sexta-feira, 3 de maio de 2024

Oralidade e superficialidades.

 



                                       ( Não se preocupem, nós escreveremos 

                                 e leremos por você!. Não precisrão nem pensar. ) 



Oralidade e superficialidades .

 

Casas onde não há papel e caneta,

bibliotecas inexistentes,  

nada para escrever ou ler neste local do planeta.

 

Conversas trigueiras,

comezinhas frases de nada,

o vazio das conversas caseiras.

 

O analfabetismo e o semianalfabetismo

fazendo a prática da estupidez fechada,

a intimidade afundada no pragmatismo.

 

Diálogos cortados, egos à solta,

temas imbecilizados ,

o barzinho para alguns a ideia de revolta.  

 

Cerveja, papo furado,

carros , motos , mulheres e homens, esportes,

viagens em opiniões rasteiras, tudo bem esvaziado.

 

Intelectos revoltados, vocabulário trôpego,

rimas  forçadas, canções destroçadas ,

amores e temas em vozes pastosas e sem  fôlego.

 

País da oralidade , nada em profundidade,

vale a superficialidade,

avançam burrice e mediocridade pela pobre coletividade.

 

Filosofia /debate crítico ficou sendo como algo tal

sem o qual, a vida

continua tal e qual.

 

Não é só aqui neste canto do Universo,

ficou até pior além mar,

é a civilização em cada  branco e péssimo verso. 

 

 

 

Dificuldades de vida; prioridade para o trabalho ou procurar ocupação; pouco tempo para inverter a realidade; desinteresse; alta contaminação pelo pragmatismo e utilitarismo reinante;  falta de  ambiente educado para  cultura; falta de visão de longo prazo; ausência de estímulos no grupo social e por parte do governo; empobrecimento da rotina; esvaziamento das conversas privadas; cabeça muita cheia de problemas pendentes; falta de recursos; excesso de “fake-news”; descrédito nas informações; ignorância; analfabetismo. São algumas das razões pelas quais as pessoas deixam de ler, escrever, pensar. O país é oral. 

Poder-se-ia perguntar que futuro tem um país, onde tudo é superficial e os pensadores são tendenciosos, politizados e desacreditados? Terá o futuro que fizer hoje e dele será dependente. Mas não há o porquê se preocupar, pois a será sempre um país do material pelo material. Várias fases da história do país já passaram e os índices de analfabetismo sempre foram altos e nunca atrapalharam a máquina pública, a qual sempre foi preservada a menos que no futuro seja um meio de ocupação pelas estruturas ilegais de esquemas altamente privados, onde o interesse privado passa a ser público. Este aspecto já basta para  preocupar. A realidade depende das letras, cultura e existência de bons pensadores, ou seja, da educação e sua qualidade.

Qual o nível de interesse hoje em estudar, ler, pesquisar? Qual o interesse em se preencher com intelectualidade de bom nível para elevar o nível do pensamento com reflexo em atitudes de boas   decisões boas.

Quantas pessoas nada escrevem, leem durante o dia? Quantas pessoas param para pensar antes de agir ou para refletir sobre seu caminho no mundo do comportamento e convivência? Milhões nem se importam com isto. Pior, nem sentem falta disso.

Diante das exigências da vida e a rotina imposta para assegurar a vida, o pragmatismo avança e o utilitarismo toma enorme espaço.

Todos os aspectos da realidade nacional devem ser objeto de análise e discussão, para gerar consciência para todos de que o que temos pode ser mudado ou é o possível para a fase evolutiva em que a Nação se encontra. Se não podemos solucionar ou pouco podemos fazer, pode o cidadão pelo menos estar ciente de que são realidades graves (, que não são solucionáveis pela força policial, seu aumento e custo, mas pela educação, algo que leva gerações, ) e que estão presentes em todos os cenários da vida diária e que compõem, condicionam e geram  o comportamento de todos que com o cidadão entram em contato quer seja em casa, na rua ou no trabalho de serviços públicos e privados. Aparece nos hábitos, nos costumes, nas conversas sem conteúdo, no vazio dos diálogos corriqueiros, nas opiniões superficiais, nos monólogos de cada um. Tudo com reflexos na qualidade de vida, dos serviços e do pensamento.

Sem investimento na vida interior de qualidade, minguados são os resultados na vida social. Rebaixado fica o nível da vida intelectual  e da qualidade das análises para decisões. Consagra-se a mediocridade com grave tendência para a violência em suas mais variadas formas. Esforçados professores dos primeiros anos fazem de tudo para educar, mas falham porque as redondezas sociais de cada criança não confirmam ou estimulam o que é ensinado. Algo está muito errado dentro de cada pessoa, da própria escola e da família.  As consequências estão vivas e fazem os fatos do dia.  Que país é este? É a pergunta do momento, indicando que ainda há tempo para mudar as tendências.  E o cidadão, com um único voto, engole o fato e vai em frente, chutando latas e pedras. E a sua frente existe um invisível muro: o das lamentações diárias. Pergunta o cidadão: Que país será este?

Observe-se que de um tempo para cá, grandes noticiários da TV passaram a gastar vários minutos mostrando notícias policiais, o que antes só era feito no rádio ou em programas específicos fora do horário nobre. Pode-se dizer que é a caça pela maior audiência, o uso do sensacionalismo, mas em verdade, é a sociedade que baixou seu nível ainda mais e está rastejando pelos níveis da criminalidade já bem difundida.

Infelizmente o país do golpe, dos esquemas de corrupção, dos milhares de ladrões de galinha que agem nos sistemas municipais etc. , desgastando a energia nacional de progresso.


Odilon Reinhardt  3.5.2024