Para que valeu, para nada?
Com a retirada da Pandemia,
as ruas voltam ao normal,
desentocados seres ali vão ao dia.
Três anos se foram,
resurgem algumas pessoas,
outras não, partiram.
A hecatombe foi uma mega –pausa,
poderia ter suscitado reflexões,
mas filósofos , sociólogos ficaram
sem causa.
Emudecidos, pouco refletiram;
agora , vão surgindo estatísticas
horríveis,
horrores que nas tocas humanas se
passaram.
Silenciadas fontes de reflexão,
decepção intelectual enorme,
mais uma vez a intelectualidade vazia
e sem chão.
Falência do pensamento,
lições coletivas sem registro,
talvez, aprendizado e opiniões
engolidas em sentimento.
Visível a miséria e o vazio
do que poderia ser a força pensante;
o país, efetivamente por um fio.
Surpresa , onde foram os pensadores,
os
que poderiam expor lições,
sínteses, resumos desse período de
dores?
Nada. Documentários, reportagens ,
depoimentos. Nada.
Músicas , poemas em número,
muito menos que a reflexão esperada.
Tampouco,contos ou trovas,
a Pandemia revelou um aterrador
vazio,
a vida intelectual da Terra às favas.
O novo normal sumiu novo normal,
o normal carcomido e rotineiro,
ainda , sem cor e muito anormal.
Nem dos sãos, individualmente ,
surgiram esperanças;
o ego continua imperando e dividindo,
há um silêncio, o vazio amplificado
na rotina sem mudanças.
Muito menos dos que estiveram
à
beira da morte,
arranca-se algo de reflexão ,
silenciam.
Questão de foro íntimo, recolhido,
com fantasmas , traumas e medos no
júri,
em sessões diárias do ser falito.
Um silêncio talvez nervoso,
cheio de ecos e barulhos,
o que se aprendeu desse colosso?
Odilon Reinhardt.
No blá-blá-blá confuso do dia a dia, o que mais se vê é a continuidade do mesmo amarra-amarra no controverso e vesgo ataque as consequências como causas, enquanto estas ficam intocadas e mais perigosas.
A camuflagem feita pelo pão e circo
na passagem de boiadas às escuras, tudo se move com preocupações eleitoreiras,
a sempre onipotente e onipresente força estimuladora de sempre.
Exceções e questões menores ocupam o
teatro como bois de piranha. As de fundo ficam para nova gestão, como o amanhã
que ninguém nunca vê.
Antes a mediocridade preocupava,
agora que já é a realidade, o que mais se teme é o nivelamento por baixo, o
império do fisiologismo, as ações e
reações cada vez mais toscas, rudes como resultante do ego que toma conta das ações e reações da
população, produzindo cenas dantescas .
“Não podemos seguir nenhum modelo”,
disse alguém. “Temos que ter os nossos”, disse outrem. Que fosse verdade e implicasse avanço e
melhoria no pensar e no se comportar, mas nas últimas décadas tais modelos
nossos são os mais borrados e adaptados
modelos do submundo de outros países, a craca de culturas de rua e da
decadência, que vem para causar episódios de má energia pessoal e coletiva que
enfraquecem a vontade de estudar, ter
prosperidade e vida melhor por meios lícitos com mão de obra bem
qualificada.
E na embolada dos assuntos
corriqueiros do dia a dia, más forças
querem se dobrar a tal público e fazer de exceções a regra.
Os cuidados com os modelos para a
juventude estão sendo objeto de negligência. Novas gerações devem receber bons
exemplos e não serem expostas a mestres invisíveis com suas lições agora
abertamente escandalosas e maléficas. Mestres da obscuridade que instigam o
desinteresse pela Pátria e seus valores institucionais, pela vida profissional
e por todo o preparo que ela exige. Exploram o aqui e agora da juventude nos
anos em que ela mais precisa de bons exemplos e modelos saudáveis. As lições,
obscuras e subliminares, vem pelos meios de comunicação disponíveis e causam o
que se está vendo todos os dias. Escolas esvaziando ,fechando, minguando em
resultados. Abusam do discernimento com modelos errados.
O sinal de que o país está doente,
vem em números estatísticos de violência física e moral, em alarmantes gráficos
de terror e horror. O que aconteceu na Pandemia foi catastrófico para muitos
idosos, crianças e mulheres. A moradia
virou um calabouço de eventos danosos e traumáticos. O ser dito humano está
cada vez mais ao comando do ego. A família é o centro e o local mais importante
para as novas as gerações e a educação, mas que família temos?
A criminalidade aumenta
proporcionalmente ao estado do indivíduo e nada é feito, pois as reais causas
nunca são tratadas e o coletivo padece de doenças conjunturais que afetam a
vida e sua qualidade.
Nada pior, dando ao futuro
perspectivas pouco promissoras para grande parte da população, que sobrevive na
tosca realidade do fisiológico, pouco atingido pelas religiões, que poderiam em
muito contribuir para a pacificação individual e social.
Por trás de cenas horríveis de casos
de acidentes, de dramas familiares e pessoais que preenchem a programação da TV
diariamente, estão pessoas; as autoridades atribuem tudo à falta de condição
econômica e de vida social, que acreditam quando melhoradas, operarão
transformações individuais. Certamente,
uma grave análise materialista e míope, mas bem interessante para os
votos.
Assim, ao invés de investir pesado em
Educação, que poucos votos dá, a preferência fica em fazer avenidas e obras de
pouca importância, e quase sempre temporárias em qualidade.
Mas há reações positivas, quando se
sabe que em algumas escolas já estão ensinando às crianças a ioga e a
meditação. Em outras a Filosofia. Talvez um retorno aos bons aspectos dos
antigos currículos escolares.
Talvez, então, o retorno do espírito
crítico, a análise mais consciente e curiosa dos eventos humanos. A crítica
social, imprescindível para o progresso e para a participação democrática
esclarecida.
Mas por enquanto, tempos difíceis, e
gerações com educação comprometida. Nem se fale em orientação correta. Consequências já a vista e todas em débitos .
Odilon Reinhardt . 3.8.2023