Até 2/1/23 são: no Brasil, 36.400.000 casos e
694.000 mortes. No mundo são 661.000.000 de casos e 6.690.000 mortes.
Combalido
encontrar.
o Covid tirou do encontrar
a alegria do nosso meio.
Medos em encontros,
o ser humano acuado,
desconfiança dos outros.
Em cada um há um mendigo
querendo reencontros
é o que digo.
Braços abertos esperando o Próximo,
era uma festa a cada encontro;
lembrança boa de um tempo ótimo.
Agora esse abraço meia boca,
um minguado abraço,
a máscara enterrando a ocasião quase
oca.
Covid, se falha e não mata
fisicamente,
deve estar ficando satisfeito
ao acabar com o abraçar livremente.
Bom apoio para o seco pragmatismo
que para aqueles seres humanos frios e calculistas
se satisfazem com a vida do racional
utilitarismo.
O normal ficou sendo o afastar,
desviar,
se possível evitar.
A máscara ajudou muito nessa miséria,
agora a máscara fixa de muitos,
deixa claro que Covid teve sua
vitória.
Odilon Reinhardt.
o desaparecimento de isolamento;
tudo faz de nós todos, seres sombras,
que sobrevivem em mensagens de constrangimento.
Rostos agora imaginados ,
sorrisos defasados em fotos amareladas,
somos todos figuras de anos atrás, 2019,
retratos de momentos já apagados.
Somos fantasmas uns dos outros no dia,
Sobrevivendo sem a magia de corpos e gestos,
Mas em frases e textos de decadente simpatia.
Seres esvoaçantes,
almas caminhantes,
humanos separados,
nada como antes?
Impera uma existencial agonia,
a ameaça do “nunca mais”,
o “ jamais” , vai surgindo a cada dia,
deixando a todos numa triste desarmonia.
Onde está você? É o dito ,
vai pela internet , pela rua, pela mente
e a resposta virtual como está explícito
vai sendo dada cada vez mais espaçadamente.
Eis uma das vitórias
da Pandemia no chamado novo
normal,
separações inglórias,
preguiça e medo de socializar, algo não muito anormal.
Odilon Reinhardt.
Diferentes entendimentos e meios
estão no cenário, para se chegar a tal realização. Visão de direita, de
esquerda, de centro. No palco em cena revezam-se os atores no exercício do
regime de governo. Num país oral, de altíssima taxa de semianalfabetismo, o
discurso vale mais do que milhares de linhas. A mentalidade que insufla a oralidade é enorme e hipnótica.
Antes mesmo da momento de mudança na
gerência do castelo de Gargântua e Pantacruel,
já foi satisfeita a fome dos cortesãos, agora todos sorridentes e gordos , prontos para a nova jornada frente
ao vilarejo pobre e carcomido. Uma vez garantida a despensa com farta quitanda,
o castelo vive a festa da mudança.
No vilarejo, os comuns, pedintes de toda
sorte, revezam-se em costumeiro pessimismo e dúvidas. O mercado e suas vendas
duvidam do rumo para a fonte. Não sabe
se a estrada da direita ficou mais distante ou se a picada aberta pela esquerda
levará mais gente para a água e a fonte logo pode secar. Pois a fonte
permaneceu a mesma, ninguém a reformou nos últimos anos. Tentativa houve, mas
as obras de recuperação sofreram muitos eventos com doenças que ameaçaram a sua
qualidade. Não houve tempo e agora o castelo quer uma cota ainda maior de água,
sob o pretexto de distribuir no vilarejo, evidentemente, desde que garantido o
suprimento para os cortesões, a nobreza fixa e a encantada, agora hipnotizada
pelos novos tempos.
A cena é repaginação, todos conhecem
o castelo, os cortesãos e o vilarejo. O teatro é o de costume e ali as cenas
serão diárias, comédias, tragédias, opera-bufa, sessões de contos da
carochinha, sessões de mágica, mentiras, fantasias, delírios e sempre a
esperança e fé de um grande passo para uma espetacular Abertura ou Grande Final.
Entre previsões de caos e de otimismo, os dias serão os da Pátria. Entre o
castelo e o vilarejo, tudo passará, todos passarão.
E a fonte? Caberá ao administrador da
fonte produzir mais água. A gerência já
olhou o aquífero. Uns do vilarejo alertaram 1 copo + 1 copo dão 2 copos e não
5. Acreditar ao contrário poderá ser um
estímulo de desenvolvimento. Mas o tamanho da fonte, qual a dimensão das obras
e até aonde cabe reforma ? Gargântua e
Pantacruel são gulosos e egoístas, nada produzem, gostam de controlar e mandar,
dependem do trabalho do vilarejo, onde os aldeões podem ser humildes e
trabalhadores, ricos sem poder no castelo, gente de toda sorte, mas todos de bom senso e sabedores de regras como “
laranja madura na beira da estrada, é amarga ou tem bicho no pé”, “ é fácil
fazer cerimônia com chapéu alheio”, etc.
Se vai ter muita água da fonte, um
dia a fonte seca. A menos que sejam
abertos novos poços. Mas no mesmo aquífero?
Ademais, como está mesmo a
infraestrutura para transporte da fonte ao vilarejo e ao castelo? Anos de
gastos em outros setores e a infraestrutura ainda é a mesma? E se forem abertos novos aquíferos, a velha e
decadente infraestrutura não será um problema? Temos energia para bombeamento
da fonte às torneiras? Temos pessoal qualificado e ciência para reformas do
sistema? Como então teremos água para farta distribuição, ou será tudo isto só
um delírio, um desejo desesperado de atender à Constituição, sabendo dos
limites existentes e que decorrem de décadas de abandono de setores
fundamentais ao longo do caminho entre fonte, vilarejo e castelo?
1 copo +1 copo= 2 copos . Se alguém
apresentar mais, vamos observar a qualidade da água e de onde está sendo
tirada. Alguém vai pagar, enfrentando seca e escassez no futuro?
Seja lá quem for que esteja
gerenciando o castelo, o objetivo é realizar o art.3º da Constituição. Que se
deixe de lado o ufanismo e admita que
somos um país a nível de muitas ex-colônias, com inúmeros problemas a décadas e
que correspondemos a menos de 3% da economia mundial e 1% do mercado
financeiro. Que todos os esforços sejam para cuidar das novas gerações com
modelos positivos de prosperidade, eliminando a síndrome do Cão Vira-lata. Não
podemos nos dar ao luxo de errar. Foi dada nova chance, indiscutível. Se
falhar, as consequências serão graves. Não se deve ver a realização de ditos
populares como “ pimenta nos olhos dos outros é refresco”. A população já
mostrou que aguenta tudo, mas pode estar em processo de esgotamento.
E que se lembre de Darci Ribeiro que
dizia que uma criança só tem 7 anos uma vez. E mais, que se não investirmos em
Educação, teremos que gastar tudo em presídios. O que adapto acrescentando: e
gastar para mais polícia, forças de segurança e criminalística. Seremos reféns
da criminalidade organizada. Tudo sob o cenário de muita raiva social,
discriminações e luta entre classes de ativistas .
Qualquer governo vai lidar mais com
consequencias do que com causas.
Odilon Reinhardt . 3.1.2023.