem

até então.

Odilon Reinhardt.

 

 

Livre agora.

 

 

Olha quem vai chegando,

é a saudade

que vai se unindo

a minha realidade

de solidão.

 

Elas combinaram o encontro

nesta noite de verão,

ficaram conversando

no meu coração.

 

Depois se desentenderam,

foram embora

e nem adeus disseram,

fiquei livre agora.

 

Sai, fui curtir o verão,

a noite estrelada,

não estava sozinho nem triste,

já tinha algo melhor para o coração.

Odilon Reinhardt.

 

 

Agora, a realidade.  São sistemas que geram comportamentos.  Falar deles é sinal de sabedoria. Falar de ações é perda de tempo. Falar de pessoas é assassinato da oportunidade de pensar.

Sistemas deveriam ser objeto de perene rediscussão para readaptação ao caminho do tempo passante ao melhor progresso da sociedade.  Mas o debate não acontece tão clara e rapidamente.

Em momentos altamente democráticos, o nível de escolaridade limita em parte a reflexão; impera o nível real da rua introduzido em redes sociais. 

Os principais sistemas adotados para reger a vida deveriam estar em discussão, todavia, muitos não querem inovação, não querem se mexer; privilegiam o falar de pessoas, o fisiologismo da calçada e a conversa de boteco.

O que sempre estamos vendo é o desperdício do momento histórico e uma variação de propostas dispersas, motivadas pela necessidade de captar votos ou simplesmente aparecer.  São propostas? São sugestões, opiniões sem lastro na possibilidade econômica real, são sonhos e delírios, são devaneios ancorados na esperança e na fé por tempos melhores. E mais, são propostas, em sua grande maioria, referentes a consequências de erros do passado. As verdadeiras causas ficam intocadas. A realidade econômica está posta e é determinante, mas isto vai contra a fé e a esperança bem como a necessidade de apresentar algo novo, mesmo que seja uma falácia.  

Pipocam aqui e ali, lá e acolá, propostas bem divorciadas da realidade fiscal e contábil. Feita para o reino de Gargântua e Pantacruel.  A Utopia preenche o imaginário, em época de eleição ou, a todo momento,  continua a mesma mixórdia, a mesma cara de pau, a mesma ilusão. O tempo é assim desperdiçado com ataques pessoais, o que equipara a eleição ou qualquer discussão aos níveis democráticos mínimos de uma assembleia de condomínio, associação ou clube.

O certo é que muitos políticos, ao saírem de seus quatro anos de cercadinho, lembram agora do povo. Parte dos meios de comunicação adotam seus filiados preferidos, mas já está por demais claro que de todos os “ismos”, de todas as tendências em resuscitação, de todo o sensacionalismo da mídia usado para garantir audiência, o povo cansou e virou as costas.  Usado e abusado por anos, principalmente na Pandemia, o povo desligou-se do noticiário político.  Foi assim reforçada a Síndrome de JOMO, que é o prazer de estar fora, o prazer de se desligar, de virar as costas.  Foi com isto que parte da mídia contribuiu para a formação democrática.  Política, para o pessoal do cercadinho; para o povo, o prazer de estar de fora desse caminho, o da manipulação através de comentários tendenciosos. Quem lucra com isto?

Em suma, as pessoas se desligaram da mídia política, quer por esgotamento, quer por falta de escolaridade suficiente para entender o conteúdo dos comentários e notícias; optaram por algo mais simples: a sua vida do dia a dia.

Como tal reação prejudica a participação no momento político mais importante? A questão só será respondida oportunamente se alguém por ela se interessar. Certamente, não pela própria mídia, pois quem se interessa em saber?  Logo virá a Copa do Mundo, depois a ilusão do Ano Novo e o Carnaval. Qual a duração do carnaval que virá? O que dá mais dinheiro?

Se imperou o JOMO, o prazer de se desligar, caberia mesmo perguntar o por quê de tal reação. Parte da mídia que se questione, pois não dá para viver só de propaganda oficial ou de partidos; o índice de audiência pode levar à falência. Mas tal questionamento só acontecerá internamente para salvar o negócio.

O certo é que o povo se afastou há muito tempo; cansado de ser tratado como boneco; desligou-se com prazer e com certo sabor de vingança.  Parte da mídia e suas redes sociais, pensando ser tudo e toda poderosa, tem muito efeito nos cercadinhos políticos, funcionando como diário oficial da fofoca, da distorção, sempre fomentando polaridade, intriga. Mas perante a população, isto é passado.

Todavia, não é só o JOMO que gera efeito alienante.  O cidadão pode não estar por dentro das fofocas /fatos político, mas formula seu consenso, participando de efeitos práticos dos sistemas existentes; sente o cheiro da mentira e da coisa errada; respira o ar comprometido das coisas há muito mal feitas; sente o gosto amargo que se forma aos poucos quando olha o futuro; escuta a voz interna, procurando liberdade, paz, justiça para se desenvolver; tem dor de cabeça ao ver os filhos sem perspectiva. Em todas as classes sociais há algum desacerto, desconforto, desânimo. E mais, sente o vazio do bolso, levando à incapacidade de realizar seus projetos de vida.

Assim, o cidadão, qualquer um, pode não estar ligado, mas percebe e sabe o que está acontecendo, us ao bom senso, o instinto.  Cada um ao seu nível, digerindo e filtrando os comentários de terceiros na formação de um consenso de ente social.   Pouco importa o passado, pouco importa a ideologia. Todavia, muita gente, com contas atrasadas, vai votar com o pensamento no bolso. Quem prometer mais neste campo é mais aceito. Tempo de dificuldades propiciam propostas utópicas.

A pergunta mais simples é: o cidadão, de qualquer classe social está satisfeito como o Brasil feito por décadas de governo?    Há segurança quanto ao futuro.

Nem se pergunte isto para as novas gerações, que sem bons modelos de prosperidade e um ambiente de progresso, já entenderam  que em sua pátria será muito difícil fazer a vida, caso certos sistemas usados por Gargântua  e Pantacruel não sejam  revistos numa revolução institucional de qualidade, eficiência e de alto nível. Tal revolução não é algo a ser feito pelo povo ou estudantes nas ruas. É algo para profissionais, estudiosos e que proponham alterações muito além do simples reduzir despesas e controlar funcionários.

Inegável que as instituições atuais seguram o país em suas crises, mas o fazem com modelos antigos, seguindo uma cultura administrativa e gerencial defasada, burocrática e que só funciona para se preservar  posição e  altos benefícios.  

Portanto, não importando números e resultados, alguns sistemas, pelo menos os mais defasados continuarão a gerar seus efeitos e reforçando seus muros corporativistas, consumindo a energia preciosa de novas gerações, deixando de lado modelos de progresso e oportunidades de crescimento e realização pessoal de muitos jovens.

De imediato, para quem vota com pensamento no bolso, cabe prosseguir sonhando e esperando as soluções mágicas, lastreadas em fé e esperança.   

 

Odilon Reinhardt. 3.10.22