O que ainda é mais importante?
Até 2/2/23 são: no Brasil, 36.800.000 casos e 697.000
mortes. No mundo são 671.000.000 de casos e 6.840.000 mortes.
Danos
ainda reparáveis.
distanciamento,
isolamento.
Cancelamento,
esquecimento,
adoecimento.
Ninguém viu , mas fugiu,
não leu, mas percebeu,
não ouviu, mas sentiu.
Insatisfação,
contrariedade, esgotamento,
muita chateação, depressão.
Entre ataques de variantes,
um espaço para se redimir,
ainda há esperança entre as gentes.
São danos ainda reparáveis,
mas com o tempo
podem se tornar perduráveis.
Então ,
os dias de não ter ninguém,
o estranho tempo da solidão.
Odilon Reinhardt.
Vida comum e normal.
A senhora, com sua sacola,
arcada , de passos pequenos,
várias idades vão nela.
Curitiba quase lhe escapa do pé,
mas a idosa vai por sua rotina,
mais um dia, menos um dia, muita fé.
Para
no portão da vizinha,
quer pedir uma muda de planta,
alguém a olha pela cortina.
Segue em direção da feira do dia,
encontra alguém
que não encontrara na Pandemia.
Como vai o seu Roberto?
Está muito bem, parado, obrigada!
Morreu de Covid, fica agora na sala,
no retrato!
Não diga! O meu já se foi também!
Morreu de velho, mas aproveitou a
onda.
É muita gente foi para o Além.
Então, tá bom. Apareça!
Vá hoje lá em casa, para o lanche,
-Vai fazer broa!- Vou!- Que bom!
16 horas daquela tarde, a conhecida
de longe já vê a ambulância;
O que aconteceu. É a Cida?
A filha diz: morreu faz uma hora.
Não acredito. Me convidou para o
lanche!
Fez broa? Fez, mas agora....
Vou levar! Sim, tomo café lá em casa,
não se sabe,
amanhã posso eu ir embora.
Não é de hoje, já vimos muitas vezes,
tentativas de fazer o Brasil ser o Brasil, sem interferência externa em seus
planos. Foi a intenção de muitos, que no passado desejaram escoimar da vida
diária as influências diretas e indiretas da cultura europeia para viver a
civilização aqui formada, cuja origem predominante é indígena e africana.
Primeiro livrar-se da Coroa
colonizadora; dos Espanhóis que desejavam nossas terras; depois dos Holandeses
que deram ao Nordeste anos de glória; dos
Franceses que influenciavam as artes no Rio de Janeiro e assim por diante.
Nunca houve vitória nesse intento. Fomos sempre a fazenda e a feirinha no
Atlântico Sul, exposta aos planos comerciais do exterior.
Modernamente, a Semana de Arte
Moderna fez suas agitações, depois Chateaubriand fez sua revolução na indústria
das comunicações, sempre ressaltando a brasilidade , nossa Natureza e gente. De
Getúlio Vargas e Jânio Quadros, sempre a luta dos planos estrangeiros para
barrar as pretensões brasileiras.
Depois da Segunda Guerra não houve
mais chance alguma de resistência. Cedemos totalmente ao material e produto, à
tecnologia e ciência estrangeira. Viramos a feira maior dos bens de produção,
dos produtos de conforto doméstico e pessoais, dos eletrônicos e da
informática. Era a época e suas vicissitudes. Difícil criticar as decisões do
passado como os olhos de hoje.
Criticável mesmo foi o que fizeram
depois de 1970 com a Educação e a Ciência. O que seria o preparo para as
gerações futuras naufragou, comprometendo a entrega para a sustentação do
progresso . O jogo dos interesses externos se apropriou do país e o
enfraquecimento intelectual foi enorme.
Agora, diante da mudança de
orientações de governo, todos os novos ocupantes estão já em seus cargos, com seus altos
salários e participando da nobreza temporária. O castelo de Gargântua e
Pantacruel é renovado e vai funcionar a seu “modo”.
Desafios e intenções, planos e
projetos para atingir o objetivo do art. 3 da Constituição. Temos que acreditar
que sim. Alguém tem que ter essa intenção, que, todavia, encontrará os desafios
de sempre: corrupção; a mente de que “ agora eu vou me fazer”; fazer da vida
pública um balcão de negócios; tirar vantagem de tudo; ganhar sem fazer nada;
reunir fundos para a próxima eleição; aproveitar-se . A lista é longa e tem tantas pragas , que estão em todos os governos
e que decorrem da falta de Educação formal e familiar. Há desafios: como livrar as novas gerações de mão de
mestres invisíveis; colocar modelos de estudo e prosperidade; modelos de pensar
positivo e fugir do negativismo do derrotado; geração de empregos, para dar ao
cidadão cultura e dignidade; atacar as verdadeiras causas e não as
consequências; buscar independência pela melhora da Educação e Ciência, etc.
Estaríamos diante de uma nova
tentativa de fazer do país de fortalecer o país
como o Brasil brasileiro?
Com o que poderemos alargar nossa
participação internacional, buscando comércio e representatividade? Temos o
melhor geografia do mundo, riquezas enormes, mas temos perdido tempo com
manobras de esquerda e direita sem ir para a frente. Caberia em meio a : uma
crise mundial de endividamento gigantesco chegando a 300 trilhões ( de empresas
e pessoas que pegaram crédito no mundo) ; ameaça de guerra na Europa; um “ New Deal”?
Ideias não faltam, boas ou
controversas, que vão tentar fazer o
Brasil brasileiro de há muito desejado.
Num mundo entrelaçado por interesses
decorrentes da globalização, vários paradigmas atuais teriam que ser colocados
de lado. Vários entrelaçamentos com o sistema atual teriam que ser desfeitos, para se obter resultados de
um novo sistema. Que setores vão se opor? Que corporativismo vai se revoltar
dentro do castelo de Gargântua e pelo mundo? As forças irresistíveis que Jânio
Quadros mencionou permitirão o Brasil como líder na América Latina e forte nas
relações internacionais ou será tudo mais um voo de galinha?
Efetivamente, a intenção pode ser
patriótica e saudável. Ao lado das possíveis resistências externas, sempre
temos que considerar as condições de nossa população, a que não estudou, não se
qualificou, não sabe de informática, não sabe interpretar um texto, que
permaneceu operacional, que se encontra sempre endividada, obrigada a seguir
uma rotina bruta e pragmática, que não a deixa se livrar do fisiológico, do
egoísmo animal com reações e ações violentas que se expressam na criminalidade
física e material do dia a dia. Não podemos esquecer, então, da mão de obra e
da pessoa humana que serve de suporte para qualquer iniciativa progressista.
O fato é que se o Brasil tiver um
surto de progresso, a infraestrutura existente não suporta. As estradas estão estreitas
demais , podres; o serviço público e privado é para poucos. O país nunca foi
mas agora ficou sendo um país que não é
para todos .
Não seria um delírio dos 523 anos
ainda estar pensando em um Brasil brasileiro independente e identificável? Seria algo hipnótico de curta
validade?
Com ou sem um “New Deal” havendo o
almejado progresso sustentável ou não, o povo, mistura hoje de todos os povos
do mundo, vai continuar a ser o povo
brasileiro, com todas suas boas características e mazelas.
Em breve, assim que o atual governo
começar a agir, será o fim da lua de mel, inclusive com a imprensa. Estaremos no dia a dia do país, interesses
serão contrariados, exigindo negociações. E negociações aqui envolvem a mãe e a
alma.
Se o povo será beneficiado, é a
política econômica que vai ter que provar. O ambiente está cinza, sem recursos,
nem a mais nobre das intenções pode ser implantada.
O tempo já está passando. O país não suporta mais a
perda de tempo quanto à Educação e Ciência. Se novamente nada for feito, como
nas últimas décadas, todos seremos vítimas das novas gerações despreparadas,
desqualificadas e desempregadas. Ninguém
mais pode-se dar ao luxo de errar na estratégia de fazer um país que cumpra o
art. 3º da Constituição.
Infelizmente há mais farofa do que
carne e devemos ter todo o cuidado para não nos afogaremos com a farofa que
também é feita de exageros na grosseria, fisiologismo, "denuncismo"
sensacionalista e o " sentencismo" atropelado, o pragmatismo frio e
calculista, a falta de graça, porque "classe" mesmo, já perdemos há
muito tempo.
Nem se fale nos perigos da
polarização que podem levar a eliminação de qualquer manifestação, a qual corre
o risco de ser rotulada erroneamente.
Ao para de todos os detalhes da vida
cotidiana com suas mazelas e sequelas, o com seus shows tragicômicos e de ópera-bufa,
na economia, não podemos ousar fazer uma
torcida contra, mas, sim, torcer para que os economistas acertem, caso
contrário, todos nós seremos vítimas. A vida futura está em jogo. A economia é
o dinheiro para todos os planos da educação à ciência; patrioticamente, o que sempre
mais importa é o Brasil.
Odilon Reinhardt 3.2.23