quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Para que valeu, para nada?

 







Para que valeu,  para nada?

 

 

Com a retirada da Pandemia,

as ruas voltam ao normal,

desentocados seres ali vão ao dia.

 

Três anos se foram,

resurgem algumas  pessoas,

outras não, partiram.

 

A hecatombe foi uma mega –pausa,

poderia ter suscitado reflexões,

mas filósofos , sociólogos ficaram sem causa.

 

Emudecidos, pouco refletiram;

agora , vão surgindo estatísticas horríveis,

horrores que nas tocas humanas se passaram.

 

Silenciadas fontes de reflexão,

decepção intelectual enorme,

mais uma vez a intelectualidade vazia e sem chão.

 

Falência do pensamento,

lições coletivas sem registro,

talvez, aprendizado e opiniões engolidas em sentimento.

 

Visível a miséria e o vazio

do que poderia ser a força pensante;

o país, efetivamente por um fio.

 

Surpresa , onde foram os pensadores,

os  que poderiam expor lições,

sínteses, resumos desse período de dores?

 

Nada. Documentários, reportagens , depoimentos. Nada.

Músicas , poemas em número,

muito menos que a reflexão esperada.

 

Tampouco,contos ou trovas,

a Pandemia revelou um aterrador vazio,

a vida intelectual da Terra às favas.

 

O novo normal sumiu novo normal,

o normal carcomido e rotineiro,

ainda , sem cor e muito anormal.

 

Nem dos sãos, individualmente , surgiram esperanças;

o ego continua imperando e dividindo,

há um silêncio, o vazio amplificado na rotina sem mudanças.

 

Muito menos dos que estiveram

à  beira da morte,

arranca-se algo de reflexão , silenciam.

 

Questão de foro íntimo, recolhido,

com fantasmas , traumas e medos no júri,

em sessões diárias do ser falito.

 

Um silêncio talvez nervoso,

cheio de ecos e barulhos,

o que se aprendeu desse colosso? 

 

Odilon Reinhardt.

No blá-blá-blá confuso do dia a dia, o que mais se vê é a continuidade do mesmo amarra-amarra  no controverso e vesgo ataque as consequências como causas, enquanto estas ficam intocadas e mais perigosas.

A camuflagem feita pelo pão e circo na passagem de boiadas às escuras, tudo se move com preocupações eleitoreiras, a sempre onipotente e onipresente força estimuladora de sempre.

Exceções e questões menores ocupam o teatro como bois de piranha. As de fundo ficam para nova gestão, como o amanhã que ninguém nunca vê.

Antes a mediocridade preocupava, agora que já é a realidade, o que mais se teme é o nivelamento por baixo, o império do fisiologismo,  as ações e reações cada vez mais toscas, rudes como resultante do  ego que toma conta das ações e reações da população, produzindo cenas dantescas .

“Não podemos seguir nenhum modelo”, disse alguém. “Temos que ter os nossos”, disse outrem.  Que fosse verdade e implicasse avanço e melhoria no pensar e no se comportar, mas nas últimas décadas tais modelos nossos são os mais borrados e adaptados  modelos do submundo de outros países, a craca de culturas de rua e da decadência, que vem para causar episódios de má energia pessoal e coletiva que enfraquecem a vontade de estudar, ter  prosperidade e vida melhor por meios lícitos com mão de obra bem qualificada.

E na embolada dos assuntos corriqueiros do dia a dia, más forças  querem se dobrar a tal público e fazer de exceções a regra.

Os cuidados com os modelos para a juventude estão sendo objeto de negligência. Novas gerações devem receber bons exemplos e não serem expostas a mestres invisíveis com suas lições agora abertamente escandalosas e maléficas. Mestres da obscuridade que instigam o desinteresse pela Pátria e seus valores institucionais, pela vida profissional e por todo o preparo que ela exige. Exploram o aqui e agora da juventude nos anos em que ela mais precisa de bons exemplos e modelos saudáveis. As lições, obscuras e subliminares, vem pelos meios de comunicação disponíveis e causam o que se está vendo todos os dias. Escolas esvaziando ,fechando, minguando em resultados. Abusam do discernimento com modelos errados.

O sinal de que o país está doente, vem em números estatísticos de violência física e moral, em alarmantes gráficos de terror e horror. O que aconteceu na Pandemia foi catastrófico para muitos idosos, crianças e mulheres.  A moradia virou um calabouço de eventos danosos e traumáticos. O ser dito humano está cada vez mais ao comando do ego. A família é o centro e o local mais importante para as novas as gerações e a educação, mas que família temos?

A criminalidade aumenta proporcionalmente ao estado do indivíduo e nada é feito, pois as reais causas nunca são tratadas e o coletivo padece de doenças conjunturais que afetam a vida e sua qualidade.

Nada pior, dando ao futuro perspectivas pouco promissoras para grande parte da população, que sobrevive na tosca realidade do fisiológico, pouco atingido pelas religiões, que poderiam em muito contribuir para a pacificação individual e social.

Por trás de cenas horríveis de casos de acidentes, de dramas familiares e pessoais que preenchem a programação da TV diariamente, estão pessoas; as autoridades atribuem tudo à falta de condição econômica e de vida social, que acreditam quando melhoradas, operarão transformações individuais.  Certamente, uma grave análise materialista e míope, mas bem interessante para os votos. 

Assim, ao invés de investir pesado em Educação, que poucos votos dá, a preferência fica em fazer avenidas e obras de pouca importância, e quase sempre temporárias em qualidade.

Mas há reações positivas, quando se sabe que em algumas escolas já estão ensinando às crianças a ioga e a meditação. Em outras a Filosofia. Talvez um retorno aos bons aspectos dos antigos currículos escolares.

Talvez, então, o retorno do espírito crítico, a análise mais consciente e curiosa dos eventos humanos. A crítica social, imprescindível para o progresso e para a participação democrática esclarecida.

Mas por enquanto, tempos difíceis, e gerações com educação comprometida. Nem se fale em orientação correta.  Consequências já a vista e todas em débitos .

Odilon Reinhardt . 3.8.2023