Próximo,
que próximo?
Que Próximo,
o
próximo a ser caloteado,
o que
será maltratado,
ao ser
roubado ?
O P
róximo
a ser
discriminado,
aquele
que será cancelado,
enganado
no mínimo?
O Próximo
o que
vai ser morto ,
o que
me roubará os dados,
o que
tem destino torto?
Próximo
, mas nunca meu semelhante,
o que
invade meu celular,
o que
fica espreitando gente
o que
deve se mantido distante?
Próximo
, o que é ameaça,
bebe
e sai dirigindo,
o que
transita no underground,
cheio
de raiva e me caça?
Próximo
, o que quer o ganha-ganha no
máximo,
que
telefona para enganar,
para
golpear e explorar até quem ganha o
mínimo?
Próximo
sem empatia,
inflexível,
intolerante, egóico, radical,
despreparado
para a vida e cada dia?
Próximo
vulcão,
que
explode no trânsito, na fila,
no
telefone, e só vive em confusão?
Próximos
e próximas,
saturados,
estressados,
que
estão por tudo com suas estranhas máximas.
Grosseria
, selvageria,
estupidez,
erros , crimes diretos e indiretos,
eis o
centro de cada dia.
O
Próximo que tem medo de andar, de respirar
na rua ,
de ser feliz, de ser sequestrado,
de
desfrutar o que conseguiu ao trabalhar?
O
Próximo que foi levado a desconfiar
de tudo
e de todos , de se proteger de golpes e da má-fé, ,
para
não perder , morrer , se matar?
Que
Próximo é este,
qual
sua próxima ação,
que
país é este?
Negligência
, imperícia no mínimo
despreparos que revelam
desamor
ao Próximo.
É
necessário Amor ao Próximo
e menos
separatismo, radicalismo, raiva social,
raiva
ao Próximo.
Só com Amor
ao Próximo
em atos
efetivos de paz e respeito ao humano
poderá
haver o Próximo como semelhante.
O
Brasil conhecerá selvageria , antes de chegar à Civilização ,
como
disse Nelson Rodrigues. Tudo está nas
ruas e avenidas,
está
acontecendo , está na televisão, está na vista do cidadão.
Odilon
Reinhardt.
As novas gerações precisam de bons modelos de
prosperidade, que venham dos pais, família, escola e instituições. Os efeitos da
pobreza intelectual e material fazem danos irreparáveis em todas as classes
sociais. Na falta de educação, ficam os
jovens na mão de mestres invisíveis e a realidade está dando exemplos
abundantes.
Enquanto
a indústria e comércio precisam vender, mostram seus produtos e montam um
modelo material, de modo que todo jovem vai adquirindo o modelo de uma vida
materialmente confortável. Todavia, o modelo intelectual, de progresso pessoal
baseado em conquistas intelectuais está
ficando em descompasso. Estudar e crescer intelectualmente, para então conseguir
bens materiais não é o carro chefe das novas gerações, pois estudar leva tempo
e consome a juventude, já tão explorada pelos meios de consumo. Muita
distração, muitos produtos icônicos de moda e pouco poder aquisitivo. Tudo
colabora para uma pressão consumista e para uma visão de aqui-agora.
O
resultado está em jovens longe das escolas e mais perto das coisas efêmeras,
que oferecem mais deleite à juventude.
Como tudo passa muito rápido entre os 14 e 25 anos, o tempo perdido fica
quase irreparável e o estudo irrecuperável. Como conseguir emprego sem preparo?
O recurso mais possível será conseguir emprego para os serviços básicos na
indústria e comércio e um salário limitado para sempre.
Sonhos
de consumo e de uma vida confortável desparecerão, nem sempre pacificamente.
Frustração e sentimentos de injustiça, derrotas pessoais, escravidão
intelectual, revolta contra o sistema, a sociedade, indisciplina e ira, muito
ego revoltado, será a realidade de muito
jovem . Passaporte para uma vida ruim.
Com
a idade, vai ficando claro quem pode e quem não pode comprar, quem tem
condições de trabalho melhor e quem dificilmente sairá da miséria material e
intelectual. A mediocridade será um modo de vida e a ira social contra quem
cresceu e prosperou serão armas pessoais de justificativa pelos insucessos que
a falta de educação traz. Uma pedrada na janela do coletivo, uma casa
arrombada, um celular roubado, um muro pichado têm muito mais a revelar do que a violência
cometida. Ali estão todas as razões
bisonhas de frustração e impotência pessoal, das falhas do Governo e
instituições de muitas épocas.
Diante
do ego contrariado, as reações podem variar da impulsividade à depressão, da
raiva social e revolta à alienação e desistência.
Tampouco
será fácil contradizer a falsa compreensão do que é justiça e igualdade social,
o que facilita a má interpretação de lições cristãs, que se perdem em
metáforas, jamais atingidas pela baixa escolaridade e/ou ideologias radicais.
Cada
vez torna-se mais difícil convencer o jovem de que ele vai passar a vida num
emprego por décadas num quadro bem limitado ou que os gastos e desejos, que os
modelos essencialmente materialistas lhe tatuaram na mente, jamais serão
satisfeitos, pelo menos pelos meios lícitos.
Certamente,
soluções serão achadas pelos interessados, se positivas ou negativas, a
realidade do dia a dia é que irá contando. Grosseria, inflexibilidade,
radicalismo, frieza, falta de empatia, desrespeito a tudo e todos, mente tosca
já marcam a vida. Por enquanto, o que se vê é o aumento de crimes patrimoniais,
corrupção e desvios de conduta. Por vezes roubos de residência são noticiados,
onde pessoas são torturadas e maltratadas por terem conseguido um nível social
e econômico melhor. Há uma incontida raiva. E os detratores são jovens do crime,
irados, revoltados, traumatizados, psicopatas etc.
As
estruturas do underground abrem as portas como alternativa para a rápida
satisfação de desejos e sonhos materiais. A ilusão do rápido ganhar acelera o
exército do crime. A solução é perigosa e nunca dá certo, levando à prisão ou
morte.
Quando
o “eu ainda vou ser...” ou o “ eu ainda
posso vir a comprar....” é
substituído por “ eu não fui e não vou ser “ ou “ eu não posso comprar” , fica
difícil amainar o sentimento de frustração , derrota pessoal, e um ego
contrariado e insatisfeito. A pessoa fica presa entre o ser e o estar, com
inconsequentes reações egoicas, mormente quando o nível intelectual é baixo e o
fisiologismo domina o corpo e ofusca a mente.
Violência,
medo, aumento da criminalidade, visível e invisível, tenderão a marcar a
selvageria no teatro do dia a dia.
É
sinal de Amor ao Próximo ver, considerar e perceber o Próximo em todos os atos
da vida, pessoal, profissional, governamental porque senão prevalecerá a raiva,
o medo e a escravidão da instabilidade social. O Próximo será fonte de ira e
medo.
E
já há muito medo em usufruir de uma vida razoavelmente boa. Pessoas
trabalhadoras e honestas que trabalham e acumularam coisas para ter algum
conforto e segurança são caçadas como animais e são vistas como exemplos da
injustiça social. São tidos como privilegiados, culpados. Espalha-se o medo e o
cidadão recolhe-se, esconde-se, sendo submetido a uma vida de restrição,
cercas, alarmes, fechaduras, códigos e senhas.
Há
esta crescente realidade de não poder desfrutar abertamente do que se conseguiu
através de trabalho lícito. Uma restrição que já afeta muitos ramos da economia e forma guetos
em condomínios e prédios, com barricadas contra a violência externa,
isolando-se do mundo, enquanto ali dentro
também há violência física e moral em estilo mais elevado . Já há
mendigos em todas as classes sociais. O Brasil está doente, disse Teori
Zavascki, como relator, sendo acompanhado por outros.
Odilon
Reinhardt. 3.9.2023