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Esvazia-se a vontade de saber.
pode
haver um vazio,
preenchimento
que lhe ultrapassa.
Tragédias
ambulantes e individuais,
independentes,
com
múltiplos sinais.
Arrastam-se
pela rua da cidade,
no
silêncio barulhento de interiores desérticos,
esperando
uma chance de explodir para a realidade.
Sem saber
ler nem escrever ,
andam
pela via amargurada,
como
normais seres no seu pacer.
Livros
abandonados,
letras
encarceradas,
época de
anos relaxados.
Em cada
um de educação formal pouco resquício ,
talentos
jogados no lixo,
Educação
em desperdício.
Ideias
obtusas,
pais,
filhos e o país,
enrolados
em soluções confusas
Discernimento
em queda,
tudo fica
mais difícil,
produção
humana de nada.
Superficialidade
assassina,
a
violência faz a vida,
na
empresa , na repartição ,na esquina.
O bruto
sobressai,
vence o
burro,
mancha
que não sai.
Cada dia
aparece
nada muda
a vida se
esquece.
O fazer é
o preenchimento ,
recheia e
ocupa a rotina,
depois o
vazio como enchimento.
Vida
banal e vulgar ,
a mente
sujeita ao ego,
o Mal
toma o seu lugar.
Cabeça
cheia de ego , mas vazia,
muita
cerveja no barzinho,
a nova
catedral do fim do dia.
Mas a fé
e esperança ,
propulsoras
de ilusão,
ainda um
país de futuro para alguma criança.
Por
enquanto brutalidade,
muita
velocidade dos incautos ,
egóica
impulsividade.
Observa-se
aos poucos o esvaziamento da vontade de saber. Prevalece a superficialidade.
Cessa o diálogo, foge-se do embate ; nada de profundidades.
Saber
para quê? Qual a finalidade do saber? Para cortar frango, para trabalhar na
colheita? Para trabalhar na loja, no supermercado? Para ir receitando ASS? Para
defender assaltantes no tribunal? É a
pergunta no silêncio de cada mente. Diletantismo, nem falar. Prevalecem o
pragmatismo e o utilitarismo.
Onde está
a curiosidade, a fonte individual e mesmo
coletiva da observação , da ciência apoiando a sabedoria? Nada disso. Prevalece
mesmo é a vagabundagem espiritual e intelectual. Se algo não dá dinheiro, então
, de nada serve. Por exemplo, aprender Inglês , quando eu for viajar eu
aprendo. Isto como se fosse algo descartável e de fácil aquisição. Para tudo ,
é assim que se pensa.
Isto está
ocorrendo numa época em que nunca houve tantos meios de boa informação , todos
oferecidos pelos meios virtuais , algo há
50 anos atrás inimaginável . Proliferam os meios, a enciclopédia universal está
na palma da mão, acessível a qualquer momento. Nunca se pensou que tudo da
sabedoria humana pudesse estar tão acessível a qualquer um em qualquer lugar do
Globo.
Será que
os livros deixaram de ter conteúdo útil e sábio para formar o bom
senso? Será que as enciclopédias ficaram desatualizadas ou só trazem
informações desnecessárias? Será que Wikipédia ficou superficial. Não. Por tudo
estar no mundo virtual, pode ter permanente atualização. Os meios modernos de
consulta estão cada vez mais ricos em informações e cada vez mais acessíveis.
Nunca
houve tanta democratização da informação. A universalização do saber é
fantástica , imensa e ilimitada.
Então,
porque a vontade de saber está esvaziando? Por que a mediocridade e o
nivelamento por baixo são uma marca dos
tempo atuais? Por que pouco se lê e se escreve ? Por que há desistência escolar
e universitária? Por que a aula não é mais atrativa? Por que as crianças
estudam por anos e no Enem não conseguem fazer contas e nem escrever uma
redação?
Certamente,
a condição social e a escolaridade baixa. Milhões de analfabetos e
semianalfabetos fazem a realidade. Não tem lápis, caneta ou papel em casa. Ora,
é bom lembrar que dos semianalfabetos, só 8% podem ler e dizer o que leu. É a
coluna vertebral para se entender a
realidade neste país.
A pior
das pragas que pode haver é de uma vida longe da curiosidade voltada para o saber. O vazio alastra-se, contamina a vida social, os diálogos ficam esvaziados e
os pensamentos fugidios. Isto deixa a pessoa à mercê de qualquer fonte
ideológica interna ou externa que lhe faça a mente; o país empobrece por dentro
de cada cidadão, e suas avenidas asfaltadas e bem iluminadas servem para o
desfile de esfarrapados intelectuais ou não, todavia, todos expostos à crescente
brutalidade física e moral comum.
Os
defeitos do sistema educacional familiar e escolar podem ser observados
claramente, mas a grande maioria se realiza no setor de serviços. O
analfabetismo e o semi-analfabetismo se realizam nos serviços da clínica, na
cozinha do restaurante, na padaria, no setor de estoque dos supermercados, na
hotelaria, no preparo de motorista profissionais, na construção civil. Há
insegurança em tudo, quando a mão de obra é mal preparada e todos a população
fica de refém.
Odilon
Reinhardt- 3.4.24