sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Restrições.

 





Restrições.

 

 

 

O medo está no ar?

 

 

A exceção se esforça,

para vencer a regra

e a luta implica força.

 

Casos de violência,

usados como sensacionalismo,

dilatam a ignorância.

 

A normalidade impregna-se de criminalidade,

a pobreza intelectual está vencendo,

a violência expressa a nova realidade.

 

Na rua o ar é de medo,

instabilidade,  uma guerra silenciosa, 

a caçada começa cedo.

 

O cidadão vive em restrições,

quer sobreviver  entre golpes, balas e facas,

diminui suas locomoções.

 

Os caçadores , mesmo quando hipotéticos,

patrulham as vias

e a mente de cidadãos vive em fatos tétricos.

 

Diminui o consumo,

carros, moradias , joias, roupas ,

o dinheiro tomam outro rumo.

 

Prédios supervisionados,

condomínios murados, eletrificados,

guetos alarmados.

 

O cidadão se esconde e foge,

a criminalidade o caça onde estiver,

é o mundo de hoje.

 

A regra de normalidade

altera-se,

a exceção vai mudando a realidade.

 

Pode acontecer, pode não acontecer,

a dúvida anda com o medo,

a calçada agora pode ser local de morrer.

 

A inteligência deve ser usada,

é estratégico pensar onde e como ir,

já há muita região bloqueada.

 

 

Curiosamente, entre os humanos, neste pedaço de terra habitada, pode estar surgindo com mais intensidade, a vergonha de poder comprar mais do que a média, mesmo que tal condição tenha sido alcançada por méritos de atividade honesta e bem realizada.  Poder comprar, mas não comprar. Poder ir, mas não ir. Uma restritiva realidade de defesa e preservação da vida.

Seria o resultado da má administração há décadas, atendendo  prioridades de contestável aprovação. O Leviatã come tudo dentro de seu castelo, pouco sobrando para melhorar a realidade dos aldeões. Tempo das consequências, tempo de mediocridade e nivelamento por baixo. Ideais de baixa qualidade, muito umbigo e ego no domínio. A educação ainda abandonada. Esta a causa principal, hoje transfigurada em múltiplas consequências, que recebem investimentos inócuos e eleitoreiros.

Neste condão, a barbaridade e a selvageria fazem o noticiário de cada dia e geram ansiedade, ódio, medo e muita instabilidade social em todo canto. 

2023 anos de Era Cristã, 523 anos de Brasil e caminhamos lentamente. Muito do rude já foi vencido, mas o sutil ainda a está no horizonte. Muita crueldade e cenas tétricas decorrentes da falta de respeito ao Próximo. As religiões prosseguem, mas o discurso parece ser bonito só na boca do padre ou pastor. Na prática, a pouca educação e o ego fazem a vida e determinam a realidade.

No dia a dia, a parte da manhã ainda parece mais segura; a tarde já é ameaçadora, a noite já totalmente feita de campo escuro e de violência. Há um velado toque de recolher, só desafiado pela ignorância e destemor. 

O dia pode ter suas repartições, mas as exceções ocorrem e a maldade ocorre no dia como um todo e a rua tornou-se  canaleta por onde o ser humano arrisca passar, sendo caçado pelas aves de rapina do crime, que estão à procura de qualquer coisa que sirva  de escambo. Ainda talvez um estágio prévio à caça motivada por  pura maldade contra o ser humano  em busca de matar por matar, como se vê na América do Norte, de onde saem exemplos, cada  vez mais frequentes, de horríveis assassinatos. Todavia, por aqui,  já há casos de atentados  em escolas, mas por motivos pessoais e conexos com as instituições.  Será agora o início do medo de ir para a escola? Os assassinos, todos com passagens tenebrosas pelos sites e redes sociais, onde acham fonte de rejeição e lições para a vingança, podem atacar a qualquer dia. E mais, há sites que se equivalem à suas mais violentas, que não são combatidos, seu acesso fica defendido pela libertinagem de expressão e a critério e discernimento do usuário. A questão é se um adolescente tem condição de discernir totalmente?

Assim, a tônica é o medo e a instabilidade social crescente, já  banalizada e sempre minimizada pelas autoridades, que frente ao desgaste social e político , acham um jeito de justificar tudo e pouco fazer para acabar com a fonte dos problemas. A falha é recorrente. Foco imediato e passageiro nas consequências, enquanto as causas persistem.

Exemplos, exceções cada vez assustam mais. O cidadão torna-se refém da realidade e nunca sabe quando será o próximo a sofrer diretamente a violência física, já que o mal é direta e indiretamente disseminado ao entrar na casa do cidadão via redes sociais, rádio e televisão.

A banalização e vulgarização dos atos violentos é mera reação humana, que criando ilusão, tenta seguir vida normal , quando na realidade o anormal é que está latente e incomoda.

Há, por influência religiosa, um sentimento de velada culpa, de compaixão coletiva, que impede as pessoas de consumirem o que realmente podem, para não destoar da maioria e evitar a raiva social ou mesmo tornar-se alvo.

Já vemos essa grande restrição à liberdade individual de usufruir de seus ganhos justos e de vida. Um freio social que afeta a economia com um pensamento de tal magnitude, o que acaba desestimulando o consumo, diminui a produção e não gera empregos, mas desemprego afetando a sociedade na raiz.

Nesta toada de mau gosto, já se torna imoral e socialmente incorreta  qualquer comemoração individual. O comunismo utópico de igualdade cria a socialização de tal mediocridade, nivelando para abaixo, o que contraria a natureza humana.

Pode ter, mas não tem, pode comprar, mas não compra. Vale dizer que não pode, não tem e não quer. Pode andar, mas não na rua a qualquer momento, tem que saber quando, onde e como. Pode pensar, mas não se expressar, nem escrever livremente, porque pode ser vilipendiado em redes sociais, cancelado e até assassinado. Pode sentir, mas nada compartilhar, não acrescentar, não citar. Que liberdade é esta?

Só crescem as restrições. A brutalidade contra a opinião adversa cresce.

As restrições ao consumo e os efeitos  disso na economia dariam uma bela  tese de doutorado a nível mundial , tipo Prêmio  Nobel , quanto aos novos caminhos da Economia frente a globalização da  

Miséria, não só de coisas, mas da mais perigosa, a intelectual.

 

Odilon Reinhardt  3.11.23