segunda-feira, 3 de julho de 2023

Modelos, onde estão os bons?


 


Blog 3.7.2023

 

 

Modelos, onde estão os bons?

 

  

O comum.

 

 

E vivem mal,

com pensamentos confusos , alterados,

sonhos sem final.

 

Levam ideias abortadas,

um sentir corrompido ,

mentes frustradas.

 

Com culpas recorrentes,

pensam mal,

convivem descontentes.

 

Andam às turras;

a visão distorcida,

odeiam a todos e suas terras.

 

Sobrevivem a cada dia,

num vazio perigoso

para a boa energia.

 

O andar arrastado

denuncia o viver

quase sempre contaminado.

 

E assim vão pela existência,

não  se autoconhecem , se detestam ;

nem se preocupam com a essência.

 

Seguem , seguem assim,

inconscientes , fisiológicos,

reacionários ,revoltados até o fim. 

 

Em estado de defesa,

alertas quanto ao Próximo,

a ira sempre está na mesa.

 

O mero fazer os preenche;

se param, há um vazio barulhento,

a inutilidade os vence.

 

A vida comum no mundo;

murro na ponta da faca,

lições sempre com dor no fundo. 

 

E continuarão ,

lutando pelo material,

matando pela posição.

 

Tudo em eventos horríveis,

estatísticas horrendas ,

cenas incríveis .

 

O coletivo nesta rotina,

escravidão escamoteada,

o dia fica atrás da cortina .

 

Os poucos que se podem salvar

são semente para outros

que vivem no entorno a olhar.

 

Mas serão sempre mera exceção;

a maioria  em manada seguirá;

é a sua  verdade e missão. 

 

Difícil aceitar,

mas é e será assim,

a vida aqui é difícil de acertar. 

 

Há dificuldade da pessoa  achar-se,

permanece enroscada no emaranhando da vida

e nessa escuridão facilmente vai afogar-se.

 

Todavia, aqui e acolá ,

alguém pode estar despertando ,

e esta vida questionará.

 

Acordou para abraçar a luta

de ir do rude ao mais elevado

e abandonar o que o enluta. 

 

 Ledo engano, pensar que diários tiroteios e fatos horríveis  dispensarão consequências mais graves,  se as tendências atuais não forem revertidas. 

De um lado a vida segue, como sistema produtivo fazendo a referência para a vida pretensamente saudável e correta para o cidadão comum. Nesse contexto, se de um lado a conquista de bens materiais fabrica sonhos de consumo e vida melhor, há normalidade nesse viver. Todavia, por outro lado, uma multidão de jovens sonhadores, sem poder comprar, vive contrariada, frustrada revoltada contra as injustiças sociais. Tudo contribui para a geração de um clima coletivo de má-energia e pessimismo. 

A cada dia observa-se que pequenas sementes, deixadas a crescer na beira da rodovia, começam a atrapalhar o trânsito e até fechar a via. As enormes diferenças começam a deixar de ser exceção.

Não se espere que jovens, sem educação formal ou colocação no mercado de trabalho, se satisfaçam com pouco diante da pressão de seus sonhos consumistas, que de longe deixam de ser mero luxo e englobam sonhos básicos do mero poder sobreviver. Salário- mínimo e empregos dissociados da qualificação ou sem horizonte de melhora, deixam de atrair jovens, e o sistema produtivo começa a parar em seu ímpeto por crescimento e progresso, diante da insegurança, instabilidade e qualidade da mão de obra. 

A educação formal deficiente, ausência de modelos dignos de desenvolvimento pessoal, a ausência de qualificação moderna, ausência de horizonte de prosperidade, abandono das novas gerações ao comando de mestres invisíveis, danosos  enganos políticos  levam a um cenário preocupante, que já faz a realidade e coloca dúvidas quanto à segurança do futuro.

Crimes, acidentes por falha humana, raiva social, doenças psicológicas, a opção pelo negativismo, figuras do submundo, espírito contestatório por razões de fracasso pessoal no esclarecimento do mundo, expressões de frustração pessoal,ódio aos bem sucedidos ,material e espiritualmente, preferência pelo Mal  etc., vão se acumulando e tornando-se mais frequentes; geram fatos e fotos cada vez mais chocantes. E nem se fale da realidade corporativa onde muito se passa em termos emocionais, decorrente  do despreparo funcional, assédio moral, elevado turno-over, afastamento por questão se de saúde, etc., tornando o ambiente de trabalho por 8 horas diárias ou mais num cenário de teatros horríveis e fingidos , que sufocam o ser humano no mar das insatisfações em 30 ou mais anos de tortura. Quem quer isto? Não se pode negar o efeito de tudo na eficiência e eficácia do trabalho com danos à mão de obra nacional.  Danos para todos no festival de imperícias e negligências, omissões etc.

E as gerações mais adultas, pelo menos em seus integrantes mais  esclarecidos , assistem a tudo com a justificada passividade , já que nada podem fazer , a não ser  esperar que os políticos caiam em si e vejam o que estão fazendo.  Os mais conscientes veem as tendências de deterioração e os absurdos oficiais e privados, sendo levados ao palco do dia a dia, fazendo o cenário, para os quais os jovens olham e nada encontram ali de identidade e bom futuro. Ninguém arrisca dizer, mas certamente, muitos pensam que o que está acontecendo é mesmo um quadro de horrores, que se acontecesse na mesma rua, equivaleria ao cenário de decadência e desumanidade.

Fica a cada dia, mais claro que o país não é para todos e que a juventude está sendo acuada, destinada a uma vida em que não haverá oportunidade para o exercício de seu talento. Sonhos de consumo e vida digna já são abandoados, gerando um desânimo de nem estudar nem trabalhar.

Em algum tempo, isto tudo vai gerar atitudes que vão gerar realidades mais graves, e estas serão então o retrato de um nível menos  evoluído. Pode ser até o Estado de Direito, na versão “para Inglês ver”, e na realidade o estado de selvageria dos toscos e rudes, alimentando por violência e má-fé, tudo bem dantesco. As gotas desse tempo já começaram a ser formadas há várias décadas e salpicam as ruas e casas aos poucos. E nada é feito em sentido contrário. Os bons modelos deixam de existir; o norte é dado pelo vazio de lições escuras e de momento, fazendo o teatro de ópera –bufa ,onde os jovens desempenham papéis sem importância .

Quem pode banalizar tal assunto, verdadeira nuvem ácida? E a chuva já está no horizonte e molhará todas as ruas e seus ventos entrarão em todos os locais privados e oficiais. 

A juventude e todas as novas gerações precisam de bons modelos, os de prosperidade, de estudo, de sabedoria. Por que os bons modelos foram abandonados.  Derrubaram o muro, sem saber o que havia atrás? O que há de ideológico nisso? Obra de libertários inconsequentes? Como o país se deixou levar por ideais mal pensadas? 

 

Odilon Reinhardt 3.7.2023