quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Vai e vem.

 




                                        Vai e vem.

 

Vai e vem ,

a mesma tapeação, frases  de efeito,

a mentira vai além.

 

Números e manipulações,

gráficos e tabelas, factóides,

muito boi de piranha e enganações.

 

As redes com teatro de revista,

fatos e fotos escamoteados,

a manchete dói na vista.

 

Ano vai , ano vem,

muitas palavras , intenções e condecorações, ,

o peito se rende ao deixa para lá,  e tudo- bem.

 

O dia a dia preenchido

Com fantasia e melodrama,

correria , confusão e chumbo perdido.

 

No comércio, a vida on-line ,  site-fake,

a ganância sem oral e ética , explícita. ,

muita irritação , em modo e a gastrite não é fake. 

 

Muito ódio e raiva

como fontes de sensacionalismo,

sangue quente , baba e saliva.

 

Nas ruas a caça solta ,

tentando chegar em casa,

a vida em reviravolta.

 

Alguém vai,

não volta, não vem,

ficou na esquina , na calçada, e daí ? 

 

Esperanças são renovadas. Juras de fim de ano. O cidadão, mais uma vez, ralando sua fé, esperando algo, esperando o trem, alguém, ninguém, o vagão da melhoria, da fantasia, da ilusão.

Últimas semanas do ano, festa. Primeiras semanas do ano novo, o mesmo renovado, já vem descorado nas mentes cheias de  ego e robusta arrogância da chamada integridade rude e tosca do ser meramente fisiológico. 

Todo um ano pela frente, vasto campo para o festival de tudo, onde todos vão de um dia para o outro, acionando o modo irado, indignado no painel de seu umbigo, sempre esperançoso . Salvos pelo ego da ilusão, que os mantém no embate de suas intenções e interesses contrariados.

Vai e vem o tempo. Vai com todos. Vem com inusitados fatos de cada novo dia; fatos em manchetes mais horripilantes, mais chocantes, mas sempre escamoteados, individualizados e nunca se admite que o país  está doente há décadas e cada vez mais esconde a cara em nome da hipocrisia de tentativas mal sucedidas para melhorar a vida e colocá-la como “ sustentável”.

Atrasados em décadas pelo jeito de ser corrupto, vamos em frente desviando e por vezes sendo enganados por  interesses difusos, é o jeito aqui. Mas vamos assim, tentando melhorar , ir em frente com o que se tem. Se estamos indo ou voltando em termos humanos, é questão de olho e posição. Mas no campo moral e ético, seja lá o que estiver indo ou voltando, a impressão é de piora. A liberdade vira libertinagem, a permissão vira licenciosidade, etc. Educação errada e atrasada, drogas, corrupção, hipocrisia e mentiras repetidas , formam o pentagrama do engano , criando realidades de tapeação.

Governos e governos se revessam. Entram e saem. Vão e vem. Não conseguem administrar as consequências do já feito como mal  passado, tampouco o que de informal a população vai criando ao avançar : desamor ao Próximo, desrespeito em tudo que se faz e como se faz. No dia vale o umbigo. Na informalidade de projetos da vida privada, o espírito de golpe, de tirar vantagem, de lograr e rapidamente cair fora. Novos modos de estelionato e estratégias de exploração. A vida honesta fica como refém; o cidadão fica  como caça e qualquer sistema formal fica como único culpado. O sistema é o culpado ! Frase que isenta a todos e dá imunidade a tudo. Aliás, a culpa sempre é de alguém. E, assim, vamos vendo a libertinagem se espraiando e contaminando lenta e subliminarmente; muita subliminar raiva social.  

E todos os dedos apontam facilmente para alguém. O culpado, pois a culpa sempre está no Próximo. Mas deixemos que o dedo vá e volte para ver que não vai longe entre o próprio naso e o umbigo, já que o que impera aqui, neste quadrante da história, é o fisiológico, turbinado pelos interesses do bolso, sem pudor e sem moral . Difícil etapa da transição da era analógica para a digital, aqui apressadamente introduzida na era do ferro quente e selvagem.

Vai e vem a vida nessa toada da grosseria, do rude, da intolerância,  do abuso entre os seres humanos, anulando, em seus diários relacionamentos, todos os princípios e concepções de união e fraternidade pregados pelas religiões.

Segue o humano fazendo kharma para pagar em breve ou a longo prazo, pessoal e/ou coletivamente com podemos ver em outros lugares do mundo, mas a quem interessa tal reflexão, se o dedo acusatório ao final vai direto na testa de cada dito cidadão, não importando sua função.

É tendência forte que moral, ética, bons modos, respeito ao Próximo enfrentem o desuso, face a crescente  mediocridade e nivelamento por baixo. Vive-se a  baixaria.   


Odilon Reinhardt .    3.1.2024