sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

O que ainda é mais importante?

 







O que ainda é mais importante? 

 

 

Até 2/2/23 são: no Brasil, 36.800.000 casos e 697.000 mortes. No mundo são 671.000.000 de casos e 6.840.000 mortes.



 

Danos ainda reparáveis.

 

 Afastamento,

distanciamento,

isolamento.

 

Cancelamento,

esquecimento,

adoecimento. 

 

Ninguém viu , mas fugiu,

não leu, mas percebeu,

não ouviu, mas sentiu.

 

Insatisfação,

contrariedade, esgotamento,

muita chateação, depressão.

 

Entre ataques de variantes,

um espaço para se redimir,

ainda há esperança entre as gentes.

 

São danos ainda reparáveis,

mas com  o tempo

podem se tornar perduráveis. 

 

Então ,

os dias de não ter ninguém,

o estranho tempo da solidão.

 

Odilon Reinhardt.

 

 

Vida comum e normal.

 

 

A senhora, com sua sacola,

arcada , de passos pequenos,

várias idades vão nela.

 

Curitiba quase lhe escapa do pé,

mas a idosa vai por sua rotina,

mais um dia, menos um dia, muita fé.

 

Para  no portão da vizinha,

quer pedir uma muda de planta,

alguém a olha pela cortina.

 

Segue em direção da feira do dia,

encontra alguém

que não encontrara na Pandemia.

 

Como vai o seu Roberto?

Está muito bem, parado, obrigada!

Morreu de Covid, fica agora na sala, no retrato!

 

Não diga! O meu já se foi também!

Morreu de velho, mas aproveitou a onda.

É muita gente foi para o Além.

 

Então, tá bom. Apareça!

Vá hoje lá em casa, para o lanche,

-Vai fazer broa!- Vou!- Que bom!

 

16 horas daquela tarde, a conhecida

de longe já vê a ambulância;

 O que aconteceu. É a  Cida?

 

A filha diz: morreu faz uma hora.

Não acredito. Me convidou para o lanche! 

Fez broa? Fez, mas agora....

 

Vou levar! Sim, tomo café lá em casa,

não se sabe,

amanhã posso eu ir embora. 

 

 

Não é de hoje, já vimos muitas vezes, tentativas de fazer o Brasil ser o Brasil, sem interferência externa em seus planos. Foi a intenção de muitos, que no passado desejaram escoimar da vida diária as influências diretas e indiretas da cultura europeia para viver a civilização aqui formada, cuja origem predominante é  indígena e africana. 

Primeiro livrar-se da Coroa colonizadora; dos Espanhóis que desejavam nossas terras; depois dos Holandeses que deram ao Nordeste anos de glória;  dos Franceses que influenciavam as artes no Rio de Janeiro e assim por diante. Nunca houve vitória nesse intento. Fomos sempre a fazenda e a feirinha no Atlântico Sul, exposta aos planos comerciais do exterior.

Modernamente, a Semana de Arte Moderna fez suas agitações, depois Chateaubriand fez sua revolução na indústria das comunicações, sempre ressaltando a brasilidade , nossa Natureza e gente. De Getúlio Vargas e Jânio Quadros, sempre a luta dos planos estrangeiros para barrar as pretensões brasileiras.

Depois da Segunda Guerra não houve mais chance alguma de resistência. Cedemos totalmente ao material e produto, à tecnologia e ciência estrangeira. Viramos a feira maior dos bens de produção, dos produtos de conforto doméstico e pessoais, dos eletrônicos e da informática. Era a época e suas vicissitudes. Difícil criticar as decisões do passado como os olhos de hoje.

Criticável mesmo foi o que fizeram depois de 1970 com a Educação e a Ciência. O que seria o preparo para as gerações futuras naufragou, comprometendo a entrega para a sustentação do progresso . O jogo dos interesses externos se apropriou do país e o enfraquecimento intelectual foi enorme.

Agora, diante da mudança de orientações de governo, todos os novos ocupantes  estão já em seus cargos, com seus altos salários e participando da nobreza temporária. O castelo de Gargântua e Pantacruel é renovado e vai funcionar a seu  “modo”.

Desafios e intenções, planos e projetos para atingir o objetivo do art. 3 da Constituição. Temos que acreditar que sim. Alguém tem que ter essa intenção, que, todavia, encontrará os desafios de sempre: corrupção; a mente de que “ agora eu vou me fazer”; fazer da vida pública um balcão de negócios; tirar vantagem de tudo; ganhar sem fazer nada; reunir fundos para a próxima eleição; aproveitar-se . A lista é longa e tem  tantas pragas , que estão em todos os governos e que decorrem da falta de Educação formal e familiar. Há desafios:  como livrar as novas gerações de mão de mestres invisíveis; colocar modelos de estudo e prosperidade; modelos de pensar positivo e fugir do negativismo do derrotado; geração de empregos, para dar ao cidadão cultura e dignidade; atacar as verdadeiras causas e não as consequências; buscar independência pela melhora da Educação e Ciência, etc.

Estaríamos diante de uma nova tentativa de fazer do país de fortalecer o país  como o Brasil brasileiro? 

Com o que poderemos alargar nossa participação internacional, buscando comércio e representatividade? Temos o melhor geografia do mundo, riquezas enormes, mas temos perdido tempo com manobras de esquerda e direita sem ir para a frente. Caberia em meio a : uma crise mundial de endividamento gigantesco chegando a 300 trilhões ( de empresas e pessoas que pegaram crédito no mundo) ; ameaça de guerra na Europa;  um “ New Deal”?

Ideias não faltam, boas ou controversas, que vão tentar fazer o  Brasil brasileiro de há muito desejado.

Num mundo entrelaçado por interesses decorrentes da globalização, vários paradigmas atuais teriam que ser colocados de lado. Vários entrelaçamentos com o sistema atual  teriam  que ser desfeitos, para se obter resultados de um novo sistema. Que setores vão se opor? Que corporativismo vai se revoltar dentro do castelo de Gargântua e pelo mundo? As forças irresistíveis que Jânio Quadros mencionou permitirão o Brasil como líder na América Latina e forte nas relações internacionais ou será tudo mais um voo de galinha?

Efetivamente, a intenção pode ser patriótica e saudável. Ao lado das possíveis resistências externas, sempre temos que considerar as condições de nossa população, a que não estudou, não se qualificou, não sabe de informática, não sabe interpretar um texto, que permaneceu operacional, que se encontra sempre endividada, obrigada a seguir uma rotina bruta e pragmática, que não a deixa se livrar do fisiológico, do egoísmo animal com reações e ações violentas que se expressam na criminalidade física e material  do dia a dia.  Não podemos esquecer, então, da mão de obra e da pessoa humana que serve de suporte para qualquer iniciativa progressista.

O fato é que se o Brasil tiver um surto de progresso, a infraestrutura existente não suporta. As estradas estão estreitas demais , podres; o serviço público e privado é para poucos. O país nunca foi mas agora ficou sendo um país que  não é para todos .

Não seria um delírio dos 523 anos ainda estar pensando em um Brasil brasileiro independente e  identificável? Seria algo hipnótico de curta validade?

Com ou sem um “New Deal” havendo o almejado progresso sustentável ou não, o povo, mistura hoje de todos os povos do mundo, vai continuar a ser o  povo brasileiro, com todas suas boas características e mazelas.  

Em breve, assim que o atual governo começar a agir, será o fim da lua de mel, inclusive com a imprensa.  Estaremos no dia a dia do país, interesses serão contrariados, exigindo negociações. E negociações aqui envolvem a mãe e a alma.

Se o povo será beneficiado, é a política econômica que vai ter que provar. O ambiente está cinza, sem recursos, nem a mais nobre das intenções pode ser implantada.

O tempo  já está passando. O país não suporta mais a perda de tempo quanto à Educação e Ciência. Se novamente nada for feito, como nas últimas décadas, todos seremos vítimas das novas gerações despreparadas, desqualificadas e desempregadas.  Ninguém mais pode-se dar ao luxo de errar na estratégia de fazer um país que cumpra o art. 3º da Constituição.

Infelizmente há mais farofa do que carne e devemos ter todo o cuidado para não nos afogaremos com a farofa que também é feita de exageros na grosseria, fisiologismo, "denuncismo" sensacionalista e o " sentencismo" atropelado, o pragmatismo frio e calculista, a falta de graça, porque "classe" mesmo, já perdemos há muito tempo.

Nem se fale nos perigos da polarização que podem levar a eliminação de qualquer manifestação, a qual corre o risco de ser rotulada erroneamente.

Ao para de todos os detalhes da vida cotidiana com suas mazelas e sequelas, o com seus shows tragicômicos e de ópera-bufa, na  economia, não podemos ousar fazer uma torcida contra, mas, sim, torcer para que os economistas acertem, caso contrário, todos nós seremos vítimas. A vida futura está em jogo. A economia é o dinheiro para todos os planos da educação à ciência; patrioticamente, o que sempre mais  importa é o Brasil.     

 

Odilon Reinhardt  3.2.23