A hora da virada.
Todos os relógios se dirigem
para o momento
onde mais 12 meses se despedem .
Em segundos as rolhas passam
de um ano para o outro
e todos celebram.
Euforia, feita de esperança e fé,
molas espirituais que empurram a
todos
que colocam no ano novo o pé.
No mesmo dia primeiro
os noticiários resumem os shows ,
a euforia do primeiro de janeiro.
Sob o manto ainda das resoluções pessoais
o final do dia resume o tempo, o trânsito, os crimes,
em meio a todos e muitos sinais.
Sem muita pausa, as primeiras
mentiras, tapeação no ar,
todos os bodes-expiatórios saem do rancho a pastar,
os bois de piranha já estão a nadar.
Manipulações e enganações em números na televisão;
a vida continua com grandes eventos alucinógenos,
logo as conclusões de que tudo não passou de fascinação.
Orquestrada ilusão com muita música, bebedeira e selvageria,
comida e baixaria;
o ano já está em sua habitual correria.
Inconscientes pensamentos positivos ,
cotidiana e benéfica ilusão ,
a mesmice costumeira toma seus contornos ativos.
A inflexibilidade , intolerância , prepotência,
a imbecilidade , a ignorância ,
a brutalidade em qualquer instância.
As consequências de toda a orquestra mal regida
continuam a aparecer ,
mas a visão popular foca na mentira repetida.
Cada cidadão como protagonista e seguidor,
fazendo o show da vida do dia a dia.
Algo deve resultar de tal falso esplendor.
Mais demonstrações de atraso no conviver
mediocridade, nivelamento por baixo
e esvaziamento da vontade de aprender.
O momento começa a se formar, onde o passado mostra-se diariamente nas
consequências inevitáveis do despreparo
da mão de obra de todos os níveis. Os defeitos da Educação, mal aplicada em décadas de descura, não ficam só ruim na retórica e
nas frases de críticas de esparsos artigos de especialistas de vários setores,
geralmente nunca lidas e sempre entendidas como sendo obra de alguém da
oposição, pois começam a aparecer no noticiário em fatos bem delineados e claros,
todavia, nunca bem encaixados no caleidoscópio que faz a realidade.
São fatos que chamam a atenção, mas que a imprensa não se atrasa em por
panos quentes e jamais admitir que algo está errado na espinha dorsal da
nacionalidade. O ser humano aqui é que está doente , sem preparo e sempre exposto à negligência e
imperícia, à falta do amor ao Próximo e ao desrespeito em geral.
Fica claro que quando um policial chuta a cabeça de um cidadão , há uma
raiva incontida e um lapso de
treinamento enorme; quando um programador de serviço de manutenção de estrada
coloca 3 homens para capinar a rodovia , causando engarrafamento de mais de 10
Km, há um descaso total com o cidadão; quando na repartição pública o
atendimento é bom , mas nada acontece para solucionar o caso, há total
despreocupação como cidadão; quando
milhares de estudantes do ensino médio não sabem escrever ou interpretar um
texto, há um sistema todo falho e ineficaz, que todavia, ocupa milhares de
horas de aula todo dia por anos;quando a corrupção deslavada, é solta por erro
processual, há esquemas para que tudo dê em nada; quando ladrões furtam cabos
de energia e instrumentos de um posto de saúde, há algo mais grave do que a
exclusão social e ignorância; quando o cidadão honesto se retrai , não consome,
não participa, vira as costas para a os assuntos de interesse público, há algo
muito mais grave do que a
desconsideração e desobediência civil; quando mentiras e manipulações tornam-se
parte do negócio, há um erro de concepção estrutural.
Exemplos são fartos e só perfazem uma realidade onde sinais são
menosprezados e a selvageria se mostra ainda camuflada no relacionamento
pessoal e no institucional, mas prestes a se mostrar generalizada, talvez num
nível preparatório do Estado do Crime,
quando as forças informais estiverem comandando abertamente o dia a dia de
forma mais aberta, consolidada e sem
oposição alguma . O momento em que o Brasil já terá mostrado a sua cara. Um
Estado onde os honestos serão abertamente perseguidos e punidos direta e
indiretamente.
Por enquanto, observa-se os sinais da doença, sempre consideradas como
caso pessoal, mera exceção, para evitar desdobramentos políticos para os
ocupantes do Poder local . Não é sintoma
bem claro quando um ex-policial, foragido por ter matado a esposa, esfaqueia-se
por três vezes no abdômen quando
localizado em outra cidade?
Exceções? Mas qual é a regra?
Eis a questão entre muitas, as antigas exceções estão virando regra. Que
as minorias já tenham virado maioria, não se discute e o progresso democrático
assim funciona, mas o problema não reside aí, mas, sim, na falsa mensagem de
que está tudo bem para o futuro de gerações, quando o hábito de ler, escrever e
ter vontade de saber está sendo vendido como liberdade. Mensagens sub liminares
dos mestres invisíveis em lições cada vez mais normais. Acorda Brasil. Quando pessoas são caçadas na rua como
animais, há algo mais grave do que simples maldade.
Odilon Reinhardt- 3.2.2024