domingo, 3 de novembro de 2024

O que incomoda?

 






O que incomoda ?

 

 

 Magia, fantasia e temor da distopia. 

 

 A fantasia no momento

não muda o dia;

é só um encantamento.

 

Em certas situações

a fantasia é reprovada;

o pragmatismo tem suas reações.

 

Já a magia tem poder,

altera a rotina,

pode ser milagre em seu acontecer.

 

Mas a magia pode também ser a fantasia

que se tornou realidade

e agora encanta o dia.

 

Fantasia ou magia,

quem não as tem,

para melhorar o dia?

 

Quem não as tem,

vive do retilíneo cartesiano,

frio e calculista como refém.

 

Um dia poderá  precisar decerto

de fantasia ou de magia

para se livrar de seu deserto.

 

Poesia traz em si fantasia

e mensagens de magia,

tudo a favor da harmonia.

 

O pragmatismo da atualidade

tem medo da fantasia e da poesia,

porque teme pela sua verdade.

 

O materialista tem horror à poesia,

pois não tolera outra verdade;

a fantasia adora desafiá-lo com rebeldia.

 

Abstração, distração, diversão,

só não tolera outra verdade ;

a fantasia adora desafiá-lo com rebeldia.

 

Magia e fantasia ,

duas forças que se unem

para beneficiar pessoas e quem as cria.

 

No entanto, o pragmatismo domina,

tem a força das engrenagens atuais,

e sufoca a fantasia e a poesia, a todos mina.

 

Sem abstração ,

até a espiritualidade fica sem acesso,

e o ser humano vira um robot  em  reação.

 

No nível mais comum,

a mera distração toda formatada,

a alternativa de cada um.

 

 No contexto do esvaziamento intelectual, por falta de estrutura pensante, vão ficando prejudicadas a lógica, o discernimento; o diálogo descamba para níveis inferiores. A temática entra na brenha dos interesses escusos e afunda nos tópicos mais baixos da materialidade com assuntos diários do mero fazer o dia e da política ,a qual está beirando seus piores níveis.  

Consequentemente, a intelectualidade dobra-se ao nível do dia num país onde ainda se discute, só para exemplificar,  gênero e raça, temas por mais pacificados em lugares mais adiantados da Humanidade.

A independência física conquistada em 7 de setembro, sem abalar a estrutura de grupos de intelectuais da época que, todavia, nas últimas décadas estamos vendo desparecer a passos de ganso.

Como isto pode afetar o discernimento, o entendimento, o esclarecimento necessários para a ação e reação individual e coletiva, não é mais pergunta, é constatação verídica e está em todos os cantos do dia a dia, onde a questão não é mais física, mas mental, gerando  a violência moral e física não só na vida individual mas na coletiva.

A vida bem conduzida, produtiva e bem sucedida enfrenta obstáculos e a ignorância toma conta dos diálogos descambando para ações e reações que contaminam o bom senso e dão norte duvidoso para a tomada de decisão. Torna-se comum o erro de avaliação por parte do cidadão e das autoridades, agindo isoladamente ou em conselhos e instituições.  Soluções públicas de dar medo.  

Pragmáticos e utilitaristas, enterrados na materialidade podem perguntar: e daí com tudo isso?

A compreensão dos vários aspectos da vida privada e pública fica diminuída. Não há vocabulário, nem escrita nem discernimento para alimentar qualquer diálogo que se arrisque além da segunda frase. De tal falta de intelecto, surgem erros recorrentes e reações egoístas com consequente aumento da violência e diminuição sensível do debate e da democracia. O intelecto prende-se e recua para terreno básicos do meramente fisiológico de onde tira alimento para os vários campos da atualidade, inclusive a música, a qual explicitamente está em seus piores momentos, mas continuará fazendo padrão e modelo. Para baixo qualquer qualidade de gosto  ajuda. Nada se espere disso tudo que possa representar progresso.

 E mais, reflexos da baixa intelectualidade estão por aí em tudo, nas decisões, na vida pessoal, nas empresas, no jeito de fazer negócios e implantar ideais, nas repartições públicas, nas disputas políticas. É na hora dos confrontos, dos debates, do choque de interesses, que podemos ver pelos pequenos retratos da vida na Nação onde ela está indo. Não há democracia, tampouco república sem intelectualidade, sem mentes pensantes par ao Bem. 

Diante das pressões do marketing do Ter, as pessoas, face seu nível intelectual e escolaridade paupérrima, estão privilegiando os grandes jargões como: ganhar sem fazer nada; ficar rico sem esforço; tirar vantagem de tudo; adotar o ganhar-ganhar. Afinal, o fulano ficou rico sem estudar. Como? Aí é outra estória, mas as respostas estão no dia a dia. Será que vai segurar o dinheiro e posição? Quer apostar, o negócio é apostar. 

Os reflexos aparecem em formas de doenças sociais. A baixa intelectualidade brinca com o senso comum, transforma padrões, cria modelos e moda de igual qualidade, aparecem nas campanhas publicitárias, nas legendas das redes sociais, nos modos de atrair a   atenção com sensacionalismo obscuro; aparecem no marketing em geral e no campo político que faz com que grandes cidades revivam seus tempos de vilarejo.  Lamentável ocaso. Que Ordem, que Progresso estamos fazendo sem intelecto elevado?

 Odilon Reinhardt. 3.11.2024